domingo, 11 de setembro de 2011

"The Coffin" (โลงต่อตาย ou Lhong Tor Tai, 2008)

Bem-vindos ao maravilhoso mundo das superstíções. Se, como eu vaidosamente gosto de pensar, já leram alguma crítica no Not a Film Critic, decerto saberão como os tailandeses são dados a rituais insólitos até para as mais abertas mentes ocidentais. "The Coffin", segue as histórias de Chris (Ananda Everingham) e de Sue (Karen Mok), ambos apanhados pela desgraça. Mariko (Aki Shibuya), namorada de Chris encontra-se em coma profundo e sem grandes probabilidades de alguma vez vir a acordar e Sue, uma dietista de Hong Kong descobre que tem cancro nos pulmões. Numa tentativa desesperada de mudar a sua sorte eles acedem a participar num ritual tailandês que consiste em deitarem-se dentro de caixões e lá permanecerem por algum tempo, orando, para reverter a roda da fortuna.
O plano parece correr melhor do que o esperado. Mariko desperta e Sue, além de escapar ilesa de um violento acidente de automóvel descobre que o cancro desapareceu. Esta seria a altura em todos batíamos palminhas, soltavamos sorrisos e íamos para casa contentes. Mas há um twist, há sempre um twist. Chris e a namorada começam a ser assombrados por um fantasma e Sue recebe a notícia de que o seu noivo morreu num acidente rodoviário. Não se consegue mesmo enganar a morte pois não? É um pouco de "Final Destination" (2000) mas sem as mortes requintadamente planeadas e um pouco mais de história. Pena. As mortes é que lhe davam piada. Não me considero de compreensão lenta mas só a meio de filme é que entendi o que se estava a passar. Tipo, o que é que Chris e Sue têm em comum, excepto o fetiche de se enfiarem em caixões? Com diálogos atrozes e um enredo a um passo de ser incompreensível, não há muito que se possa fazer. A cena em que finalmente Chris e Sue se encontram é forçada. Bem que dava para fazer da narrativa fragmentada dois filmes: "The Coffin 1" e de "The Coffin 2". Considerando que a película se estreou na bilheteira em primeiro lugar, não seria muito mal pensado.
O Ananda Everingham estava em muito melhor forma em "Shutter" (2004), do que em "Coffin" onde tirando uma cena mais tocante, roça a banalidade. Quanto a Karen, lamento mas não senti ali grande coisa. Pouco sofrida para quem tem cancro, ainda menos sofrida para quem perdeu o amor da sua vida. Culpa? Medo? Não aparece. Ela lá faz umas caretas faciais mais simpáticas mas nada em que se preveja algum tipo de identificação com a personagem.
O melhor são mesmo os benditos filtros azuis. A cena de abertura em que se tem um longo plano geral é belíssima. Marca um tom vencedor que é pouco recuperado em cenas posteriores. Damn it. Notem que ainda não referi os elementos de terror. Pois. Viram o trailer? Et voilá. Aí têm os momentos mais assustadores do filme. Se me perguntarem se mete medo, respondo que nem por isso. No entanto, a espaços, as cenas dentro do caixão conseguem ser claustrofóbicas. Embora, nisto seja suspeita: eu sou aquela que tremeu com as cenas subterrâneas de "The Descent" (2005). Se não acharam este filme minimamente claustrofóbico, não têm o mínimo motivo para temer "The Coffin". Já a música é tão, tão aborrecida que se não estivesse a ver um filme de terror adormecia. Até pan pipes, e não sou fã do género encaixariam melhor que o minimalismo deprimente que resolveram imprimir ao filme. Há uma diferença entre melancolia e aborrecimento que claramente não foi entendida. Quanto à classificação não é preciso pensar muito. Eles meteram-se no caixão e pregaram-se lá dentro. Uma estrela.


 
Realização: Ekachai Uekrongtham
Argumento: Jin Han
Elenco:
Ananda Everingham como Chris
Karen Mok como Sue
Florence Vanida como Nan
Aki Shibuya como Mariko
Napakapapa Nakaprasitte como May

Próximo Filme: "Suicide Club" (Jisatku sâkuru, 2001)

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