quinta-feira, 23 de agosto de 2012

"The Victim" (Phii khon Pen, 2006)



Ficai a saber que não sou fã do fenómeno de “inception” dentro de um filme, à excepção do filme “Inception” (2010). Já o vimos antes, no igualmente tailandês (é um padrão?!), “Coming Soon” (2008). “The Victim” apresenta uma jovem aspirante a actriz que não consegue arranjar trabalho além da presença em talk e gameshows até que um dia um polícia a recruta para um papel diferente. Ting (Pitchanart Sakakorn) é contratada para fazer o papel de vítima na reconstituição de crimes. O papel assenta-lhe na perfeição e, nem os cenários mais macabros a assustam, desde que efetue os devidos rituais budistas em respeito pelos mortos e peça a sua bênção. É um trabalho é certo mas é mais fácil se a rapariga se convencer a si própria que o que está a fazer ajuda a apanhar assassinos e apazigua mortos. E à medida que Ting se vai tornando cada vez melhor parece que até os mortos ganham a capacidade de ressuscitar… Alerta reviravolta 50 minutos dentro do filme e a rapariga afinal é May, uma actriz que interpreta o papel de Ting e o cenário onde fazem as filmagens está assombrado por um fantasma que faz anunciar a sua presença através dos guizos que pertencem ao seu fato de interprete de danças tradicionais tailandesas.
A premissa inicial é interessante o suficiente para manter a audiência ligada. Quer-se dizer, uma mocinha que ganha a vida a representar cenas de homicídio no qual interpreta uma vítima? É preciso ter estômago. Não sabia que os tailandeses levavam a arte da reconstituição tão a sério. Talvez não mas a ideia é intrigante. Como se não fosse já suficientemente macabra esta ideia, os espíritos dos mortos começam a inquietar-se. Nesse momento, os cineastas pegam numa audiência já cativa e forçam-na a desligar-se de tudo o que conhece e voltar a apaixonar-se por uma nova estória. E isso não tem piada, a sério que não.

Eis que a pobre Ting vira a modelo rica May e o factor simpatia voa pela janela. Uma gaja boa, actriz de sucesso e ainda por cima rica? Raios e coriscos! Que ela arda no quinto dos infernos. A reviravolta na estória traz também a transição de uma classe pobre e imaginamos trabalhadora para uma classe rica e, fútil? Já viram o preconceito associado? Ora, se a narrativa inicial também era pobre em pormenores, podemos dizer que a última metade traz uma opulência de elementos que mais do que ajudar só confundem. Sou apologista de que a audiência pense um bocadinho e descubra por si própria o significado do filme, através de sugestões subtis. Mas levar à confusão, de tal modo que já não se sabe muito bem o que se está a ver e, muito menos, compreendê-lo é um exagero. Rapidamente, personagens que não conhecíamos e, com as quais, não podíamos sentir simpatia, conhecem um fim horrendo. E não nos podíamos interessar menos. A preparação para os sustos não é das piores e, para quem já viu outros filmes made in Thailand, é capaz de ficar agradavelmente impressionado com os efeitos digitais. Porventura, o elemento mais agradável de toda a assombração é o fato de dançarina tradicional. Será o momento mais genuíno dos 108 minutos. A fotografia, bem, julguem por vocês mesmos.
Are you scared yet?
Porque “The Victim” tenta ser tudo e mais alguma coisa, perde-se na ambição. Durante esses breves momentos, sabemos que não estamos a ver mais um filme de rapariga descabelada que bem podia ter sido criado em qualquer país a este e sudeste asiáticos, mas um filme do país livre (Thai). Como (quase), sempre digo e, já se torna tão repetitivo que qualquer dia torno a frase o lema deste blogue é: "na simplicidade que está o ganho”. Se há filmes que são tão simples que até um zombie conseguia perceber a sinopse outros há tão rebuscados que não havia necessidade. E tenho de admitir que os cineastas tailandeses, não são uns de fugir do risco, da Tailândia têm saído filmes bastante arrojados, mas por cada um que resulta, há três ou quatro que dão um tiro no pé. “The Victim” é mais uma “vítima” desta mentalidade kamikaze que proporciona uma experiência desigual pois, que qualquer pessoa com o mínimo de sensibilidade poderá pensar que está a ver uma colagem de dois filmes diferentes. Cada um deles tem os seus méritos mas como um todo não funciona. Que desperdício. Duas estrelas e meia.

Realização: Monthon Arayangkoon
Argumento: Monthon Arayangkoon, Shi-Geng Jian e Sompope Vejchapipat
Pitchanart Sakakorn como Ting/May
Apasiri Nitibhon como Meen/Oom
Kiradej Ketakinta como Tenente Te
Penpak Sirikul como Fai

Próximo Filme: "Natural City" (2003)


MINI SPOILER

Este tipo faz lembrar ou não o filme "The Ring" aka miudinha no armário?




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