quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Suicide Club (Jisatku sâkuru, 2001)


A minha estreia no MoteLx iniciou-se com "Suicide Club" (ou se preferirem "Suicide Circle", esta gente não se entende com as traduções). Teria sido muito bom se tivesse visionado outros títulos, mas infelizmente não deu (sou uma pessoa ocupada sim?) E que dizer desta entrada de Shion Sono? Pois... um grupo de 54 colegiais japonesas atira-se para a frente de um comboio na estação de Shinjuku, Tóquio. Na plataforma é encontrada uma mala com um conteúdo grotesco: um enleado de pele humana pertencente às vítimas. O aparente suicídio colectivo levanta as suspeitas da polícia de que um culto talvez esteja por detrás do sucedido. Entretanto, uma hacker contacta a polícia, liderada pelo detective Kuroda (Rio Ishibashi) e indica-lhes um website onde uma série de pontos vermelhos correspondem ao número de mortos. Ponto. Acaba aqui a sanidade. Esta é a parte em que começa a tocar J-pop e quase que posso imaginar um David Cronenberg sob o efeito de calmantes a ver um game-show japonês. E esta, meus caros, é a descrição mais aproximada daquilo que vi. O filme é uma grande trip, uma grande mescla alucinogénia à volta de uma das pragas do século XXI. Com uma das maiores taxas de suicídio do mundo a ter lugar no Japão, um estudo do fenómeno no círculo cinematográfico não seria uma mera coincidência, tão-somente uma questão de tempo. O modo como Sono abordou a questão é que levanta muitas dúvidas.
Com todo o hype que circundou o filme e, ainda hoje existe, as minhas expectativas foram desde sempre altas. Ok, também não ajudou o facto de já ter visto para aí 60% do filme antes vá.  E caíram, ai se caíram, como que de um precipício e vieram a rolar por aí fora, batendo em todas as pedras no caminho. Percebi alguma coisa das intenções de Sono ou acho que percebi, outras nem por isso. Por exemplo, é irónico que numa sociedade onde é virtualmente impossível não estar ligado, não soem gritos de ajuda. Onde os telemóveis, a ligação à Internet e o escondermo-nos por detrás de uma alcunha parecem mais naturais do que dizer simplesmente: "estou deprimido". Talvez seja apenas difícil dizer aos adultos aquilo que se está a sentir ou talvez eles não estejam sintonizados para ouvir, tal é o fosso geracional. Seja como for, "Suicide Club" não deixa de ser uma sátira onde se debate um poderoso jogo de vontades onde eles (os suicidas) ganham e todos os outros em redor perdem. O meu grande problema é que esta reflexão está por baixo de camadas e camadas de J-pop (aparentemente) aleatório já que é preciso chegar ao fim do filme para se compreender o significado da misteriosa banda "Dessert" de miudinhas de 12/13 anos com músicas também, aparentemente, inócuas, um bando de tarados com a mania das grandezas que matam e violam e cuja maior pretensão é a comparação ao Charles Manson e outras tantas distracções.
As actuações não são nada de extraordinário mas também não se pode dizer que exista um grande argumento embora a oportunidade de nos concentrarmos no velho polícia esperto como uma raposa, avesso às novas tecnologias tenha sido claramente perdida. Outra oportunidade desperdiçada foi a de instalar um sentimento de pânico, um sentimento de urgência para a resolução da série de suicídios que começam a varrer o país. Um thriller detectivesco puxaria sempre menos pelos miolos mas seria infinitamente mais satisfatório. Com a cena inicial brutal e brilhante como é, um dos melhores inícios de filmes que já vi (sim, é uma declaração arriscada), sinto que me puxaram o tapete debaixo dos pés. “Suicide Club” promete imenso mas não cumpre. Deixa-nos num intenso êxtase prematuro para chegarmos ao final, com a sensação de que sabemos tanto quanto antes, ou menos, que o raio do filme é confuso. "Suicide Club" ou se ama ou se odeia e eu não amei. Tecnicamente está bem conseguido, há gore, há... Uma grande confusão. Uma estrela.
Realização: Shion Sono
Argumento: Shion Sono
Elenco:
Rio Ishibashi como Detective Kuroda
Masatoshi Nagase como Detective Shibusawa
Rolly como Genesis

Próximo Filme: "Insidious", 2011

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