domingo, 27 de novembro de 2011

"White: The Melody of a Curse" (Hwaiteu: Jeojooui Mellodi, 2011)


São fãs de música pop com muita coreografia e gritos de adolescentes histéricas? Acham que as girls band ainda não passaram de moda? Ainda dão um passinho de dança quando vêem um videoclip das Pussycat Dolls? Ainda cantam N*Sync no chuveiro? Se a resposta é afirmativa, então "White: The Melody of the Curse" é o filme indicado para vós.
Pink Dolls é um novo grupo feminino de pop constituído por Eun-joo (Eun-jeong Ham) uma antiga bailarina que é a membro mais velha e líder do grupo, Sin-ji (Maydoni) uma rapper e bailarina, Ah-rang (Ah-ra Choi) que é a face mais bonita do grupo e é obcecada pela aparência e Je-ni (Se-yeon Jin) uma vocalista principal que tem medo de atingir notas altas. O grupo muda-se para um novo estúdio e treinam durante todo o dia para chegar o mais longe possível. Um dia, Eun-joo encontra por acaso, uma antiga cassete VHS com o videoclip de uma música chamada “White”. A música contagiante e a coreografia arriscada gritam sucesso e a sua empresária pouco escrupulosa decide que aquele será o seu próximo single. O ambiente do grupo deteriora-se quando a agência decide tornar uma das raparigas a membro principal, para promover “White”. Inicia-se uma batalha feroz entre elas para se tornarem a número 1 do grupo. À medida que lutam para chegar ao primeiro lugar, a maldição começa a manifestar-se. Ciente de que em breve será chamada a tomar a posição principal, Eun-joo e a sua amiga Soon-ye (Woo-seul-hye Hwang), iniciam uma corrida desesperada para desvendar o mistério por detrás da canção e desfazer a maldição.
"White" é um filme de terror passado nos nossos dias que combina de forma inteligente terror com a cena musical sul-coreana. “White” junta algumas actrizes em ascensão com cantoras bem reais do K-pop (Korean pop). Destaque-se Eun-jeong Ham, vocalista da girls band real T-ara e Maydoni uma cantora também muito apreciada na Coreia do sul. Ambas são capazes de pôr a um canto as capacidades de dança de muito boa gente e ainda por cima cantam bem! O grupo After School foi convidado para interpretar a banda rival Pure. Tudo isto dá uma aparência bastante realista ao filme já que o elenco está bem versado na arte de cantar e dançar na vida real, além de se identificar com os personagens. A simulação de programas televisivos de eleição no país, todo o trajecto dos personagens desde as aulas de canto e de dança aos ensaios, promoções, paparazzi, encontros com fãs à beira de um ataque de nervos e toda a produção à volta do grupo tem um feel bastante aproximado ao género documentário. Foi realizado um trabalho de pesquisa que se denota e os actores, mesmo com um pouco de exagero, vestem bem os papéis.
"White: The Melody of the Curse" retrata uma profissão que exige muito trabalho, dedicação, talento (às vezes) e capacidade de lidar com a podridão que grassa na indústria do entretenimento. Assistimos às invejas, intrigas e tentativas de sabotagem por parte das raparigas para se superiorizarem umas às outras, demonstrando, aquilo de que já todos suspeitavam, a vida dentro de um grupo musical não é um mar de rosas. A somar à discórdia entre elas temos empresários e produtores pouco éticos e até cruéis, vidrados que estão, na máquina de fazer dinheiro. Eles chegam ao ponto de roubar material e de criar embustes à la Mili Vanilli. É um retrato da indústria musical coreana mas bem que podemos encontrar um significado mais profundo na sociedade. Nascida em 88, Eun-joo é já considerada velha para vingar no mundo da música. A sério? E Ah-rang, uma miúda adolescente, já está bem versada na cirurgia plástica apesar de não se lhe afigurar um único defeito no rosto perfeito e imune à passagem do tempo. Muitas trocariam os cremes da Nívea que compraram em toda a sua vida, pela pele magnífica das asiáticas! Somos ainda confrontados com verdadeiros atentados à dignidade humana na forma de predadores sexuais e da escravidão. As raparigas são como pequenos robôs, programadas desde pequeninas para falar e mover-se de determinado modo, ao sabor dos caprichos das agências de talento. Não têm identidade, privacidade ou sequer vontade própria mas, surgem lindas, cantam e encantam. Se uma ilação pode ser extraída de “White” é que o mais importante é a aparência. Não admira que a juventude esteja com os valores trocados! “White” tem uma vertente dramática bastante pertinente nos dias de hoje e conducente a uma reflexão séria sobre os valores que estão a moldar a juventude. Mas se não quiserem uma reflexão séria, a componente de terror chega perfeitamente. Se forem fãs de K-pop ou curiosos do género, as coreografias elaboradas e a banda-sonora dão origem a 100 minutos muito bem passados. “White: The Melody of the Curse” brilha por mérito próprio. Três estrelas.

