domingo, 29 de maio de 2011

"Sick Nurses" (Suay Laak Sai, 2007)

Uau, tantas enfermeiras boazonas num só hospital? Parece o sonho de qualquer indivíduo com um fetiche por enfermeiras de bata branca. Ainda por cima, este hospital (será mesmo um hospital?), é o mais deserto que já vi. Não tem doentes, um ou outro cadáver e seis enfermeiras seminuas a bambolear-se pelos corredores. Mas desenganem-se que estes anjos brancos nada têm de angelical. Em conjunto com o doutor Tar (Wichan Jarujinda), dirigem uma operação de tráfico de órgãos no mercado negro a partir do hospital. A operação corre bem, tanto que o Dr. Tar até recebe uma condecoração, com direito a confeti e tudo pela administração do hospital por trazer tanto dinheiro para o hospital. Mas como se costuma dizer não é aconselhável misturar negócios com prazer. Quando Tahwaan (Chol Wachananont) descobre que o seu namorado, o Dr. Tar está a ter um caso com a sua irmã mais nova, a também enfermeira Nook (Chidjun Rujiphan), ameaça expô-los a todos. As enfermeiras em conluío com o doutor não hesitam em matar e desfazem-se de Tahwaan (Chol Wachananont). Mais um segredinho sujo. Sete dias passarão após a sua morte. Se o seu espírito estiver inquieto, terá até à meia-noite do sétimo dia para encetar a sua vingança...
Não há em "Sick Nurses", uma grande surpresa neste ponto: voltamos ao "velho" espiríto vingativo de longos cabelos negros, pronto a perseguir os que lhe fizeram mal em vida. Gostei sobretudo do modo como o espírito explorou as obsessões das enfermeiras para as fazer conhecer o seu destino. No final da película compreenderão o significado destas obsessões para elas e para Tahwaan. Não se preocupem com a exposição que aqui fiz da história, o filme é sempre a abrir. As surpresas, que as há, estão todas guardadas para os últimos 20 minutos de filme, com uma reviravolta de fazer caír o queixo. Literalmente. Desafio alguém a conseguir adivinhar o fim deste filme! E quando os créditos rolam ficamos: "Ãh? Mas que raio...? Quer a música quer as imagens parecem de um filme completamente diferente. Hardcore horror ou softcore porn?
"Sick Nurses" tem ainda uns apontamentos maravilhosos, sendo a Tailândia um país muito sensível à demonstração de cenas eróticas e/ou sexualmente ousadas, a equipa arranjou uns estratagemas interessantes de modo a mostrar um pouco mais de pele. Têm sucesso, transformando "Sick Nurses" num festival de pernas e de peitos que tanto agradarão à audiência seja ela masculina ou feminina, com um gostinho especial por enfermeiras. É de louvar a imaginação dos cineastas: os ângulos que fazem anunciar  a presença do espírito, os reflexos (nomeadamente, no sangue) e as presenças mesmo no fundo da imagem, são truques simples mas eficazes. Interessante é também o corte das cenas que é efectuado antes de algo se precipitar deixando-nos na dúvida sobre o que realmente aconteceu. Para quem não tem muitos meios são ideias muito boas. E para quem os tem: watch and learn people! Gostei e dou-lhe três estrelas em cinco. Desafio Hollywood a pegar neste filme e a tentar fazer melhor.



Realização: Thospol Siriwiwat e Piraphan Laoyont
Argumento: Thospol Siriwiwat, Piraphan Laoyont, Chanop Sirikamolmas, Buddhiporn Boossabarati e Yuthtana Lopanpajbul.
Elenco:
Chol Wachananont como Tahwaan
Wichan Jarujinda como Dr. Tar
Chidjan Rujiphun como Nook
Kanya Rattanapetch como Ae
Dollaros Dachapratumwan como Jo
Ocha Wang como Yim
Ampairat Techapoowapat como Orn
Ampaiwan Techapoowapat como Am

Próximo Filme: "Yoga Institute" (Yoga Hakwon, 2009)

quarta-feira, 25 de maio de 2011

"Noroi - The Curse" (Noroi, 2005)

