domingo, 29 de dezembro de 2013

"My wife is a gangster 2: The Legend Returns" (Jopong manura 2: Dolaon jeonseol, 2003)

A película está disponível online com legendas em inglês

Após o enorme sucesso de “My Wife is a Gangster” uma sequela teria de aparecer mais cedo ou mais tarde. Assim, volvidos dois anos, Eun-jin (Eun-kyung Shin) continua a gangster mais dura e temerária de todos. Após um confronto num telhado Eun-jin sofre uma queda que a deixa sem memória e a arrasta para uma vida muito diferente. Ela trabalha como moça de entregas num restaurante ao mesmo tempo que tenta descobrir a sua verdadeira identidade. Quem não parece muito feliz com essa possibilidade é Jae-chul (Jun-gyu Park) o dono do estabelecimento que vai tentando, sem grande sucesso, introduzir-se no coração e na cama de Eun-jin. Entram uns gangsters que querem arrasar o comércio tradicional para construir um centro comercial no local e revela-se a oportunidade ideal para Eun-jin (re)descobrir a sua vocação. Ele há coisas que nunca se esquecem e ser perito em artes marciais é algo que é capaz de não se perder da noite para o dia.

A estória, não é muito mais que a súmula de uma dezena de filmes anteriores, porque isto de escrever um argumento original dá muito trabalho. E não sucede sem alguns erros essenciais. Para os menos atentos, o titulo “My Wife is a Gangster”, implica que Eun-jin seja casada. No primeiro filme a vítima, perdão, o felizardo era Soo-il (Sang-Myeon Park), um solteirão que não sabia no que se estava a meter quando aceitou participar num casamento arranjado. Na sequela, este papel foi curiosamente eclipsado, não sendo referidas sequer as circunstâncias que ditaram o seu afastamento. O que significa que Eun-jin será divorciada. Cabe então a Jae-chul o papel de “marido”, sendo que as preferências de Eun-jin continuam tão vincadas como antes: “Que ninguém tente um contacto romântico ou o mais certo é levar um tabefe”. E a verdade é que ela não está fadada para muito melhor pois o dono do restaurante é tão pouco atraente quanto o anterior “parceiro” e este revela uma predilecção por tentar o contacto íntimo de cada vez que Eun-jin se encontra adormecida. Porque alguém iria achar semelhante comportamento romântico escapa-me por completo. Felizmente Eun-jin é uma mulher feroz e está mais do que à altura de impor um não, já que a alternativa seria a violação. Ao menos o pobre coitado do filme anterior era marido de Eun-jin, sendo que este se aproveita da amnésia dela para trabalhar a troco de um tecto e porventura ter alguém que o ajude com a filha adolescente. Junte-se pois a exploração laboral à lista de qualidades de Jae-chul.

Eventualmente Eun-jin recupera parte da memória e se é verdade que não há glamour associado à vida do crime, a alternativa, a de ser tratada quase como uma pessoa com uma deficiência mental não é muito melhor. Porquê sujeitar-se ao servilismo quando já foi tanto mais? Se em “My Wife is a Gangster” as personagens já estavam perigosamente perto do caricato, na sequela, isto é por demais evidente. Até Eun-kyung que oferecia ao papel uma dose de realismo credível à gangster dura mas sem noção dos factos da vida parece agora forçada e infeliz na personagem. Com o sucesso do primeiro filme, é como se tivesse entrado em curso um processo de infantilização das personagens e da narrativa até à linearidade. Pois, obviamente, se a narrativa for mais fácil de seguir, as piadas mais básicas e próximas da sexualidade ou do humor de casa de banho as audiências irão com certeza encontrar mais pontos de referência e como tal, afluir às bilheteiras. Ah, a ingenuidade.
As cenas de combate são o mais próximo de resgate de película embora as acrobacias sejam humanamente impossíveis. Aí entra o trabalho de arame que mantém a artificialidade constante do menino. Nem com uma breve aparição de Zhang Ziyi “My Wife is a Gangster” atinge a redenção. Quando muito soa a truque barato para capitalizar no sucesso (na altura em forte ascensão) da actriz chinesa. Boa. Pois precisam de toda a ajuda possível. Duas estrelas.