Realização: Gok Kim e Sun Kim
Argumento: Sun Kim e Gok Kim
Eun-jeong Ham como Eun-joo
Woo-seul-hye Hwang como Soon-ye
Maydoni como Sin-ji
Ah-ra Choi como Ah-rang
Se-yeon Jin como Je-ni
Jeong-su Byeon como Empresária

Tema principal de White aqui.

Próximo Filme: "R-point: Ghost Squad" (Airpointeu, 2004)

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Donnie Yen em Dose Dupla! "Ip Man 2" (Yip Man 2, 2010)

Ip Man fugiu para Hong Kong depois de um incidente que trouxe uma tremenda humilhação dos invasores japoneses. Desta feita são os ingleses que mandam na cidade e Ip Man terá de reunir forças para enfrentar as sucessivas ofensas deste povo, enquanto luta pela sobrevivência dos que ama. Ip Man entende agora o potencial do Wing Chun e mantém a custo uma escola de artes marciais para jovens chineses.
Em Hong Kong grassa a corrupção com os ingleses a deixar os mestres locais manter os seus negócios a troco de dinheiros e favores. Claro que os donos de escolas de artes marciais não vêem com bons olhos a chegada de um concorrente. Pior que isso: Ip Man é honesto. Aborrecidos com a atitude desafiadora do instruso, levantam obstáculos à existência da escola. Então, Ip Man que apenas pretende ganhar a vida e manter uma actividade honesta, tem mais uma vez de utilizar o Wing Chun. Isto dá origem a uma série de lutas maravilhosamente coreografadas por Sammo Hung, que também desempenha um dos mestres rivais. Curiosamente, Hung sentiu-se mal durante as filmagens de "Ip Man 2" e foi mesmo operado ao coração, após o que voltou à rodagem das exaustivas cenas de luta. Pergunto-me se as cenas captadas em filme, de um Sammo Hung exausto, não correspondem ao drama que se operava na vida real. A atitude deste senhor é tanto mais extraordinária se considerarmos que ele, longe de ostentar a melhor forma física, mantém uma agilidade supra-normal. O confronto entre os mestres do Kung Fu chineses dá direito a uma das melhores sequências de luta do filme... em cima de uma pequena mesa redonda! Se não gostam de filmes moralistas façam fast forward mas não deixem de apreciar esta cena. Magnífica! À semelhança do primeiro filme, a primeira meia hora é leve e despreocupada. Num cenário de guerra e de grandes dificuldades para os cidadãos chineses, eles perdem tempo em escaramuças e brigas que em nada contribuem para a unidade contra o inimigo. Sobrevivem atormentados pelo dilema entre a colaboração com o inimigo, pondo comida na mesa das sua famílias ou enfrentá-lo e arriscar a perda do que lhes é mais querido. Para alguns, esta realização surge tarde demais, para outros, a atitude heróica de uns poucos coloca um ponto final na constante humilhação do invasor. Mais, uma vez os bad guys são mesmo really bad guys. Assistimos ao estereótipo do inglês arrogante, snob, com maus dentes.
É incontornável. O argumento retrata o inglês como um ser odioso. Em "Ip Man 2" a encarnação do mal é o boxer inglês "Twister" (Darren Shalavi), que veio a Hong Kong para demonstrar as suas capacidades atléticas e dar porrada nuns macacos. Não sou eu que o digo, é ele. Aviltante. Odiei-o. Acho que não odiava um personagem tão intensamente desde que o Joaquín Phoenix interpretou César no "Gladiator" (2000). Quase que tenho pena do Darren Shalavi. Temo que a sua reputação tenha sido irremediavelmente destruída junto do povo chinês e que este papel o condene a papéis-tipo, apesar da representação não ser o seu forte. Darling, fica-te pelas cenas de pancada, sim? Os melhores desempenhos vão para personagens secundárias divididas entre o dever para com o país e a sobrevivência. Por comparação, Ip Man surge mais fraco que no primeiro filme. Lamento que no primeiro filme em que Ip Man leva pancada a sério, o inimigo seja Twister. O General Miura do primeiro filme é um adversário infinitamente mais digno que este boxer inglês. Desculpem lá quaquer coisinha mas, é mais interessante assistir a um confronto entre artes marciais chinesas e nipónicas ou ao kung fu contra o boxe? É que os estilos são tão diferentes que não existe nem a beleza visual nem a dificuldade que seria de esperar de um confronto épico. Mas no geral, as sequências de luta são visualmente estonteantes, nada da treta do digital que Hollywood enfia a martelo nos filmes. Contudo, a acção é menos sobre o estilo Wing Chun e mais sobre o confronto étnico. São os britânicos superiores aos chineses? Ip Man, coloca nos seus ombros a responsabilidade de responder pelo povo chinês com uma brutal sessão de pancada. Entretanto, também há desenvolvimentos na sua vida pessoal: a sua mulher Zhang Yong Cheng (Lynn Hung) está grávida e temos a oportunidade de conhecer Wong Lwung (Xiaoming Huang), que se tornaria um dos mais relevantes discíplos de Ip Man. No final, uma surpresa, Bruce Lee lá aparece para dar um ar da sua graça mas soa a um evento oco, sem qualquer significado especial. Foi apenas o primeiro encontro entre dois dos melhores praticantes de artes marciais de sempre, perdoem-me se estava à espera de uma cena com uma forte componente emocional. "Ip Man 2" é inferior ao primeiro filme. Ainda assim há grande valor de entretenimento, sobretudo se forem fãs de kung fu. Três estrelas.
Realização: Wilson Yip
Argumento: Edmond Wong
Donnie Yen como Ip Man
Lynn Hung como Zhang Yong Cheng
Simon Yam como Zhou Qing Quan
Sammo Hung como Mestre Hong Zhen Nan
Xiaoming Huang como Wong Shun Leung
Siu-Wong Fan como Jin Shan Zhao
Darren Shalavi como Twister
Kent Cheng como Fatso

