quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

"Sector 7" (7 Gwanggu, 2011)

Às vezes estou naqueles dias. Não, não é um DESSES dias. Não sejam nojentos. Mas às vezes, sentamo-nos (sim, por que eu costumo ver filmes sentada, em pé não me parece tão fofinho) com a impressão de que o visionamento não vai correr muito bem. A sinopse parecia boa e o trailer prometia. O marketing da película anunciava o primeiro grande filme de monstros desde “The Host” (2005) e o formato IMAX 3D. “Eh lá, deve ser qualquer coisa de interessante”. Então, porquê esta urticária da mente? À partida, tinha uma leve ideia que “Sector 7”, não seria tão bom como as minhas expectativas se tinham deixado elevar, desde que lera aquela notícia em Agosto. Mesmo assim, não estava à espera do modo como as coisas se desenrolaram. Ignorei as críticas do “Sector 7”, sabendo que as primeiras reacções não auguravam nada de bom. Afinal, “não podia ser assim tão mau”.
Uma das observações que se podem fazer deste “Sector 7” é que se assemelha a um filme de série B. Aviso já que não é esse tipo de filme. Antes fosse, que assim ainda seria capaz de nutrir simpatia pelo realizador, actores, efeitos especiais e tantos outros problemas que a película demonstra. Mais vale ser cruel e expor logo o filme como a grande fraude que é. Tough love! A acção de “Sector 7” é situada numa plataforma petrolífera ao largo da ilha Jeju, onde a equipa de extracção luta para encontrar petróleo. A escassos dias de abandonar a busca infrutífera descobrem que aquele lugar alberga um monstro perigoso. Segue-se a fuga do monstro, a luta pela vida, ah e tal que afinal alguns dos membros da plataforma sabiam o que se estava passar, o típico herói durão… Já se viu tudo isto antes e melhor. Que dizer da heroína? É uma cabra que maltrata todos à sua volta por motivo nenhum. Por algum motivo acharam piada fazer do papel principal uma tipa que ninguém grama. Ela é combativa, malcriada, rebelde, desobedece a ordens, enfim, uma maravilha de pessoa para se conviver durante meses a fio. E nunca é explicado o motivo para o seu comportamento anti-social. Está num mundo de homens e quer provar o seu valor? Daddy issues? Pior é tentarem convencer-me que uma escanzelada como aquela tem estaleca para trabalhar numa plataforma petrolífera. Como atleta, modelo ou estrela de cinema muito bem mas para operária? Ji-won Ha foi um erro de casting. Para o meio ainda atiram uma relação mal cozinhada com o mais jeitoso dos operários. Obviamente. Ele, pobre coitado, está embeiçado e é um brinquedo nas mãos dela. É constantemente humilhado e rebaixado pelo objecto da sua afeição. Como é que ela, com aquele muro à sua volta, maior que a muralha da China, deixou alguém entrar é algo que me escapa. Como ele se deixa maltratar é outro mistério. Ah, já percebi, é o sexo. Ela é o homem da relação e só pretende levá-lo para a cama. Ok. E ela também leva algo muito especial para a plataforma: uma mota. Até parece que estou a imaginar a equipa a surgir com a respectiva bagagem e as escovas de dentes e Hae-jun, com aquele ar de desafio aparecer com a mota. “Sim, vou levar a minha mota. O que é que vais fazer quanto a isso?”
Os restantes trabalhadores são estereótipos irritantes. Não é como se vê-los morrer afectasse alguém. Adeusinho. Quanto aos diálogos, consistem em tentativas de comédia falhadas e nos conflitos provocados por Hae-jun. Notem, que com isto tudo, o monstro ainda nem apareceu.  É aquela cena do contexto, de ficarmos a conhecer os personagens e percebermos as suas motivações. Bem, tirando, o facto de ficarmos a saber que os trabalhadores de petrolíferas são todos uns asnos, não posso dizer que tenha compreendido as suas motivações. Népia, nada. Numa das cenas finais, quando se espera que a Hae-jun dê uma de Ripley ela fica especada a ver o monstro trucidar um dos colegas. Então não era ela a durona sem medo de nada? Passemos àquilo que estão mortinhos por saber... O monstro não é nenhum "Host" (2005). É feio, repugnante, mal desenhado e vagamente parecido com uma lesma do mar. Retrata o lado bom e o lado negativo das novas tecnologias em simultâneo. Se por um lado atesta que as possibilidades de criação são infinitas, por outro, nunca um monstro pareceu tão falso. Como pode uma pessoa estremecer de medo perante uma coisa tão… artificial? Se nos estão a vender um produto como terror, esperamos que esteja à altura do título não é? “Sector 7” tem uma premissa interessante mas os cineastas foram incapazes de capitalizar sobre a ideia inicial. A película podia ter por cenário qualquer espaço no planeta. A plataforma petrolífera está ali porque sim. Não existe um motivo especial para a origem do monstro nem para este começar a atacar os trabalhadores. Também não se entende por que estes tomaram a decisão de ir viver durantes largos meses para aquele que é dos locais mais isolados e perigosos do mundo. Escapar do passado? Não têm entes-queridos? Solver as dívidas? É impressionante como um filme com ambições de seriedade é tão básico. Depois de tudo dito e feito, o “melhor” que se pode dizer de “Sector 7” é que podia ter sido realizado pelo Michael Bay. Uma estrela.
Realização: Ji-hun Kim
Argumento: Je-gyun Yun
Ji-won Ha como Hae-jun Cha
Sung-kee Ahn como Jeong Man
Ji-ho Oh como Dong-soo Kim
Ae-ryeon Cha Park como Cientista Kim
Próximo Filme: "Cello" (Chello hongmijoo ilga salinsagan, 2005)

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