1) Joon-ho Bong (Coreia do Sul) - O seu nome pode estar para sempre associado ao filme de monstros por excelência com “Host” (2006), tendo provado que este género ainda pode atrair multidões ao cinema. Mas o seu legado é mais forte. Com cerca de uma dezena de filmes no currículo, as suas obras têm tido grande consistência no que toca à sua qualidade e no raro consenso de público e crítica. Este senhor apresenta uma grande polivalência, juntando créditos como realizador, argumentista, escritor das suas próprias obras e até já se estreou como actor. Bong é um verdadeiro coleccionador de prémios, detendo à vontade uma trintena de prémios e nomeações, entre os quais, a recepção do prémio de melhor filme asiático no Festival de Tóquio com “Memories of Murder” (2003), o prémio de melhor realizador no Fantasporto com “Host” em 2007 e a vitória na categoria de melhor argumento dos Prémios Asiáticos com “Madeo” (2009).
2) Hideo Nakata (Japão) – Falar de terror asiático e não mencionar Nakata é como falar de livros de terror e não mencionarmos Stephen King. Pode-se ou não gostar, mas é parte integrante da história. Para os que detestam J-horror, podem colocar um grande alvo em Nakata. Ele não fez mais do que utilizar a lenda dos onryo e torná-la acessível às massas. Pois, que outra obra poderia ser se não o “Ringu” (1998)? Qualquer obra de J-horror que se preze tem algum tipo de inspiração em “Ringu”. Ele foi o responsável pelo filme original e pela sequela assim como os respectivos remakes. Quatro anos depois, lançou “Dark Water” (2004) que também tem o estatuto de culto no oriente mas em Hollywood já não se deu tão bem, estando na origem dos maus resultados de bilheteira dos remakes de filmes asiáticos na América. Nakata tem-se mantido fiel ao género que o lançou e vai estrear no Japão agora em Outubro a sua mais recente incursão no imaginário de terror.
3) Irmãos Pang (Hong Kong) - Há quem considere injusta a sua perpétua associação como uma entidade única mas o legado do seu trabalho realizado em conjunto é superior às contribuições individuais de Danny Pang e Oxide Pang Chun. Responsáveis por “The Eye” (2002), que os catapultou para a fama extrafronteiras, os irmãos gémeos Pang têm tido uma carreira prolífica de pelo menos um a dois títulos por ano, em conjunto ou a titulo individual. Apesar da qualidade e recepção dos seus filmes ser muito variável, não deixa de ser verdade que estes foram dos poucos realizadores asiáticos a ter uma presença maior em Hollywood através de remakes dos filmes “The Eye” (2002), Bangkok Dangerous” (1999) e a película original “The Messengers” (2007). Apesar do sucesso, os irmãos Pang têm-se mantido fiéis ao que melhor conhecem, retratando de inúmeras formas e pontos de vista a cidade de Banguecoque e recorrendo aos mesmos actores como Shawn Yue, Elanne Kwong e Angélica Lee que curiosamente é casada com Oxide.
4) Takashi Miike (Japão) – De todos os realizadores presentes nesta lista, Miike é aquele que apresenta o corpo de trabalho mais chocante. Para este senhor vale tudo. Não há tabu que fique por abordar e quando o faz, não é de maneira soft. Miike, também não deve ser muito apologista de fazer férias visto que chega a fazer cinco filmes por ano! Isto, consistentemente, desde o início dos anos 90! Muitos realizadores ficarão com certeza satisfeitos, se pelo menos um dos seus filmes for conhecido a nível mundial, Miike tem no mínimo quatro: “Audition” (1999), “Ichi the killer” (2001), “Three Extremes” (2004) e “13 Assassins” (2010). Foi também o primeiro realizador japonês convidado a dar a sua contribuição na série “Masters of Horror”. A qualidade da já sua longa carreira é inquestionável mas não é aconselhável ao espectador que fique facilmente repugnado e que não seja adepto de sadismo.
