domingo, 2 de setembro de 2012

"The Detective 2" (B+ jing taam, 2011)



O início do fim de uma saga com potencial para se tornar um grande franchise começa numa sequela inferior ao filme original. Numa tentativa de superar, a maioria das vezes, o insuperável, os cineastas lançam-se numa corrida para ver quem é que consegue realizar o filme mais exagerado, vide “Transformers 2”. Ou então não, evitem o filme de todo. Não vale a pena ver robots maiores, mais furiosos, mais destruidores, o corpo da Megan Fox mais oleado e as suas formas ainda mais expostas ao freguês do que na primeira vez… Esqueçam o que acabei de dizer. O que pretendia afirmar é que quando um filme é tão bom que se encontra no nosso top 10 de surpresas agradáveis de 2011 (“The Detective” estreou em 2007), a ideia de uma sequela é a substância de que são feitos os pesadelos. Junte-se a isto o fenómeno Pang, isto é, sucesso – fracasso – sucesso, num ciclo ininterrupto e, temos um dos filmes mais esperados do ano.
Tam (Aaron Kwok) parece ter sido promovido de detective de terceira categoria a detective de segunda e o seu Watson, o polícia Chak (Kai Chiu Liu) continua a depender dele para conseguir resolver os casos com que a polícia do bairro chinês de Banguecoque se depara. Começando onde terminou o caso do primeiro filme “The Detective”, os acontecimentos seguintes não são particularmente felizes para os personagens. Apesar de recém-descoberta notoriedade, Tam continua a ter dificuldade em pagar as dívidas e Chak, não só não foi promovido como nunca irá progredir na carreira, já que o crédito de quaisquer avanços que faça nas investigações é-lhe roubado pelo novo superior arrogante e oportunista, Lo (Patrick Tam).
Entretanto, ocorrem uma série de mortes em circunstâncias estranhas no bairro chinês e Tam rapidamente se convence que na aparente aleatoriedade se encontra um padrão. Com Lo decidido a desvalorizar os crimes como incidentes isolados e Chak de mãos atadas, cabe a Tam, o detective de segunda categoria, desvendar o mistério e parar o que supõe ser um assassino em série.

E se Tam continua com as velhas camisas 100% poliéster, saídas de uma loja vintage, que há muito deviam ter queimadas, já as suas faculdades mentais parecem mirrar. Grande parte do que tornava Tam uma personagem tão querida do público desapareceu visto que quase não há espaço na narrativa para ele colocar em acção a sua capacidade de desenrascanço e a sua experiência baseada no senso-comum. Digamos que Tam é o oposto de um James Bond, ele não dispõe de engenhos high-tech e recorre a artimanhas artesanais, assentes na experiência. “The Detective 2” também ignora pormenores deliciosos como a música dos créditos iniciais. “Me Panda” era um pormenor delicioso e divertido que ajudava a marcar o tom do filme anterior. Na sequela é penosamente aparente que o registo vai ser bem mais sério. Ênfase no melodrama. A investigação é agridoce já que o modo como Tam chega a determinadas conclusões deixará mais de metade da audiência a coçar a cabeça. Ou então não sou assim tão inteligente, pronto!
A tensão do primeiro filme também se evapora e as personagens secundárias não são memoráveis como no primeiro filme. Desaparecem as testemunhas que em pouco menos de cinco minutos de ecrã ficavam registadas na memória de modo indelével, como por exemplo a senhora com um fraquinho por detectives delicados ou as vizinhas bisbilhoteiras com demasiado empenho em auxiliar a investigação. Permanecem as grandes cenas de perseguição, parte do factor de atracção de “The Detective”, assim como a camaradagem entre Tam e Chak, cuja amizade é desta feita mais aprofundada. São ainda apresentadas novas pistas para o mistério da morte dos pais de Tam. Com um enfoque na investigação e pouco tempo para Tam investigar as novas pistas, está bem de se ver para onde “The Detective 2” se dirige: trilogia aí vamos nós! Daqui resulta um problema óbvio, os irmãos Pang não são conhecidos por fazerem boas sequelas.
“The Detective 2” deixa a sensação de um trabalho mais polido em termos imagéticos cuja narrativa descola do conceito inicial do primeiro filme para a vulgaridade. Perde-se o caos de uma Banguecoque criminosa, as ruelas parecem menos labirínticas e obscuras que anteriormente, resultando um filme que podia ser igual a tantos outros. Duas estrelas.

Realização: Oxide Pang Chun
Argumento: Oxide Pang Chun e Thomas Pang
Aaron Kwok como Tam
Kai Chiu Liu como Chak
Patrick Tam como Lo
Beibi Gong como Ke Er/Ling Hoi Yee (adulta)
Ciwi Lam como Ling Hoi Yee (jovem)

Próximo Filme: "One Missed Call 2" (Chakushi Ari 2, 2005)

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