O Tony Jaa é o mais próximo de uma marca que o cinema tailandês de artes marciais possui. Quando se assiste a um filme deste lutador de Muay Thai já se sabe o que vai acontecer: pancadaria de quebrar ossos, ínfimas sequências de acrobacias fantásticas em slow motion, diálogos pouco a nada elaborados e a inexistência de uma espécie de estória coerente.
Uma dezena de filmes passados, Jaa ainda parece uma criança a quem os pais compraram pela primeira vez uma câmara de filmar e não sabe se agir de um modo natural ou representar (o que quer que isso signifique), em frente à objectiva. Uma inocência que contrasta com o físico invejável de um homem adulto, muito além de algumas horas de trabalho intensivo e da ida ocasional ao ginásio. E se bem que a sua face projecta boa vontade, perante a ameaça o corpo já de si tonificado transfigura-se, avoluma-se e enrijece. À semelhança de um dos seus ídolos, Bruce Li, que de homem franzino a máquina destruidora de homens bastava a ofensa de um vilão. O menino não brinca em serviço.
“Ong bak 2: The Beginning” é uma “falsa” sequela, nada tendo em comum com a película anterior, à excepção do actor principal. Nessa obra, Jaa interpretava um jovem aldeão que parte para a cidade em busca do “ong bak” uma estátua sagrada intimamente ligada à vitalidade da aldeia, roubada por traficantes pouco escrupulosos. “Ong bak 2: the Beginning” ocorre no século XV no momento em que várias facções lutam pelo poder do território. Os pais do jovem príncipe Tien (Tony Jaa) são traídos e assassinados por Rajasena (Sarunyoo Wongkrachang), um nobre sedento de poder, para quem aqueles últimos constituíam apenas um empecilho na sua luta por domínio absoluto. Tien escapa à morte mas vê-se nas mãos de traficantes de escravos que, entre outras coisas, o atiram para um fosso com um crocodilo. Chernang (Sorapong Chatree) o líder de um grupo guerrilheiro compadece-se de Tien e acaba por criá-lo como seu próprio filho. No seio de um grupo de homens perigosos, Tien mune-se das armas necessárias a uma vingança implacável. O tempo é seu amigo.

Mas se há acusação que ninguém pode levantar contra “Ong bak 2: The Beginning” é o de que o cenário histórico e natural da Tailândia não é bem utilizado. Existem confrontações nas clareiras das densas florestas, por entre os monumentos e em águas infestadas de crocodilos. Por tudo isto, fica a triste sensação que “Ong bak 2: The Beginning” nunca chegou aos calcanhares daquilo que poderia ter sido não chegando sequer ao patamar da homenagem que o predecessor merecia. Dos fracos não reza a história… Duas estrelas e meia.
Realização: Tony Jaa e Panna Ritikrai
Argumento: Tony Jaa, Panna Ritikrai, Ek Iemchuen e Nothakorn Thaweesuk
Tony Jaa como Tien
Sarunyoo Wongkrachang como Rajasena
Sorapong Chatree como Chernang
Primorata Dejudom como Pim
Nirut Cirichanya como Mestre Bua
Próximo Filme: "Kiss me, Kill me" (Kilme, 2009)
PS: O Tony Jaa e o seu físico impressionante.