domingo, 1 de junho de 2014

"Dark Skies", 2013


Trágico é o dia em que um casal descobre que os seus filhos se sentem acossados e eles não podem fazer nada para os proteger. 

Lacy (Keri Russel) e Daniel (Josh Hamilton) são em muitos aspectos o casal suburbano típico. Têm dois filhos, uma casa e discutem sobre dinheiro. O mais novo, Sam (Kadan Rockett) ainda aceita cegamente o que os pais lhe dizem. É Jesse (Dakota Goyo), o filho mais velho que começam a perder para a adolescência. O facto de Daniel estar desempregado e de Lacy não conseguir vender casas, começa a fazer mossa na relação. A última coisa de necessitam para aumentar a já forte pressão é os filhos serem também eles vítimas. Nada tão vulgar como serem vítimas da economia. Algo bem mais insólito. Entre estórias de um “sandman” contadas pelo petiz e desenhos perturbadores, o casal começa a notar a mudança de lugar de objectos e mobília. De súbito, o que podia ser vida quase idílica transforma-se com o medo do desconhecido. “Dark Skies” trilha os caminhos de um “Poltergeist” (1982) mas sem a boa disposição associada. Se o filme antigo era atemorizante, mas mantinha a uma distância segura a esperança de uma resolução a contentamento de todos. “Dark Skies” pega na mesma premissa, a de uma força invisível que ataca uma família mas dispara numa direcção diferente e bem mais obscura. Os acontecimentos sucedem sobretudo na noite escura, em que a visão é limitada e a imaginação descontrolada. Eis como um filme modesto se torna em algo bem superior. O desenvolvimento dos personagens, em particular, o sentimento de alarmismo que põe em causa a paz da família soa demasiado real. Se um filme é preditor de atitudes estúpidas e é certo que as há, “Dark Skies” não é excepção, de algum modo conseguimos identificar-nos com o transtorno daqueles pais e as acções mais ou menos sensatas. O terror de um casal que não sabe como explicar aos filhos o que se está a passar, de um lado da barricada uma Lacy numa pilha de nervos e do outro um Daniel que pretende manter a fachada de segurança ancorado num cepticismo que até ele, no seu interior, sabe que não o auxiliará em nada, são espantosos de se ver. É numa frente unida e não na dispersão que reside a maior força para enfrentar a ameaça.

“Dark Skies” segue a fórmula tendo apenas uma pequena reviravolta e, quanto a isso, quanto menos lerem e souberem melhor. De referir que a direcção que a estória é surpreendente pela positiva uma vez que não tem sido comum tal abordagem. Os mais exigentes irão de qualquer modo apelidar “Dark Skies” de medíocre mas vai ser sem duvida um docinho para quem procura algo diferente no género de terror sci fi.
Existe o tal personagem, o contador de estórias, como gosto de lhe chamar, que explica aos protagonistas sem noção o que se está a passar. É capaz de ser este o momento, pessoalmente, que fez o copo transbordar no que toca à credibilidade da estória. No entanto, não era inesperado. Esta personagem é tão verdadeira na Hollywood dos anos 80 [“Poltergeist” (1982)] como na do novo milénio [“Insidious” (2010)] e no cinema asiático [“Premonition” (2004)], a regra também é invariavelmente seguida.
“Dark Skies” é um filme de suspense antes de trilhar o terreno da ficção científica e é no primeiro capítulo que se encontra maior potencial. Com poucos ou nenhuns efeitos especiais, a tensão vai amontoando e quando damos por nós, o filme que até nem é pequeno, foi um bom pedaço de tempo desperdiçado. De tal modo, que fica a sensação que se tivesse havido uma maior aposta do estúdio na sua promoção podia ter tido pelo menos sucesso moderado. Três estrelas.

O melhor:
- Keri Russell percorreu um longo caminho desde “Felicity” (1998)
- Direcção inesperada

O Pior:
- Fraca concretização da ideia
- O baixo orçamento
- O marketing (que aliás “spoila” o filme)

Realização: Scott Andrew
Argumento: Scott Andrew
Keri Russel como Lacy Barrett
Josh Hamilton como Daniel Barrett
Dakota Goyo como Jesse Barrett
Kadan Rockett como Sam
J.K. Simmons como Edwin Pollard

Próximo filme: "Hara-Kiri: Death of a Samurai" (Ichimei, 2011)

Sem comentários:

Enviar um comentário