É certo e sabido, para quem já leu apreciações anteriores que não sou fã de filmagens de estilo câmara no ombro. Não sou. A imagem fica tremida, perdem-se acontecimentos, confundem-se outros e fico com uma terrível dor de olhos. Isto não invalida que, em alguns casos, considere que esta abordagem faça sentido. Em "Noroi", funciona e bem. Simplesmente uau. Cheguei a ler alguns comentários de pessoas que viram o filme na Web que variam entre o "sujei as calças" e "não meteu medo nenhum". Aposto que estes últimos dormiram acompanhados nessa noite. "Noroi" é um mockumentary, filmado à moda de "The Blair Witch Project" (1999), de que a propósito também gostei, mas as semelhanças ficam-se por ai. A película é de Koji Shiraishi, que não é estreante no Not a Film Critic (ver "Carved - a slit-mouthed woman" (2007), com um registo de qualidade inferior.
A princípio a história parece trivial, Masafumi Kobayashi (idem), um jornalista especialista em fenómenos do paranormal desaparece em circunstâncias mistériosas, deixando para trás o material da última reportagem em que estava a trabalhar: "Noroi". Tudo começa com a aldeia Shimokage prestes ser submersa com a construção de uma nova barragem, onde os habitantes decidem recriar, pela última vez, um ritual se apaziguamento dos espíritos. Pouco tempo depois, o nosso jornalista recebe uma carta de uma senhora que diz ouvir sons estranhos vindos da casa da vizinha...
"Noroi" está compartimentado em uma sucessão de acontecimentos cronológicos que alternam entre as entrevistas de Kobayashi e os programas de televisão japoneses com os seus personagens caricaturais e exageros. Estas transições são eficazes tanto mais que não se perde tempo com informações desnecessárias, todos os acontecimentos são relevantes para o encaixar das peças do puzzle e desvendar o fenómeno. Dá a sensação de estarmos a ver um documentário real de jornalismo de investigação de Kobayashi e da sua equipa. E como "The Blair Witch Project" nos deu a conhecer, o que parece real, parece muito mais assustador. Estas alternâncias também fornecem um alívio para as cenas de tensão e de carregamento de baterias para o que aí vem.
"Noroi" sucede onde muitos outros falham. Cenas nas quais se visualiza o material recolhido são perturbadoras pelo que põem a descoberto, num crescendo contínuo de terror psicológico. E à medida que o final se aproxima, rápido e brutal como é, damos por nós embrenhados na máxima de Kobayashi: "Eu quero a verdade. Não interessa quão assustadora, eu quero a verdade."
Os arrepios poderão surgir até muito depois de o filme terminar. Vemos Kobayashi a iniciar um trabalho de investigação "chapa 3" e assistimos quando as informações que vai obtendo se tornam cada vez mais perturbadoras, à medida que vai penetrando no folclore japonês e alguns psíquicos vão sendo "recrutados". O elenco é sólido: Kobayashi é extremamente likeable na sua busca incessante pela verdade; Marika Matsumoto (ídem) desempenha uma psíquica que atraí eventos sobrenatuais mais do que gostaria e com quem, (não duvido) muitos elementos da audiência irão desenvolver um forte sentimento de protecção diria até paternal . Já Mitsuo Hori (Satoru Jitsunashi), o segundo psíquico, cresce em nós, demonstrando mais talento em linguagem facial e gestual que muitos actores numa vida inteira de palavras. Clap, clap, clap. Já a jovem Kana Yano (Rio Kanno), mais do que uma psíquica com capacidades extraordinárias e potencial ilimitado é uma infeliz vítima das circunstâncias. Damn it, tv shows!
No entanto, "Noroi" não está isento de falhas, é anormalmente longo para uma película desta natureza, com 115 minutos. Apesar da vontade de não perder o fio à meada, dei por mim a desejar que os acontecimentos se desenrolassem mais rapidamente. Uma outra questão que pode ser um pouco confusa para a audiência é o número de actores. Apesar de o núcleo central ser relativamente pequeno: Kobayashi, o seu câmara e três psíquicos (e já estou a ser simpática), é fácil a dada altura perdermo-nos nos personagens. Em algumas cenas, a utilização de imagens criadas digitalmente poderá ser posta em causa. Seriam mesmo necessárias? O filme já é bastante atmosférico, tal como é. Acrescentam realmente algo? Felizmente, os problemas são suficientemente inócuos para que sejam atribuídas, com alguns arrepios, quatro estrelas.



Realização: Koji Shiraishi
Argumento: Koji Shiraishi e Naoyuki Yokota
Elenco:
Masafumi Kobayashi (idem)
Marika Matsumoto (idem)
Rio Kanno como Kana Yano
Satoru Jitsunashi como Mitsuo Hori
Tomono Kuga como Junko Ishii

Próximo Filme: "Sick Nurses" (Suay Laak Sai, 2007)

domingo, 22 de maio de 2011

"Three...Extremes - Curta #1: Dumplings" (Saam Gaang Yi, 2004)

"Dumplings" é a contribuição chinesa para a trilogia de curtas de horror "Three...Extremes" sequela de "Three" (Saam Gaang, 2002). Esta experiência do horror asiático junta os realizadores Fruit Chan, (Hong Kong - China),  Park Chan-Wook (Coreia do Sul) e Takashi Miike (Japão) que apresentam entre os três, obras como "Don't Look Up" (2009), "Thirst" (2009) e "13 Assassins" (2010). Uma colaboração de sonho portanto. Ou se preferirem, um grande pesadelo assustador.


