domingo, 20 de janeiro de 2013

"The Cabin in the Woods", 2011


Poucas coisas são uma constante nesta vida. Como aquela piada que tão bem nos recorda dessa realidade quando diz que a seguir à 3ª Guerra Mundial só vão restar as baratas e a Cher. Aqui no Not a Film Critic acrescentaria, vão restar as baratas, a Cher e… o Joss Whedon. Por entre séries que ninguém admitia ver mas eram um sucesso de audiências, séries que eram vistas por todos mas cujas estatísticas, revelavam afinal, um fracasso, qual Gloria Gaynor, ele foi sobrevivendo. Ele sempre teve um je ne sais quoi de ousado que apelava a uma parte da audiência e alienava a outra parte. Há quem precise tanto de ver um filme com o nome de Whedon associado como de trepanação. Pensem na Diablo Cody sem as drogas e o strip (sim, definitivamente sem strip, que a visão do Whedon nu não deve ser uma experiência agradável).
Mas enfim, algures lá no meio do seu jeitinho descarado do género, “sou um génio incompreendido”, ele tem umas ideias fixolas. “The Cabin in the Woods” é um desses momentos.
Todos os anos estreia pelo menos um filme onde um grupo de jovens adultos pouco abonados de massa cinzenta vão para o meio de um bosque onde acabam por a) ser assassinados à facada, b) comidos, c) abusados ou d) todas as alíneas anteriores. Whedon decidiu juntar-se este ano à corrida com um twist apesar de o trailer aparentar mais do mesmo. E de facto estão lá todos: o atleta, a loura burra mamalhuda (como convém), o drogado, a virgem e o bom rapaz. Escusado será dizer que com Whedon nada é o que parece e ele lança-se numa senda desesperada para quebrar convenções enquanto nos dá mais do mesmo. Até certo ponto funciona. Whedon não é o primeiro a brincar com esta ideia mas é o primeiro a usá-lo neste contexto. Aí recolhe algum mérito mas depois faz o que não devia. Cai na tentação de ser tão megalómano como os que lhe precederam e comete os mesmos erros. Os personagens revertem nos estereótipos que Whedon começou por criticar. Acabam por cumprir os destinos que lhes estavam destinados, passe a redundância. Existirá maior anticlímax?
O filme “morre” não quando percebemos que o jogo está viciado mas quando compreendemos que o argumentista nada faz para contrariar a cadeia de acontecimentos trágicos. E o pior de tudo é que o Whedon parecia ser aquele que iria contrariar a tendência e não teve coragem. Ainda não será desta que ele vai conquistar a audiência mainstream que há muito se anuncia. “The Cabin in the Woods” é tão pouco consensual que é presença comum em listas de melhores e piores do ano. Melhor pela desconstrução do género do terror. Pior por não atingir as alturas que anunciava. Aquele poster inspirado pelo M.C. Escher é qualquer coisa de extraordinário, artístico até. Fica a promessa por cumprir. Resta saber se Whedon ainda tem mais dentro dele.
E não digam o contrário por que não é verdade. Ele acobardou-se. Quem tem coragem faz pequenas gemas como “Tucker & Dale vs. Evil” (2011) e “Shaun of the Dead” (2004). Quem não tem acaba com “The Cabin in the Woods”. Três estrelas.

Próximo Filme: Mononoke (2007)

3 comentários:

  1. Acho que não vou concordar contigo, aliás, não vou mesmo.
    Quando comecei a ver este filme, cheirava a mais do mesmo, mas por ser do Whedon lá fui vendo. E o filme cheirava a raio do homem, os diálogos, as cenas, enfim e quando pensava que o filme iria acabar como acaba sempre - BAM - acontece aquilo tudo, que raio de viagem até ao final, não estava mesmo nada à espera. Tornou-se logo num dos meus filmes do ano, tenho de rever para apanhar os detalhes finais.

    ResponderEliminar
  2. Gostei bastante, pode estar longe da perfeição, mas o argumento é muito giro, a forma como homenageiam e ao mesmo tempo satirizam o género do terror foi muito divertido. Fiquei fã.

    ResponderEliminar
  3. André e Loot: Gostei mas esperava, queria mais.

    ResponderEliminar