domingo, 25 de novembro de 2012

“Flashpoint” (Dou fo sin, 2007)



Diz que as coisas boas vêm aos pares. É mentira. Tudo é melhor em trios. Nunca foi tão evidente num filme. Um dos melhores trios do cinema de acção constituído por o realizador Wilson Yip, o argumentista Kam-yeun Szeto e o actor Donnie Yen, ainda que não no melhor registo daquilo que já demonstraram (“Kill Zone, 2005), conheceu o seu fim este ano com a morte precoce de Szeto vítima de cancro do pulmão. Morrer antes do 50, é um atentado contra a humanidade. Quantas mais estórias de acção não ficaram por escrever? “Flashpoint” é mais uma entrada na longa série de filmes baseados em Hong Kong, no perigo mundo das tríades e polícias infiltrados. “Infernal Affairs” (2002) vem rapidamente à mente e o seu remake “The Departed” (2006) também, mas a nova reencarnação não tenta sequer chegar aos calcanhares destas obras. É antes mais um motivo para ver Donnie Yen a arregaçar as mangas e espancar o mauzão mais mau de todos. E a malta aplaude por que enfim, apesar de o actor ter um sorriso pepsodent e um abdómen híper desenvolvido, falta-lhe a altura e outros encantos para ser considerado um sex symbol. Louis Koo está muito melhor entregue nesse papel. Não. O que a malta quer é ver Donnie Yen dar pancada, minutos ínfimos para deixar a assistência tão cansada como se ela própria tivesse acabado de completar uma aula de pump no ginásio. A dada altura ele até tira o casaco de cabedal, depois de uma longa sequência, para demonstrar que o vilão vai dar um pouco mais trabalho do que os outros estão a ver?
Donnie Yen é Jun Ma o típico polícia que não acata ordens de ninguém e cuja população terá sérias duvidas se o remédio não será pior que o mal. Por onde passa deixa um rasto de feridos. Brutalidade policial? Pfff, não o façam mas é perder tempo. O tempo que não está nas ruas é tempo para mais um criminoso cometer um crime (e ele não custar centenas se não, milhares, ao erário público). Louis Koo é Wilson, um polícia que já se cruzou antes com o caminho do crime e graças a esse passado, conseguiu tornar-se com sucesso no capanga de serviço de uma nova tríade de irmãos vietnamitas que querem entrar no “mercado”. Não que eles precisem de um capanga, talvez mais um condutor de serviço. Eles dominam Artes Marciais Mistas ou (MMA) e destroem todos os que se atrevem a cruzar-se no seu caminho. O chefe é Tony (Collin Chou) que decide entrar em guerra aberta com uma tríade local. Collin Chou é mais conhecido como o Seraph de “Matrix Reloaded” (2003) mas a carreira nunca deslocou a ocidente, onde também Donnie Yen pode relatar uma experiência similar. Está relegado para papéis que envolvem toda a sua destreza física no cinema de acção de Hong Kong, não que isso seja mau e segundos planos para os “Infernal Affairs” deste mundo. Repito, não é como isso também fosse mau. Tudo parece correr bem até que Tony, o irmão com maior número de neurónios, junta as peças e descobre o segredo de Wilson. Jun Ma terá de utilizar toda a sua destreza física, já que não é a carta mais inteligente do baralho para conseguir salvar Wilson de um final trágico.
Uma dos pormenores refrescantes que, de resto, já vimos antes é a irmandade policial. Normalmente há sempre um sargento maldisposto, uma outra dupla de detectives que tem animosidade para com os heróis, no caso estamos perante uma equipa unida, disposta a dobrar as regras para deixar o caminho livre para o senhor que resolve os problemas onde eles existirem, Jun Ma. São precisos pelo menos 50 minutos até que a acção a sério tenha lugar e quando vem é rápida e furiosa, empacotado em estilos combinados de artes marciais: kung fu, muay thai, jiu jitsu, boxe… É só pensar num estilo que provavelmente algum dos elementos dessa forma de luta terão sido inseridos. O que me leva à questão premente. A extraordinária exibição física demonstrada pelos actores/lutadores fazem de “Flashpoint” um bom filme? Não mas tem elementos bastante bons, desde a coreografia das sequência sde acção às perseguições de carros e o desempenho de Koo. Mas lá está, se vão ver um filme cujo trailer promete cenas fantásticas de luta, tudo o que disse antes são apenas balelas. Redunda nas vossas expectativas.  Duas estrelas e meia.
Realização: Wilson Yip
Argumento: Kam-yuen Szeto e Lik-kei Tang
Donnie Yen como Jun Ma
Louis Koo como Wilson
Collin Chou como Tony
Ray Lui como Archer
Fan Bingbing como Judy
Yu Xing como Tiger

Próximo Filme: “The Good, the Bad, The Weird” (Joheunnom nabbeunnom isanghannom, 2008)

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