Bem, que podiam tirar do título "Extremes", que com estes realizadores acaba por se tornar redundante. O primeiro filme da trilogia é "Dumplings" que não deixa margem para dúvidas. Marca desde logo um tom brutal e divide a audiência. Este é um filme que se ama ou se odeia, de extremos, a bem dizer. É provocador, obsceno, repugnante, perturbador, desconcertante, chocante e outros tantos adjectivos na mesma linha. A premissa é simples: Li (Miriam Yeung Chin Wah), uma senhora de meia idade visita a "Tia" Mei (Bai Ling) para que esta lhe faça um dos seus famosos "dumplings", uns bolinhos de massa, que supostamente têm propriedades rejuvenescedoras. Estes bolinhos são muito famosos na China sendo confeccionados com carne, peixe, legumes, o que quiserem, a massa é a base. Inicialmente, Mei pergunta a Li quantos anos lhe dá, ao que esta responde 30. É muito mais velha e como ela diz e bem, ela é a melhor publicidade dela própria. Mei, mete-se na cozinha e começa a fazer os seus bolinhos mágicos: tritura, pica, amassa, coze como uma verdadeira fada do lar. Claro que a higiene é muito má, mas é cozinha caseira. Os produtos de fumeiro e os queijos não são feitos nos ambientes mais assépticos, no entanto, são bons que se farta não são? O pior é mesmo o ingrediente secreto de Mei (que não vou revelar) embora, ela não faça questão de o esconder, até faz gala disso. Afinal, não se trata aquilo de atingir a suprema beleza? Não é apenas uma transacção comercial? À mera menção do ingrediente alguns hão-de estremecer na cadeira, outros mesmo hão-de parar o visionamento do filme. Muitos, não olharão para bolinhos de massa cujo conteúdo desconhecem com os mesmos olhos... Mas o que me impressiona mesmo é a reacção, ou melhor ausência de reacção de Li, perante os bolinhos de cor rosa bebé. A sua indiferença é perturbadora. Nem mesmo o nojo de meter os bolinhos na boca sabendo aquilo que são a detém. Vêmo-la mastigar, ouvimos o conteúdo a estalar nos seus dentes e a ser sorvido... Criaturinha amoral. Faz pensar sobre a sanidade mental da personagem. A beleza vale perder a alma? E quando voltamos a vê-la, Li parece resplandecente, sem qualquer exagero de maquilhagem, apenas uma abordagem brilhante da câmara e a capacidade de representação de Chin Wah. Quanto à "Tia" Mei é refrescante, parece indiferente ao problema moral que os seus bolinhos acarretam e vai angariar os seus ingredientes como uma comum dona de casa vai à mercearia. O horror de Chan funciona muito melhor pela via da psique do que pela demonstração. Tem algumas imagens terríveis mas o que a audiência adivinha e antevê, por si só, é bem capaz de mexer com os seus sentimentos e estômagos. Ele semeia e instala desde logo uma sensação de desconforto para as curtas seguintes. E por isso, vale ouro. Quatro estrelas.



Realizador: Fruit Chan
Argumento: Lilian Lee (Pik Wah Li)
Elenco:
Bai Ling como Mei
Miriam Yeung Chin Wah como Senhora Li
Tony Leung Ka Fai como Senhor Li

Próximo Filme: "Noroi -The Curse" (Noroi, 2005)

quinta-feira, 19 de maio de 2011

"Whisper" (Bulong, 2011)

Já se falou aqui de filmes de dar a volta ao estômago mas de vómito projectável não. Até agora. Das Filipinas vêm o muito recente "Whisper", uma mistura de horror e comedy. Será Horredy? "Whisper" não deixa grandes dúvidas quando o trio principal de actores se chama: Conan, Oprah e Ellen. Uma pergunta impõe-se. Serão os argumentistas da "Team Conan"? E, mais importante, será que o talk-show do Jay Leno não é transmitido nas Filipinas? Fora de brincadeiras, "Whisper" é um filme agradável, funciona como um mix de terror com comédia, mas mais no campo da comédia.
A história é sobre o enfermeiro Conan (Vhong Navarro) que está apaixonado pela colega de profissão Ellen (Bangs Garcia), que mais parece interessada em mantê-lo pelo beicinho apenas para a concretização de pequenos favores. Desesperado com a falta de atenção de Ellen, Conan recorre ao "Bulong", uma antiga surpestição filipina que diz que se sussurrarmos um desejo ao ouvido de um morto, este é obrigado a conceder-nos esse desejo a partir do mundo do sobrenatural. Creepy, não é? Conan, que como se verá ao longo da película, não tem sorte nenhuma, escolhe o morto errado... e um simples desejo depressa se torna numa maldição. Para se livrar desta terá de recorrer ao apoio da sua amiga e médium Oprah, interpretada pela engraçadíssima Angelica Panganiban, já que sozinho se torna perito em enredar-se cada vez mais no problema. Entretanto, "Whisper" é um filme com possessões demoníacas, zombies e Lucífer, cujos efeitos especiais não são grande coisa. Fraquinhos mesmo. No entanto, estes são largamente compensados pelo excelente timing cómico de Navarro e Panganiban. Mais do que isso, "Whisper" é um filme sobre darmos atenção às coisas erradas e a não reconhecermos o verdadeiro valor quanto o temos à nossa frente. E também a não nos metermos com os mortos. Se é que precisaríamos de o aprender. Conan, pelos vistos, falhou essa parte da aula. É bem-parecido, muito engraçado, talvez um pouco crédulo e burro. Quanto a Oprah, surge-nos uma mulher esperta e expedita, muito segura de si e da sua feminilidade, que em momentos de solidão nos revela a sua vulnerabilidade. E o nosso fantasma Paula (Angie Ferro), é um dos mais cómicos que já se viu. Uma delícia portanto. "Whisper" não é uma maravilha do cinema, mas a história tem picos de originalidade. Cenas sem ligação aparente, no fim do filme, demonstram uma relação surpreendente. "Whisper" é despretencioso. Abraça o humor cheesy com sucesso e os maus efeitos especiais tornam-se perdoáveis. É bom de ver para distraír, não é bom de ver para saltarmos da cadeira. Duas estrelas em cinco.