5) Chan-wook Park (Coreia do Sul) – É um dos cineastas sul-coreanos mais celebrados senão mesmo o mais conhecido de todos. É o responsável pela trilogia da vingança, iniciada em 2002 e que se estende a 2005 do qual surgiu o brilhante “Oldboy” (2003). Park tem uma carreira ecléctica e referirmo-nos aos seus filmes como terror é, no mínimo redutor. Digamos que Chan-wook Park tem uma preferência pela exploração da psique dos personagens e pelo que as motiva, em particular, o acto de vingança, que tem sido o tema mais recorrente na sua carreira. Quando foi convidado para participar na antologia de horror “Three…Extremes” (2004) foi precisamente o tema que abordou no segmento “Cut”. Os prémios têm sido uma constante na última década, sendo que Park cometeu a proeza de ganhar o Prémio do Júri em Cannes com “Thirst” (2009) e o Grande Prémio do Júri em 2004 com “Oldboy”. No Fantasporto, também ganhou três distinções com diferentes obras. Park foi ainda um dos realizadores convidados para falar sobre o cinema coreano no documentário francês: “Les renaissances du cinèma coréen” de 2006.
7) Jee-woon Kim (Coreia do Sul) – Kim é mais dado à reclusão que à exposição pública e regra geral deixa o seu trabalho falar por si. Com um currículo menos prolífico que a maioria dos realizadores aqui apresentados, Jee-woon Kim gosta de desenvolver os seus projectos com calma e tende a levar um a dois anos a desenvolvê-los para mal dos seus fãs. A sua obra recente mais conhecida é “I Saw The Devil” (2010) que gerou um intenso buzz quando estreou no Fantasporto e continua a recolher ovações por onde passa. Mas a obra que ninguém esquece é “A Tale of Two Sisters” um filme ultrapremiado a que é dada pontuação no IMDB de 7.4 estrelas! Actualmente, Kim prepara a primeira incursão em Hollywood, num âmbito a que estamos pouco habituados a vê-lo em “The Last Stand”, no qual o actor principal será Arnold Schwarzenegger.
8) Koji Shiraishi (Japão) – Desde que apareceu em cena, há pouco mais de seis anos, Shiraishi já produziu alguns dos filmes mais aterradores de sempre. Ele realizou e escreveu o pouco conhecido e subestimado “Noroi” (2005) filmado em modo de documentário que segue a lenda de um demónio. A obra de Shiraishi surge muito ligada a mitos japoneses e à psicologia por detrás dos assassinos, sendo que estes temas aparecem em filmes como “Carved – a slit mouthed woman” (2007) e “Occult” (2009). Talvez o momento mais polémico da sua carreira tenha sido em 2009, quando realizou “Grotesque” (2009), que chegou a ser banido no Reino Unido devido às imagens fortes que denotam um sadismo sexual e perversão elevados ao extremo. Esta atitude apenas contribuiu para acicatar a curiosidade dos fãs, elevando o filme ao estatuto de culto. Com um estilo reminiscente de “The Blair Witch Project” de utilização de câmara ao ombro mas sem o exagero frenético e uma aposta na exploração do terror em todas as suas vertentes, Shiraishi pode muito bem ser aquele que poderá revitalizar o J-horror.
9) Banjong Pisanthanakun (Tailândia) – É a minha maior aposta pessoal e a mais arriscada visto ter um currículo muito reduzido em comparação com os outros realizadores. No entanto, o que ele faz não tem nada de inexperiente. Pisanthanakun tem a maturidade suficiente para brincar com os clichés que ele próprio ajudou a perpetuar em filmes como “Shutter” (2004) que é considerado um dos melhores filmes de terror de sempre do cinema tailandês e bastante respeitado a nível internacional. “Shutter” foi alvo de vários remakes pela Ásia e em Hollywood, onde foi dos poucos remakes de filmes asiáticos na memória recente a tornar-se um sucesso de bilheteira. Este filme é também muitas vezes referido como a inspiração para vários filmes e cenas. Banjong Pisanthanakun também esteve por detrás de “Alone” (2007) que demonstrou que este realizador conseguia replicar o sucesso inicial. Nos anos seguintes, Banjong foi responsável pelos segmentos “In the Middle” e “In the End”, da antologia de horror "4bia" (2008) e "5bia" (2009) que roubaram todo o protagonismo. Lá, demonstrou o seu sentido de humor, escrita inteligente e sentido crítico sobre o seu próprio trabalho que me deixa curiosa sobre o que irá fazer na colaboração internacional “The ABCs of Death” (2012).
