Ficai a saber que não sou fã do fenómeno de “inception” dentro de um filme, à excepção do filme “Inception” (2010). Já o vimos antes, no igualmente tailandês (é um padrão?!), “Coming Soon” (2008). “The Victim” apresenta uma jovem aspirante a actriz que não consegue arranjar trabalho além da presença em talk e gameshows até que um dia um polícia a recruta para um papel diferente. Ting (Pitchanart Sakakorn) é contratada para fazer o papel de vítima na reconstituição de crimes. O papel assenta-lhe na perfeição e, nem os cenários mais macabros a assustam, desde que efetue os devidos rituais budistas em respeito pelos mortos e peça a sua bênção. É um trabalho é certo mas é mais fácil se a rapariga se convencer a si própria que o que está a fazer ajuda a apanhar assassinos e apazigua mortos. E à medida que Ting se vai tornando cada vez melhor parece que até os mortos ganham a capacidade de ressuscitar… Alerta reviravolta 50 minutos dentro do filme e a rapariga afinal é May, uma actriz que interpreta o papel de Ting e o cenário onde fazem as filmagens está assombrado por um fantasma que faz anunciar a sua presença através dos guizos que pertencem ao seu fato de interprete de danças tradicionais tailandesas.
A premissa inicial é interessante o suficiente para manter a audiência ligada. Quer-se dizer, uma mocinha que ganha a vida a representar cenas de homicídio no qual interpreta uma vítima? É preciso ter estômago. Não sabia que os tailandeses levavam a arte da reconstituição tão a sério. Talvez não mas a ideia é intrigante. Como se não fosse já suficientemente macabra esta ideia, os espíritos dos mortos começam a inquietar-se. Nesse momento, os cineastas pegam numa audiência já cativa e forçam-na a desligar-se de tudo o que conhece e voltar a apaixonar-se por uma nova estória. E isso não tem piada, a sério que não.
Eis que a pobre Ting vira a modelo rica May e o factor simpatia voa pela janela. Uma gaja boa, actriz de sucesso e ainda por cima rica? Raios e coriscos! Que ela arda no quinto dos infernos. A reviravolta na estória traz também a transição de uma classe pobre e imaginamos trabalhadora para uma classe rica e, fútil? Já viram o preconceito associado? Ora, se a narrativa inicial também era pobre em pormenores, podemos dizer que a última metade traz uma opulência de elementos que mais do que ajudar só confundem. Sou apologista de que a audiência pense um bocadinho e descubra por si própria o significado do filme, através de sugestões subtis. Mas levar à confusão, de tal modo que já não se sabe muito bem o que se está a ver e, muito menos, compreendê-lo é um exagero. Rapidamente, personagens que não conhecíamos e, com as quais, não podíamos sentir simpatia, conhecem um fim horrendo. E não nos podíamos interessar menos. A preparação para os sustos não é das piores e, para quem já viu outros filmes made in Thailand, é capaz de ficar agradavelmente impressionado com os efeitos digitais. Porventura, o elemento mais agradável de toda a assombração é o fato de dançarina tradicional. Será o momento mais genuíno dos 108 minutos. A fotografia, bem, julguem por vocês mesmos.
Are you scared yet? |
Realização: Monthon Arayangkoon
Argumento: Monthon Arayangkoon, Shi-Geng Jian e Sompope Vejchapipat
Pitchanart Sakakorn como Ting/May
Apasiri Nitibhon como Meen/Oom
Kiradej Ketakinta como Tenente Te
Penpak Sirikul como Fai
Próximo Filme: "Natural City" (2003)
MINI SPOILER
Este tipo faz lembrar ou não o filme "The Ring" aka miudinha no armário?
Sem comentários:
Enviar um comentário