 Realização: Heong-sun Jeong
Argumento: Hae-cheol Choi e Heong-sun Jeong
Eun-kyung Shin como Eun-jin
Jun-gyu Park como Jae-chul
Se-jin Jang como Sang-eo Baek
Hyeon-kyeong Ryu como Hi-hyun Yun
Hyeon Ju como Gosachae
Mi-ryeong Cho como Eun-bang Geum
Jun-yong Choi como Jun-man
Seung-wook Kim como Wu-bung
Tae-hoon Kim como Tae-kyung
Hyeon-jeong Seo como Hyo-jeong

Próximo Filme: "Deranged" (Yeongasi, 2012)

domingo, 22 de dezembro de 2013

TCN Blog Awards 2013 - My Take

Pelo terceiro ano consecutivo o Not a Film Critic esteve representado nos “TCN Blog Awards” (21 de dezembro, Centro Cultural Casapiano), o que é curioso visto que não consigo manter esse compromisso com festivais de cinema. Mas como tenho dito, trabalhar sobre o cinema não é para quem quer, é para quem pode. Um privilégio.
Este ano foi admirável pois não só alguém se lembrou que o Not a Film Critic existia, como se lembrou quatro vezes! As nomeações correspondiam a: “Melhor Reportagem: NAFF – Not a Film Festival” (cuja visita continuo a recomendar vivamente a outros bloggers); “Melhor Blogue Colectivo: Scifiworld PT (a je também escreve no colectivo e, amanhã, poderão contar com novo texto da minha autoria – se é que isso é importante); “Melhor Blog Individual – Not a Film Critic” e “Melhor Blogger – esta que vos escreve). E sou capaz de jurar que quatro pessoas bateram palmas! Estão a ver a cara de surpresa da Anne Hathaway quando ganhou o óscar de melhor actriz secundária em “Les Misérables”? Pois, a minha reacção, quando li as nomeações foi de surpresa verdadeira e sem a humildade mete-nojo (perdoem a tirada maquiavélica, ou então não). Estas somam-se às nomeações anteriores para “Melhor Novo Blogue” (2011) e “Melhor Artigo de Cinema” (2012). Podia tentar encher uma parede de “quases” mas um escritor, seja do que for, com ou sem talento, não se deve apegar demasiado às suas conquistas. O próprio acto de escrever é, em si, masturbatório. Qualquer coisa que permita um prazer maior e partilhado é infinitamente mais saudável e menos egocêntrico. É também por isso que apoio iniciativas como os TCN.
As pessoas por trás do nome ou da alcunha (este ano apresentei-me como Rita Santos mas descansai, que o meu amor pelas PowerPuff Girls é tão grande como antes pelo que tão cedo o FilmPuff não irá caír) têm a oportunidade de se conhecer e surgem novas ideias, novas parcerias, novos projetos de rubrica e de blogue muito interessantes, provando a riqueza inexcedível do meio online. Além disso, os “TCN” começam a tornar-se a sua própria marca. Sem passadeiras vermelhas, com guião, mas ainda com aqueles momentos de improviso que trazem gargalhadas mil (filhos da Rita Marrafa de Carvalho, cutxi cutxi), vídeos com uma montagem fantástica e gags que só podiam vir daquela equipa, os TCN reúnem-se em torno daqueles que são criticados por criticar. É o único dia em que podemos dar e receber palmadinhas nas nossas costas.
Aos vencedores, as minhas felicitações, sendo que entre estas não posso se não, nomear, o Aníbal Santiago que ganhou o prémio de melhor blogger individual que encapsula mais do que qualquer das outras nomeações poderia fazer, o ano fantástico e todo o trabalho que tem realizado. Dormes à noite? Quase que estou tentada a afirmar que é quem mais trabalha em toda a blogosfera em ex-aequo com o Nuno Reis (Antestreia, Sicifiworld PT e sabe-se lá o que mais). E ainda a iniciativa “Um Filme: Uma Mulher” que ganhou o prémio de “Melhor Iniciativa” e engloba duas questões que me são muito queridas: uma mulher ter ganho um prémio num mundo claramente dominado por homens, corrijam-me se estiver enganada, mas acho que apenas duas mulheres foram ao palco individualmente, receber um prémio e a necessidade de se falar de cinema no feminino. Se há poucas mulheres realizadoras, imaginem então a sua presença no género de terror. Na Ásia então…
Para finalizar e, porque não sou de intrigas deixo algumas sugestões para o futuro: uma pausa de 15 minutos para os xixizinhos (como diria o Manuel Reis estou a canalizar o João Baião), porque QUASE TODAS AS PESSOAS DA MINHA FILA a dada altura, tiveram de se levantar para ir tratar do chamado da natureza. Já pensaram o que seria se fosse anunciada a sua categoria, elas ganhassem e estivessem ainda a terminar o serviço?! Ah e já agora, que a pausa permita ir comer uma bucha, para não haver desfalecimentos aquando do anúncio de boas notícias. Quanto aos vídeos, que achei muito bons, (quem fez a selecção de música é um génio!) deixo uma reflexão: se tirarem o som e as legendas, conseguem perceber qual é a categoria e quais são os nomeados? Vou indo que já me alonguei demasiado. Até para o ano.