Realização: Chito S. Roño
Argumento: Chito S. Roño e Roy Iglesias 
Elenco:
Vhong Navarro como Conan
Angelica Panganiban como Oprah
Bangs Garcia como Ellen
Angie Ferro como Paula
Próximo Filme: "Three...Extremes - Dumplings" (Saam Gaang Yi - Gaau ji 2004)

segunda-feira, 16 de maio de 2011

"Dorm" (Dek Hor, 2006)

 
Se viesse para aqui dizer-vos que "Dorm" é um filme de terror, estaria a ser redutora. Diria antes que é uma história dramática, tocante e assustadora em partes iguais. Pessoalmente, não me senti aterrorizada mas encontram-se aspectos perturbadores em pormenores que vão muito além do ranger de uma porta ou de uma sombra. "Dorm" é uma história feliz em pano de fundo dramático. Aos 12 anos, o jovem Ton Chatree (Charlie Trairat) é largado num colégio interno pelos seus pais, desejosos de uma educação exemplar que o conduza ao sucesso. Ton até há bem pouco tempo tinha a vida de uma rapaz normal: cama, comida, roupa lavada e a despreocupação que caracterizam a meninice. Quando os pais lhe anunciam esta mudança radical o seu mundo parece ruir. Não é para menos. O colégio é sinistro, a sua nova professora Pranee (Chintara Sukapatana) é muito rígida e os novos colegas parecem sentir o cheiro a "carne fresca", enchendo-lhe a cabeça de histórias de fantasmas. Ton ressente-se, refugia-se na solidão e revolta-se, em especial contra o seu pai, repetindo mentalmente, (como qualquer adolescente com o orgulho ferido), as suas ofensas. Mas a vida no colégio não é fácil, nem se avizinha que vá melhorar, até que um colega mais velho Wichien (Sirarath Jianthaworn) o toma debaixo da sua "asa" e lhe vai dando dicas sobre como (sobre)viver no colégio. Acontece que também Wichien esconde os seus próprios demónios.
Esta seria a altura em que a história iria assumir uma viragem para o absurdo e seríamos atacados por uma série de fantasmas de longos cabelos negros. No entanto, o argumento é mais ousado e adopta a via mais difícil. "Dorm" centra-se mais nas relações entre os personagens do que nos sustos fáceis e é a sua eficácia que permite conferir o ambiente pesado que (penso eu), os argumentistas ambicionavam. Em conjunto com  o seu amigo Wichien, Ton vai conhecer, pela primeira vez, a liberdade e descobrir que afinal o colégio não é tão castrador como pensava. A película é, acima de tudo, sobre as relações familiares, as dores do crescimento e a verdadeira amizade. Ton começa a sua viagem como uma criança e acaba um pequeno homem. Parece uma nova versão de "Stand by me" (1986). Passados todos estes anos, os rapazes de 12, 13 anos, são iguais a eles próprios, em qualquer parte do mundo. 
Contudo, e apesar destas surpresas agradáveis "Dorm" não está isento de erros de continuidade. Por exemplo, o cabelo de Ton ora está curto, ora está comprido, ora está curto de novo não seguindo o percurso cronológico da história. Um erro lamentável, tanto mais que no departamento dos efeitos especiais as coisas correm às mil maravilhas. O efeito conseguido, na cena da piscina é muito interessante. Além disso, o tom do filme, as cores, tudo parece conjugar-se perfeitamente para criar um efeito sinistro eficaz...   
Não tenho muito mais a acrescentar: o argumento é eficaz; as actuações são boas, aliás se fizeram uma pesquisa na Web verão que os actores principais ganharam prémios; a cinematografia é esplêndida e tem um bom rítmo, um acontecimento de cada vez, sem pressas para chegar à recompensa final. Só não aconselho a quem espera um filme de terror puro. O marketing do filme enfatiza bastante a questão do terror, quando de terror tem muito pouco. Nesse aspecto é capaz de desiludir alguns espectadores. Por outro lado, quem não aprecia histórias sobre o crescimento e prefere um rítmo mais intenso, também não ficará satisfeito. Assim, apresento umas cautelosas mas bem ponderadas três estrelas e meia.



