domingo, 29 de abril de 2012

"The Chaser" (Chugyeogja, 2008)

Eu corro, tu corres, todos correm… No dia-a-dia, isto é. Levam-se vidas stressantes que não conduzem a lado nenhum para se ter um salário ao fim do mês, pagar as despesas e recomeçar tudo de novo. Joong-ho Eom (Yun-seok Kim), um ex-polícia, decidiu deixar de ser bonzinho ou, pelo menos, de fingir e usa os contactos no submundo do crime para se tornar um proxeneta. Talvez esta palavra não seja a mais indicada. Ele é uma espécie de gestor de clientes. Eles ligam-lhe a pedir uma menina, e ele faz o reencaminhamento dos serviços. As regras são simples: elas vão, fazem o serviço, pagam-lhe e ele distribui os “dividendos”, à sua maneira, claro. Só não vale bater nas meninas. Ai deles. Que elas são mercadoria, mas são a mercadoria dele. E não queiram ver um duro, enfurecido. Pois que tudo corre às maravilhas, até que as suas colaboradoras começam a desaparecer. Ele compreende algo que ninguém até ali tinha tido a destreza mental ou vontade de fazer: todas desapareceram depois de ter sido chamadas pelo mesmo cliente. E a última Mi-jin (Yeong-hie Seo), acabou de sair para ir ter com o tipo. Ninguém, tenta roubar as meninas dele. Ou será que a verdade é bem mais aterradora?
Joong-ho Eom é um chulo, um anti-herói. Mas é o único que se importa. No meio de um escândalo que envolve o presidente da câmara de Seul, no qual a inacção da polícia não foi o menor dos males, o desaparecimento de umas prostitutas parece uma inconveniência. Mesmo quando os ex-colegas de Joong-ho começam a acreditar que no caso há mais do que o simples tráfico humano, os meandros da política não os deixam agir de modo eficaz. E Mi-jin continua desaparecida. Cabe a Joong-ho Eom correr contra o tempo antes que seja tarde demais. “The Chaser” é um estudo de personagens, dos papéis que desempenhamos na vida real e da sua importância relativa. Há ainda lugar para uma forte crítica social e política, com as fragilidades da justiça a serem demonstradas em toda a sua crueza. É triste verificar que o bem não surge sem grandes defeitos e que o mal é uma encarnação perfeita de tudo a quanto reservamos aversão. A vida de uma pessoa vale menos por esta ter uma profissão moralmente condenável? É mais importante salvar a face sobre todos os princípios? O fim de salvar uma pessoa justifica a brutalidade policial? Uma tecnicalidade deve sobrepor-se a suspeitas gravíssimas sobre alguém?
Jung-woo Ha é Young-min Jee, o antagonista implacável, que é tão odioso que o actor corre o risco de as pessoas mais sensíveis confundirem a personagem com a sua verdadeira personalidade. Quando esta raridade sucede, sabemos que um desempenho foi mesmo bom. Dei por mim, a torcer pelo anti-herói, a ficar frustrada com a inactividade da polícia, aqueles de quem, afinal, se esperava mais e, o temível Young-min a crescer em maldade a todo o momento. E sabem o que é mais assustador? “The Chaser” é baseado em eventos reais. Young-chul Yoo foi capturado em 2004, depois de um ano de matança, no qual assassinou 21 idosos e prostitutas, a maioria deles, à martelada. Foi condenado à morte, sentença que ainda não foi executada.
A maioria dos “thrillers”, apenas o são de nome e, apenas por que algum génio do marketing decidiu que os apelidar de thrillers era bom para o negócio. Um thriller com um ritmo rápido e furioso, intenso e estressante é ainda mais raro. Não devem procurar mais longe do que na Coreia do Sul, terra dos sonhos dos thrillers, onde “I Saw the Devil” e “Yellow Sea” são mais do que felizes acasos. “The Chaser” enquadra-se confortavelmente entre os filmes anteriormente mencionados, em nada inferior, tão somente uma das melhores exportações do cinema coreano nos últimos anos e, sem dúvida alguma, um daqueles filmes de qualidade superior destinados a sofrer um remake de Hollywood. Em 2013, para ser mais exacta, com o DiCaprio e a mesma equipa que nos trouxe “Departed”. Alguém questiona a eventualidade de um Óscar no horizonte? Só me interrogo se a versão americana será corajosa o suficiente para tomar o mesmo caminho de “The Chaser”, ao invés de embrulhar tudo bonitinho como é seu apanágio. Não é para fracos de coração. Quatro estrelas.