PS: Não sei como, nem por que arte mágica mas conseguiram que estivessem lá a Edite Estrela e a Lenka do Preço Certo. A sério. Podem acreditar em mim.

domingo, 15 de dezembro de 2013

"V/H/S", 2012


Quem acompanhou o ruído gerado em torno de “V/H/S”, quase poderia pensar que esta antologia de terror trouxe algo de novo ao já testado género. Quase. Outros exemplos podem ser amplamente verificados neste blogue, através da etiqueta criada para o efeito. Quando muito, um estilo amador de câmara no ombro prevalente a todas as curtas e a surpresa por alguém ainda utilizar as bem velhinhas cassetes VHS (Video Home System). O mesmo país que gerou o brilhante “Creepshow” (1982) tem memória curta e é de modas pelo que o mais certo é V/H/S transformar-se noutro milagre da multiplicação de redundâncias à la “Saw” ou “Paranormal Activity”. Podem esperar, no mínimo, por uma terceira e quarta entradas (já existe uma sequela).

“Tape 56”
Um grupo de bandidos que gosta de filmar as façanhas criminosas que incluem o vandalismo e o assédio sexual e disposto a qualquer atividade que lhes dê a ganhar o próximo troco, é agora contratado para entrar numa casa e recuperar uma cassete VHS. Lá encontram um velho morto e em frente um leitor de cassetes. Enquanto o resto do bando se dedica a recolher todas as cassetes que encontra, um deles fica para trás e decide visionar uma delas sozinho…


“Amateur Night”
Shane, Patrick e Clint são três amigos pouco espertos que decidem alugar um quarto de hotel para uma noite de loucuras e filmá-las (claro). O grupo acaba por retornar com duas jovens, Lisa que está demasiado alcoolizada para levar os avanços sexuais de Shane até ao fim e Lily uma estranha rapariga que não faz segredo de admirar Clint. À medida que a noite avança os acontecimentos revelam-se inesperados e perigosos para o grupo de foliões.

“Second Honeymoon”
Sam e Stephanie são um casal que se faz à estrada para uma segunda lua-de-mel. Num parque de atracções Stephanie recebe a previsão astral de que irá brevemente reencontrar um amor perdido. Uma noite, uma estranha bate à porta do motel onde alugaram quarto a pedir boleia. Sam recusa e fecha-a do lado de fora. Nessa noite alguém entra no quarto do jovem casal e além de os roubar, prega-lhes umas partidas muito feias…


“Tuesday, the 17th”
Um grupo de amantes da natureza decide acampar. Apenas Wendy não parece estar muito entusiasmada com a aventura, recordando-se a cada nova atividade que encetam de acidentes ocorridos há algum tempo que vitimaram outros amigos. Então, qual estória saída de um conto de terror Wendy conta-lhes como um assassino matou os seus amigos numa excursão de campismo o ano passado. A ficção torna-se realidade quando alguém começa a persegui-los com intenções malévolas.

“The Sick Thing That Happened to Emily When She Was Younger”
Emily conversa com o namorado James que se encontra noutro país através de webchat. Ela está sozinha e cada vez mais enervada. Barulhos, portas a ranger e a silhueta de uma criança a atravessar corredores levam-na a crer que a casa está assombrada. A somar aos truques de uma mente hiperactiva e assustada juntam-se as memórias de um acontecimento de infância que a deixou traumatizada. À distância James nada pode fazer para a ajudar.

