Com todo o hype que circundou o filme e, ainda hoje existe, as minhas expectativas foram desde sempre altas. Ok, também não ajudou o facto de já ter visto para aí 60% do filme antes vá. E caíram, ai se caíram, como que de um precipício e vieram a rolar por aí fora, batendo em todas as pedras no caminho. Percebi alguma coisa das intenções de Sono ou acho que percebi, outras nem por isso. Por exemplo, é irónico que numa sociedade onde é virtualmente impossível não estar ligado, não soem gritos de ajuda. Onde os telemóveis, a ligação à Internet e o escondermo-nos por detrás de uma alcunha parecem mais naturais do que dizer simplesmente: "estou deprimido". Talvez seja apenas difícil dizer aos adultos aquilo que se está a sentir ou talvez eles não estejam sintonizados para ouvir, tal é o fosso geracional. Seja como for, "Suicide Club" não deixa de ser uma sátira onde se debate um poderoso jogo de vontades onde eles (os suicidas) ganham e todos os outros em redor perdem. O meu grande problema é que esta reflexão está por baixo de camadas e camadas de J-pop (aparentemente) aleatório já que é preciso chegar ao fim do filme para se compreender o significado da misteriosa banda "Dessert" de miudinhas de 12/13 anos com músicas também, aparentemente, inócuas, um bando de tarados com a mania das grandezas que matam e violam e cuja maior pretensão é a comparação ao Charles Manson e outras tantas distracções.
As actuações não são nada de extraordinário mas também não se pode dizer que exista um grande argumento embora a oportunidade de nos concentrarmos no velho polícia esperto como uma raposa, avesso às novas tecnologias tenha sido claramente perdida. Outra oportunidade desperdiçada foi a de instalar um sentimento de pânico, um sentimento de urgência para a resolução da série de suicídios que começam a varrer o país. Um thriller detectivesco puxaria sempre menos pelos miolos mas seria infinitamente mais satisfatório. Com a cena inicial brutal e brilhante como é, um dos melhores inícios de filmes que já vi (sim, é uma declaração arriscada), sinto que me puxaram o tapete debaixo dos pés. “Suicide Club” promete imenso mas não cumpre. Deixa-nos num intenso êxtase prematuro para chegarmos ao final, com a sensação de que sabemos tanto quanto antes, ou menos, que o raio do filme é confuso. "Suicide Club" ou se ama ou se odeia e eu não amei. Tecnicamente está bem conseguido, há gore, há... Uma grande confusão. Uma estrela.
Realização: Shion Sono
Argumento: Shion Sono
Elenco:
Rio Ishibashi como Detective Kuroda
Masatoshi Nagase como Detective Shibusawa
Rolly como Genesis
Próximo Filme: "Insidious", 2011
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