Próximo Filme: "White: The Melody of the Curse" (Hwaiteu: Jeojooui Mellodi, 2011)

domingo, 20 de novembro de 2011

Donnie Yen em Dose Dupla! "Ip Man" (Yip Man, 2008)

Ip Man. De vez em quando surge um homem com um talento tão extraordinário que marca indelevelmente a história. Ip Man é conhecido como o mestre por excelência do Wing Chun uma arte marcial chinesa e um modo de auto-defesa utilizada no combate corpo-a-corpo. Ip Man é responsável por ter deixado por escrito a história desta arte marcial e foi criado um museu em sua honra em Foshan, na China. Mas o motivo por que é mais conhecido no Ocidente é ter sido mestre de um pequeno artista do Kung Fu, de que talvez já tenham ouvido falar, chamado Bruce Lee.  No cinema Ip Man já tinha sido retratado por diversas vezes, nomeadamente, como mestre do seu pupilo mais famoso. Só recentemente houve um renascer da atenção sobre Ip Man, por via do cinema de acção de Hong Kong cujos filmes sobre grandes mestres e o género wu xia são sinónimo de grandes resultados de bilheteira. O facto de o Wing Chun ter uma história tão peculiar, pois que reza a lenda que o estilo nasceu quando a donzela Ying Wing-Chun se defendeu contra um pretendente rejeitado, só podia dar origem a um filme. Em 1994, uma Michelle Yeoh ainda desconhecida no ocidente interpretou a heroína em "Wing Chun", acompanhada por Donnie Yen no papel de pretendente rejeitado. Ele já tinha familiaridade com a lenda e um grande mestre teria de ser retratado por um grande lutador. Yen foi então, a escolha óbvia, ou não fosse ele praticante de wushu, jiu-jitsu, taekwondo, judo e muitas outras artes marciais. E o resultado são sequências de luta impossíveis para o comum dos mortais e visualmente espantosas (o termo técnico é “deixar de queixo caído”).
A narrativa começa em meados dos anos 30 quando um Ip Man, ocioso e despreocupado se limita a praticar e intervir em escaramuças de ocasião as quais secretamente, lhe dão um intenso prazer. Lynn Hung interpreta a esposa de Ip Man que deseja que este abandone as artes marciais e se dedique mais ao filho Ip Chun. Tudo muito giro e calmo até que o exército imperial japonês invade a China. Acredito que tudo correria às mil maravilhas se os japoneses não tivessem cometido o erro histórico de invadir Pearl Harbor, provocando assim a entrada dos EUA na 2ª Grande Guerra e não se tivessem metido com o Ip Man. Ninguém se mete com o Ip Man! Mas ele pertence àquela marca do herói relutante, modesto e cativante, que terá de passar por muitas provações até compreender o poder do seu talento, com o potencial de ser seguido por milhares. Com a invasão japonesa Ip Man é obrigado a deixar o seu palacete e a arranjar um trabalho numa fábrica de extracção de carvão para evitar a fome da sua família. A vida deixa de ser a preto e branco, para existirem vários tons de cinzento. Muitos cidadãos chineses para evitar a miséria, passam-se para o lado dos invasores como espiões e captam antigos mestres para enfrentar lutadores japoneses por sacos de arroz. E aqui incorre o grande defeito do filme. Os maus são demasiado maus, são cartoonescos, demoníacos mesmo. Estamos a referir-nos a uma guerra, pois claro, mas ambas as partes cometeram atrocidades ao longo da história. Até os portugueses foram a dada altura o maior povo esclavagista do mundo! O argumento podia ter manuseado melhor esta questão, explorando por exemplo, o facto de o exército japonês estar a cumprir ordens, de os soldados terem sido enviados para a guerra, deixando também eles, empregos e famílias para trás. O argumento podia ter dar espaço à reflexão sobre como a maldade não é inata, mas no contexto certo pode ser criada. Senti que a escrita foi ao encontro das expectativas das massas que se encontram enraizadas no profundo nacionalismo e ressentimento decorrentes da história entre os dois países. A dissonância cognitiva é melhor demonstrada no personagem Li Zhao (Ka Tung Lam), um chinês tradutor do exército invasor que é forçado a fazer escolhas dificílimas, mesmo perante aqueles a quem há poucos meses chamava de amigos, em nome da sobrevivência da sua família.
Depois temos um Ip Man que aguenta ofensas que só um homem extraordinário pode suportar até que um dia, percebe a razão de ser do seu talento. O evento é, curiosamente, despoletado pela sua mulher que era antes castradora quanto ao seu envolvimento nas artes marciais. É o desejo de proteger a sua família que o leva a empreender toda a sua força contra o inimigo. Ip Man, não pára sozinho a guerra mas incentiva os chineses a lutar pela sua dignidade, emprestando as suas excelentes capacidades físicas e a sua filosofia de vida muito zen. Sim, que apesar de conseguir esmurrar um homem um gazilião de vezes, evita fazê-lo porque ele é assim, muito chill out, estão a ver? Ele incentiva implicitamente os cidadãos de Foshan a resistir e traz o sentimento da esperança novamente àqueles coraçõezinhos quebrados. Há uma luta final, que é o grande confronto com o General japonês Miura, no qual Donnie Yen é excelente, não haja duvida, mas fica a saber a pouco. Quando damos por nós, não sendo fãs acérrimos de artes marciais, a ansiar por mais, é sinal de que o que estamos a ver é pancada da séria! "Ip Man" trouxe reminiscências de um jovem Jean Claude Van Damme, de um explosivo Bruce Lee, ou de um sério mas brutalmente eficaz Chuck Norris. E o melhor de tudo? Donnie Yen tem o desempenho de uma vida. Já o critiquei por diversas vezes: aqui e aqui. As suas qualidades como actor não são as melhores mas em Ip Man, estão bem acima de medíocres, são muito razoáveis. Este filme apesar de toda a liberdade artística em torno da demonização do povo japonês e da própria vida do mestre representa bom entretenimento. Por isso é, no mínimo, de estranhar que Donnie Yen ainda não tenha sido seduzido por Hollywood, nem seja um nome sonante em terras americanas, como o são Jet Li e o Jackie Chan. Neste minúsculo cantinho de língua portuguesa, Donnie Yen merece todo o respeito e aclamação pelo seu trabalho como lutador, coreógrafo e artista. Três estrelas e meia.
Realização: Wilson Yip
Argumento: Edmond Wong
Donnie Yen como Ip Man
Simon Yam como Zhou Qing Quan
Siu-Wong Fan como Jin Shan Zhao
Ka Tung Lam como Li Zhao
Yu Xing como Mestre Zealot Lin
Lynn Hung como Zhang Yong Cheng
Hiroyuki Ikeuchi como General Miura

