domingo, 20 de maio de 2012

Curta #2: "Unholy Women - Hagane" (2006)

Lá dizia a Capuchinho Vermelho à Avozinha: “Ó avó, mas que grandes olhos tu tens” e “Que orelhas tão grandes”. “Esses braços são grandes! Que boca tão grande tu tens”.  Tudo isto para dizer que se parece com lobo, cheira a lobo e fala como um lobo, provavelmente é! Convenhamos que se uma rapariga tiver umas pernas lindas e um saco na cabeça, isto não augura nada de bom. Mas vamos começar pelo início. Primeiro sinal de alerta, o chefe quer que um subordinado saia à força com a irmã dele, Hagane (Hagane Takahashi). Parem tudo, um chefe a querer que um empregado leve a sua irmãzinha mais nova a sair? Algo não cheira bem. Quer dizer, se pensarmos nas implicações, o pior que pode acontecer é o pobre rapaz ser despedido. Então, por quê? Segundo sinal de alerta, a rapariga surge para o encontro com uma mini-saia e, um saco castanho que a cobre até à cintura. Das duas, uma: ou a moça é feia como a noite dos trovões ou algo de terrivelmente errado se passa. Só que depois o moço vê aquelas pernas e não há como lhe dar a volta. Mikio (Tasuko Emoto) sente um misto de repulsa quando ouve os grunhidos de Hagane e vê coisas estranhas como insectos a sair do saco e, fascinação, acentuada pelas pernas alvas e longas, complementadas por uns apetecíveis saltos altos vermelhos. Um encontro do inferno transforma-se num jogo de sedução estranho, no qual ele corre atrás de algo que o enoja, mas não consegue deixar de perseguir, acicatado pelo desejo de agradar ao chefe. Aliás, que grande mestre do calculismo é o homem que escolhe um jovem virginal que se deseja seduzir por um belo par de gambias e não faz mais perguntas.
É uma crítica engraçada ao homem e à sua capacidade de se deixar levar pelo físico, no caso, apenas da cintura para baixo: “Desde que tenha órgãos sexuais serve”. E no entanto, é contado com seriedade. Não é uma comédia no verdadeiro sentido da palavra. Embora, os momentos em que Hagane desata a correr e choca com objectos ou tropeça e cai no chão sejam hilariantes. Ela sempre tem um saco na cabeça que não a deixa ver nada à frente não é? Mas ela tem um apetite sexual saudável e ele é um moço tímido e educado que não quer desiludir o chefe… Digamos que existe um final feliz, para ambas as partes…
“Hagane” é uma curta bizarra e surpreendente. Suzuki e Yamamoto escreveram um argumento com base na piada urbana do “saco na cabeça”, em alusão às mulheres feias e transformou-a em algo mais. De facto, se calhar existe mais do que uma cara feia por debaixo do saco. E a curta-metragem é tão envolvente que dei por mim a pesquisar para saber se a actriz Nahana era mesmo feia. O cinema tem destas coisas. Confunde-se o imaginário com o real e quando isso sucede, sabemos que estamos perante um bom produto de consumo. Três estrelas e meia.

Realização: Takuji Suzuki
Argumento: Takuji Suzuki e Naoki Yamamoto
Tasuko Emoto como Mikio Sekiguchi
Nahana como Hagane Takahashi
Teruyuki Kagawa como Tetsu Takahashi

Próximo Filme: "Prayer Beads - Episode 7: Echoes" (2004)

Só para que não subsistam duvidas, eis Hagane (Nahana).



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