domingo, 13 de outubro de 2013

"My wife is a gangster" (Jopong manura, 2001)

Não consegui encontrar o trailer com legendas em inglês mas poderão encontrar o filme com legendas online

Eun-jin (Eun-Kyung Shin) é uma chefe da máfia dura que subiu a pulso. Respeitada e temida por subalternos e inimigos, encontra-se muito perto de se tornar a número um do gangue. Tem quase tudo para ser feliz. Ela inicia a busca para encontrar a irmã Yu-jin (Eung-kyung Lee) de quem tinha sido separada no orfanato. Ela encontra-a mas as notícias não são animadoras: Yu-jin tem cancro em fase terminal. Entre o sentimento de culpa por não a ter procurado mais cedo e a tristeza profunda, Eun-jin promete à irmã satisfazer os seus últimos desejos para tornar a sua partida o mais suave possível. O que Yu-jin pede é uma missão quase impossível. Ela quer que Eun-jin se case antes de morrer com a sua benção. (A utilização de uma doença terminal como arma para justificar a chantagem emocional nunca cessará de me espantar). O que se segue são alguns dos episódios mais caricatos do cinema de comédia dos últimos dez anos. Eun-jin perdeu, a custo de se tornar uma mulher temida e poderosa a sua feminidade e capacidade de se relacionar com os outros. Basta dizer que Yu-jin deve ter sido a primeira pessoa, em muitos anos, a pôr a mafiosa a chorar! As tentativas de transformar esta lagarta numa borboleta são capazes de fazer soltar a gargalhada dos mais cépticos. Desde os conselhos poucos avisados dos seus subalternos à aparência de mulher pouco recomendável completa com uma postura incorrecta e a incapacidade para andar de saltos altos, qualquer oportunidade é boa para puxar pela comédia física. A vítima das tentativas peculiares de sedução de Eun-jin é Sool-i (Sang-myeon) um homem de sucesso no mundo dos negócios e um zero no que respeita a relações. Mas o mundo do crime não descansa e entre a caça ao homem e o conforto de uma irmã no leito da morte, Eun-jin tem de lidar com o gangue dos Tubarões Brancos que tem aumentado a agressão contra os seus homens.

“My Wife is a Gangster” para os mais atentos pode recordar “Married to the Mob” (1988), onde uma Michelle Pfeiffer interpretava o papel de viúva pouco inocente. As semelhanças só se encontram no nome. Pois, enquanto Michelle desejava abandonar essa vida, da qual tinha pleno conhecimento, Sool-i está completamente às escuras quanto ao trabalho de Eun-jin. No entanto, o casal não é tão incongruente como se podia fazer pensar. Eun-jin encontra em Sool-i o contraponto perfeito. Correndo o risco de soar a uma dona de casa americana dos anos 50, no casamento Eun-jin poderá encontrar o “normal” numa vida a dois e deixar de viver apenas para o trabalho. Ele pode trazer a estabilidade e a paz de espírito tão desejada, se ao menos ela deixar. Além disso e, ao contrário do que o título internacional poderia fazer pensar, o enfoque é em Eun-jin e no seu complicado acto de equilibrismo.

“My Wife is a Gangster” não funciona porque há humor de casa-de-banho e comédia sexual a rodos, MWIAG funciona porque o elenco, desde os actores principais aos secundários sabem exactamente do que as suas personagens precisam para funcionar. Won-cheol Sim interpreta o papel de braço direito de Eun-jin cuja lealdade é à prova de fogo. Nunca se coloca em questão se Jang-ka é incorruptível ou não. E a representação é subtil o suficiente para se perceber que Jang-ka está apaixonado por Eun-jin mas nunca iria pôr a relação chefe-subordinado em perigo. Já Eun-ju Choi que surge apenas breves minutos interpreta uma rapariga fácil e pouco pirosa, que ensina Eun-jin a ser mais feminina e versada no sexo com os resultados que se conhece. Em “My Wife is a Gangster”, num movimento típico do cinema coreano, os argumentistas brincam com o género criando uma fusão de comédia com acção dramática. Ora estamos a rir com as tentativas patéticas de Sool-i de levar a mulher a ter relações sexuais com ele, ora um membro querido do gangue de Eun-jin é assassinado por mafiosos. Mas ao invés das investidas reverterem num produto com personalidade múltipla, resulta. As transições são fluidas e só o choque da mudança de ritmo e o tempo já investido no filme, é que poderão conferir um sentimento de embuste. Ou se aceita o mal menor das mudanças de género ou se rejeita o que até ali tinha sido uma boa experiência cinemática. Três estrelas.
Realização: Jin-gyu Cho
Argumento: Hyo-jin Kang e Moon-Sung Kim
Eun-Kyung Shin como Eun-jin ou Mantis
Eung-kyung Lee como Yu-jin
Sang-Myeon Park como Sool-i
Won-cheol Shim como Jang-ka
Eun-ju Choi como Sheri
Jae-mo Ahn como Romeo
In-kwon Kim como Banse
Se-jin Jang como Sang-eo
Jeong-hun Yeon como Hyo-min
Gye-nam Myeong como Chefe

Próximo Filme: Pocong Rumah Angker, 2010

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