domingo, 9 de outubro de 2011

"Body #19" (Body sob 19, 2007)

Quando penso em "Body #19", duas palavras vêem-me à mente: espectáculo e grotesco. Espectáculo como em: "Esta cena até está porreira" e grotesco do género: "Que nojo!É horrível, é repugnante!" (digo, enquanto cubro os olhos).

Chonlasit (Arak Amornsupasiri) é um estudante de medicina que começa a ter pesadelos horríficos, nos quais uma mulher é morta e esquartejada. Isto não seria nada demais se os sonhos não se estivessem a transpôr para a realidade e uma versão aviltante da morta não começasse a matar aqueles que Chon contacta. À medida que os eventos se começam a tornar demasiado perigosos, Chon começa a duvidar da sua própria sanidade mental e decide investigar a morte da mulher. Os posters do filme apresentam bons argumentos para se ver o filme: "Body #19" é do mesmo estúdio que nos trouxe Shutter (2004) e Alone (2007) e parece que é baseado no caso real de um médico ginecologista que matou a sua mulher, a esquartejou e mandou os seus restos pela retrete abaixo. Visão bonita, certo? De qualquer modo, a expressão "baseado em factos reais" sempre conseguiu levar muito boa gente a correr aos grandes écrãs. O realizador, Paween Purikitpanya não é nenhum novato aqui para os nossos lados. Ele esteve por detrás dos segmentos "Tit for Tat" e "Novice" em "4bia" (2008) e "5bia" (2009), respectivamente. Já o actor principal é o guitarrista de uma banda rock conhecida lá para os lados da Tailândia.
O grande problema de "Body #19" é o fracasso na concretização. A narrativa é muito complicada de seguir. O desejo de imprimir originalidade a uma velha história ao invés de tornar o filme refrescante só consegue confundir os espectadores. Mesmo com toda a atenção dedicada ao filme é demasiado fácil perder-se o fio à meada. Qual era o objectivo dos argumentistas? Explorar as motivações das personagens ou abordar o terror de modo brutal e sem censuras? Não se consegue perceber. A este problema fundamental acresce o facto de estarmos constantemente a saltar entre dimensões: ora passamos do sonho para o real e vice-versa, ora real e sonho se confundem ou afinal, não é uma coisa nem outra e o que estamos a ver são flasbacks! De resto não existe grande originalidade. É apenas a história do monstro destruidor que nos aponta o caminho para a solução. Em "Body #19", se seguirmos as pistas que nos são apresentadas e retirarmos as reviravoltas, com o que ficamos é um enredo que não tem nada de surpreendente. Mesmo as personagens não são likeable. Nunca se cria uma afinidade com Chon nem existe vontade de torcer por ele. As personagens passeiam-se no écrã, por que sim.
Onde "Body #19" sucede é na apresentação do macabro e do grotesco como o título e o poster desejam adivinhar. Apesar de as imagens geradas por conputador tenderem mais para o artificial do que para o realista, estão bastante fortes. Há cenas deliciosas para quem sabe lidar com o choque e o profundamente repugnante. Mas também fora do elemento digital a equipa técnica dá cartas: a cena do esquartejamento em particular, está maravilhosa em toda a sua glória perturbadoramente realista. A câmara desempenha ainda um papel importante na construção de uma atmosfera atemorizante: sempre que possível há uma perspectiva dos personagens vista de cima ou de baixo. Quando os sustos se aproximam, esta perspectiva ajuda a fortalecer ainda mais a visão do que vai acontecer. Noutras é somente acessória. Enfim, com uma história complicada de seguir, personagens com os quais não se consegue simpatizar e onde apenas sobressaem os méritos técnicos, "Body #19" torna-se dificil de apreciar, mesmo quando aposta no que há de mais perturbador. Duas estrelas.
Realização: Paween Purikitpanya
Argumento: Chukiat Sakveerakul e Paween Purikitpanya
Arak Amornsupasiri como Chonlasit
Ornjira Lamwilai como Ae
Kriteera Inpornwijit como Usa
Patharawarin Timkul como Dararai
Próximo Filme:  "The Lost Bladesman" (Guan Yun Chang, 2011)

2 comentários:

  1. Este filme é absolutamente repugnante ahah, mete alguma impressão, de facto :P

    Sarah
    http://depoisdocinema.blogspot.com

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