domingo, 15 de junho de 2014

Pee Mak Phrakanong, 2013


Passaram-se seis anos, desde que estreou “4bia”, uma pequena antologia de terror, que viria a juntar um dos quartetos com a química mais fantástica que já passou pelo ecrã e provou (caso ainda persistissem duvidas), que comédia e terror constituem um casamento mágico. 

“Pee Mak Phrakanong” foca a estória de Mak (Mario Maurer) um soldado que regressa para os braços da mulher que deixou grávida, Nak (Davika Horne) depois de ter sido forçado a ir combater para a guerra. Consigo traz quatro camaradas com quem firmou uma amizade para o resto da vida Ter (Nuttapong Chartpong), Aey (Kantapat Permpoonpatcharasuk), Shin (Wiwat Kongrasri) e Puak (Pongsathorn Jongwilak) respectivamente. (Desafio-vos a ler o nome dos actores em menos de 10 segundos!) Na aldeia o recém-chegado não é recebido da melhor forma: corre o rumor que Nak faleceu durante o nascimento do filho de ambos e assombra agora o local. Nak ignora os avisos e corre para o conforto do lar providenciado por Mak onde esta o recebe como se nada se tivesse passado. Os seus quatro amigos cedo apresentam as mesmas suspeitas que os aldeões mas, como avisar Mak que o amor da sua vida é um fantasma? Pior, como avisar Mak sem atrair a ira de Nak?

A estória baseia-se na lenda de Mae Nak, uma mulher que morre durante o parto mas se recusa a deixar o mundo dos vivos para atender ao marido Mak. Quem se opõe a tal ligação acaba morto até que Mak, por fim, descobre a verdade e foge. Segundo versões diversas da lenda, a alma de Nak é libertada mediante o ritual do exorcismo ou capturada num recipiente. A lenda é especialmente venerada como a prova mais forte do amor conjugal capaz de ultrapassar até a morte. Esta versão cienamtográfica é mais leve e reinventa a estória sem se afastar das linhas gerais e sem se escusar, no entanto, a momentos sinistros. “Pee Mak Phrakanong” ficou em boas mãos, pois tem associados Banjong Pisanthanakun e Chantavit Dhanasevi que colaboraram no argumento das antologias “4bia” e “5bia”, sendo que este último também protagonizou o não menos original “Coming Soon” e o quarteto cómico maravilha participou nas antologias já mencionadas. Todos habituados ao delicado acto de equilibrismo entre comédia e terror.

Confirma-se a falta a gravidade da lenda que inspirou o filme desde o primeiro sorriso, negro, do elenco, (a sério, uma marca de pasta de dentes podia ganhar rios de dinheiro tendo-os por representantes). É que nem a belíssima Davika Horne com a sua tez branca que faz concorrência às marcas de detergente, escapa a um sorriso destroçado! Some-se à dentição podre, penteados extraordinários que alternam entre a mais vulgar poupa, com uma altura que desafia a gravidade ao risco ao meio a terminar em autênticas asas! E para o caso da audiência temer fazer alguma observação sobre o facto, os actores antecipam-se e desdobram-se em piadas sobre o facto. A auto-consciência de um argumento é sempre divertida: “Isto é ridículo. E depois?” Na relação de Mak e Nak que é adorável e credível – despojem os actores de vestes parvas e comédia física e o que sobra é um jovem casal apaixonado –, é que se encontra o foco da estória mas é no quarteto fantástico que reside o segredo do sucesso deste filme. Os actores demonstram o grau de conforto de quem contracena há muitos anos em parceria. Delírio talvez, mas não seria estranho imaginar que existe de facto uma amizade entre eles. Embora o mais provável seja mesmo o talento natural para a comédia, aliado a uma excelente direcção. Com o argumento inteligente, que procura referências populares incluindo o “Rocky” (1976) ou “The Last Samurai” (2003), há espaço para o improviso e é notável o modo como os actores se alimentam da energia mútua para tornar as linhas de diálogo mais vivas. Mais, se conseguem atravessar cenas como a do jogo de mímica “Está um Fantasma entre nós”, a assombração de uma Casa Assombrada (sim, leram bem) e a fuga de canoa mais lenta de sempre que valem sobretudo pela comédia física é recomendável a visita de um médico pois têm um sério problema de falta de humor. Três estrelas e meia.
O melhor:
- A química do elenco
- Cenas de rir à gargalhada
- Comédia física

O Pior:
- A estória é sacrificada em prol da comédia (Isso é mau?)
- Caracterização dos actores. Havia necessidade de ir tão longe para produzir efeito cómico?

Realização: Banjong Pisanthanakun
Argumento: Banjong Pisanthanakun, Chantavit Dhanasevi e Nontra Kumwong
Mario Maurer como Mak
Davika Horne como Nak
Nuttapong Chartpong como Ter
Kantapat Permpoonpatcharasuk como Aey
Wiwat Kongrasri como Shin
Pongsathorn Jongwilak como Puak
Sean Jindachot como Ping


Próximo filme: "The Forbidden Door" (Pintu Terlarang, 2009)

Senhoras e senhores, o quarteto fantástico!

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