“10/31/98”
Um grupo de amigos veste-se a rigor para uma festa de Halloween. O problema é que não sabem onde é. Sem querer entram numa casa onde pensavam que se ia realizar a festa e exploram-na para encontrar os foliões. Nada os podia preparar para o que iriam encontrar no seu lugar.



domingo, 8 de dezembro de 2013

"King Game" (Osama Game, 2011)


“O rei manda…” É assim que começa, uma sugestão inocente, um grupo de pessoas dispostas a cumprir os desejos. E rapidamente, a convicção, de que não podem deixar de levar o jogo até ao fim. 


Uma turma inteira recebe no telemóvel uma mensagem com uma ordem do rei. As regras são simples. Todos deverão participar. Os visados numa ordem específica têm 24 horas para a cumprir. As pessoas que não a cumprirem serão castigadas. Desistir não é uma opção. A maioria dos alunos acha que é uma brincadeira inofensiva e aguarda ansiosamente pelo dia seguinte para saber se a “ordem” é cumprida. É que, de acordo com o rei, dois estudantes terão de se beijar. Chiemi (Yurina Kumai) fica incomodada desde o início, sobretudo porque o rei incentiva a intimidade entre colegas de turma. Eles cumprem as ordens e o rei revela a sua satisfação mas o jogo ainda agora começou. As ordens tornam-se cada vez mais intrusivas e violentas e o primeiro aluno desiste. A pena? Desaparecer para sempre. E o pior é que nada podem fazer quanto a isso pois o resto da sociedade não dá pela ausência dos alunos. A solução é encontrar o rei. Será que esta turma consegue unir-se para encontrar o vilão por trás das mortes? Ou a desunião vai ditar o encontro da morte?

A estória baseia-se num romance de Nobuaki Kanazawa, que foca o jogo do “Rei Manda” levado às consequências mais extremas. Tida como uma brincadeira inocente, faz as delícias dos adolescentes em busca de emoções fortes. O problema que se coloca é quando este surge como agenda escondida de alguém com más intenções. A conformidade e o desejo de agradar aos pares fazem o resto. Os desistentes são vítimas de zombaria e/ou expostos ao ridículo. Ninguém quer parecer um fraco em frente aos amigos ou aqueles a quem pretende impressionar. Em “King’s Game” existe a mentalidade de rebanho e depois, duas ou três ovelhas negras como Chiemi e Nobuaki (Dori Sakurada) que tentam retirar sentido do jogo e tentam identificar o Rei antes que o mal se abata sobre eles. Nem todos reagem como eles, entre o desistir de lutar pela vida e baralhar os dados de modo a que outros tomem o seu lugar, aos poucos vão revelando a sua verdadeira face, confrontados com uma situação de perigo iminente. “King’s Game” perde a parada mal começa o jogo, a narrativa investe nos ídolos que interpretam os papéis principais, diga-se de passagem com sucesso, mas escusa-se a penetrar na psique do rei. Quando os alunos começam a realizar as perguntas importantes já grande parte está condenada. Porque é que alguém faria aquilo? Porquê eles? Porquê naquele momento? Há insinuações de quem poderá ser o rei apenas não creio que as sugestões fossem necessárias. Elas são tão óbvias que é demasiado fácil chegar à conclusão que “aquela” pessoa não pode ser. A maioria das personagens possui atributos que permite a sua distinção. É talvez um pouco enervante que alguns dos alunos apostem em prejudicar o próximo para sua própria protecção sem qualquer transição. De melhores amigos a inimigos em minutos. A gravidade dos acontecimentos implica uma reflexão que o argumento não demonstra ainda que se trate de adolescentes dramáticos eque dão prioridade em primeiro lugar às relações com os pares.

A este filme com uns meros 82 minutos, faltou coragem. O desfecho nada tem de desafiante. “King’s Game” pouco tem de crítica social e muito de atracção. A turma deve ser a mais atraente que já alguma vez vi. Praticamente não há alunos feios. E a liderar este grupo estão duas jovens oriundas de grupos de jpop que certamente não precisavam de puxar dos galões dramáticos pois a sua presença na cena musical japonesa já lhes confere uma legião de fãs à partida. Os argumentistas não souberam trabalhar além de um elenco jovem, bonito e um jogo conhecido um pouco por todo o mundo… Um desperdício. Duas estrelas e meia.

