domingo, 5 de agosto de 2012

"Don't be Afraid of the Dark" (2010)



Assumir que Katie Holmes é a culpada pelo fracasso de todo e qualquer projecto em que está envolvida é tão comum, quanto fazer uma piada sobre a religião (com contornos de seita), da cientologia ou sobre saltar em sofás em programas de televisão, sempre que é mencionado o seu ex-marido, Tom Cruise. Por isso se esperam que as próximas linhas sejam dedicadas à destruição do trabalho da actriz lamento mas, mais vale passarem ao próximo texto. “Don’t be Afraid of the Dark” é, no entanto, literal. Carecem os motivos para termos medo do escuro e não é por pertencer ao elenco uma actriz (na altura), em fase descendente da carreira. 

Filha de pais divorciados, a pequena Sally (Bailee Madison) é desterrada pela mãe para junto de Alex (Guy Pearce), que se encontra mais preocupado com a renovação da mansão do século XIX, “Blackwood”, do que em exercer os seus direitos parentais. A juntar ao sentimento de abandono decorrente de uma mãe desconectada e um pai negligente, Sally tem ainda de lidar com Kim (Katie Holmes) que deve querer assumir o papel de nova mãe dela. Afectada pelas disfunções da sua família e num local que desconhece Sally torna-se o alvo ideal de um predador. Que local pode oferecer menos perigo que um lar? Pobre Sally.
O mal que “Don’t be Afraid of The Dark” refere é menos óbvio que de alguém querer molestar a frágil menina, de uma madrasta malvada ou sequer de um tratamento pernicioso por parte dos seus cuidadores ou mal-entendidos que provoquem uma explosão com consequências devastadores… Não. A malicia tem origem numa fonte bem mais fantasista. Não queremos desconforto entre os membros da audiência pois não?

Digamos que como Sally se sente sozinha no mundo, ela está disponível a aceitar uma realidade além da percepção dos adultos e abraça, com curiosidade, as pequenas vozes que saem de um velho fogão…
“Don’t be Afraid of The Dark” envolve elementos de contos-de-fadas com a estética dos anos 80, modernizada pela utilização do computador com resultados mistos. Se o recurso a uma lenda conhecida por todos e querida, em especial, pelas crianças é um ponto a favor, em ultima análise, a utilização da tecnologia digital faz cair por terra esse potencial. Nem o facto de ter o selo de Guillermo del Toro como produtor e co-argumentista o salvam. Para del Toro é um projecto falhado. Apenas a utilização de uma criança como objecto de desejo das forças do mal é eficaz na criação de desconforto da audiência. Desde um mais antigo “Poltergeist” (1982) com uma angelical Carol Anne à corajosa Ofélia de “Pan’s Labyrinth” (2006), comprova-se a afinidade dos espectadores com uma criança em perigo. Infelizmente é a natureza dessa mesma ameaça, em conjunção com um argumento deficiente e personagens pouco simpáticas que fazem de “Don’t be Afraid of The Dark”, uma sombra daquilo que podia ter sido. Digamos que os monstrinhos, mais depressa induzem a gargalhada que o medo. Até os ETs em “Critters” (1986) têm um design mais conducente ao ranger de dentes. Quanto aos desempenhos, toquem os tambores, por favor…

A pior performance pertence a Guy Pearce, com a honra de interpretar o pai mais sem noção, presunçoso, egoísta e narcísico dos últimos tempos na tela. Digamos que todas as ofertas a Sally não vêm sem uma contrapartida. Ele quer paz e sucesso que implica que a filha deixe de ser uma rapariga de dez anos normal. A sua compreensão dos eventos depende da apresentação de provas empíricas. Do mesmo modo, a concepção da filha é o resultado directo de relações sexuais praticadas entre dois adultos conscientes e nunca atribuído ao “milagre da vida”. A Bailee Madison é um talento em bruto. Terá muito que aprender mas é de louvar a capacidade de contracenar com apenas um ecrã verde a fazer as vezes de um personagem de carne e osso. Além disso ela está na idade “esquisita” de Sally. Ela não é nenhuma adulta mas também já não é uma criança alheia dos acontecimentos à sua volta. Quanto a Katie Holmes continua a não ser digna de uma entrevista para o “Inside the Actors Studio” mas evoluiu bastante desde os tempos de “Dawson Creek”. O papel de mãe assenta-lhe que nem uma luva. Será por acaso que Bailee Madison é muito parecida com Katie Holmes e, por associação, com a Suri Cruise?
Especulação à parte, “Don’t be Afraid of the Dark” é o filme standard com uma mansão assombrada e é por isso que, tendo, hipótese de escolha, é preferível por optar por um produto de qualidade superior. Duas estrelas.

Realização:  Troy Nixey
Argumento:  Guillermo del Toro, Matthew Robbins e Nigel McKeand
Bailee Madison como Sally
Katie Holmes como Kim
Guy Pearce como Harris

Próximo Filme: "Shaolin"  (Xin shao lin si , 2011)

4 comentários:

  1. Foi uma tremenda desilusão, o nome del toro chama sempre a atenção, mas neste caso mais vale saltar

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  2. Desilusão tendo em conta por trás. Por que de resto é um filme standard para o género.

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  3. Dos piores filmes que já vi. O ponto positivo a destacar é a performance de Bailee Madinson, terá um grande futuro pela frente. De resto, não há ponta por onde se lhe pegue.

    Sarah
    Http://depoisdocinema.blogspot.pt

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  4. Que opiniões tão extremas! Já vi muito pior.

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