Próximo Filme: Donnie Yen em Dose Dupla! "Ip Man 2" (Yip Man 2, 2010)

Clica aqui para veres o mestre Yip Man com o seu mais famoso discíplo.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

"Three - Curta #3: Going Home" (Saam Gaang, 2002)

Depois da recepção gelada que as primeiras curtas-metragens da antologia de terror "Three" obtiveram, a vontade de visionar "Going Home" encontrava-se poucos graus abaixo de zero. Não fosse a companhia e teria ficado "satisfeita" por ter visto duas em três o que constituiria um grande erro. Como se costuma dizer: "o melhor fica para o fim". "Going Home" é uma peça tocante sobre Wai (Eric Tseng) que se muda com o filho Cheung (Ting-Fung Li), para um antigo complexo de apartamentos que irá ser demolido dentro de pouco tempo. Não é pois de estranhar que o seu filho impressionável pense que o edifício está assombrado. Um dia, este segue uma rapariguita de vermelho que costuma brincar no complexo e desaparece. Inquieto com o desaparecimento do filho, Wai bate à porta do seu único vizinho Yu (Leon Lai) e tropeça numa história rocambolesca. Yu tem dedicado a sua vida a cuidar da sua mulher Hai’er (Eugenia Yuan) que matou há três anos! E agora, acreditem nisto, Yu continua a banhar, cortar o cabelo e as unhas da mulher, a passeá-la e a falar-lhe ternamente como se estivesse viva. Só num filme certo? Mas Yu nada tem de psicopata, ele é digno de compaixão, envolvido na ilusão que ele próprio criou de que a esposa irá acordar dentro de dias. A grande força de “Going Home” reside na subtileza do desempenho de Lai e na sua força comedida que fazem questionar se ele estará mesmo louco, ou se realmente encontrou uma solução mágica para a vida depois da morte. Por contraposição, temos um Eric Tseng quebrado perante a sua própria impotência face à ausência inexplicável do filho. Dois modos interessantes de lidar com a perda que podiam ser ainda melhor explorados não fosse esta uma curta. Apesar de eficaz, “Going Home” não está isenta de falhas. O desaparecimento de Cheung despoleta a acção mas, durante mais de metade do filme, não voltamos a ele. É como se o seu desaparecimento fosse apenas uma desculpa para nos introduzir à vida de um vizinho louco. E por muito interessante que seja explorar a "relação unidireccional" de Yu com a mulher, temos sempre presente que uma criança está desaparecida e queremos uma resposta para o mistério. O início também é enganador, com as pistas de que vamos assistir a um thriller sobrenatural a revelarem-se infundadas. Tanto melhor, o mistério sobrenatural como o conhecemos já há muito devia ter caído em desuso. “Going Home” é a obra mais compensadora de “Three” e aquela que podia (devia!) ter sido perscrutada mais profundamente numa longa-metragem. O lirismo da narração e da cinematografia de Christopher Doyle que foi responsável por algumas das obras mais belas na sétima arte como “Hero” (2002) e vários filmes de Wong Kar Wai, a par dos bons desempenhos dos actores, merecem que vejam com a maior urgência esta curta-metragem! É daquelas pequenas pérolas que fazem uma pessoa apaixonar-se de novo pelo cinema. Imperdível. Quatro estrelas.


