quarta-feira, 21 de março de 2012

"Tumbok", 2011

As superstições são parte integrante das nossas vidas e podem afectá-las em diversos graus. Podemos afirmar que não acreditamos nessas coisas, no entanto, não deixamos de entrar num novo ano com o pé direito e recusamo-nos a passar por debaixo de escadas. Alguns, levam-nas mais a sério e há países em que o número 13 foi erradicado das moradas e de serviços públicos. Até o facto de a garrafa de champanhe não se partir no batismo de um barco é considerado aziago. “Tumbok” é um dos maiores pesadelos dos supersticiosos tornado realidade. Reza a crença local que uma casa localizada no extremo de uma intersecção de ruas em T é o ponto focal de azar. De acordo com a corrente feng shui, uma intersecção em T é aziaga pois o Chi, a energia universal, flui muito rapidamente dos vários extremos para a casa ou pessoas no caminho, afectando negativamente a energia desse local. E pronto aqui termina a minha primeira tentativa como consultora habitacional de feng shui.
Grace (Christine Reyes) e Ronnie (Carlo Aquino) são um casal recém-casado cujas vidas parecem ser finalmente bafejadas pela sorte. Após a morte do pai de Ronnie, o jovem casal descobre que este possuía um apartamento em Manila. Por coincidência ou talvez não, foi para lá que Ronnie foi transferido por via de uma promoção dentro da força policial. Mas logo que chegam as coisas começam a correr mal. O casal é confrontado com Mark, o administrador demasiado simpático do prédio e um edifício praticamente vazio. Parece um negócio demasiado bom para ser verdade. E é. Entre os poucos vizinhos, encontram-se um grupo de estudantes barulhentos, um casal que se envolve em frequentes disputas domésticas e uma criança que vê coisas que não existem.Grace fica todo o dia em casa a efectuar as mudanças enquanto Ronnie vai trabalhar. Ela começa quase de imediato a ter visitas inesperadas. Durante o dia é assolada pela sensação de que não se encontra sozinha e durante a noite sonha que é molestada. Ela está assustada mas nega a impressão inicial a bem de uma vida melhor. Grace aguenta o que pode mas depressa o ambiente se torna opressivo. Ela prefere voltar a uma vida sem perspectivas no campo a permanecer naquele polo do mal. Ronnie pelo contrário torna-se inflexível e recusa-se a desistir da vida em Manila, afectado que está pela pressão do novo trabalho e sem dinheiro na conta. Será que estão a ser atingidos pelas más energias da intersecção em T? Ou não passará de uma obra do acaso e logo virá a mudança.
“Tumbok” é uma boa ideia com uma dupla de actores minimamente competente. Se não se deixarem levar no engodo de uma Christina Reyes em calções e com a roupa bem colada ao corpo, atente-se à sua vulnerabilidade e presença envolvente. A câmara enamora-se de Christine. Não é de admirar que Reyes seja uma das maiores sex symbol filipinas. Carto Aquino é a metade menos credível do casal. Só passada boa metade da película é que se descobre um passado negro na história de vida de Ronnie que poderá ter algo que ver com a má sorte que se abateu sobre o casal. Quando todos os sinais não apontam, GRITAM, que o melhor que ambos devem fazer é empacotar os haveres e voltar à aldeia Ronnie continua a negar-se a regressar. Pois, que o mais importante é o trabalho e não a sanidade mental e bem-estar físico da jovem mulher. Se os problemas financeiros são o motivo principal para não saírem dali não é como se não tivessem alternativas. Ronnie e Grace podiam vender ou alugar o apartamento. Enquanto não juntassem dinheiro Ronnie podia ir viver para um quarto enquanto Grace regressava para casa dos pais a titulo temporário. Mas pronto, o argumento não é meu. É suposto transmitir um momento de grandes contrariedades e dificuldades de cariz monetário que os forcem a permanecer num prédio com bad juju (leia-se azar). O prédio, esse sim, é a grande estrela da película com a sua fachada degradada imponente. As pessoas, os sons, o ruído, o mundo, tudo conflui para o prédio. A outra personagem digna de nota é a enorme escadaria, a qual é convenientemente secundarizada com um elevador sempre avariado. É o único toque de excelência na realização de Topel Lee por que o resto… Quem não o viu antes? Cenas no banheiro? Soa o alarme de fantasmas. Vultos a atravessar corredores? Soa novo alarme. Aumento súbito de volume do som? Es-pí-ri-tos! Agora, eis o que me aborrece deveras, por que é que tem de existir sempre uma espírita ou mulher supersticiosa para avisar os heróis sobre o mal que impende sobre eles? Haverá truque mais gasto? É que é a melhor amiga bonitinha ou a velhota estranha. E já agora há algum motivo para o Ronnie sacar do distintivo a toda a hora? Algo complexo de autoridade? Being a cop will get you places! Hmmmm… “Tumbok” consegue ser ligeiramente assustador vagamente original mas acredito que tenha superior impacto para o ocidental do que para o cidadão filipino acostumado a tais superstições. Topel Lee tem no currículo suficientes incursões no cinema de terror para fazer muito melhor. Não é nenhum Chito Roño ou um Yam Laranas. Temos pena. Duas estrelas e meia.
Realização: Topel Lee
Argumento: Topel Lee
Cristine Reyes como Grace
Carlo Aquino como Ronnie
Ryan Eigenmann como Mark
Ara Mina as Rita
LJ Moreno como Lumen

Próximo Filme: Pecadilhos das Horas Vagas #2

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