Realização: Norio Tsuruta
Argumento: Nobuaki Kanazawa e Jun’ya Kato
Yurina Kumai como Chiemi
Dori Sakurada como Nobuaki
Airi Suzuki como Maria Iwamura

Próximo Filme: V/H/S, 2012

domingo, 1 de dezembro de 2013

"Kiss me, Kill me" (Kilme, 2009)

Encontram facilmente o filme com legendas em inglês

A ideia da morte paira sobre ela desde que o homem por quem se apaixonou a rejeitou em definitivo. A morte paira sobre ele desde que aceitou um trabalho de assassino profissional. Eles vão encontrar-se quando ela o contrata para acabar com a miséria dela e o improvável acontece. Na morte, descobrem o amor. Ela, apesar de todos os esforços do assassino em mantê-la viva parece destinada a tentar de todas as maneiras possíveis levar até ao fim a missão de uma morte precoce. Quanto a ele, parece quase improvável que uma pessoa tão em controlo da vida profissional (afinal de contas ele mata pessoas!) seja tão desastroso na vida pessoal.

Jin-yeong Seo (Hie-jong Kang) está tão agarrada à morte que, se a inicio a sua casmurrice é digna de pena, torna-se irritante a partir do momento em que descobrimos o motivo por trás da sua decisão. Como pode uma rapariga nova agarrar-se assim à depressão? Já Hyeon-jun (Hyeon-jun Shin) vai além do habitual assassino profissional que descobre possuir sentimentos profundos acerca do seu alvo. Ele é uma personagem extremamente complexa, com motivos muito mais razoáveis para ponderar, ele próprio findar a sua vida. A mãe alcoólica é, de certo modo, uma versão mais velha de Jin-yeong, uma pessoa que desistiu e que é carregada pela vida, matando-se aos poucos mediante a droga da sua escolha, a bebida, que provoca, também ela, o adormecimento da psique de Hyeon-jun. Em última análise, Hyeon-jun escolheu aquela profissão porque tem problemas com a mãe. Ela é o seu modelo. E ele espera, inconscientemente talvez, que o trabalho que desempenha lhe traga a morte visto que ele não é capaz de o fazer. Mas chega de falar da morte, que este filme é sobre a vida.
“Kiss me, Kill me” apresenta personagens não muito simpáticos, apesar de nos fazerem rir entre sketches saídos de uma película puramente cómica. Depois do momento de gargalhada, lembramo-nos que um dos personagens tinha uma corda ao pescoço ou está rodeado de dezenas de latas de álcool vazias.
Duas almas sozinhas encontram-se e vivem felizes para sempre? Vejo pelo menos dois obstáculos: o facto de Jin-yeong não poder ficar sozinha muito tempo sob pena de tentar suicidar-se e esta ter pedido dinheiro a agiotas para encomendar a sua própria morte. Se sobreviver vai ter de pagar a dívida, com juros. Qualquer dos actores principais está à altura da tarefa de nos fazer compreender e apreciar, a seu tempo, personagens pouco acessíveis. E ainda bem que assim é senão, “Kiss me, Kill me” seria um affair bastante tedioso. Os filmes coreanos são conhecidos pelo ritmo vagaroso, mas este é o exemplo perfeito dessa crença. Se a audiência não estiver disposta a aguardar pela recompensa mais vale nem arriscar. A narrativa está ainda pejada de coincidências demasiado convenientes para ser verdade. Como se estivessem a adequar a realidade à ficção e não o contrário. O que podemos extrair destas opções é que “Kiss me, Kill me”, a despeito do enfoque num cenário negro tem alma de comédia romântica. E na verdade, não vejo como podia não apostar naquele ao fim de apenas um quarto de hora de filme. Não queria que a dor levasse a melhor sobre eles. Porque se até aqueles personagens têm hipótese de salvação, significa que há esperança para todos. Três estrelas.

Realização: Jong-hyeon Yang
Argumento: Jong-hyeon Yang
Hyeon-jun Shin como Hyeon-jun
Hie-jong Kang como Jin-yeong Seo
Hye-ok Kim como Yeo-kyeong Yun
Cheol-min Park como Man-su Lee
Seong-mo Jeong como Geum-su Na
Woo-chang Shim como Sang-bok Ahn

Próximo Filme: "King's Game" (Osama gemu, 2011)
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