Realização: Songyos "Yong" Sugmakanan
Argumento: Paiboon Damrongchaitham, Boosaba Daoreong e Visute Poolvoralaks II
Elenco:
Charlie Trairat como Ton Chatree
Sirarath Jianthaworn como Wichien
Chintara Sukapatana como Pranee
Suttipong Tudpitakkul como pai de Ton

Próximo Filme: "Whisper" (Bulong, 2011)

sexta-feira, 13 de maio de 2011

"One Missed Call" (Chakushin Ari, 2003)

O filme "The Ring" (Ringu), saiu em 1998, (yep foi assim há tanto tempo), pelo já era tempo de perceberem que os telefones não trazem nada de bom. Ainda insatisfeitos, os cineastas sul-coreanos lá acharam que não era suficiente e que esta vaca ainda tinha umas tetas bem cheinhas para espremer e lançaram a sua própria interpretação com "Phone" (Pon, 2002). Em "One missed call" o aparelho continua a marcar uma sentença de morte mas o conceito é ligeiramente diferente. Se em "The Ring", as vítimas recebiam uma chamada a avisá-las que iriam dar o esticão final dentro de sete dias, neste último atendem o telemóvel e ouvem as suas últimas palavras antes de morrer. Cute, right? E não vale não atender o telefone, colocá-lo no silêncio, ou sequer ignorá-lo, que o emissor arranja sempre maneira de o fazer tocar, uma música infantilmente diábolica, non stop. Se não morrerem seja lá do que for, morrerão de enjoo da música. Uma vez tive um telemóvel que desligava e o alarme continuava a tocar. Isso não significa que estivesse assombrado. Ou será que estava? Adiante, se algum dos vossos amigos receber a chamada fatal, mais vale começarem a planear o vosso funeral! É que o fantasma é todo dado às tecnologias e consulta a lista telefónica para encontrar o seu próximo alvo. A sério. Nos dias de hoje nada como ser prático. Em "One missed call", os argumentistas não foram muito simpáticos, os personagens chegam a só ter apenas mais um dia até ao inevitável suceder. O que fariam se soubessem só tinham mais um dia de vida? Aqui é desperdiçado na esperança de o prolongar.
 
Esta aventura no mundo dos telemóveis assombrados é do grande Takashi Miike"Audition" (Ôdishon, 1999) para citar apenas um. O nome acaba por criar expectativas. Tal como estas são criadas estupidamente, quando se fala no James Cameron (ver "SANCTUM"). É um daqueles casos, em que o cineasta terá de saber claramente que este não é um bom filme. Não é. E não será com certeza dos trabalhos de que mais se orgulhará. Ok, tem uns bons sustos, a história anda ali na linha da previsibilidade, algumas mortes originais (estúdio de televisão?), a ocasional rapariga de cabelo negro com ar de sonsa mas, para o realizador que é, sabe a pouco. É bonzinho vá. Apenas, não acrescenta nada ao cinema de horror e japonês em geral. E para Miike, é muito, muito pouco. Nada tem do horror, do choque, do pontapé nos testículos, (os leitores do sexo masculino que me perdoem a imagem gráfica), de "Audition". Infelizmente. A rapariga de longos cabelos negros tornou-se um cliché. Quando isto sucede, o impacto reduz-se substancialmente. Em termos técnicos nada a apontar, ocasionalmente, a câmara aponta para um ângulo tão estranho que sabemos que ali vai acontecer qualquer coisa. Quer dizer, os fantasmas não têm as limitações físicas dos vivos. Paredes, tectos, armários, é uma festa. A actriz principal (Kô Shibasaki), também tem uma presença bonita e não compromete. Para quem gosta de J-horror e não importa de ver uma variação dos filmes acima citados, é uma boa aposta. Para os restantes é um profundo bocejo. Duas estrelas, bem espremidas de cinco.


Realização: Takashi Miike
Argumento: Yasushi Yakimoto, Minako Daira
Elenco:
Kô Shibasaki como Yumi Nakamura
Shin'ichi Tsutsumi como Hiroshi Yamashita
Kazue Fukiishi como Natsumi Konishi

Próximo Filme: "Dorm" (Dek Hor, 2006)

domingo, 8 de maio de 2011

"Sacred" (Keramat, 2009)

Tema musical principal de "Sacred", interpretado por Poppy Sovia. Na impossibilidade de encontrar um trailer legendado em inglês, deixo-vos o videoclip da canção com imagens do filme.