10) Shion Sono (Japão) – Se há coisa de que ninguém o pode acusar é de não ter uma visão única. Seja qual for o filme que faça, por mais mundana que possa ser a sinopse, Sono apresenta um qualquer twist que o diferencia de todos os outros. Tem daquelas obras que se amam ou odeiam. E sim, Sono também não foge aos temas mais inquietantes o que à partida poderá restringir o número dos seus adeptos. Uma obra paradigmática do seu corpo de trabalho é “Suicide Club” (2001) que poucas pessoas terão compreendido (eu incluída). A sua filmografia foi alvo de uma retrospectiva recente no MoteLx onde se incluíram títulos como “Strange Circus” (2005) e “Exte: Hair Extensions” (2007). A sua antepenúltima obra “Cold Fish” (2010) tem criado burburinho: é sobre um psicopata que atira os corpos das suas vítimas aos peixes…
11) Chito S. Roño (Filipinas) – O único representante das Filipinas nesta lista é também um dos realizadores menos conhecidos além-mar. Com uma carreira que ultrapassa um quarto de século, Roño é responsável por alguns dos maiores sucessos de bilheteira no país natal. Com um estilo que abrange todos os géneros, é no horror que o seu talento sobressai. Um bom conhecedor das lendas e mitos filipinos, Roño insere essa realidade no argumento dos filmes que realiza, o que faz aliás, com frequência. Os maiores êxitos da sua carreira incluem “Feng Shui” (2004), “Sukob” (2006), “T2” (2009) e “Bulong” (2011) sendo que este último já foi aqui apreciado. O seu próximo projecto “Hula”, uma conjugação de terror com drama do qual ainda se sabe pouco tem estreia prevista para este ano. Roño obteve maior sucesso e aclamação na segunda metade da sua carreira o que deixa adivinhar mais coisas boas por vir.
12) Kiyoshi Kurosawa (Japão) – Com uma carreira que se estende aos anos 70, Kurosawa pode dar-se ao luxo de abraçar o género que mais lhe apetecer no momento. Não é parente do outro Kurosawa mas a sua extensa obra fala por si. É um verdadeiro homem dos sete ofícios que já fez um pouco de tudo no mundo do cinema: realizador, cinematógrafo, editor, actor… Entre os seus filmes mais conhecidos estão “Cure” (1999) que tem a formidável pontuação de 7,3 estrelas na página do IMDB, “Pulse” (2001) que foi alvo de um remake que foi um fracasso em Hollywood, “Loft” (2005) e “Retribution” (2006) que já passou na TV portuguesa num canal por cabo. Kurosawa não é adepto de sustos fáceis preferindo induzir à reflexão e imprimir a crítica à sociedade moderna japonesa nos seus filmes. O seu próximo projecto é uma série de mistério baseada na obra da escritora japonesa Kanae Minato.
Ps: Alguns dos filmes mencionados nesta lista já foram aqui anteriormente apreciados. Como seria um exagero estar a linkar tudo, se quiserem procurar algum título específico utilizem a caixa de pesquisa na barra lateral à direita.
Excelente top :D Acho que colocaria Jee Woon Kim uns lugares mais acima, mas à parte disso não poderia concordar mais contigo ;) Banjon Pisanthanakun é um realizador que me impressionou bastante com os filmes "Shutter" e "Alone". Especialmente o primeiro, que considero ser dos filmes asiáticos mais assustadores de sempre. Excelente trabalho ;)
ResponderEliminarSarah
http://depoisdocinema.blogspot.comExcelente top :D Acho que colocaria Jee Woon Kim uns lugares mais acima, mas à parte disso não poderia concordar mais contigo ;) Banjon Pisanthanakun é um realizador que me impressionou bastante com os filmes "Shutter" e "Alone". Especialmente o primeiro, que considero ser dos filmes asiáticos mais assustadores de sempre. Excelente trabalho ;)
Sarah
http://depoisdocinema.blogspot.com
Sarah, muito obrigada. Deu muuuuuuito trabalho! Só uma nota, não coloquei os nomes por nenhuma ordem especial. Senão cairia na tentação de por os meus preferidos, incluindo o Banjong, mais adiante!
ResponderEliminar