quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

“Zombie 108”, (Z-108 qi chen, 2012)


Diz que é o primeiro filme de zombies a sair de Taiwan. Diz que nunca de lá devia ter saído.

Sabem aqueles filmes que, passados 15 minutos de visionamento nos questionamos sobre o nosso juízo quando decidimos ver aquilo? Este é um desses infelizes casos. Oitenta e oito minutos de sofrimento atroz. E nem é como se estivesse a tentar ter piada. “Ah e tal mas ele não é nenhum Romero!” - realizador de praticamente todos os grandes filmes de zombies do século XX. Pois não. Mas infelizmente também não chega aos calcanhares de um Edgar Wright (“Shaun of the Dead”, 2004). A melhor descrição que encontrei desta trapalhada foi “AVISO: PODE PROVOCAR DISSONÂNCIA COGNITIVA, à medida que começam a surgir pessoas do nada, sem qualquer tipo de contextualização. Os efeitos secundários incluem desconforto, cefaleias, o vómito, diarreia, convulsões, breves episódios psicóticos ou ódio extremo por este filme.” – Tradução de excerto da crítica do site Quiet Earth.
Podia e provavelmente devia quedar-me por aqui mas não sou pessoa de dar a outra face. E se este filme me deu um bofetão, daqueles com direito a deixar os dedos bem marcados por umas horas na cara, não me deixo abandonar o barco sem vos explicar porque deverão evitar esta desculpa de filme.
Instantes iniciais, cena típica: uma mulher acorda após um acidente de carro, o companheiro morto ao lado e a filha desaparecida. Após vaguear pelo Carrefour local ( uma das várias marcas infelizmente contempladas com o foco especial da lente do Chien), Linda (Yvone Yao) chega à conclusão que está rodeada de zombies. E a audiência chega à conclusão que ela não sabe correr. Assim que sai do hipermercado encontra logo a filha Chloe. A partir desta cena mais ou menos com poucos recursos, que copia todos os lugares-comuns existentes, incluindo os tais mamilos proeminentes (até sugeria que a pobrezinha estava com frio mas se estava com uns calções ultra curtos...) “Zombie 108” é sempre a decair.
Não há nada que descreva com justiça aquilo que vi. Apenas posso fazer uma tentativa débil. "Zombie 108" é uma sequência orgíaca de lesbianismo, sexo, apalpões, longos close-ups de mamas e rabos, mais alguma acção, entrada e saída de actores vários, estrangeiros; depois gangsters e polícias, lutam todos entre si, algures lá se decidem a combater os zombies, seguem-se mais personagens aleatórias, morrem personagens aleatórias, entra tarado sexual que inicia uma sucessão de violações, humilhações e sevícias com animais vivos (polvo?), todos os caminhos vão dar ao covil do tarado, entra serial killer, mais escaramuça, depois é a vez de entrar em cena um monstro. E, acreditem que por essa altura já me encontro num estado de estupefacção. Pelos vistos o orçamento do filme foi suportado por cerca de 900 pessoas demasiado generosas. Tipo, eu bater à porta da produção exigindo que me devolvessem o dinheiro. Com que argumentos é que enganaram essa pobre gente? Ah, o realizador e o produtor interpretam respectivamente os papéis de tarado sexual e gangster. É uma desculpa para abusarem e apalparem repetidamente as actrizes que obviamente são todas modelos? É que não há nenhuma gorda no filme. Nem sequer surge uma actriz com uma aparência “vulgar”. É bruto, feio, sujo e misógino. Os zombies? Um pretexto para se rodearem de mulheres lindas das quais tirar partido por que isto é arte estão a ver? Mas estou em crer que eles, os homens, se divertiram muito. Já agora, alguém me explica os actores americanos? Ou melhor, os péssimos actores americanos? Sendo que um deles, de raça africana, a dada altura larga o fato por uma aparência mais gueto e a atitude a condizer. Alguém disse a palavra estereótipo? Um dos muitos problemas neste filme de acção/terror/sexploitation é não ter uma identidade claramente definida. É uma mixórdia de ideias, todas as que tiveram provavelmente, que foram agrupadas de modo caótico. Se alguém me dissesse que “Zombie 108” era uma comédia ficava surpreendida. Mais depressa me punha a chorar baba e ranho, de tão mau. Até os zombies, que dão nome ao filme, deixam muito a desejar. Por entre a péssima caracterização, alguns dos zombies são corredores natos enquanto outros se ficam pelo cambalear típico. Decidam-se! E os efeitos são ridículos. Órgãos arrancados, sangue e tripas a escorrer que nunca estão em demasia são, a melhor dizer, escassos. E depois há as tretas patrióticas e a exploração das imagens da inocente criancinha. Deve ter daqueles pais que querem que os filhos se tornem famosos embora, “Zombie 108” mais depressa destrua a possibilidade de ela algum dia ter uma carreira do que a construir. A não ser que, que lhe queiram dar mais uns 20 anos e a coloquem num filme de Chien para ele e companheiros abusarem do seu corpo nu como fizeram com as restantes actrizes. Inqualificável. Meia estrela.

Realização: Joe Chien
Argumento: Joe Chien
Yvonne Yao como Linda
Joe Chien  como Tarado Sexual
Jack Kao como Comandante SWAT
Chloe Lin como Chloe
Kevin Lee como Gangster


Próximo Filme: “Zatoichi", 2003


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