Vim aqui e abri a página do blogger pronta para usar uma série de palavrões para descrever "Sacred" mas tive o bom senso de me acalmar, fechar tudo e resistir à tentação urgente de escrevinhar em papel. Às vezes é preciso deixar as ideias amadurecer. E já decidi. Não mudei de ideias. Um milímetro que fosse. Agarrem-se às cadeiras que esta vai doer. Já nada é sagrado. Lembram-se de "The Blair Witch Project" (1999)? Na altura, o primeiro filme foi inovador, um blockbuster, lá com aquela câmara aos tremeliques que, pessoalmente, não me convence mas resulta. Eram três miúdos numa floresta a fazer um documentário. Quanto ao segundo filme... Alguém se lembra do segundo? Pois. Hey, ganharam dinheiro para não precisarem de trabalhar mais um dia que fosse. Passaram dez anos. Alguém deve ter pensado, "bem, a malta provavelmente já se esqueceu, embora para a floresta filmar umas cenas porreiras". Not cool, dude.
Adiante, temos direito a uma equipa de filmagens, que vem de Jacarta para Bantul filmar qualquer coisa sobre uma rapariga que não tem uma perna e depois arranja uma prótese e o resto não interessa. Entretanto, a pobre Migi Paramita (idem), que entra no filme e no filme dentro do filme, coitada, adoece e começa a apresentar um comportamento cada vez mais estranho.
Numa situação normal, esta seria uma sinopse ligeiramente interessante, excepto nada de especial acontece. A película é tão aborrecida que dei por mim a bocejar e a olhar para o relógio. Ora, quando alguma coisa acontecia mesmo, também não dava para perceber porque o raio da câmara não sossegava! Mas sim, sei que é suposto a câmara transmitir amadorismo e atribuir mais realismo à história, blá, blá, blá...
Muitos filmes têm histórias inverosímeis, no entanto, por tecnicismos vários, qualidade dos actores, etc, lá conseguem apresentar um produto final aceitável. Em "Sacred" nem isso se consegue. Alguns dos personagens são detestáveis. Dei por mim a querer saltar para dentro do écran e querer estrangular duas mulheres. Eu adoro ver mulheres que são fortes e não se deixam intimidar facilmente por oposição à típica mulher submissa da primeira metade do século passado. Mas, destas duas, qual a pior? Uma era histérica, sempre aos gritos com toda a gente e a outra não parava de chorar. Na minha cabeça só ecoava a música "M m m my sharona" Get it?
Além disso, todos os acontecimentos que se desenrolam a partir de certa altura são totalmente desnecessários e evitáveis. Tinham eles de fazer aquilo? Eram obrigados a seguir aquele caminho? Não e não. Eu sei que não teríamos filme mas teria sido tão melhor assim... O realizador, (Monti Tiwa) que também faz de cameramen Cungkring (agora é que não o perdoo mesmo) fez os seus actores sofrer. No filme nota-se, não se preocupem. Segundo o que li, a equipa perdeu em média 5 a 10 kilos. O sofrimento não é representação, é real. Ah, a película ainda tem espaço para um shaman, preocupações ecológicas e o tremor de terra ocorrido no ano de 2006 em Bantul... Notem que não gostei do filme. Apenas não acredito que seja representativo do cinema Made in Indonesia. Agora, que classificação lhe dou? Um terço de estrela? Um quinto? Um décimo? Olhem, é mau. Vejam por vossa conta e risco.




Realização: Monti Tiwa
Argumento: Kazuo Umezu (manga), Hirotoshi Kobayashi (argumento)
Elenco:
Poppy Sovia (idem)
Migi Paramita (idem)
Sadha Triyudha (idem)
Miea Kusuma (idem)
Dimas Projosujadi (idem)
Diaz Ardiawan (idem)

Próximo Filme: "One Missed Call" (Chakushin Ari, 2003)

quinta-feira, 5 de maio de 2011

"Tamami - The Baby's Curse" (Akanbo shôjo, 2008)

AVISO: Este Trailer contém spoilers!