Realização: Hong-jin Na
Argumento: Wan-Chan Hong, Chinho Lee e Hong-jin Na
Yun-seok Kim como Joong-ho Eom
Jung-woo Ha como Young-min Jee
Yeong-hie Seo como Mi-jin Kim
Seong Kwang Ha como Detective Park
In-ji Jeong como Detective Lee
Moo-yeong Yeo como Comissário da Polícia

Próximo Filme: "The Hunger Games", 2012

quinta-feira, 26 de abril de 2012

"Let the Right One In" (Lat den rätte komma in, 2008)



Existem emoções com as quais o ser humano não consegue lidar da melhor forma. Desconcerto, angustia e inquietação, certamente não se enquadrarão nos adjectivos de um filme favorito. “Let the right one in” comete a proeza de gerar estas emoções nos instantes iniciais. Oskar (Kare Hedebrant), um rapaz pálido como a neve que o rodeia, ataca uma árvore com uma faca de mato. “Guicha porco! Guincha” e procede a cortar a árvore. Logo ali, uma recoleção desconfortável, a de um “Deliverance” (1972) onde um Ned Beatty é violentado e humilhando – “guicha como um porco”, diz o torturador. Prosseguimos a assistir à vida atormentada de Oskar, a vítima favorita dos rufias da escola, que utiliza todas as desculpas para sair mais tarde das aulas e não se cruzar com os atacantes. Nova reminiscência: “The Lord of Flies” (1990), onde Conny (Patrik Rydmark) um líder natural talhado para o bestial, se possuísse mais poder do que aquele que efetivamente tem, só podemos imaginar o que faria do sensível Oskar. O rapaz, quase albino, não tem força para se defender, nem sequer contar aos pais divorciados o que se passa. Todos são indiferentes ou ignorantes do que se passa e a momentos, parece mesmo que nem querem saber. Ele queda-se por manejar uma faca, fantasiando sobre a morte do seu agressor. Assustador.
Entra pois, Eli (Lina Leandersson) uma nova vizinha misteriosa da idade de Oskar, que se muda para o apartamento ao lado dele e da mãe, com o pai Hakan (Per Ragnar). Ela apenas aparece no pátio de noite e diz-lhe que não podem ser amigos mas não abdica da sua companhia. Ela tem um cheiro “esquisito” e veste roupas frescas nas frias noites suecas. À partida, parece tão alheada de tudo quanto Oskar. É a amiga perfeita. É a única que tem. Hakan, por sua vez, é um velho estranho, que prefere uma vida solitária, enquanto fareja o próximo alvo para Eli. É que Eli, qual lobo sob pele de cordeiro, é na verdade uma vampira e tem de ser alimentada. Hakan é um serial killer, a mando de Eli? Ou por amor? Dizem-nos vagas insinuações e uma linha de diálogo dele, que alimenta algo mais por Eli do que amor paterno. Um pedófilo, um assassino, um servo, qual Renfield que serve o seu mestre Drácula. Mas nenhuma das personagens é na verdade “normal”, sugere-se que os pais de Oskar serão simpáticos por necessidade. Fizeram-no, mais vale criá-lo. Os vizinhos do bloco de apartamentos dividem-se entre o álcool e fobias de uma sociedade “evoluída”. Os professores de Oskar, nada mais são do que robots. Eles fazem o que têm que fazer por que é assim que as coisas são e não por que exista ali, algum traço de altruísmo. Com personagens assim, como não simpatizar com Oskar, mesmo quando ele demonstra um instinto homicida latente ou se encontra, (de modo perturbador entenda-se), inclinado a aceitar o vampirismo de Eli, tendo a compreensão de tudo o que isso implica. E Eli é uma vampira à maneira antiga, à de Bram Stoker. Talvez sem o caixão mas não é um ser totalmente destituído de razão e que brilha. Traz ainda uma nova visão do que significa ser vampiro, tanto na ficção como na vida real. Entenda-se o vampiro ficcional de John Ajvide Lindqvist, como uma criatura de enorme vulnerabilidade. Longe da invencibilidade que os vampiros de filmes mais recentes nos fizeram pensar. De facto, se reflectirmos bem, quão poderoso é um ser incapaz de suportar os raios de sol e que sobrevive de sangue humano? E mais, um predador do acaso, pois que, para entrar no covil da presa, tem de ser convidado. Já em termos clínicos, o vampiro, de Lindqvist é retratado de modo aproximado à realidade. Sob uma capa de vulnerabilidade, o vampiro consegue aproximar-se da sua “vítima” e fazê-la enamorar-se de tal modo que esta se torna sua protectora e dá tudo de si, dobra a sua vontade e abdica de uma vida própria. Tudo por ele. Incluindo matar.
Hakan é o retrato daquilo em que Oskar se tornará se seguir Eli. Um velho solitário, dominado, apaixonado e ao mesmo tempo amedrontado pelo mesmo ser que jurou proteger. Pese-se tudo isto, apesar da força inicial que Eli lhe incute para se proteger. A satisfação da afirmação de Oskar perante uns vilões, é rapidamente ultrapassada, pela ideia desconfortável de que ele poderá muito bem ser um psicopata em potência. Ele pode deixar de ser bem depressa um adolescente “normal” ao deixar-se ir atrás de uma menina, que lhe dá uma atenção que pode não ser tão desinteressada quanto isso. “Let the right one in”, trata-se então de percepção. Quando se está só e a apatia reina ao redor, pode não se ter a aptidão para compreender em que se deve acreditar ou como proceder. Está-se vulnerável e transmitem-se energias que podem convidar alguém que não deveria, a entrar nessa vida. Numa palavra: perturbador. Em última análise: fantástico. Quatro estrelas e meia.

