domingo, 4 de agosto de 2013

3 A.M. 3D (2012)


O que é que faz falta ao cinema de terror asiático? Antologias não são com certeza. Mas perdoe-se 3 A.M. desse pecado e julgue-se pela qualidade. Então o que é que 3 A.M. tem para oferecer? Apenas o artificio para gerar dinheiro mais irritante dos últimos anos? Adivinharam, tecnologia 3D. Acrescenta algo às curtas-metragens? Isso é o que vamos ver a seguir…

“Wig Shop”
May (Focus Jirakul) e Mint (Apinya Sakuljaroensuk) são duas irmãs que, não fosse o facto de pertencerem à mesma família nada teriam em comum. May é calma, modesta e trabalhadora, Mint é a vida da festa, sofisticada e preguiçosa. Rebenta uma discussão séria entre ambas quando Mint leva uns amigos para a loja de perucas dos seus pais e estes se põem a brincar com elas. Conseguirão elas esquecer as divergências quando uma aparente anterior dona do cabelo de uma peruca decide assombrar o grupo de amigos?

“Corpse Bride”
Tod (Tony Rakkaen) é um mortuário novato contratado para velar um jovem casal que faleceu uma semana antes do casamento. Ele deverá efetuar ritos para apaziguar os seus espíritos, não espreitar para dentro dos caixões e não tocar nos pertences do casal até ao seu descanso final. Mas ele não consegue deixar de cometer um erro primordial, ele olha para dentro do caixão da noiva Cherry (Karnklao Duaysianklao). Linda, parece estar viva…

“Overtime”
Karan (Shahkrit Yamnarm) e Tee (Ray MacDonald) são dois chefes brincalhões que adoram pregar partidas aos seus funcionários durante o período da noite. Desta feita Bump (Prachakorn Piyasakulkaew) e Nging (Kanyarin Nithinaparath) são as próximas vítimas mas será que eles não estarão a preparar um contra-ataque.



O fio condutor entre estas curtas-metragens é as três da manhã, o período, no qual sucedem acontecimentos que poderíamos classificar de paranormais. Tradicionalmente, para quem estuda tais eventos, o período entre as três horas da manhã e as quatro considera-se a hora dos mortos. Esta hora está ligada à morte de Jesus Cristo, uma vez que é a hora diametralmente oposta àquela em que o profeta faleceu (três da tarde) e é o período em que será mais fácil estabelecer contacto com o outro mundo. Meninos não tentem isso em casa! Infelizmente para os protagonistas, os contactos com os espíritos no outro lado não são positivos. (Ainda estou para ver um filme em que esses encontros sejam simpáticos). 3 A.M. é um verdadeiro “quem-é-quem” do cinema de terror tailandês. Isara Nadee, realizadora de “Overtime” é dos elementos da equipa de argumentistas “ronin”, notória pelos filmes do gorefest “Art of  the Devil” e ainda do terrível “407 Dark Flight 3D”. Apinya Sakuljaroensuk e Ray MacDonald são presenças recorrentes no cinema local e Shahkrit Yamnarm é a grande estrela do elenco, tendo inclusive contracenado ao lado de Nicolas Cage (sei que hoje em dia não é grande motivo de orgulho), em “Bangkok Dangerous”. Que podia pois correr mal?
A abrir as hostilidades está “Wig Shop” que, para quem viu filmes como o coreano “The Wig” ou o japonês “Exte: Hair Extensions” é um conceito já testado e cansado, para não dizer totalmente exausto. A curta tenta emular em poucos minutos o que os filmes anteriores conseguiram realizar em pleno durante quase duas horas. E se um recorria ao bom velho drama coreano o outro apresentava como grande arma um realizador de peso. “The Wig Shop” vale-se de duas carinhas bonitas que não conseguem salvar um argumento em veloz trajecto descendente.  Ah e alguém reparou na triste ausência de 3D? Não se preocupem que o sua utilização desnecessária ainda agora começou.
Nestes projectos há sempre um momento de insanidade e “Corpse Bride” encarrega-se da bizarria da antologia. “Corpse Bride” é capaz de fazer mais jus ao nome do que a animação de Tim Burton mas é um exemplo clássico de ausência de direcção. Drama? Mistério? Terror? Seria de pensar que com tanta variedade “Corpse Bride” exaltasse algum tipo de entusiasmo mas é tragicamente, o mais aborrecido dos três. Pior ainda, parece uma curta-metragem demasiado longa. Quando os personagens são desprezíveis ou provocam, no mínimo indiferença o que mais desejamos é despachá-los o mais rápido possível e não prolongar a tortura. “Corpse Bride” tem uma reviravolta final mas, por essa altura, já estaremos tão dormentes que não importa. Acabem com a nossa miséria!
“Overtime” é o grande desperdício da antologia. Mesmo que aguentem o visionamento até à última curta-metragem será difícil não ficar com a sensação de que o tom da mesma está totalmente desligado do das anteriores. Curiosamente é o que melhor representa o cinema tailandês. Assim como os sul-coreanos adoram misturar drama e comédia, os tailandeses parecem adorar os seus filmes de terror com um pouco de comédia. Querem melhor exemplo que o estreado este ano “Pee Mak” que se tornou o filme mais rentável da história do cinema tailandês? A grande crítica a “Overtime” é parecer-se mais com um conjunto de gags colados para efeito cómico do que um argumento sólido. No entanto, é a descontração dos actores e o sentimento de que a estória não está a ser levada demasiado a sério que deve conquistar os corações das audiências. Os efeitos digitais são maus? Terríveis, na verdade. Mas questionem-se, onde das películas falharam em assustar uma teve sucesso em divertir. Quem é o vencedor? Duas estrelas.
“Wig Shop”
Realização: Pussanont Tummajira
Focus Jirakul como May
Apinya Sakuljaroensuk como Mint

“Corpse Bride”
Realização: Kirati NakIntanont
Tony Rakkaen como Tod
 Karnklao Duaysianklao como Cherry
Peter Knight como Mike


“Overtime”
Realização: Isara Nadee
Shahkrit Yamnarm como Karan
Ray MacDonald como Tee
Prachakorn Piyasakulkaew como Bump
Kanyarin Nithinaparath como Nging

Próximo Filme: "Swing Girls" (Suwingo Gâruzu, 2004)

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