Por: Francisco Rocha do My One Thousand Movies
Eu não me lembro bem de quando comecei a ver filmes, mas vou presumir que comecei por volta dos 7 anos, altura em que os meus pais compraram a primeira TV. Estávamos então no início da década de 80, e ver filmes era das coisas que mais me agradava, e sinceramente, naquela altura não havia muito mais para fazer, apenas ver televisão ou brincar na rua. Neste tempo, a televisão tinha uma programação realmente decente, e era possível, por exemplo, ver um filme do Douglas Sirk em horário nobre. Acho que graças à televisão adquiri uma coisa que chamo de sensibilidade cinematográfica, uma espécie de sentido que me faz separar um pouco as águas. Sou uma pessoa que gosto de falar apenas dos filmes que me interessam, os que não me interessam simplesmente ignoro.
Esta tarefa de escolher um “guilty pleasure” não é tarefa fácil. São 30 anos a ver filmes, durante muito tempo não tive consciência do que era um Kubrick ou um Tarkovsky, mas tudo isso faz parte da nossa formação cinéfila. O primeiro filme que vi no cinema foi o “A Fúria do Herói”, (First Blood), mas de maneira nenhuma o podia considerar um “pecado cinéfilo”. Vi muita coisa ao longo da minha vida, mas sobretudo, tudo o que vi foi porque quis.
Primeiro, era para ter escolhido a coleção de filmes da Troma. Depois o filme com o nome mais longo, e mais estúpido que já ouvi até hoje: "The Incredibly Strange Creatures Who Stopped Living and Became Mixed-Up Zombies" (acreditem que o filme é tão mau como o título sugere). Mas acabei por escolher um filme “menor”, mas que inconscientemente me causou umas boas gargalhadas.
“The Killer Shrews” é o seu nome, e foi realizado por um senhor chamado Ray Kellogg, em 1959. Felizmente, este senhor só realizou quatro filmes na sua carreira, mas na sua última obra ainda dividiu a cadeira de realizador com John Wayne, em “Os Boinas Verdes”.
O filme conta-nos a história de um cientista, numa ilha remota, que tenta descobrir a cura para a fome mundial, tentando criar uma máquina para reduzir o tamanho das pessoas. Se forem menores as pessoas vão comer menos, se comerem menos haverá menos fome (ideia brilhante, como é que ainda não se pensou nisto no mundo real). Durante a operação algo corre mal, e em vez de diminuir ele acaba por arranjar maneira de aumentar o tamanho de umas criaturas... Quando eu vi as primeiras imagens do filme, pensei que "shrews" fossem cães da pradaria, ou alguma coisa a ver com cães normais. Depois de fazer uma pesquisa no google, descobri que "Shrews" não eram mais do que uns pequenos ratos, também conhecidos por musaranhos. Ou seja, os produtores do filme utilizaram cães para simular ratos gigantes. Ainda tentaram disfarçar a coisa, cobrindo os cães com umas vestimentas para que parecessem ratos gigantes. Mas sem sucesso.
Eu já tenho visto cães fazerem bons papéis no cinema, mas não é este o caso. Dado o orçamento que deve ter sido minúsculo estes devem ter sido os cães-actores mais acessíveis. Em determinados momentos do filme, até se ouvem os ratos-assassinos a...ladrar.
Depois de verem este filme, se cruzarem na rua com um cão mascarado, não desatem a gritar: "Socorro! Um Musaranho Assassino!".
Página no IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0052969/
Um grande obrigado Francisco! Este rato-cão / musaranho foi um excelente momento de entretenimento.
Bom texto do Francisco Rocha, já tenho mais um filme para a minha lista de obra-cinematográficas a ver brevemente.
ResponderEliminarCumprimentos,
Aníbal
Eu é que agradeço o convite, Rita :)
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