Noboro Iguchi, realizador de títulos tão improváveis e absurdos como “RoboGeisha” (2009), regressa com “Dead Sushi” uma séria concorrente ao lugar cimeiro de um Top 5 de Objectos Inanimados com Institutos Assassinos do Cinema.
Keiko (Rina Takeda) é uma jovem aprendiz de chefe e karateca que foge da disciplina imposta pelo próprio pai, um chef especialista em sushi ultra-rígido, para se tornar servente numa estalagem. Lá, é alvo das constantes humilhações do chefe e do pessoal negligente até que perante o ataque de sushi assassino (sim, leram bem), Keiko se torna única pessoa capaz de deter a ameaça. Um ex-cientista de uma farmacêutica pouco escrupulosa deseja vingar-se do tratamento de que foi alvo e cria um vírus zombie que infecta o sushi servido aos convivas na estalagem. O sushi torna-se, (naturalmente?), uma criatura mutante com o intento de devorar todos quantos se encontram à sua frente. Por entre mortos e feridos alguém há-de escapar. Certo?
Entre as cenas memoráveis encontram-se a da assistente irritante que é “trincada” por um destes zombies, aquela em que duas jovens se tornam a mesa e o prato principal da comida que serviam, ou quando um dos atacados é alvo de uma “plástica” facial extrema… Mas a piada não fica por aí já que a personagem principal é uma karateca que foge do mundo altamente competitivo e exigente dos chefes de sushi para combater os rolos assassinos, tendo por sidekick um chef com fobia de facas. Quem é que inventa cenários destes?
“Dead Sushi” enquadra-se na categoria sobejamente conhecida de “estes japoneses devem estar loucos”. Há os filmes “normais”, i.e., que podiam ser criados em qualquer parte do mundo e depois há os outros, os criados pelos nipónicos que se baseiam nas premissas mais extraordinárias e, estranhamente funcionam. A palavra de ordem é: “não há limites”. A improbabilidade e impossibilidade presente nestas películas surge em grande quantidade e em rápida sucessão formando uma relativa coesão. Se a audiência estiver predisposta a aceitar tudo quanto sucede no ecrã, “Dead Sushi”, “Tokyo Gore Police”, “Meatball Machine”, entre muitos outros, funcionam como um novo subgénero de cinema que apresenta rasgos de genialidade. Regra geral, as personagens são do sexo feminino e existe tanto de acção como de comédia, de preferência em conjunto. Adicionem uma pitada de terror et voilá. Características: os close-ups de seios e roupa interior feminina são um must. Cenas como uma protagonista perder um botão da blusa ou cair e ficar com as cuecas expostas não serão novidade. De notar que o aparecimento de personagens mutiladas, com um ou mais membros mecânicos tais como metralhadoras ou lâminas não deve ser inesperado. A contagem de mortos não deve ficar abaixo de uma dezena. De preferência, acompanhados de salpicos de sangue, esguichos de sangue, banhos de sangue ou todas as opções anteriores. Neste aspecto, o Robert Rodriguez com os seus esforços grindhouse, vêm à mente como o equivalente de Hollywood mais aproximado. A compor o ramalhete, estão slogans tão exagerados como o próprio filme: “O Sushi contra-ataca” ou “Acção Quente do Wasabi”. Pensem em “Dead Sushi” como uma reinterpretação de um “Airplane” (1980), ou um "The Naked Gun” (1988) com bolinha vermelha.
“Dead Sushi” pode ser um gosto adquirido, mas não me parece que quem não apreciasse sushi anteriormente se vá tornar fã. Aliás, se forem um dos infelizes comtemplados com fobia a sushi esta é a pior alternativa possível a não ser que estejam a considerar submeter-se a terapia a longo prazo. Duas estrelas e meia.
Realização: Noboro Iguchi
Argumento: Noboro Iguchi, Makiko Iguchi e Jun Tsugita
Rina Takeda como Keiko
Shigeru Matsuzaki como chef
Kentaro Shimazu como Yamada
Takamasa Suga como Nosaka
Takashi Nishina como Senhor Hanamaki
Asami como Yumi Hanamaki
Yui Murata como Misse Enomoto
Próximo Filme: "Chaw" (Chau, 2009)
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