Até aqui nada de original. É apenas o vulgar mistério associado a uma casa e alguém determinado a desvendar a verdade até às últimas consequências. A característica distintiva de “Bestseller” é a acção mais centrada nas personagens do que no cenário. A força da narrativa encontra-se nas personagens e nesse campo há que louvar o trabalho de Jeong-hwa Eom, que é competentíssima num papel difícil. Eom interpreta o papel de uma mulher deprimida, neurótica e ambiciosa que identifica o sucesso com o bom desempenho da sua obra literária, mesmo que para tal, negligencie os seus papéis de esposa e de mãe. A primeira parte do filme pertence-lhe toda, com todos os outros personagens a terem participações fugazes ou supérfluas. É de destacar o seu papel invulgarmente intrincado para um filme de terror que exige a demonstração de um vasto espectro de emoções. É necessário compreender a personagem e a sua obsessão com o trabalho, o qual se confunde com a sua própria identidade para justificar as suas acções. Também dei por mim, a olhar para Jeong-hwa e a recordar-me de outra actriz não menos conhecida, que já passou por aqui, Bai Ling. Com o cabelo na cara, o eyeliner carregado e a estrutura óssea frágil faz lembrar a actriz chinesa.
Há uma cena em que Yeon-hee conta à sua mãe uma história de horror e de morte que lhe terá sido contada por um amigo imaginário. Poucas pessoas precisariam de um segundo aviso para perceber que havia algo de muito errado em tudo aquilo e se porem a andar dali para fora. Na lógica da "workaholica" Eom, isso não faz sentido.
Poucos minutos dentro do filme, um dos personagens discorre sobre a história da mansão colonial. Isto acaba por redundar em informação desnecessária e é apenas um motivo de distracção, uma vez que a promessa de assombração não é concretizada. Contudo, a primeira metade do filme é orientada para o sobrenatural, tendo alguns clichés relacionados com portas fechadas e visões assustadoras. Mas gostei do facto de não sermos brindados com a habitual mulher de longos cabelos despenteados. A assombração é bem diferente, o que nos leva à grande revelação do filme. Num momento em que ninguém esperaria, cai uma bomba, bem ao nível de filmes com “The Others” (2001) de Alejandro Aménabar. A última metade da película afasta-se por completo do género sobrenatural e aproxima-se de preocupações terrenas com o bom velho thriller a entrar em força nos últimos 30 minutos de filme. Os viciados nos fenómenos sobrenaturais não vão gostar desta opção. Pelo contrário, os fãs de mecanismos psicológicos que tenham resistido ao início do filme, serão recompensados pela explicação racional da trama. Se qualquer dos géneros não vos fizer confusão não haverá qualquer constrangimento em prosseguir com a visualização do filme. Apesar do argumento não trazer nada de novo em termos de história, já que ela parece ser uma colagem de diferentes partes de filmes, o mix de géneros e a revelação inesperada a meio do filme, ao invés de ser realizada no final como é apanágio dos filmes de terror, fornecem alguns elementos refrescantes à película. Não é brilhante. A palavra que procuram é competente. Duas estrelas e meia.
Realização: Jeong-ho LeeArgumento: Jeong-ho Lee
Jeong-hwa Eom como Hee-so Baek
Sa-rang Park como Yeon-hee
Seung-yong Ryoo como Yeong-joon Park
Jin-woong Joo como Chan-sik
Próximo Filme: Curta #3: "Three - Going Home" (Saam Gaang, 2002)
Esse entrou para a lista.
ResponderEliminarAcho que vale a pena. Não é extraordinário mas é competentissimo. A actriz principal é muito boa e o enredo consegue parecer mais credível que a maioria das histórias que têm saído todos os anos.
ResponderEliminar