Realização: Thomas Alfredson
Argumento: John Ajvide Lindqvist
Kare Hedebrant como Oskar
Lina Leandersson como Eli
Per Ragnar como Hakan
Patrick Rydmark como Conny


Próximo Filme: "The Chaser" (Chugyeogja, 2008)

domingo, 22 de abril de 2012

Pecadilhos das Horas Vagas #3 - "Van Helsing"

Sabem aquele filme que sempre que dá na TV não conseguem desligar-se e vêem até ao fim? Aquele filme que todos acham um pouco parvo mas do qual vocês gostam secretamente? Lembram-se daquele velho filme que está gravado em VHS e não conseguem deitar fora? Ou que já viram tanto que a fita até já está meio estragada? Escrevam um texto, não uma crítica, mas uma confissão, sobre um filme da vossa preferência: o vosso guilty pleasure, sem medos ou censura, um “Pecadilho das Horas Vagas. O confessionário é vosso.

Por: Aníbal Santiago do Rick's Cinema

Ao longo da nossa experiência cinéfila assistimos a muitos e variados filmes, alguns arrebataram-nos o coração, outros deixam-nos um sorriso de orelha a orelha, outros apenas com a sensação agradável de termos passado um bom tempo. Temos ainda aquelas obras que nos fazem perguntar: “Com um tempo de vida tão incerto, por que razão absurda é que o decidi gastar neste filme tão manhoso?”. Mas, pior do que esta última categoria, estão aqueles que temos a certeza de serem maus, que foram devastados pela crítica e por quase toda a gente que conhecemos, mas que, secretamente, nos dão um prazer imenso, embora o tentemos esconder de todos. A mim acontece-me isso e muito (mais do que o humanamente desejável), sendo que um dos casos mais flagrante é o de “Van Helsing” de Stephen Sommers, considerado sofrível pela crítica e pela maior parte das pessoas que me rodeiam, mas que fui ver ao cinema, comprei a edição especial em dvd e tenho a t-shirt (gloriosamente rota pelo meu cão, mas guardada com todo o respeito numa das gavetas do armário).

Com tantas críticas negativas em seu redor, “Van Helsing” pareceu-me assim ser a escolha indicada para um post na rubrica “Pecadilhos das horas vagas”, que visa exactamente expor um dos nossos guilty pleasures no blog “Not a Film Critic”, propriedade da blogger FilmPuff, que tenho tido o prazer de acompanhar ao longo dos últimos meses, onde tenho feito algumas descobertas sobre cinema de terror asiático e aprendido imenso sobre a temática.

Lançado originalmente no dia 7 de Maio de 2004, “Van Helsing” surgiu em grande parte para a Universal aproveitar o sucesso alcançado pelo realizador Stephen Sommers com “The Mummy” e a sua sequela “The Mummy Returns” e fazer regressar não um, mas sim vários personagens dos filmes de terror clássicos do estúdio, entre os quais Frankenstein, Lobisomem, Conde Drácula, o caçador Abraham Van Helsing, tendo até havido espaço para introduzir um intruso, o mítico Dr. Jekyll. O filme contava com um elenco bastante jovem e diferente do que estávamos habituados. Van Helsing deixou de ser um senhor de meia-idade para passar a ser um herói musculado interpretado por Hugh “Wolverine” Jackman, que contava com a personagem da bela Kate Beckinsale como interesse amoroso. Conta ainda com Richard Rouxbourgh, um actor que integrou o elenco de obras tão distintas como “Mission Impossible II”, “Moulin Rouge”, “League of Extraordinary Gentleman”, entre outros, e David Wenham, que interpreta um padre e inventor que trabalhava numa divisão secreta do Vaticano, muito semelhante ao laboratório de Q nos filmes de “James Bond”. Pelas breves descrições certamente já estarão a pensar: “como é que este tipo gosta disto”, ou que “não vem aí coisa boa”. Divagações à parte, importa salientar, antes de mais, que aprecio de forma imensa os clássicos de terror da Universal, mas que também tenho consciência que, nalguns dos casos, não lhes faltavam defeitos, tendo muitos deles se tornado clássicos devido à idade e não à qualidade. Relativamente a “Van Helsing”, o filme certamente nunca irá tornar-se um clássico - não que eu não gostasse, pois tal tornar-me-ia num visionário - mas sim porque a obra nunca consegue ser aquilo a que se propõe, ou seja, um filme de terror, indo resultar sobretudo como um filme de acção e aventura onde os nomes de alguns personagens poderiam ser alterados que ninguém daria pela diferença. Isto não implica que “Van Helsing” não seja um belo pedaço de entretenimento e diversão, ideal para ver a qualquer hora do dia e que certamente não nos irá fazer pensar no emprego, nos problemas diários, e no stress quotidiano, algo que é cada vez mais um factor que tomo em atenção quando vejo filmes após chegar a casa do trabalho.


quarta-feira, 18 de abril de 2012

"Poetry" (Shi, 2010)



Poesia? O que és? Rimas que nos fazem sorrir? Versos soltos, nexo, só para o autor? Palavras colocadas juntas para formar orações que soem bem ao ouvido? Que significas tu? Onde te encontro?

