A vossa querida amiga FilmPuff não desapareceu cavalgando em direcção ao crepúsculo como fariam crer alguns sonhos mais românticos, apenas esteve de férias. Momentos agridoces acreditem pois, a despeito dos muitos pontos positivos que se podem encontrar num tal período, não deixei de ver filmes… maus. “Scared” foi a experiência mais penosa do período. Acredito piamente que existe uma conspiração mundial para provar que os adolescentes são umas criaturas maquiavélicas que merecem morrer. Ele é filmes que nunca mais acabam sobre adolescentes mal comportados cuja existência é brutalmente encurtada por um ou mais assassinos misteriosos, antes mesmo de terem tempo de se tornarem pessoas produtivas para a sociedade e que limpam o quarto. E o pior é que nos fazem mesmo odiá-los, ou não fossem todos, ou quase todos, impossivelmente bonitos como num universo paralelo qualquer onde todos são belos e atléticos e ter uns quilinhos a mais ou borbulhas é uma raridade.
“Scared” inicia-se com a habitual viagem de estudantes num autocarro que desconfio que não devia passar na revisão. Eles têm um acidente, ficam presos numa floresta e além das dificuldades óbvias imediatas descobrem que têm um assassino no encalço. Mais pistas do que o mero facto de estarem vivos para tão perigosa persecução são escassas e vagas. Quanto entendemos que vai ser um desses filmes, vemos que nem sequer vale a pena conhecer o vasto elenco e mais vale encostar-nos e apreciar as execuções em toda a sua glória. E, verdade seja dita, com uniformes escolares iguais e sem tempo suficiente para os conhecer ou saber os seus nomes é muito complicado destrinçar quem é quem. Eu, FilmPuff Maria, aqui me confesso: tive de fazer rewind numa cena para perceber quem é que tinha ido desta para os anjos. Não me considero fã da esquemática do elenco numeroso. Tendo memória de peixe e é possível que passe grande parte da película a tentar identificar os personagens. Uma das poucas excepções honrosas foram “Battle Royale” (2000) e, mais recentemente “King Game” (2011), ambos japoneses. Já no espectro oposto, vi um “House of Wax”(2005) apenas e só pela alegria de ver a Paris Hilton ser assassinada. É preferível um enfoque mais profundo em poucas personagens do que uma alusão a muitas. Demasiados nomes, desafios e vontades servem a dispersão e confusão. Mas se o realizador e argumentista pretendia somente focar as mortes (o que conseguiu com sucesso), garantiu a inexistência de memória futura de “Scared” que não possui à partida grandes atributos. O humor tailandês está presente durante o primeiro quarto de hora, quando ainda parecia que podia ser outro filme após o que desaparece sem deixar rasto. O humor podia ser das poucas qualidades defensáveis de “Scared”. Mas se apenas estão aqui pela contagem de corpos, suponho que o filme cumpre…
À excepção de Kanya Rattanapetch, com algum talento já reconhecido, os actores são desconhecidos. Os personagens, para não variar, têm um instinto de auto-preservação tão fraco que não são capazes de colocar as quezílias de parte e manter-se juntos. Mas de decisões idiotas estão os slashers cheios. Por que “Scared” seria diferente? Só que é nessa pergunta retórica que reside o meu transtorno e de muitos outros fãs de terror por esse mundo fora. Porque é que as personagens, apesar de estarem mortas à partida têm de ser estúpidas? Não podem ser inteligentes e apesar disso, conhecerem um destino cruel? Se tanto, até lhe concedia um certo fascínio que o poderia diferenciar das toneladas de slashers que por aí pululam. Os estudantes parecem desprovidos de qualquer artifício e até de senso-comum. Uma dezena de pessoas podia engendrar um plano de escape ou defesa contra o atacante “invisível”. Até porque, vá-se lá entender porquê, vão dar a instalações agrícolas, onde poderiam tentar partido da panóplia de ferramentas à disposição. Por isso, mais depressa a sua situação provoca o escárnio da audiência que o temor. É que muitas vezes são os próprios personagens que selam o seu destino. “Ora deixa-me ir à casa-de-banho num local isolado e que não conheço, durante a noite, enquanto um assassino ciranda aí”… O cenário é o ideal dados os constrangimentos de orçamento e a espaços, nomeadamente, quando há um enfoque sobrenatural/religioso parece que se almeja atingir algo parecido com atmosfera. Espaços demasiado breves para que atinja um produto de nível superior. Quase. Uma estrela e meia.
Realização: Pakphum Wonjinda
Argumento: Pakphum Wonjinda
Kanya Rattanapetch como Tarn
Sumonrat Wattanaselarat como Pii May
Wongthep Khunarattantrat como Jonathan
Amornpan Kongtrakarn como Mew
Atchara Sawangwai como Awm
Kenta Tsujiya como Kenta
Buanphot Jaikanthaa como Mai
Chatchawan Sida como Bawmp
Matika Arthakornsiripho como Tan
Próximo Filme: "Mitsuko Delivers" (Hara ga kore nande, 2011)
Sem comentários:
Enviar um comentário