Realização: Peter Chan
Argumento: Peter Chan, Matt Chow, Jo Jo Yuet-chun Hui e Chao-Bin Su
Leon Lai como Yu
Eric Tseng como Wai
Eugenia Yuan como Hai'er
Ting-Fung Li como Cheung

Próximo Filme: Donnie Yen em Dose Dupla! "Ip Man" (Yip Man, 2008)

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Not a Film Critic: Nomeação para a categoria de Novo Blogue dos TCN Blog Awards 2011!

O Not a Film Critic, o meu projecto pessoal sobre o cinema do sudeste asiático foi nomeado para a categoria de Novo Blogue dos TCN Blog Awards de 2011. Neste momento devo parecer um qualquer receptor de prémios, quando acabam de anunciar o seu nome, com aquele ar de espanto ensaiado, mas fui mesmo apanhada de surpresa. É uma enorme alegria quando um projecto tão pessoal, ao qual dedicamos tanto tempo e amor é reconhecido pelos seus pares, os mesmos que admiramos e que contribuíram para que finalmente, desse o salto. Esta nomeação e as vossas crescentes palavras de apreço confirmam, cada vez mais, que a aposta em divulgar o cinema de outras paragens focando, sobretudo, o género do terror não é um sonho absurdo. Um grande obrigada a todos os que votaram para esta nomeação, obrigada a todos os que nos seguem, o Not a Film Critic veio para ficar!

Os TCN Blog Awards 2011 incluem as seguintes categorias:

Novo Blogue
Blogue Individual
Melhor Revista
Melhor Artigo
Melhor Iniciativa
Blogger do Ano
Melhor Crítica
Blogue Colectivo

As votações abrem oficialmente hoje. Para votar e conhecer os restantes nomeados venham aqui: http://cinemanotebook.blogspot.com/

Adenda: A votação está disponível na barra lateral direita do Cinema Notebook. A votação é encerrada no dia 31 de Dezembro às 23h59. Os vencedores serão conhecidos no dia 7 de Janeiro de 2012, no Teatro Turim, às 15h, em Lisboa.

domingo, 13 de novembro de 2011

"Bestseller" (Beseuteu Serreo, 2010)

“Bestseller” é um thriller/mistério de terror interpretado por Jung-hwa Eom que faz o papel da escritora Hee-so, que tem passado os últimos anos a escrever êxitos atrás de êxitos até que um dia é acusada de plágio. A carreira e a vida familiar de Hee-so são abaladas pelo escândalo e ela desespera quando a inspiração tarda em reaparecer. O seu editor sugere-lhe uma mudança de cenário para ultrapassar o bloqueio de escritor e dá-lhe uma última oportunidade para tentar recuperar o que perdeu. Assim, Hee-so parte para uma velha mansão colonial, nos arredores de uma pequena vila, com a sua filha Yeon-hee (Sa-rang Park). Lá, a inspiração continua a iludi-la até que repara que a sua filha mantém conversas com um amigo imaginário. Dessas interacções surge uma história de terror e mistério ocorrida na propriedade. Hee-so, deprimida e frustrada com os seus esforços infrutíferos não hesita em utilizar a história de Yeon-hee que se vem a tornar um sucesso de vendas. Mas o sucesso é efémero, já que Hee-so é novamente acusada de plágio. Com o seu editor a fechar-lhe definitivamente as portas e um marido cada vez mais desencantado com o seu comportamento, Hee-so está disposta a tudo para provar a sua inocência. Então, decide retornar à vila para investigar a origem da história e começa a descobrir que por detrás de uma aparência encantadora, os seus habitantes escondem um segredo obscuro…
Até aqui nada de original. É apenas o vulgar mistério associado a uma casa e alguém determinado a desvendar a verdade até às últimas consequências. A característica distintiva de “Bestseller” é a acção mais centrada nas personagens do que no cenário. A força da narrativa encontra-se nas personagens e nesse campo há que louvar o trabalho de Jeong-hwa Eom, que é competentíssima num papel difícil. Eom interpreta o papel de uma mulher deprimida, neurótica e ambiciosa que identifica o sucesso com o bom desempenho da sua obra literária, mesmo que para tal, negligencie os seus papéis de esposa e de mãe. A primeira parte do filme pertence-lhe toda, com todos os outros personagens a terem participações fugazes ou supérfluas. É de destacar o seu papel invulgarmente intrincado para um filme de terror que exige a demonstração de um vasto espectro de emoções. É necessário compreender a personagem e a sua obsessão com o trabalho, o qual se confunde com a sua própria identidade para justificar as suas acções. Também dei por mim, a olhar para Jeong-hwa e a recordar-me de outra actriz não menos conhecida, que já passou por aqui, Bai Ling. Com o cabelo na cara, o eyeliner carregado e a estrutura óssea frágil faz lembrar a actriz chinesa.
Há uma cena em que Yeon-hee conta à sua mãe uma história de horror e de morte que lhe terá sido contada por um amigo imaginário. Poucas pessoas precisariam de um segundo aviso para perceber que havia algo de muito errado em tudo aquilo e se porem a andar dali para fora. Na lógica da "workaholica" Eom, isso não faz sentido.