Crianças brincam junto ao rio. Um dos meninos, acerca-se da margem. Vê algo a boiar. É um corpo. Uma adolescente. Pós criança, pré-adulta. Pouco mais velha que ele. Não voltará a ir para a escola, nem brincar, como ele o faz.
Mija (Jeong-hie Yun) é uma sexagenária, que vive da pensão e do trabalho em part-time, no qual, toma conta de um idoso atingido por uma trombose. Veste-se de muitas cores, padrões de flores e um velho chapéu de palha são a sua preferência. Toma conta de um neto que mal dá pela sua existência, depois de abandonado pela mãe, que prefere viver em Seul, longe do filho fruto de uma relação falhada. Ela passa por meia tola. Ninguém a ouve realmente, mas não parece dar-se conta disso. E esquece-se muito. Palavras mundanas passam-lhe ao lado com frequência. As memórias mais antigas parecem mais frescas. O médico apresenta um veredicto desanimador. Mija tem a doença de Alzheimer. A memória irá degenerar progressivamente. Escapa-se-lhe o tempo. Por entre o quotidiano do passar a ferro, cozinhar, lavar a loiça, ir às compras e ninguém com quem conversar, Mija toma a decisão de, antes que o tempo fuja de vez, aprender poesia. Ela sempre quis aprender poesia e se calhar até tinha jeito, como uma vez lhe disseram. O professor da aula onde se inscreve faz parecer que qualquer um pode escrever poesia. Tudo o que tem de fazer é deixar de olhar e começar a ver. Onde vai Mija encontrar na sua vida banal poesia? Poderá mesmo existir poesia numa maçã? Entretanto, a rapariga é enterrada. Mija deu pela sua morte e até a comentou. Uma colegial da escola do seu neto atirou-se da ponte. Jong-wook (Da-wit Lee), afirma que mal conhecia a rapariga e continua a ouvir música, ver televisão, a deixar tudo desarrumado e a sair com o grupo de amigos como dantes. Um dia, entre sessões de poesia, um dos pais dos amigos de Jong-wook, aborda-a e pede-lhe para a acompanhar. Mija dá por ela numa reunião de pais, onde lhe é contado que Jong-wook e os amigos abusaram repetidamente da rapariga durante meses antes desta se matar. Eles estão a combinar o modo de oferecer uma compensação monetária à mãe da rapariga, na qual, Mija deverá contribuir, para abafar o caso e os miúdos não serem presos. Surreal. Mija parece ouvir mas não compreender. Com certeza, o neto não fez aquilo. E no entanto, diariamente, Jong-wook parece tão indiferente como dantes. Outra questão a consome. Onde encontrar a poesia. Poderá Mija encontrar na vida a sua poesia? Ou é na morte de Agnes que Mija irá encontrar uma verdadeira ligação à vida e encontrar pois, os versos que lhe escapam?
“Poetry” é a balada daqueles que não são, não conseguem ser ouvidos. E dos tubarões, dos indiferentes que o fazem. É sobre aprender o significado da vida. Não somos insignificantes. Certamente que Mija não é. Uma velhota que se cobre de vestidos florais, uma alegria que não tem. Uma mulher que se sacrifica para dar aos outros o pouco que tem. E para quê? É insignificante. Ninguém quer saber dela. Ela serve apenas para servir. Nunca fez nada de verdadeiramente importante na vida nem irá fazer. É insignificante, para eles. E Agnes? Ela é um botão a quem a oportunidade de desabrochar foi roubada. A mãe solteira, estoirada e com um filho mais novo por cuidar, dificilmente conseguirá dar voz, à vida que foi ceifada. O máximo que pode fazer é compor um altar à menina preciosa que não conseguiu proteger. Mija, aprende, com a banal aula de poesia e as sessões de leitura que começa a frequentar, a expandir os seus horizontes e pela primeira vez na vida, vê! É um processo de aprendizagem na segunda metade da vida, o abandonar o de uma vida de cegueira decadente para um “carpe diem”, se pretenderem, consciente. A dor é um processo consciente mas um que deve ser percorrido para se fazer o que é mais correcto. Que pode uma mulher de meia-idade fazer contra a injustiça, mesmo que esta advenha daqueles que mais ama? Se o desejar? Tudo.
“Poetry” talvez seja considerado longo em duração, demasiado filosófico até e o facto de ter uma mulher de meia-idade no papel principal, pode não soar à primeira vista interessante mas há muita “poesia” por descobrir neste filme. Mais que não seja vale a comovente, “Canção de Agnes”, onde ouvimos pela primeira vez, a voz da menina que a não tem mais. Cinco Estrelas.

Realização: Chang-dong Lee
Argumento: Chang-dong Lee
Jeong-hie Yun como Mija
Da-wit Lee como Jongwook
Hira Kim como Senhor Kang
Nae-sang Ahn como pai de Kibum
Myeong-shin Park como mãe de “Agnes” Hee-jin

Próximo Filme: "Let the Right One In" (Lat den rätte komma in, 2008)

domingo, 15 de abril de 2012

"Silk" (Gui si, 2006)



