“Ghost Sweepers” não faz nenhuma tentativa de esconder os seus objectivos: estremecer nalgumas partes e rir a bandeiras despregadas noutras. Numa delas falha espetacularmente. Querem adivinhar?
Toda a construção da narrativa assenta na introdução aos personagens, cada uma distintiva. O guarda-roupa ajuda a esse trabalho mas as personalidades transparecem como, por exemplo o professor algures entre o ocultista dividido entre a nobre profissão e o estrelato, o engenheiro que pretende validar a existência de vida além-morte através do método científico mas se revela um homem frágil ou a jornalista com um exterior mais forte do que os óculos de massa grossa deixam antever. Por desenvolver ficam o monge Shim-in que possui um “terceiro olho” que lhe permite ver mais do que os colegas ou a taróloga giríssima mas perigosa. É difícil decifrar o que terá passado pela cabeça do argumentista Seong-hwi Kwon para deixar à margem duas das personagens com maior potencial. Como é possível descartar a capacidade de visão de fantasmas ou não explorar o facto de uma mulher atraente optar por um caminho solitário e com pouca credibilidade. Outra aposta fraca de caracterização é o traje jornalístico de Chan-young e os óculos da praxe. Será assim tão complicado marcar uma personagem na mente das audiências e conferir-lhe autenticidade sem a “vestir” como tal?
Ou o guarda-roupa é um engodo para esconder outras fraquezas de construção da personagem? Seria de pensar que teriam maior confiança numa actriz que entrou em filmes como “Hello Ghost” e “Tidal Wave”… Mas nem tudo são percalços. Os momentos de comédia, sobretudo os que assentam na inversão de papéis entre Suk-hyun e Chan-young são uma delícia. Ele como homem frágil e ela uma mulher mais dura que o exterior deixa ver. A transição para os momentos mais sérios é o que destrói a leveza que tinha sido conquistada com uma série de gags refrescantes. E depois apresentam tantas estórias secundárias que a dada altura percebemos que "Ghost Sweepers" não é nada o filme de amigalhaços shamans que nos quiseram vender. Porque é que nos fazem apaixonar por um filme e depois decidem que afinal não era o que pretendiam? “É um filme de terror! Ah e tal desculpem!” A sério Coreia?! A transição entre comédia e terror ou comédia e drama é um acto de equilibrismo que muito poucos conseguem atingir, vide “Hello Ghost”. Não é com certeza o realizador do “Chaw” (Javali gigante assassino) que vai conseguir acertar na fórmula. Fiquem-se pelo que sabem e fazem bem. Duas estrelas.
Realização: Jeong-won Shin
Argumento: Seong-hwi Kwon
Soo-ro Kim como professor Park
Do-won Kwak como Shim-in
Je-hoon Lee como Suk-hyun
Ye-won Kang como Chan-young
Kyung-mo Yang como Wol-kwang
Yoon-hye Kim como Seung-hee
Próximo Filme: "Paranormal Activity 2: Tokyo Night" (Paranomaru akutibiti: Dai-to-shô - Tokyo Night, 2010)
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