Tamami é uma grande brincalhona. Ai é, é. "Ta-ma-mi" (dizer com voz embevecida - depois de verem o trailer/filme percebem). Tamami é baseada na manga "Akanbo shôjo" de 1967, do mestre do horror japonês Kazuo Umezu. Infelizmente, para nós, os cineastas decidiram abandonar qualquer subtileza e foram gráficos, no nome da película e no trailer. Por isso, podem já riscar suspense da lista. Em contrapartida, os minutos iniciais, isto para quem não viu o trailer nem se pôs a tecer considerações sobre o nome do filme, quase que poderiam induzir a pensar que este é um filme de mistério.
"Tamami", inicia-se numa noite tempestuosa com a jovem Yoko Nanjo, a adorável Nazo Mizusawa, a chegar a casa dos seus pais, após passar 15 anos num orfanato. Yoko, está extremamente nervosa, e é difícil não empatizar com a sua situação. A adolescente acabou de descobrir que afinal não foi abandonada mas que os seus pais a perderam em bebé e passaram todos aqueles anos à sua procura.
Contudo, a sua recepção é tudo menos feliz, chega numa noite escura e tempestuosa a uma mansão gótica, onde não está ninguém para a receber. Passado pouco tempo, começa a ouvir sons estranhos... dando origem a uma das melhores cenas do filme.
Talvez seja só de mim, mas um quarto cheio de bonecas e, daquelas de porcelana, em particular, é francamente assustador. Se fosse eu, tinha ficado quietinha no meu canto, não tinha ido averiguar o que era aquele som e muito menos me iria enfiar num quarto com bonecas a olhar para mim! Mas lá está, é um filme e nos filmes, eles nunca fazem o que nós, pessoas sensatas faríamos. A partir desta cena, a qualidade do filme vai sempre a decaír até ao desenlace final. O realizador (Yudai Yamaguchi) não se contenta com breves relances e parte para o explícito como se o mistério ao invés de mais-valia, fosse um empecilho no seu caminho.
No entanto, a película tem excelentes apontamentos: a velha governanta (Etsuko Ikuta), sempre vestida de negro com cabelo cor de neve faria a Daphne du Maurieur orgulhosa desta Mrs. Danvers dos tempos modernos. Os irmãos Grimm também estão muito presentes: a roseira espinhosa, a bela Yoko que faz lembrar uma Branca de Neve em ponto pequeno, um jovem que se autodenomina seu protector sem qualquer obrigação moral a tal faz um conveniente princípe, a mãe "ausente", a cena em que é folheado um livro de conto-de-fadas...
Quanto a Yoko, ela sofre desilusão atrás de desilusão. A família na qual foi aterrar está cheia de problemas que não são dela, mas que também são provocados, em parte pela sua chegada. O seu pai (Gôro Noguchi) só tem, literalmente, olhos para ela, o que traz tensão nas relações entre os adultos. Inicialmente, até pensei que a governanta possuísse algum tipo de ascendente sobre ele, dadas as liberdades a que ela se dá para com o chefe. Esta também é rápida a mostrar a Yoko que não é bem-vinda e que faria melhor ir-se embora. Assim, dito parece cruel mas em última análise, talvez ela tenha razão. Por outro lado, temos uma Yuko (Atsuko Asano), mãe de Yoko, que durante o filme, parece nunca a ver realmente. Ela passa os dias a afagar um peluche, que faz as vezes do bebé que nunca pode acaríciar. Yuko sofre de algum tipo de perturbação mental, que pensamos nós, se deve ao facto de nunca poder ter sido mãe. Assim, vagueia pelo jardim e pela grande mansão, cantando uma canção infantil, enquanto embala o seu filho peluche.
Nisto tudo, notem que mal mencionei Tamami. Se o filme gira em seu redor, não é menos verdade que são as circunstâncias provocadas pelos assuntos mal resolvidos dos adultos que provocam a sua revolta. E depois chega uma bela Yoko para tomar o seu lugar. Tamami é rejeitada, uma e outra vez, como Yoko se sentira durante 15 anos. Ainda que não a desculpe, de modo algum. Nos instantes finais do filme marcado por um triste momento de ternura, ficamos a pensar que tivessem os adultos agido de modo diferente muitas situações trágicas seriam evitadas.

É por estes pequenos pormenores assim como a capacidade dramática dos actores, que me pergunto como pode "Tamami", alternar entre o horror dramático e o horror cómico. A aposta seria ganha facilmente, não fosse o entrar no espectáculo ridículo do gore desnecessário. Para ser um bom filme de horror não precisa de mostrar tudo! E para ser um filme de splatter, convenhamos que o assumam desde o início para não entrarmos em envolvimentos emocionais desnecessários para com as personagens. "Tamami" dança instavelmente entre estas duas realidades. Por tudo isto, o filme não vale ouro mas apenas duas estrelas e meia.