Até no cinema existe a chamada “injustiça crónica”. Seja por distribuição incompetente ou a incompreensão de um conceito de terror e de ficção científica que não o estabelecido, certas obras nunca obtêm o sucesso e respeito que merecem. O filme taiwanês “Silk” não está isento de falhas, mas não reconhecer a sua premissa singular é um erro tremendo.
O argumento parte de um pressuposto simples: “E se fosse possível capturar um fantasma?”. Localizada em Taiwan, uma equipa de cientistas, liderada pelo enigmático Hashimoto (Yôsuke Eguchi ) capturou uma criança fantasma num prédio com a sua criação, a Esponja Menger. Esta tecnologia funciona como uma espécie de buraco negro. É capaz de desafiar a gravidade e até capturar a energia espectral, conseguindo aprisionar espectros. O desenvolvimento da tecnologia também permite ao olho humano, visualizar fantasmas. Esta equipa opera sob um manto de secretismo, a mando do Governo Japonês, que financia o projecto mais pelas vantagens economicistas e bélicas. Apenas Hashimoto demonstra o desejo obsessivo de compreender a vida após a morte e até, se possível, entender como a replicar. Para tal, contrata Tung (Chen Chang), um sniper com a habilidade especial para ler lábios de modo a descobrir mais informações sobre o fantasma. A sua entrada causa um conflito no seio da equipa, que vigia 24 horas por dia, o fantasma enclausurado num quarto. Su (Barbie Hsu) teme pela descoberta e até roubo do trabalho que fizeram até ali e vê Tung como um elemento invasor.
“Silk” explora, no mínimo, a possibilidade de uma ponte entre o mundo dos vivos e o mundo espectral. Há muitas variáveis interessantes a esse propósito. Dá como certa a existência de uma sobrevivência residual após a morte e vai mais além, admitindo que podemos ver e até comunicar com os mortos. E que mundo de oportunidades se expande. E se pudéssemos comunicar com os nossos tentes queridos depois da morte? E se conseguíssemos explicar alguns mistérios irresolúveis pelos vivos? E se existisse a capacidade de prolongar a vida após a morte? Tung envolve-se emocionalmente com a estória da criança fantasma pois ele próprio está a passar por uma fase de sofrimento. A sua mãe, que sofre de esclerose múltipla encontra-se num estado de coma permanente. E se ele a puder, afinal, salvar? A doença da sua mãe, também está a afectar a sua relação com Wei (Karena Lam), pois ele não considera justo assumir uma relação com ela, quando tem a responsabilidade de cuidar de uma pessoa doente. O seu conflito é habilmente explorado por Hashimoto que põe a sua agenda pessoal acima das possibilidades científicas da descoberta. Tung é devido à sua situação pessoal movido por questões de piedade do que de interesse pessoal. Como é que aquela criança se tornou um fantasma? Por que está sozinho e não fez a transição para outro estado?
A ciência por trás da descoberta não é demasiadamente explorado mas não é esse o móbil do filme. No entanto, não deixa de ser uma hipótese interessante para possuirmos uma perspectiva única sobre o mundo dos espectros. Durante a maior parte do filme, há a invulgar perseguição das passadas do fantasma e não uma série de sustos provocados por uma qualquer ofensa que os vivos lhe tenham efectuado. Com a mudança de foco há uma pequena desilusão, pois cai-se em todos os lugares-comuns, de fantasmas que surgem nas situações mais estranhas e perseguem certos humanos nem se compreende bem porquê. “Silk” passa pelos estados de terror, ficção científica, thriller e drama, como se o ensejo de agradar a todas as audiências fosse superior ao de manter uma estória coesa. Contudo, a espaços, qualquer dos géneros funciona brevemente, seja com os instantes iniciais de um encontro inesperado com uma presença feroz, a explicação do funcionamento da Esponja Menger, a perseguição de um fantasma enfurecido e as estórias dramáticas que acompanham quer o menino fantasma quer Tung, induzindo a audiência a sentir compaixão por ambos. Subjacente a tudo isto está uma linha de seda, uma linha apenas visível devido à tecnologia desenvolvida pela equipa secreta que permite ver onde começa a ligação dos mortos aos vivos. Pena que a linha da coesão esteja demasiado emaranhada no desejo de agradar a todos. No entanto, não deixa de ser uma lufada de ar fresco no género de terror e ficção científica do cinema taiwanês e, porventura, mundial se, se atreverem a procurar tal gema no extremo oriente. Três estrelas e meia.
Realização: Chau Bin-su
Argumento: Chau Bin-su
Chen Chang como Tung
Yôsuke Eguchi como Hashimoto
Karena Lam como Wei
Barbie Hsu como Su
Bo-lin Chen como Ren
Chun-Ning Chan como Mei
Kuan-Po Chen como criança fantasma

Próximo Filme: "Poetry"

domingo, 8 de abril de 2012

"The Man from Nowhere" (Ajeossi, 2010)