Poucos minutos dentro do filme, um dos personagens discorre sobre a história da mansão colonial. Isto acaba por redundar em informação desnecessária e é apenas um motivo de distracção, uma vez que a promessa de assombração não é concretizada. Contudo, a primeira metade do filme é orientada para o sobrenatural, tendo alguns clichés relacionados com portas fechadas e visões assustadoras. Mas gostei do facto de não sermos brindados com a habitual mulher de longos cabelos despenteados. A assombração é bem diferente, o que nos leva à grande revelação do filme. Num momento em que ninguém esperaria, cai uma bomba, bem ao nível de filmes com “The Others” (2001) de Alejandro Aménabar. A última metade da película afasta-se por completo do género sobrenatural e aproxima-se de preocupações terrenas com o bom velho thriller a entrar em força nos últimos 30 minutos de filme. Os viciados nos fenómenos sobrenaturais não vão gostar desta opção. Pelo contrário, os fãs de mecanismos psicológicos que tenham resistido ao início do filme, serão recompensados pela explicação racional da trama. Se qualquer dos géneros não vos fizer confusão não haverá qualquer constrangimento em prosseguir com a visualização do filme. Apesar do argumento não trazer nada de novo em termos de história, já que ela parece ser uma colagem de diferentes partes de filmes, o mix de géneros e a revelação inesperada a meio do filme, ao invés de ser realizada no final como é apanágio dos filmes de terror, fornecem alguns elementos refrescantes à película. Não é brilhante. A palavra que procuram é competente. Duas estrelas e meia.
Realização: Jeong-ho Lee
Argumento: Jeong-ho Lee
Jeong-hwa Eom como Hee-so Baek
Sa-rang Park como Yeon-hee
Seung-yong Ryoo como Yeong-joon Park
Jin-woong Joo como Chan-sik

Próximo Filme: Curta #3: "Three - Going Home" (Saam Gaang, 2002)

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

"Three - Curta #2: The Wheel" (Saam Gaang, 2002)