Realização: Yudai Yamaguchi
Argumento: Kazuo Umezu (manga), Hirotoshi Kobayashi (argumento)
Elenco:
Nazo Mizusawa como Yoko Nanjo
Gôro Noguchi como Keizo Nanjo
Atsuko Asano como Yuko Nanjo
Etsuko Ikuta como Sue Kii

Próximo Filme: "Sacred" (Keramat, 2010)

domingo, 1 de maio de 2011

"Bedevilled" (Kim Bok nam salinsageonui jeonmal, 2010)

Quando acabei de ver o filme, só conseguia pensar, pobre Bok-nam, quanta dor uma mulher pode suportar. Logo seguido de perto por: acabei de ver um exploitation movie? Procurei um trailer com legendas em inglês mas este é daqueles filmes que não precisa. Os cineastas foram hábeis a revelar sem mostrar demasiado. "Bedevilled" tem uma premissa simples. A nossa história começa com Hae-won (Seong-won Ji), uma mulher com nervos à flôr da pele que não aceita desaforos de ninguém, mesmo quando são por ela imaginados. O seu mau feitio é de certo modo tolerado porque é uma profissional eficiente mas quando as suas façanhas no trabalho se tornam insuportáveis, Hae-won é forçada a tirar umas férias. Para tal, escolhe nada mais nada menos, que uma ilha minúscula, onde costumava ir visitar os seus avós em criança. Lá fez uma amiga, que ainda hoje lhe envia cartas, às quais não se dá ao trabalho de ler. Essa amiga é Bok-nam (Yeong-hie Seo), de uma infantilidade adorável. Ela não demonstra sinais de ressentimento em relação a uma Hae-won, para quem a amizade só parece interessar, para tornar a estada na ilha mais agradável. Esta, percebe rapidamente que a ilha, apesar da sua aparência paradisíaca é um antro de todo o tipo de abusos e sevícias a Bok-nam, os quais ela parece suportar estoicamente. Na sua condição de mulher atraente e com força para trabalhar é submetida a todo o tipo de abuso e humilhações físicas e sexuais dos homens na ilha, e forçada a trabalhar de sol a sol no cultivo de batatas, pelas "Tias". Estas, são uma espécie de hárpias, das quais, a "chefe" é uma figura tão masculinizada, que até cerca de metade do filme pensei que era um homem. Na sua argumentação sustentada por um clima de impunidade e ausência de influências vindas do exterior, Bok-nam deve aguentar e calar-se porque essa é a sua condição como mulher. Este ideário choca profundamente Hae-won, uma mulher cosmopolita e instruída de Seul, que apesar de tudo se recusa a intervir perante tamanha injustiça. A película fez-me recordar por inúmeras vezes, Rousseau e o seu mito do "Bom Selvagem". O homem nasce puro, a sociedade é que o corrompe. Ora, como pode uma pequena pedra tão cheia de nada, despertar seres tão malévolos? Há um demonizar dos personagens da ilha e, em particular, uma aversão aos membros do sexo masculino.
Bok-nam no meio de toda a miséria que lhe é imposta por meia dúzia de brutos, parece não desistir e até possuir uma estranha alegria de vida alimentados pelos seus maiores tesouros: o sonho de ir viver para Seul e a sua filha Yeon-hee (Li Ji-eun-i). Enquanto estes dois persistirem nada poderá quebrar Bok-nam...
Temo que Bok-nam ficasse desiludida com Seul. Logo no inicio do filme, fica bem patente que a cidade não é nenhum paraíso. O mal tem muitas caras, seja no rufia de Seul, no bruto nativo da ilha e choque-se, na donzela branca, indiferente ao sofrimento alheio. Seul é também uma selva urbana, de intrigas de escritório, onde são mais importantes os artifícios psicológicos que as capacidades físicas necessárias para subsistir na vida. Afinal, a magia de Seul não vai além do sonho e é bom que a imagem assim permaneça para Bok-nam.
Mas, "Bedevilled" sempre é uma história de vingança e a certa altura, o equilíbro instável que existe na ilha é eclipsado. Aí, tudo pode acontecer.
Deste filme pode-se retirar algo das intenções dos cineastas. Para eles era mais importante dar-nos a conhecer a história por detrás da vingança do que o seu acto de execução. Por isso, se estiverem à espera de 10 minutos de backstory, irão ficar desiludidos. Só para o fim é que esta se desenrola. Asseguro que quando chega a altura nada os detém: há gore a rodos. O final, que eu não vou revelar, é um grande duche de água fria, mas traz a percepção e a redenção. Talvez até a esperança num futuro melhor. Somos assaltados pelo facto de a história não ser, nem nunca ter pretendido ser acerca das Bok-nam's deste mundo mas das Hae-won's, de quem, em última instância, o seu futuro pode depender. Pelo invulgar desenvolvimento de uma história de vingança e pelas brilhantes interpretações dos actores "Bedevilled", recebe três estrelas e meia em cinco.
Realização: Jang Cheol-So
Argumento: Kwang-young Choi
Elenco:
Yeong-hie Seo como Kim Bok-nam
Seong-won Ji como Hae-won
Jeong-hak Park como Man-jong
Ji-eun-i Lee como Kim Yeon-hee
Próximo Filme: "Tamami - The Baby's curse" (Akanbo shôjo, 2008)
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