domingo, 27 de novembro de 2011

"White: The Melody of a Curse" (Hwaiteu: Jeojooui Mellodi, 2011)


São fãs de música pop com muita coreografia e gritos de adolescentes histéricas? Acham que as girls band ainda não passaram de moda? Ainda dão um passinho de dança quando vêem um videoclip das Pussycat Dolls? Ainda cantam N*Sync no chuveiro? Se a resposta é afirmativa, então "White: The Melody of the Curse" é o filme indicado para vós.
Pink Dolls é um novo grupo feminino de pop constituído por Eun-joo (Eun-jeong Ham) uma antiga bailarina que é a membro mais velha e líder do grupo, Sin-ji (Maydoni) uma rapper e bailarina, Ah-rang (Ah-ra Choi) que é a face mais bonita do grupo e é obcecada pela aparência e Je-ni (Se-yeon Jin) uma vocalista principal que tem medo de atingir notas altas. O grupo muda-se para um novo estúdio e treinam durante todo o dia para chegar o mais longe possível. Um dia, Eun-joo encontra por acaso, uma antiga cassete VHS com o videoclip de uma música chamada “White”. A música contagiante e a coreografia arriscada gritam sucesso e a sua empresária pouco escrupulosa decide que aquele será o seu próximo single. O ambiente do grupo deteriora-se quando a agência decide tornar uma das raparigas a membro principal, para promover “White”. Inicia-se uma batalha feroz entre elas para se tornarem a número 1 do grupo. À medida que lutam para chegar ao primeiro lugar, a maldição começa a manifestar-se. Ciente de que em breve será chamada a tomar a posição principal, Eun-joo e a sua amiga Soon-ye (Woo-seul-hye Hwang), iniciam uma corrida desesperada para desvendar o mistério por detrás da canção e desfazer a maldição.
"White" é um filme de terror passado nos nossos dias que combina de forma inteligente terror com a cena musical sul-coreana. “White” junta algumas actrizes em ascensão com cantoras bem reais do K-pop (Korean pop). Destaque-se Eun-jeong Ham, vocalista da girls band real T-ara e Maydoni uma cantora também muito apreciada na Coreia do sul. Ambas são capazes de pôr a um canto as capacidades de dança de muito boa gente e ainda por cima cantam bem! O grupo After School foi convidado para interpretar a banda rival Pure. Tudo isto dá uma aparência bastante realista ao filme já que o elenco está bem versado na arte de cantar e dançar na vida real, além de se identificar com os personagens. A simulação de programas televisivos de eleição no país, todo o trajecto dos personagens desde as aulas de canto e de dança aos ensaios, promoções, paparazzi, encontros com fãs à beira de um ataque de nervos e toda a produção à volta do grupo tem um feel bastante aproximado ao género documentário. Foi realizado um trabalho de pesquisa que se denota e os actores, mesmo com um pouco de exagero, vestem bem os papéis.
"White: The Melody of the Curse" retrata uma profissão que exige muito trabalho, dedicação, talento (às vezes) e capacidade de lidar com a podridão que grassa na indústria do entretenimento. Assistimos às invejas, intrigas e tentativas de sabotagem por parte das raparigas para se superiorizarem umas às outras, demonstrando, aquilo de que já todos suspeitavam, a vida dentro de um grupo musical não é um mar de rosas. A somar à discórdia entre elas temos empresários e produtores pouco éticos e até cruéis, vidrados que estão, na máquina de fazer dinheiro. Eles chegam ao ponto de roubar material e de criar embustes à la Mili Vanilli. É um retrato da indústria musical coreana mas bem que podemos encontrar um significado mais profundo na sociedade. Nascida em 88, Eun-joo é já considerada velha para vingar no mundo da música. A sério? E Ah-rang, uma miúda adolescente, já está bem versada na cirurgia plástica apesar de não se lhe afigurar um único defeito no rosto perfeito e imune à passagem do tempo. Muitas trocariam os cremes da Nívea que compraram em toda a sua vida, pela pele magnífica das asiáticas! Somos ainda confrontados com verdadeiros atentados à dignidade humana na forma de predadores sexuais e da escravidão. As raparigas são como pequenos robôs, programadas desde pequeninas para falar e mover-se de determinado modo, ao sabor dos caprichos das agências de talento. Não têm identidade, privacidade ou sequer vontade própria mas, surgem lindas, cantam e encantam. Se uma ilação pode ser extraída de “White” é que o mais importante é a aparência. Não admira que a juventude esteja com os valores trocados! “White” tem uma vertente dramática bastante pertinente nos dias de hoje e conducente a uma reflexão séria sobre os valores que estão a moldar a juventude. Mas se não quiserem uma reflexão séria, a componente de terror chega perfeitamente. Se forem fãs de K-pop ou curiosos do género, as coreografias elaboradas e a banda-sonora dão origem a 100 minutos muito bem passados. “White: The Melody of the Curse” brilha por mérito próprio. Três estrelas.

Realização: Gok Kim e Sun Kim
Argumento: Sun Kim e Gok Kim
Eun-jeong Ham como Eun-joo
Woo-seul-hye Hwang como Soon-ye
Maydoni como Sin-ji
Ah-ra Choi como Ah-rang
Se-yeon Jin como Je-ni
Jeong-su Byeon como Empresária

Tema principal de White aqui.

Próximo Filme: "R-point: Ghost Squad" (Airpointeu, 2004)

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