domingo, 24 de junho de 2012

"Tidal Wave" (Haeundae, 2009)


Ah, os grandes filmes-desastre. São a melhor parte do Verão cinematográfico. A maior parte das vezes são bonitos, maus e estúpidos mas também não seria de esperar outra coisa com realizadores como Michael Bay, Jan de Bont e Roland Emmerich. E não há mal algum querer um produto massificado feito de estórias de heroísmo e melodrama, com muitos efeitos especiais, algum sacrifício e, no final, a realização de que a humanidade sairá vencedora. E saímos do cinema satisfeitos. Afinal, vimos os nossos actores preferidos a atravessar uma situação extrema e a escapar sem mazelas.
Neste âmbito, o cinema made in asia não deve ser subestimado: tudo quanto se faz no ocidente é passível de ser replicado e, às vezes, melhorado. Vai daí que, tal como os americanos que são a capital mundial dos tornados transpuseram esta realidade assustadora em “Twister” (1996), o cinema coreano agarrou a obsessão recém-renovada com o oceano, após o grande maremoto de 2004 e realizou “Tidal Wave” (2009). Se perguntam se a dimensão é épica a resposta é um rotundo sim, “Mega maremoto”, para ser mais exacta. Anunciado como o primeiro grande filme-desastrado realizado na Coreia do sul, “Tidal Wave” inicia-se com a tragédia em torno de um navio pesqueiro coreano apanhado na onda gigante de 2004. Apenas um elemento da tripulação não resiste e deixa uma filha, Yeon-heui Gang (Ji-won Ha) órfã. Um dos companheiros sobreviventes, Man-sik Choi (Kyung-gu Sol) jura tomar conta dela e um sentimento mais forte do que a amizade floresce entre ambos. Há ainda Hwi Kim (Joong-hoon Park) que sismólogo com sérias preocupações com a possibilidade de suceder um terramoto seguido de maremoto em território sul-coreano e a sua ex-mulher Yu-jin (Jeong-Hwa Eom) recém-chegada dos EUA e decidida a continuar uma vida com a filha Ji-min (Yoo-jeong Kim) e o novo companheiro. Outro improvável par romântico é Hyeong-shik (Min-gi Lee) oriundo da comunidade piscatória de “Haeundae” e a menina rica Hee-mee (Ye-won Kang).
À boa velha moda dos argumentos dos filmes catástrofes as suas vidas entrecruzam-se e há desencontros até que percebem o que é importante na vida, quando já é tarde demais. Mas não julguem “Tidal Wave” pela mesma bitola por que viram outros filmes do género. É que os coreanos são tão capazes de criar imagens fantásticas e mais, põe as actrizes-modelo americanas, a um canto. Podem até não ter a beleza de uma Megan Fox (embora, a beleza seja o ponto mais discutível de todos), mas batem-na com grande margem nas capacidades dramáticas.  As duas actrizes principais só possuem, dez e vinte anos de experiência em cinema e séries dramáticas… E os actores masculinos não lhes ficam atrás. Por isso, podem esperar, à boa maneira coreana muitas lágrimas, gritos e comédia física. É a plenitude, no domínio do corpo como instrumento do actor. Rir, chorar e até comover conseguem. Lembram-se do último filme-catástrofe em que choraram? Pois. Tenham uns lencinhos renova ao pé de vocês, vão precisar. Durante todo o filme, não vão duvidar por um momento do que o elenco é capaz, antes pelo contrário. Por entre as boas actuações e até excessos dramáticos a grande preocupação é, onde é que o argumentista e realizador queria chegar com tudo isso? É “Tidal Wave” uma comédia ou um drama? Por que “Tidal Wave” é competente em todas as frentes e tenta agradar a todos os gostos e chegando ao final, depois de nos fazer rir ataca-nos com um melodrama megalómano, que se calhar não é o mais apropriado para um serão de família com objectivo único de se entreter. Também não é capaz de ajudar que só passada uma hora de filme é que se apresente o fenómeno e a devastação consequente. Depois de conhecermos tão bem as personagens e desejarmos a sua segurança, as cenas transitam rápidas e furiosas sem dar azo a que percebamos o destino de algumas delas. Merecemos tal tratamento? 
De resto o cinema coreano realista, igual a si próprio. Não há milagres. Por vezes algumas personagens realmente queridas morrem e aquelas que detestamos, (ó cruel destino), sobrevivem. Por que é assim mesmo e os fenómenos naturais não escolhem as suas vítimas. Talvez seja mais uma mensagem subliminar, uma de que há redenção depois de uma tragédia. A vida é uma bênção e foi-nos dada a oportunidade de começar de novo. Por que não voltar a tentar e fazer melhor? Aproveitando o mote e, considerando, que mesmo assim desejávamos que algumas personagens tivessem levado com um autocarro em cima ou uma baleia arrastada pelas águas, “Tidal Wave” é competente em praticamente todas as frentes pelo que uma nova tentativa só pode ter qualidade superior. Três estrelas e meia. 

Realização:  Je-gyun Yun
Argumento:  Je-gyun Yun
Ji-won Ha como Yeon-heui Gang
Kyung-gu Sol como Man-sik Choi
Joong-hoon Park como Hwi Kim
Jeong-Hwa Eom como Yu-jin
Ye-won Kang como Hee-mee
Min-gi Lee como Hyeong-shik
Yoo-jeong Kim como Mi-jin

Próximo Filme: "The Raid - Redemption" (Serbuan maut),2011

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