domingo, 13 de novembro de 2011

"Bestseller" (Beseuteu Serreo, 2010)

“Bestseller” é um thriller/mistério de terror interpretado por Jung-hwa Eom que faz o papel da escritora Hee-so, que tem passado os últimos anos a escrever êxitos atrás de êxitos até que um dia é acusada de plágio. A carreira e a vida familiar de Hee-so são abaladas pelo escândalo e ela desespera quando a inspiração tarda em reaparecer. O seu editor sugere-lhe uma mudança de cenário para ultrapassar o bloqueio de escritor e dá-lhe uma última oportunidade para tentar recuperar o que perdeu. Assim, Hee-so parte para uma velha mansão colonial, nos arredores de uma pequena vila, com a sua filha Yeon-hee (Sa-rang Park). Lá, a inspiração continua a iludi-la até que repara que a sua filha mantém conversas com um amigo imaginário. Dessas interacções surge uma história de terror e mistério ocorrida na propriedade. Hee-so, deprimida e frustrada com os seus esforços infrutíferos não hesita em utilizar a história de Yeon-hee que se vem a tornar um sucesso de vendas. Mas o sucesso é efémero, já que Hee-so é novamente acusada de plágio. Com o seu editor a fechar-lhe definitivamente as portas e um marido cada vez mais desencantado com o seu comportamento, Hee-so está disposta a tudo para provar a sua inocência. Então, decide retornar à vila para investigar a origem da história e começa a descobrir que por detrás de uma aparência encantadora, os seus habitantes escondem um segredo obscuro…
Até aqui nada de original. É apenas o vulgar mistério associado a uma casa e alguém determinado a desvendar a verdade até às últimas consequências. A característica distintiva de “Bestseller” é a acção mais centrada nas personagens do que no cenário. A força da narrativa encontra-se nas personagens e nesse campo há que louvar o trabalho de Jeong-hwa Eom, que é competentíssima num papel difícil. Eom interpreta o papel de uma mulher deprimida, neurótica e ambiciosa que identifica o sucesso com o bom desempenho da sua obra literária, mesmo que para tal, negligencie os seus papéis de esposa e de mãe. A primeira parte do filme pertence-lhe toda, com todos os outros personagens a terem participações fugazes ou supérfluas. É de destacar o seu papel invulgarmente intrincado para um filme de terror que exige a demonstração de um vasto espectro de emoções. É necessário compreender a personagem e a sua obsessão com o trabalho, o qual se confunde com a sua própria identidade para justificar as suas acções. Também dei por mim, a olhar para Jeong-hwa e a recordar-me de outra actriz não menos conhecida, que já passou por aqui, Bai Ling. Com o cabelo na cara, o eyeliner carregado e a estrutura óssea frágil faz lembrar a actriz chinesa.
Há uma cena em que Yeon-hee conta à sua mãe uma história de horror e de morte que lhe terá sido contada por um amigo imaginário. Poucas pessoas precisariam de um segundo aviso para perceber que havia algo de muito errado em tudo aquilo e se porem a andar dali para fora. Na lógica da "workaholica" Eom, isso não faz sentido.

Poucos minutos dentro do filme, um dos personagens discorre sobre a história da mansão colonial. Isto acaba por redundar em informação desnecessária e é apenas um motivo de distracção, uma vez que a promessa de assombração não é concretizada. Contudo, a primeira metade do filme é orientada para o sobrenatural, tendo alguns clichés relacionados com portas fechadas e visões assustadoras. Mas gostei do facto de não sermos brindados com a habitual mulher de longos cabelos despenteados. A assombração é bem diferente, o que nos leva à grande revelação do filme. Num momento em que ninguém esperaria, cai uma bomba, bem ao nível de filmes com “The Others” (2001) de Alejandro Aménabar. A última metade da película afasta-se por completo do género sobrenatural e aproxima-se de preocupações terrenas com o bom velho thriller a entrar em força nos últimos 30 minutos de filme. Os viciados nos fenómenos sobrenaturais não vão gostar desta opção. Pelo contrário, os fãs de mecanismos psicológicos que tenham resistido ao início do filme, serão recompensados pela explicação racional da trama. Se qualquer dos géneros não vos fizer confusão não haverá qualquer constrangimento em prosseguir com a visualização do filme. Apesar do argumento não trazer nada de novo em termos de história, já que ela parece ser uma colagem de diferentes partes de filmes, o mix de géneros e a revelação inesperada a meio do filme, ao invés de ser realizada no final como é apanágio dos filmes de terror, fornecem alguns elementos refrescantes à película. Não é brilhante. A palavra que procuram é competente. Duas estrelas e meia.
Realização: Jeong-ho Lee
Argumento: Jeong-ho Lee
Jeong-hwa Eom como Hee-so Baek
Sa-rang Park como Yeon-hee
Seung-yong Ryoo como Yeong-joon Park
Jin-woong Joo como Chan-sik

Próximo Filme: Curta #3: "Three - Going Home" (Saam Gaang, 2002)

2 comentários:

  1. Acho que vale a pena. Não é extraordinário mas é competentissimo. A actriz principal é muito boa e o enredo consegue parecer mais credível que a maioria das histórias que têm saído todos os anos.

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