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segunda-feira, 29 de junho de 2020
Suores Frios - "Terrores Adolescentes" - por Inês Moreira Santos
Seis amigas aventureiras reúnem-se para explorar uma gruta remota nos montes Apalaches. Algo corre mal e ficam encurraladas. Para além da luta para encontrar uma saída, terão ainda de conviver com uns seres esfomeados que habitam as profundezas do local.
Comecei a ver filmes de terror com frequência por influência da minha melhor amiga, teríamos nós 12 anos. Os pais delas eram sócios de um videoclube (bons velhos tempos...) e estávamos lá nós batidas, de quando em quando, a alugar um filme - normalmente de terror. Um pouco mais velha, comecei a vê-los também no cinema, a maioria das vezes sem saber bem ao que ia, já que a Internet ainda escasseava. Aí já era o meu primo o responsável pelas escolhas mais assustadoras. Tínhamos o costume de ir num grupo de quatro ou cinco adolescentes que só queriam Cinema como forma de espairecer e distrair, um escape da realidade por uma hora e meia ou duas. Não estávamos muito interessados com a qualidade para além do entretenimento.
Para a presente rubrica, escolhi um filme que vi numa destas incursões ao cinema do Colombo com o primo e três amigos, numa sessão da noite. A Descida (The Descent ) estava em cartaz e tínhamos "ouvido falar bem", para além da sinopse ser convidativa: um grupo de raparigas numa gruta com criaturas assustadoras pelo meio, parecia-nos bem.
Saímos da sala estarrecidos, revoltados, não gostámos. Não gostámos dos saltos que demos das cadeiras, lá escondidos na última fila da sala, não gostámos de ter de esconder a cara com o pacote de pipocas sempre que havia a eminência de um daqueles bichos (uma espécie de orcs albinos, como os baptizei) aparecer de repente e comer uma das raparigas (ou saltar do ecrã e nos comer a nós?!), não gostámos do grito mudo de pânico que demos quando um deles ficou visível pela primeira vez, não gostámos de nenhuma das sensações que nos atormentaram dentro da sala de cinema.
Ainda hoje, e sendo quase consensual que A Descida é um dos melhores filmes de terror dos últimos 20 anos, continuo a ter alguma repulsa por esse título, e o sentimento é comum a quem me acompanhou a essa sessão, há cerca de 15 anos. Causou um belo trauma naqueles jovens que ainda cheiravam a pó talco. E, curiosamente, não me parece que alguma vez me vá reconciliar com o dito filme. O que vale é que o mundo cinematográfico em geral, e o género de terror em particular, está longe de se esgotar naquela gruta (ou naquela sala de cinema). E nós aprendemos a gostar de ter medo deste tipo de ficção, seja na sala de cinema ou na de casa.
Inês Moreira Santos
Divulgadora cultural e Autora do blog Hoje Vi(vi) um Filme, sobre cinema, televisão e, principalmente, onde partilha o amor pela Sétima Arte. Nascida em 1988, em Lisboa, licenciou-se em Ciências da Comunicação. Apaixonada por Cinema e pela Escrita, viu no Hoje Vi(vi) um Filme a melhor forma de aliar as duas paixão.
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