Pior do que um enredo óbvio só uma narrativa sem direcção. Daquelas que disparam em todas as direcções, a ver se uma cai nas boas graças da audiência. Estão apresentados a “The Wheel”. É a segunda curta-metragem da antologia "Three"e está a cargo de um Nonzee Nimibutr, que teve sucesso com o filme de terror “Nang Nak” (1999). “The Wheel” é um anacronismo, é a peça que não pertence. As outras curtas focam as relações entre os personagens e exploram o sentimento de perda enquanto "The Wheel" é sobre a maldição de uma marioneta... Tem um feel muito diferente das outras curtas-metragens e deita por terra qualquer tipo de transição suave entre as obras de “Three”. Comparativamente, é um trabalho de amadores. “The Wheel” passa-se numa pequena aldeia onde falece um velho mestre criador de marionetas. Diz-nos a narração inicial que as marionetas estão imbuídas com o espírito do seu criador. Este é o único que se pode apropriar delas. Quem quebrar esta regra incorre numa grande maldição. Como é óbvio, há sempre um parvo com a mania que é esperto e ignora o bom senso, sofrendo, por isso, as consequências. 
Contra todos os avisos e conselhos de trabalhadores e família, o mestre Tong (Pongsanart Vinsiri) recusa-se a acreditar na existência de uma maldição e em separar-se dos valiosos bonecos. Guiado pela ganância, Tong vê as marionetas como um modo de melhorar o espectáculo da sua trupe de dança tradicional Khon e trazer-lhe riqueza. À sua volta, começam a haver acidentes e mortes mas nem assim ele se desvia dos seus objectivos. Temos direito a tudo: incêndios, afogamentos, possessões, paixões proibidas, homicídios… Então, os que o rodeiam reúnem-se para travar a maldição e destruir a marioneta. Pois… Era bom. Antes fosse assim. Nimibutr obriga-nos a assistir incrédulos a uma sucessão de acontecimentos evitáveis e ridículos que testam a paciência a um santo. E quando julgamos que a acção não podia piorar eis um balde de água fria, uma reviravolta que ninguém previa mas piora a experiência já de si penosa. Moral? É capaz de algo acerca de nos deixarmos cegar pela ganância e os outros à nossa volta sofrerem com isso, num ciclo vicioso de destruição - the wheel = roda. Lição: é o exemplo perfeito de quando um realizador decide fazer tudo sozinho e dá mau resultado. Pois Nonzee qual mestre de marionetas toma as rédeas da escrita, produção e direcção a seu cargo e o que resulta é uma obra banal, confusa e desinspirada. O tema dos bonecos assassinos não é novidade pelo que ao menos se esperava uma aprendizagem sobre as experiências anteriores. Decerto a experiência cinematográfica seria melhor se Nimibutr se estivesse rodeado por uma equipa competente e não se tivesse deixado guiar pelo narcisismo. A obra cinematográfica é um paralelo da vida real. Não é poético? "The Wheel" não é filme que faça falta numa antologia destas, muito menos em 40 minutos. Uma estrela.
Realização: Nonzee Nimibutr
Argumento: Ek Lemchuen, Nonzee Nimibutr e Nitas Singhamat
Suwinit Panjamawat como Gaan
Komgrich Yuttiyong como mestre Tao
Pongsanart Vinsiri como mestre Tong

Próximo Filme: "Bestseller" (Beseuteu Serreo, 2010) 

domingo, 6 de novembro de 2011

"Karak" (2011)

Os mitos urbanos são uma boa fonte de material para um filme de terror. Se o tema ainda não tiver sido explorado é uma boa forma de atrair aficionados por filmes de terror e apelativo para aqueles que ouviram falar da história e querem saber um pouco mais. “Karak” é baseado numa lenda que envolve a auto-estrada de Karak, na Malásia. Diz-se por esses lados, que a estrada foi construída sobre um velho cemitério e que desde então tem sido palco de inúmeras aparições e acidentes mortais. Se a auto-estrada foi mal construída ou está mal sinalizada é coisa que não sei. O certo é que a fama de assombração já ninguém lhe tira, como demonstram os diversos relatos de fenómenos paranormais na Internet. Norman Abdul Halim venceu a corrida para ser o primeiro a aproveitar esta rica matéria-prima e escreveu “Karak”. A história desenvolve-se em torno de quatro jovens apanhados num engarrafamento, que decidem atalhar caminho por uma estrada secundária, decisão essa que acaba por se revelar fatal. Eles sofrem um acidente rodoviário e são obrigados a procurar refúgio numa cabana no meio da floresta. Lá são recebidos por um velho de aspecto pavoroso (peço imensa desculpa mas o senhor tem um tumor massivo a que é impossível ficar indiferente) que os deixa pernoitar ali. No entanto, espera-os uma longa noite…
Os primeiros 7 minutos de filme são brutais, empolgantes e assustadores, tendo um dos monstros mais feios que já se viu na tela. A acompanhar estão trechos musicais que acompanham adequadamente o desenvolvimento da narrativa e contribui para a atmosfera de horror. Infelizmente, o resto do filme não corresponde às elevadas expectativas levantadas pelo início promissor. Somos brindados com um quarteto de personagens estereótipo: Nik, o brincalhão que está mortinho por que uma alma penada o leve de vez; Zura, a rapariga boazinha que é por esse motivo a personagem principal; Jack, o descrente que não acredita nessa treta a que chamam fantasmas e Ida, a loura burra que só está ali para passear o seu corpo perfeito. Ok, ela não é loura mas pelo modo como encarna a personagem não restam dúvidas. Ela até é apelidada de Angelina Jolie malaia e tudo. É a personagem mais irritante de todas e aquela que desejamos, ardentemente, que seja chacinada de modo particularmente atroz. Dos quatro actores só Md Ayzendy que interpreta Jack tem alguma experiência de representação, o que no meio da mediocridade, se nota, acreditem. Nik (Shahir Zawawai), que também faz par amoroso com a Zura de Shera Ayob é dislikeable até mais não e é complicado compreender o que é que ela vê nele. Zura está sempre a admoestá-lo devido às suas provocações e piadas sem graça. Parece mais mãe dele do que namorada. Agora e se eu vos disser que o nome da actriz de Ida é Kilafairy? I kid you not. Prova aqui.
Kilafairy: "Oh! Olhem para mim tão assustada, a fugir de saltos altos!"
Que eu saiba ainda não existe o filme “Killer Fairy” mas se o fizerem, eu faço lobby para que a Kilafairy entre nele, mediante umas lições de representação claro está. Entretanto, dizia eu que o início vale a pena mas o resto nem por isso. A lógica desaparece a dada altura. Quem é que no seu juízo total, pára numa estação de serviço com um ar assustador e se desloca até aos lavabos que por acaso estão muito longe da loja e têm um ar igualmente terrífico? Jack. Quem é que no meio da floresta, onde está escuro como breu, sai para tomar banho correndo o risco de a) ser atacada por uma fera ou b) ser atacada por um predador sexual? Ida. Quem é que vê imagens de velhinhas usando um colar e depois quando o encontra vai a correr colocá-lo? Zura. E a sucessão de comportamentos parvos continua até à revelação final que já se viu antes e já não surpreende ninguém, a não ser eremitas que vivam numa qualquer caverna isolada do mundo. Apesar do monstro estar bem caracterizado, a direcção é no mínimo desinspirada, o argumento é fraco e a equipa de actores foi mal escolhida. Posto isto, não me impressiona que o filme tenha um bom desempenho de bilheteira na Malásia, onde basta ter o rótulo de “terror” para chamar as massas ao cinema. Neste horizonte, só se vê uma estrela.
Realização: Yusry Abd Halim
Argumento: Norman Adul Halim
Elenco:
Shera Ayob como Zura
Shahir Zawawai como Nik
Md Ayzendy como Jack
Sidek Hussin como Tok Malam
Kilafairy como Ida

