domingo, 26 de fevereiro de 2012

Pecadilhos das Horas Vagas #1 - "Fantasmas de Marte"

Sabem aquele filme que sempre que dá na TV não conseguem desligar-se e vêem até ao fim? Aquele filme que todos acham um pouco parvo mas do qual vocês gostam secretamente? Lembram-se daquele velho filme que está gravado em VHS e não conseguem deitar fora? Ou que já viram tanto que a fita até já está meio estragada? Escrevam um texto, não uma crítica, mas uma confissão, sobre um filme da vossa preferência: o vosso guilty pleasure, sem medos ou censura, um “Pecadilho das Horas Vagas. O confessionário é vosso.

Por: o Projeccionista de A Última Sessão


Quando fui convidado para participar nesta rubrica pensei que iria ser fácil. Afinal, o que não faltam para aí são filmes maus pelos quais nutrimos um certo carinho, seja porque razão for. Pois bem, pensei tanto nos primeiros dias que não fui capaz de encontrar um filme que se enquadrasse no conceito de ‘guilty pleasure’ como eu o vejo: um filme daqueles tão maus que só nós é que gostamos deles e somos capazes de o ver milhentas vezes, mesmo que nos expliquem que aquilo não é nada de jeito. Qual foi a dificuldade? Apesar de gostar de ver filmes maus, mesmo sabendo ao que vou, não é daquelas coisas que goste de repetir.

Esta angústia durou até que estava a escrever sobre um filme de um dos meus realizadores preferidos, um senhor chamado John Carpenter. Foi aí que me lembrei que também os grandes mestres têm falhas no currículo, mas para os fãs essas falhas até podem ser bons filmes. Falo de "Fantasmas de Marte", uma espécie de western espacial que é visto por muitos como um dos piores filmes do Carpenter. Confesso que não é dos meus filmes favoritos do realizador, mas gosto de o ver e já tive mesmo a oportunidade de o rever. E voltei a gostar.


Será a história? Um grupo de polícias destacado no planeta Marte que tem de ir a uma colónia buscar um criminoso daqueles bastante perigosos, ou em linguagem chunga, maus como as cobras. Chegados à colónia os agentes reparam que algo está mal quando encontram os tais fantasmas que dão título ao filme. Mais básico e série z não podia ser. Serão as interpretações? Quando temos um vilão interpretado por Ice Cube, que tem tanto jeito como actor como Ed Wood tinha para realizar filmes, está tudo dito. Também não é por aqui que o filme possa valer a pena. Do resto do elenco poucos escapam, incluindo Pam Grier, que Quentin Tarantino tentou recuperar quando fez «Jackie Brown», ou Jason Statham, um dos principais actores de acção da actualidade, aqui num dos seus primeiros papéis de relevo em Hollywood.
O que mais gosto em "Fantasmas de Marte" é precisamente a forma como está filmado. Tudo o resto (e há tanto por onde pegar se formos por aí) é acessório. John Carpenter consegue fazer de um filme que tinha tudo para ser mau, mas que até se vê bem. E nos faz pensar (e, porque não, tremer de medo), pelo menos a mim, o que seria de "Fantasmas de Marte" se na cadeira do realizador estivesse outra pessoa? Ou então, se calhar, o facto de ter o nome do realizador no título ainda produz algum efeito psicológico em quem o vê e torna este filme num dos meus guilty pleasures.


O meu grande agradecimento ao Projeccionista por ter aceite o meu convite e nos revelar o primeiro "pecadilho".

2 comentários:

  1. E eu é que agradeço a honra de ser sido convidado a participar e de ter aberto esta rubrica. Espero que tenha sucesso :)

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  2. Também é dos que menos aprecio do Carpenter, mas até foi divertido. Um western espacial como dizes, faz lembrar o Assalto à 13º esquadra (que é bem melhor).

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