quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

"Battle Royale" (Batoru Rowaiaru, 2000)

"Battle Royale" é uma grande batalha pela sobrevivência onde ser o mais forte, não significa necessariamente, ter a maior força física mas a capacidade de se manter fiel aos seus princípios. Num novo milénio com uma velha sociedade quebrada, o Governo faz aprovar uma lei que castiga os mais novos e anima as massas. Assim, é criado o jogo perigoso "Battle Royale", no qual, todos os anos, é escolhida uma turma de alunos do 9º ano, para se matarem uns aos outros até restar apenas um! Este ano, é seleccionada a turma de Shuya (Tatsuya Fujiwara), um órfão que se vê confrontado com um dilema terrível: defrontar os seus amigos numa luta pela sobrevivência ou deixar-se morrer! Instruidos e acicatados pelo professor Kitano (Takeshi Kitano), os adolescentes têm as mais diversas reacções, desde a recusa em combater, a determinar a sua própria sentença, à resignação e outros há que revelam tendências psicóticas. As regras são muito claras: eles são abandonados numa ilha com diversas armas, desde metralhadoras a binócolos?! (querem melhor sentença de morte?), e umas coleiras ao pescoço. São obrigados a manterem-se em movimento senão as coleiras explodem, se as tentarem retirar terão igual sorte e se, no final do jogo, sobreviver mais do que um aluno, as coleiras explodem e morrem todos! Fixe não é?
As duras circunstâncias irão despertar sentimentos outrora ocultos, reforçar as inimizades e fortalecer laços para sempre. Não se deixem enganar pela premissa, apesar de tudo este é um bom filme com algumas jovens revelações no elenco. Surge aqui uma Chiaki Kuryama pré "Kill Bill" (2003), onde interpreta, curiosamente, uma assassina doida varrida. Temos também uma Kô Shibasaki antes de descobrir a maldição dos telemóveis em "One Missed Call" (2003), que interpreta a adolescente psicopata Mitsuko para quem a "Battle Royale" é mais depressa um modo de satisfazer os desejos sádicos do que um pesadelo. Quanto às mortes propriamente ditas, elas são bastantes e algumas muito originais, afinal é uma turma de 42 alunos. No entanto, não é nada como o banho de sangue que se poderia julgar. Há filmes bem piores a esse respeito, o que não lhe retira o mérito em algumas mortes como a de um jovem que é esfaqueado naquela zona tão sensível... Não que não seja merecido.
"Battle" apresenta alguns erros de continuidade. A deslocação de corpos e a troca de adereços de cena para cena sucede umas poucas vezes. Aquando da estreia o filme foi alvo de uma intensa polémica, o que me custa a compreender. Ok, são adolescentes assassinos mas, a sério, em que planeta é que vivem se acreditam que miúdos de 14 anos são inocentes? Se fosse um filme de pancada com um Steven Seagal ou um Chuck Norris, ninguém o levaria a sério. Por que hão-de fazê-lo com "Battle Royale"? É muito simples e directo ao assunto: apresenta as regras e a partir desse ponto a matança é sempre a abrir. Não ofende a matéria cinzenta já que a intenção também não é fazer pensar demasiado. Se nos faz reflectir, por breves instantes, sobre aquilo a que damos valor e sobre o comportamento das pessoas quando estas sabem que têm uma sentença de morte a pairar sobre si, ao fim e ao cabo é uma série de mortes mais ou menos horripilantes que dá para distrair durante um bocado. Como disse, inofensivo. Três estrelas e meia.
Realização: Kinji Fukasaku
Argumento: Koushun Takami e Kenta Fukasaku
Tatsuya Fujiwara como Shuya Nanahara
Aki Maeda como Noriko Nakagawa
Takeshi Kitano como Kitano Sensei
Taro Yamamoto como Shogo Kawada

Ah e já agora, Feliz Natal a todos / Feliz Navidad / Merry Christmas :)

Próximo Filme: "Who are you" (Krai... Nai Hong, 2010)

5 comentários:

  1. É um filme eficaz e assente num conceito assustador que tem sido endeusado pelas razões erradas.

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  2. Eu gosto muito. A premissa é muito boa, os Japoneses têm das melhores ideias macabras.

    E a história do rapaz com o GPS é mesmo triste.

    Não é certamente dos melhores filmes do mundo mas é muito competente e muito divertido :)

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  3. Eu sou suspeita. Adorei o filme e estremeço só de pensar que está a ser preparado (mais) um remake.

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  4. Engraçado quando dizes que o filme não faz puxar pela massa cinzenta quando este foi baseado num livro que faz puxar imenso pela dita cuja.
    É um livro pejado de ideologias políticas, filosofia e ideais de vida que, só por acaso, tem violência. Claro que para o filme, houve uma necessidade de cortar material e cortou-se estes pontos. Aprimoraram a violência, deixaram um quê de pensamentos sobre a vida e eis Battle Royale um dos meus guilty pleasures favoritos.
    Adoro ver este filme com gente que nunca viu e fazer apostas sobre o vencedor; ver a cara deles no final é priceless.
    Kitano é mestre, mais uma vez, sublime e as crianças não lhes ficam atrás.
    Espero agora pelo lançamento em Blu Ray em breve, oh ywah, sangue em HD!
    Gostaste do Battle Royale 2?

    P.S: sou o andiago do Twitter :)

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  5. André não tive o prazer de ler o livro original. Mas sim, nota-se que o filme é mais cerebral do que seria de pensar. O gore é apenas um argumento do marketing. As implicações sociais e políticas, não vendem um filme tão bem quanto a promessa de sangue! Quanto à sequela ainda não a vi. Tenho de corrigir isso.

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