Diz que as coisas boas vêm aos pares. É mentira. Tudo é melhor em trios. Nunca foi tão evidente num filme. Um dos melhores trios do cinema de acção constituído por o realizador Wilson Yip, o argumentista Kam-yeun Szeto e o actor Donnie Yen, ainda que não no melhor registo daquilo que já demonstraram (“Kill Zone, 2005), conheceu o seu fim este ano com a morte precoce de Szeto vítima de cancro do pulmão. Morrer antes do 50, é um atentado contra a humanidade. Quantas mais estórias de acção não ficaram por escrever? “Flashpoint” é mais uma entrada na longa série de filmes baseados em Hong Kong, no perigo mundo das tríades e polícias infiltrados. “Infernal Affairs” (2002) vem rapidamente à mente e o seu remake “The Departed” (2006) também, mas a nova reencarnação não tenta sequer chegar aos calcanhares destas obras. É antes mais um motivo para ver Donnie Yen a arregaçar as mangas e espancar o mauzão mais mau de todos. E a malta aplaude por que enfim, apesar de o actor ter um sorriso pepsodent e um abdómen híper desenvolvido, falta-lhe a altura e outros encantos para ser considerado um sex symbol. Louis Koo está muito melhor entregue nesse papel. Não. O que a malta quer é ver Donnie Yen dar pancada, minutos ínfimos para deixar a assistência tão cansada como se ela própria tivesse acabado de completar uma aula de pump no ginásio. A dada altura ele até tira o casaco de cabedal, depois de uma longa sequência, para demonstrar que o vilão vai dar um pouco mais trabalho do que os outros estão a ver?
Uma dos pormenores refrescantes que, de resto, já vimos antes é a irmandade policial. Normalmente há sempre um sargento maldisposto, uma outra dupla de detectives que tem animosidade para com os heróis, no caso estamos perante uma equipa unida, disposta a dobrar as regras para deixar o caminho livre para o senhor que resolve os problemas onde eles existirem, Jun Ma. São precisos pelo menos 50 minutos até que a acção a sério tenha lugar e quando vem é rápida e furiosa, empacotado em estilos combinados de artes marciais: kung fu, muay thai, jiu jitsu, boxe… É só pensar num estilo que provavelmente algum dos elementos dessa forma de luta terão sido inseridos. O que me leva à questão premente. A extraordinária exibição física demonstrada pelos actores/lutadores fazem de “Flashpoint” um bom filme? Não mas tem elementos bastante bons, desde a coreografia das sequência sde acção às perseguições de carros e o desempenho de Koo. Mas lá está, se vão ver um filme cujo trailer promete cenas fantásticas de luta, tudo o que disse antes são apenas balelas. Redunda nas vossas expectativas. Duas estrelas e meia.
Realização: Wilson Yip
Argumento: Kam-yuen Szeto e Lik-kei Tang
Donnie Yen como Jun Ma
Louis Koo como Wilson
Collin Chou como Tony
Ray Lui como Archer
Fan Bingbing como Judy
Yu Xing como Tiger
Próximo Filme: “The Good, the Bad, The Weird” (Joheunnom nabbeunnom isanghannom, 2008)
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