domingo, 24 de abril de 2011

"Shadows in the Palace" (Goongnyeo, 2007)

*Trailer + Legendas em PT

Como as mulheres podem ser umas cabras para as outras. Tanto melhor se têm a liberdade para o serem a coberto das regras da corte, "fecha os olhos, tapa os ouvidos, não fales". "Shadows in the Palace" é um retrato ficcional das mulheres da corte durante a dinastia Joseon, no qual o guarda-roupa e cenários sumptuosos contrastam com um estilo de vida marcado sempre e em primeiro lugar, pela hierarquia e rigidez no comportamento. No entanto, à medida que a acção de "Shadows in the Palace" se desenrola, o comportamento palaciano revela-se paradoxal. Estas mulheres sujeitas a uma conduta regrada pelo silêncio, num cinismo interminável, para não abalar a estrutura vigente, acabam por tudo saber umas das outras. O palácio tem paredes de papel, não há segredos nenhuns! Viver no palácio significa ainda devotar a vida inteira ao serviço da realeza, abdicar da individualidade e dos prazeres carnais. O não cumprimento destes requisitos, traz duras penas, como o filme nos lembrará aliás, com frequência.
A película quase poderia ser um docu-movie, numa incursão pelo que poderão ter sido as vidas das mulheres do palácio, vidas que a História esqueceu, meras sombras que lá passaram. O filme é reminiscente de uma boa história de Agatha Christie, com o seu Hercule Poirot a ser desempenhado por Jin-hie Park que representa Chun-ryung, uma teimosa médica da corte. Chun-ryung é chamada após Wol-ryung (Yeong-hie Seo), aia de uma das concubinas do rei, Hee-Bin (Se-ah Yun) ser encontrada enforcada no seu quarto. A sua morte levanta, desde logo, suspeições, tanto mais que logo se erguem manobras políticas com o intuito de declarar a morte de Wol-ryung suícidio. Contudo, a nossa heroína não se deixa deter na sua persecução da verdade, mesmo que isso signifique colocar em causa todas as mulheres da corte, incluindo ela. É nas intrigas palacianas que o filme melhor funciona, em passo rápido, rico em acontecimentos que não deverão ser ignorados para a compreensão do filme. Existem tantas reviravoltas que podemos perder-nos facilmente a meio do caminho. É o filme ideal para quem gosta de apreciar uma história com calma, de comando na mão pronto a carregar no play, pause e repeat. Mas não se iludam. "Shadows in The Palace" é tudo menos um chick flick, não haverão longas sequências de conversas sobre os sentimentos das protagonistas. Há um sentido de pragmatismo em toda a história. Estas mulheres não se coibem de proceder às práticas de tortura mais horrendas para obterem respostas rápidas. Aviso: não é para os fracos de estômago. Ah e também existe a execução punitiva como modo de fazer das transgressoras um exemplo e plantar a semente do medo nas mentes das mais novas serventes.

Os desempenhos são na generalidade, muito bons. Por fim, a película introduz, já tarde, elementos do sobrenatural que são o verdadeiro calcanhar de Aquiles do filme. A audiência ficaria mais do que satisfeita com um thriller detectivesco na corte. Além destes elementos adicionais não convencerem não acrescentam grande coisa ao desenlace. As pistas acabam por levar a uma conclusão de certo modo óbvia.
Kim Mi-jeong, na sua primeira incursão na cadeira de realizador apresenta um filme que apesar de ter potencial para ser muito melhor não deixa de estar muito bem conseguido. Por isso, "Shadows" recebe umas merecidas três estrelas e meia em cinco.

Realização: Mee-jeung Kim
Argumento: Seok-Hwan Choi, Mee-jeung Kim
Elenco:
Jin-hie Park como Chun-ryung
Se-ah Yun como Hee-Bin
Yeong-hie Seo como Wol-ryung
Próximo Filme: "World Invasion: Battle Los Angeles", 2011

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