Eles dizem que não é um festival de cinema. Eu acho que estão a enganar-nos.
O Not a Film Critic esteve presente na “Not a Scary Session” de dia 31 de Maio, no auditório Carlos Paredes para uma mini-maratona de curtas-metragens que “não metem medo ao diabo”. E se a sessão sofreu um atraso que fez com que a audiência apenas deixasse o auditório muito depois da hora que os pediatras aconselham a que as criancinhas estejam na cama a dormir, mal se deu pelo tocar das 12 badaladas. Aqui fica a primeira parte de uma viagem pelo jovem talento do cinema nacional.
“O Troco”
Alguém disse micronarrativa? É cool e tem mais piada que 90% das propostas de agências de “criatividade”. Mas é uma curta? Desbastem uns segundos a mais de “O Troco” e têm um anúncio ao chocolate Mars. Soraia, embora? Duas estrelas e meia.
Realização: Soraia Ferreira
Duração: 3 minutos
“Walkie - Talkie”
Luís e Mário são dois seguranças de um estúdio de televisão que preferem ficar a jogar Mario Bros a fazer a ronda no estúdio de Televisão onde trabalham. Numa noite alucinada, (demasiado jogo dá nisto), Luís e Mário acabam engolidos pelo aspirador do Velho homem das limpezas conjuntamente com a barata gigante e faladora Kedixktem. “Walkie & Talkie” parece o sonho cor-de-rosa da malta que desejava nunca ter saído dos 80’s, que jura a pés juntos que o Super Mário é e será para todo o sempre, o melhor jogo para consola alguma vez criado e que ligava às 3 da manhã para as televendas quando ainda não existia TV por cabo porque não tinha nada para fazer. “Walkie-talkie” também não fica a dever nada à experimentação com drogas alucinogénias, que o roubam de qualquer sentido mas, foi ou não, a maior trip da sessão? Três estrelas e meia.
Realização: João Lourenço
Duração: 9 minutos
“Cool”
A sinopse desta curta diz qualquer coisa como: Zé Barata, agente especial da União Nacional de Cervejas, recorda os tempos de novato, nomeadamente o duelo com Jorge, o Terrível, no dia em que passa o testemunho ao irmão mais novo, Chico Barata. Esta curta que tem feito as rondas dos festivais só tem um problema: tenta ser fixe. E não é preciso. Bastaria a Zé contar a estória do seu encontro com Jorge, o Terrível, (Joaquim Nicolau na sua melhor imitação de Clint Eastwood). A sua interpretação de agente Smith versão hipster em contraste com o “Saloon”, onde os putos jogam matraquilhos e os velhos que jogam à sueca onde uma má cartada poderá significar desatar aos tiros (num sentido metafórico vá), tem tanto de anacrónico como de bom: a cerveja e a guitarra portuguesa não enganam, estamos mesmo em território nacional. Façam-me só um favor: dêem um chapéu de cowboy ao Joaquim Nicolau e ficamos com um “Matrix Western em português”. Três estrelas.
Realização: João Garcia, João Rodrigues e Francisco Manuel Sousa
Duração: 10 minutos
Próxima Publicação: NAFF – Not a Film Festival: Not a Scary Session – Parte 2
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