domingo, 5 de junho de 2011

"Tali Pocong Perawan", 2008

"Tali Pocong Perawan", nome sonante não acham? Infelizmente, é apenas mais um, numa série de filmes com o Pocong. E que é o Pocong, perguntam vocês? Eu respondo. O Pocong é um fantasma indonésio de quem se diz ser a alma de um morto enclausurado nas suas ligaduras. Estas, ou se preferirem, sudário é o que é utilizado pela comunidade muçulmana para cobrir o corpo de um morto. Ele é atado acima da cabeça, debaixo dos pés e no pescoço. Nem na morte há liberdade para um morto! Diz a tradição popular que a sua alma permanece na terra durante 40 dias. Após este período, se os nós não tiverem sido desfeitos, a alma saltará da campa para que os vivos o façam, após o que deixará de vez este mundo. E como está amarrado, o Pocong persegue os vivos dando saltos. Uma ideia: e que tal não atarem o morto para começar?
Aparte as superstições dos vivos, "Tali Pocong Perawan" pouco traz de novo para os ocidentais. É uma triste cópia de "Shutter" (2004). Mas passando à história, Nino (Ramon Y. Tungka) é um jovem slacker, também voyeur, com traços de stalker que passa a vida ao computador ou a espiar o seu irmão Aldo (Ibnu Jamil) a enrolar-se com a namorada Virnie (Dewi Perssik), por quem ele, a propósito, está apaixonado. Querido como só ele, tenta roubar a namorada ao irmão. Como? Ora, da maneira mais razoável e sensata possível. Ele rouba um sudário de uma virgem que morreu recentemente. Curiosamente, ou talvez não, essa jovem tinha-se suicídado, no campus onde eles estudam...
Entretanto, há muitas coisas que me chateiam. Há algum motivo para Nino estar sempre a coçar-se? Inclusivamente nas virilhas? Ewwwwwww... Algo me diz que há sérios problemas de higiene ali. E talvez algo mais, se é que me entendem. Nada disto é de admirar, já que Nino tem o quarto todo desarrumado e ar de quem se levanta da cadeira... raramente. Portanto, além de tentar espiar a namorada do irmão e de a tentar roubar, também tem falta de higiene. Isto não o torna digno de piedade, torna-o detestável. Não se preocupem que há mais: Virnie, também tem uma série de tiques e não é nada likeable, aparte encontrar-se  num estando constante de gata que ronrona mas não convence. Está sempre a provocar Nino e outros homens, de tão senhora que é do seu sexo. Isto funcionaria bem se transmitisse com sucesso uma imagem de femme fatale. Pelo contrário, mais parece uma femme desespérée. Já Aldo, jeitoso que dói, mal diz uma palavra até metade da película e a própria câmara também não se digna a focá-lo, a ele que é a coisa mais bonita de todo o filme! O horror! Depois, vai-se a ver e ele até tem um papel importante! Shame on you! O que me leva ao argumento que é uma grande trapalhada. É como se a meio do filme tivessem despedido o argumentista e contratado outro. Não é como se a primeira parte do filme estivesse a correr bem. A dada altura há uma cena no elevador, que só vos digo isto: "The Eye" (2002). Reviro os olhos e não é de satisfação. Quanto à última parte... Posso repetir "Shutter"? Tem uma revelação surpreendente e inacreditável porque podem acreditar-me, não é de todo convincente. O pouco nexo que existia até então, desapareceu para parte incerta. Há ainda cenas desconexas, comportamentos sem sentido (como é que ela sabia que ele estava no telhado? Uh?) Enfim, mauzinho mesmo. Meia estrela e já estão a ter muita sorte.

Realização: Ari Azis
Argumento: Eviv Elham
Elenco:
Dewi Perssik como Virnie
Ramon Y. Tungka como Nino
Ibnu Jamil como Aldo
Próximo Filme: "Rule number 1" (Dai yat gaai, 2008) + Bónus: trailer com legendas em PT

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