Diz que ele surgiu do nada. Forte e brutal como sempre são os homens movidos pelo desejo de vingança. Ele não esquece e ele não pára. Por trás da espessa cabeleireira que lhe esconde uns olhos tímidos está também um homem magoado que tudo fará para isso não suceda de novo. Ele isola-se, ele cria uma nova vida, uma nova identidade. Ele desaparece do mapa e reaparece num antro de perdição e pequena criminalidade, onde as crianças são deixadas ao abandono e têm como progenitoras, prostitutas drogadas que lhes chamam “lixo”. Mas ele não quer saber disso, ele não quer saber de nada, escondendo-se atrás do cabelo espesso, atrás das grades da sua loja de penhoras. Dá para ir vivendo, “sem me preocupar com nada, sem me envolver”. So-mi (Sae-ron Kim) é uma pequena endiabrada, nascimento indesejado, um grande fardo. Ela sobrevive à custa de pequenos furtos e de se imiscuir na casa dos vizinhos que lhe dão de comer. Se não, provavelmente, a mãe não se lembrava dela. Cha Tae-sik (Bin Won) tem a sua preferência. A menina vê o que está além do cabelo desgrenhado, da tez endurecida e vê nele o seu protector. Um paizinho emprestado. A sua relutância está lá, sempre presente, resultado de um passado que ela não conhece nem lhe interessa. Ela preocupa-se com ele e quer que ele faça parte da vida dela. Certo dia, Hyo-jeong (Hyo-Seo Kim), a sua mãe arranja sarilhos com as pessoas erradas. Gangsters da pior espécie e ambas acabam por ser raptadas. O insensível, inacessível Tae-sik, sente o peso da responsabilidade de procurar uma criança que ninguém procura, ou deseja e algo desperta dentro de si. O “velho” Tae-sik, que vem de nenhures volta à superfície e recusa-se a parar, até encontrar So-mi a única neste mundo, que não se esqueceu dele. Tae-sik aterra num antro de corrupção, tráfico de droga, órgãos e mão-de-obra escrava, o submundo do crime no seu pior. Estes julgam que Tae-sik é um novo jogador, que por tanto atrevimento deverá ser eliminado. A polícia, sempre um passo atrás do homem que veio de nenhures julga-o um criminoso perigoso que deverá ser detido a qualquer custo.
Filmes de perseguições implacáveis, de vinganças bestiais são uma realidade comum no cinema coreano. Muitos são os artigos que focam a obsessão pela vingança do cinema coreano. A trilogia da vingança de Chan-wook Park, “I saw the devil”, “Bedevilled”, são impreterivelmente referidos e também infalivelmente de uma qualidade superior. “The Man From Nowhere” não é a excepção. Com um argumento bem construído, um personagem principal intrincado, uma actriz-criança talentosa e o histórico que assiste a este filme, o que podia falhar? Na verdade, um dos aspectos mais interessantes de “The Man from Nowhere” é a perspectiva tripartida: heróis, maus e polícia. Temos um gosto de todos os mundos, que nos permite conhecer todas as partes, mesmo que a maioria das vezes os maus continuem a ser muito maus e os polícias pouco espertos. Há muito pouco daquela vingança cega a que se assiste em quase todos os maus filmes de vingança, de um herói muito bom contra o mundo. Além disso, o prólogo, apesar de parco em informação acerca da história de Cha Tae-sik, é rico na compreensão da relação entre ele e So-mi. Mas além da mãe viciosa e dos maus de malicia elevada ao extremo também existe um Ramrowan (Thanayong Wongtrakul), um alívio bidimensional por poucas falas que tenha.
Jeong-beom Lee, apenas no seu segundo filme, constrói uma bela peça de vingança sem cair na brutalidade por si própria e capitaliza com sucesso sobre o talento de Bin Won que com uma meia dúzia de filmes no currículo, incluindo “Mother” (2009), onde desempenhou o papel de um jovem um pouco lento injustamente acusado de homicídio é, hoje considerado um dos actores mais populares da Coreia do Sul.
Se por um lado, “The Man from Nowhere” tem uma mensagem de esperança, no facto de haver alguém disposto a lutar por quem não tem nada, nem sequer perspectivas de vida, por outro, é um retrato assustador de uma sociedade indiferente. Se não tivermos um herói, mais ninguém irá tentar resgatar os inocentes das teias do mal. Três estrelas e meia.

Realização: Jeong-Beom Lee
Argumento: Jeong-Beom Lee
Bin Won como Cha Tae-sik
Sae-ron Kim como So-mi
Hyo-seo Kim como Hyo-jeong
Thanayong Wongtrakul como Ramrowan
Seong-oh Kim como Jong-seok
Hee-won Kim como Man-seok
Tae-hoon Kim como Chi-gon Kim



Próximo Filme: "Silk" (Gui Si, 2006)

quarta-feira, 4 de abril de 2012

"Hong Kong Ghost Stories" (Mag gwai oi ching goo si, 2011)