Próximo Filme: Curta #2: "Three - The Wheel" (Saam Gaang, 2002) 

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

"Three - Curta #1: Memories" (Saam Gaang, 2002)

“Three” é a colaboração internacional de terror que deu origem à bem mais conhecida sequela “Three…Extremes” (2004). A ideia para a antologia adveio de Peter Chan do cinema de Hong Kong que convidou Nonzee Nimibutr da Tailândia e o sul-coreano Jee-woon Kim a emprestarem os seus dotes de realização ao esforço colectivo. A atenção internacional por “Three” veio quando “Three…Extremes” estourou nos cinemas por todo o mundo e renovou o interesse no primeiro filme que seria depois, estupidamente, denominado na América de “Three… Extremes II”  por estrear após a sequela. Resolvi ignorar este absurdo e manter a denominação original.
Se há curtas que podiam ser sumarizadas num tweet é “Memories”, a primeira curta-metragem realizada por Jee-woon Kim. Como não sou fã de spoilers, fico-me por um sumário da história: um homem (Bo-seok Jeong) consulta um psiquiatra (Jeong-Won Choi) relativamente ao desaparecimento da mulher uns dias antes. Ele não tem nenhuma recordação dos momentos que antecederam o evento. Entretanto, ela (Hye-su Kim), acorda amnésica noutro lado da cidade e tenta lembrar-se como poderá regressar a casa onde quer ela seja. Aos poucos, ambos começam a recordar os acontecimentos que os levaram àquele ponto… Jee-woon Kim, não é um ilustre desconhecido. É "apenas" o realizador de um marco no cinema de terror coreano: "A Tale of Two Sisters", rodado um ano depois desta curta. E a julgar por este esforço não posso dizer que alguém conseguisse antever o sucesso deste realizador. "Memories" sofre de males como a previsibilidade do enredo e duração excessiva. Se passados dois minutos ainda não tiverem tecido uma hipótese (a mais provável), sobre o que sucedeu aconselho-vos a lerem mais vezes as notícias. A duração está totalmente errada, visto que em cinco minutos a história seria facilmente contada. Não estou a brincar, o enredo é assim tão básico. Suponho que a conversa com Peter Chan se deve ter desenrolado nesta linha: "Consegues desenrascar-me uns 40 minutos de filme?" E pronto. Temos a perspectiva dos dois personagens, o homem e a mulher, ambos a tentar recordar os dias anteriores, uma série de flashbacks, algumas interacções que não contribuem para grande coisa excepto para preencher o tempo e uma tentativa falhada de levar a história para o campo do sobrenatural. Divertem-me as longas sequências de acção zero, qual Manuel de Oliveira. Dois, três minutos a focar a ausência de acção não é artístico, é aborrecido. "Memories" podia ter sido denominada "Insónia", por que os seus longos 40 minutos soam a duas horas de um programa zen. Uma cena de perseguição (alguém me explica o sentido daquilo por favor?) e a cena em que a mulher enfia o dedo na cabeça são as únicas emoções fortes a que a audiência tem direito. A nível visual, "Memories" é a experiência mais interessante da antologia. Mas num mundo ideal, as obras são sustentadas por pouco mais do que apenas os aspectos visuais. Muita parra, pouco sumo. Uma estrela e meia.
Realização: Jee-woon Kim
Argumento: Jee-woon Kim
Elenco:
Bo-seok Jeong como Homem
Hye-su Kim como Mulher
Jeong-Won Choi como Psiquiatra

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Próximo Filme: "Karak" 2011
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