Que curiosa obsessão com antologias de terror. Por todo o sudeste asiático persiste um gosto especial pela criação deste tipo de cinema, no qual, a audiência paga um bilhete com direito a três ou quatro curtas-metragens de uma só vez. Exemplos destes há muitos: “Visits: Hungry Ghost Anthology” (2004) da Malásia, “Takut: Faces of Fear” (2009) da Indonésia, “Unholy Woman” (2006) do Japão ou “Cinco” (2010) das Filipinas. Mas os melhores exemplares desta mania ainda pouco comum fora de portas continuam a ser “Three” e a respectiva sequela (2002-2004) e “Phobia” 1 e 2 (2008-2009), que já aqui tivemos oportunidade de apreciar. A maior dificuldade que estas antologias levantam é a sua regionalidade. Algumas estão tão agarradas a costumes e superstições internas que se torna difícil a alguém fora desses países compreender determinadas piadas e expressões idiomáticas. Nada disto tem algum mal se o objectivo é, como se supõe, atingir as audiências locais. No entanto, hoje em dia a frase “Pensar Global” está tão embrenhada no vocabulário das empresas relativo ao crescimento que urge reflectir, se a enfase no público interno não será uma oportunidade perdida.
“Hong Kong Ghost Stories” enquadra-se nesse pensamento primitivo e como o nome indica conta-nos duas estórias de fantasmas de Hong Kong. A primeira “Classroom” apresenta Jennifer Tse, irmã de Nicholas Tse que brilhou recentemente em “Shaolin” (2011), ao lado de Andy Lau e Jackie Chan. Ela interpreta a professora Yip, uma mulher que já não estando exactamente nos vinte e poucos anos tem de começar tudo de novo. Maltratada por um namorado abusivo durante anos a fio, ela refugia-se na casa dos pais e arranja trabalho numa nova escola. Chung (Pakho Chow), não desiste de a tentar recuperar, ao mesmo tempo, que a jovem professora tem que lidar com o regresso ao ninho e ao retomar da actividade do ensino junto de uma turma estranha. Os alunos começam por demonstrar um mau comportamento que se vai intensificando até à hostilidade declarada. O que pode a Miss Yip fazer para não perder a sua última oportunidade de independência?
Na senda da fama do irmão mais velho, a bela Jennifer Tse aproveita para demonstrar a sua capacidade de representação. A sua escolha de filmes talvez pudesse ser um pouco mais feliz. Wong Jing, o realizador desta curta-metragem, parece trabalhar numa autêntica linha de montagem em série, pensando porventura que a quantidade é melhor que qualidade. Os seus poucos filmes dignos de nota, nem sequer vão além do medianamente bom. Entretanto, a sua actriz principal faz um verdadeiro one woman show, uma vez que pouco a auxilia na árdua tarefa de defender a professora Yip. Há uma cena numa casa de banho da escola em que ela grita apavorada contra um medo que só ela vê e tem. A câmara não a ajuda, o cenário, a sonoplastia, nada. Está ali ela, a fazer as vezes de um terror que só ela percepciona. A audiência não participa deste medo, é puro voyeur. Ademais, a estória é uma verdadeira bagunça, ora foca os ricos paizinhos da miss Yip, ora até parece que o maldito ex tem alguma importância e a turma, não é propriamente novidade. Salas de aula assombradas não são a ideia mais original que se viu. E certamente, que “Classroom” também não é a melhor concretização da ideia. O prólogo, que nada tem que ver com quaisquer das curtas-metragens é de longe o momento mais insólito e interessante da antologia. Duas marionetas em tamanho real (Sammy Ho e Jeana Ho) preparam-se para filmar as curtas-metragens que iremos ver…
“Travel” ainda menos tem de assustador, o que compensa em comédia. Diga-se que Kong não é um realizador de terror. A sua carreira tem sido construída à volta de comédias românticas menores, com grande parte dos actores que recruta para “Travel”. Isto se compreenderem as alusões a Raymond Lam e a crítica a algumas emissoras de TV. No centro da trama está a falecida Bobo (Chrissie Chau), que devia ser impopular visto só lá estarem quatro raparigas (Charmaine Fong, Jacqueline Chong, Harriet Yeung e Rose Chan) que a conheceram na última viagem que fez. Estas estudantes são o máximo. Viajam desde Hong Kong até à Tailândia para ver as vistas… Homens, entenda-se. Já para não dizer que têm uma obsessão pouco saudável pelo actor/cantor Raymond Lam. Nem o pobre polícia de férias Jack (Timmy Hung) escapa à sua observação lasciva e é empurrado para almoços e outras interacções com as estudantes devassas. Depois, temos uma morte mal explicada e um amante (Him Law) que regressa de nenhures à procura de algo que Bobo deixou para trás. A dada altura começam os flashbacks para percebermos como a pobre Bobo chegou àquele ponto. Afinal, ela de inocente tinha muito pouco e as suas amigas não eram tanto assim. De qualquer modo, está interessante a transição de Hong Kong para a Tailândia com o contraste noite/dia a não ser um acidente na variação de uma estória negra para um humor perverso. “Travel”, não é uma estória muito mais simples que “Classroom” mas proporcionou bons momentos de humor. O quarteto maravilha: Fong, Chong, Chan e, em particular, Yeung, fizeram um trabalho humorístico espantoso. Kong, sem se afastar muito do seu género preferido consegue realizar um trabalho superior ao de Wong Jing. Duas conclusões saltam à vista: dificilmente serão duas curtas-metragens de terror, pois que a primeira falha nos sustos e a segunda prefere a sátira. Além disso, no último filme, a acção passa-se maioritariamente na Tailândia. Contos de Hong Kong? Uma estrela e meia.


“Classroom”
Realização: Wong Jing
Argumento: Wong Jing
Jennifer Tse como Miss Yip
Pakho Chow como Chung
Sammy Ho como Marioneta 1
Jeana Ho como Marioneta 2

“Travel”
Realização: Patrick Kong
Argumento: Patrick Kong
Chrissie Chau como Bobo
Charmaine Fong como Estudante 1
Jacqueline Chong como Estudante2
Harriet Yeung como Estudante 3
Rose Chan como Estudante 4
Timmy Hung como Jack
Him Law como Karl
Stephy Tang como Phoenix

Próximo Filme: "The Man From Nowhere" (Ajeossi, 2010)


segunda-feira, 2 de abril de 2012

Colaborações #1

Não contava ter de escrever esta pequena nota tão cedo mas, trocaram-me as voltas e, por coincidência, logo hoje, estão online duas contribuições do Not a Film Critic noutros sítios. Descansem que as colaborações não podiam ser mais díspares e, se estiverem assim tão cansados da minha pessoa, sempre lhes podem passar ao lado (embora, eu torça para que não!).

A primeira colaboração visa uma lista (eu adooooooooooro listas), no Blockbusters do Top 10 de Adaptações de BD ao grande ecrã. Esta iniciativa está inserida no âmbito da proximidade de um filme com uns sujeitos de que talvez tenham ouvido falar. Diz que se chamam Vingadores... De qualquer modo, neste top, abordo os meus amores e desamores por filmes que representam com maior ou menor distinção, as bandas-desenhadas que os inspiraram.

Quanto à segunda contribuição é uma visão mais pessoal, nem podia ser de outro modo, visto que é uma rubrica de tema livre dentro do meio televisivo, das Minhas Séries de Detectives no TVDependente. Como sou um pouco lenta e os prazos apertam, terão de me aturar mais um dia, já que só consegui abordar duas das cinco séries que pretendia abordar. Admitam que lá que até têm curiosidade em saber quais são as restantes.


domingo, 1 de abril de 2012

1º Aniversário do Not a Film Critic - Parte 2



H de Heróis de Outrora, Heróis de Agora – Este cérebro não pára de fabricar ideias. Só me falta, lamentavelmente, tempo para as concretizar. Então, vamos avançando aos poucos. O “Heróis de Outrora, Heróis de Aora”, ainda que na altura não tivesse essa denominação, há muito que existia. Uma das minhas grandes paixões dentro do cinema asiático sempre foi o género wuxia.  De facto, no Not a Film Critic cheguei a abordar o género em duas alturas distintas, com “14 Blades” e “The Lost Bladesman”. Só que era um género tão rico em si mesmo e tão distinto do cinema de terror que gritava por um espaço próprio. No Espalha Factos encontrei o parceiro ideal onde desaguar esta loucura.

L de Lista – Até à data fizemos cinco listas. As que me deram maior prazer foram o “Top 12: Realizadores de Cinema Asiático” e o “Top 10: Revelações Mais Chocantes”. Espero, mais breve do que tarde, retomar a ideia das listas, mas sem promessas. É sempre engraçado obter opiniões que trazem ainda mais hipóteses de escolha, das quais não nos lembrámos antes e não mencionámos nas menções honrosas.

M de Massa Crítica – Se houve desejo que tive desde o primeiro dia, foi o de promover a partilha de conhecimento. Há sempre aquele desejo de que aprendamos alguma coisa com aquilo que lemos e que, ao mesmo tempo, transmitamos conhecimento. É o que sucede com os “críticos” que mais aprecio e é a isso que aspiro. Gosto de pensar que os blocos de texto no Not a Film Critic são mais do que um bocado de informação descartável. Pretendo que induzam à reflexão e, o mais possível, façam os leitores ver filmes. Livre de Spoilers.

N de Nicho – Não posso dizer que a opção de falar de cinema asiático tenha sido propositada. Na verdade vejo filmes das mais diversas proveniências mas é o cinema asiático e sobretudo o género de terror, aquele que capta a minha maior atenção. Assim, faz todo o sentido que fale sobre o cinema que tento ver com mais frequência e mais me fascina.

P de Passatempos – O Not a Film Critic não é um blogue dedicado a passatempos, mas na medida certa, estes podem ser um modo de reconhecer e de dar um mimo àqueles que por aqui passam. E os dois passatempos que fizemos até agora com a Bokwus e a PTMerch, não correram nada mal. Como tal, o futuro passará por novos passatempos, que reflictam a nossa identidade e também, por que não, nos diferenciarmos. Acima de tudo, os passatempos que o Not a Film Critic promoveu são de coisas que eu própria gostaria de ter. Acho que não existe melhor princípio que esse.

S de ScifiworldPT – A segunda incursão fora do blogue foi dentro de outro género não menos amado: a ficção científica. Pelo menos uma vez por semana, lá estamos nós a dar bitaites sobre as últimas novidades e apreciações ao género fantástico. Lá, também dou a conhecer algumas notícias sobre os novos projectos (asiáticos e não só), dentro do Sci Fy.

V de votações – O Not a Film Critic promoveu desde o início da actividade votações. Estas incidiram sobretudo sobre as melhores críticas do mês. Começaram com um número de participantes muito razoável, mas nos meses finais decaiu. Ora, ter uma votação só para enfeitar é inútil. Por isso, as votações mensais foram abandonadas. No entanto, as votações regressarão, focando novos temas e com uma menor regularidade.

Por fim, mas não menos importante, O de Obrigada aos que por aqui passam, deixam comentários e sugestões. Acreditem, é um prazer.

PS: Com certeza já repararam que "comi" algumas letras do alfabeto. Se alguém quiser dar-lhes "voz" nos comentários está à vontade! 
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