Encontram facilmente o filme com legendas em inglês
Jin-yeong Seo (Hie-jong Kang) está tão agarrada à morte que, se a inicio a sua casmurrice é digna de pena, torna-se irritante a partir do momento em que descobrimos o motivo por trás da sua decisão. Como pode uma rapariga nova agarrar-se assim à depressão? Já Hyeon-jun (Hyeon-jun Shin) vai além do habitual assassino profissional que descobre possuir sentimentos profundos acerca do seu alvo. Ele é uma personagem extremamente complexa, com motivos muito mais razoáveis para ponderar, ele próprio findar a sua vida. A mãe alcoólica é, de certo modo, uma versão mais velha de Jin-yeong, uma pessoa que desistiu e que é carregada pela vida, matando-se aos poucos mediante a droga da sua escolha, a bebida, que provoca, também ela, o adormecimento da psique de Hyeon-jun. Em última análise, Hyeon-jun escolheu aquela profissão porque tem problemas com a mãe. Ela é o seu modelo. E ele espera, inconscientemente talvez, que o trabalho que desempenha lhe traga a morte visto que ele não é capaz de o fazer. Mas chega de falar da morte, que este filme é sobre a vida.
“Kiss me, Kill me” apresenta personagens não muito simpáticos, apesar de nos fazerem rir entre sketches saídos de uma película puramente cómica. Depois do momento de gargalhada, lembramo-nos que um dos personagens tinha uma corda ao pescoço ou está rodeado de dezenas de latas de álcool vazias.
Duas almas sozinhas encontram-se e vivem felizes para sempre? Vejo pelo menos dois obstáculos: o facto de Jin-yeong não poder ficar sozinha muito tempo sob pena de tentar suicidar-se e esta ter pedido dinheiro a agiotas para encomendar a sua própria morte. Se sobreviver vai ter de pagar a dívida, com juros. Qualquer dos actores principais está à altura da tarefa de nos fazer compreender e apreciar, a seu tempo, personagens pouco acessíveis. E ainda bem que assim é senão, “Kiss me, Kill me” seria um affair bastante tedioso. Os filmes coreanos são conhecidos pelo ritmo vagaroso, mas este é o exemplo perfeito dessa crença. Se a audiência não estiver disposta a aguardar pela recompensa mais vale nem arriscar. A narrativa está ainda pejada de coincidências demasiado convenientes para ser verdade. Como se estivessem a adequar a realidade à ficção e não o contrário. O que podemos extrair destas opções é que “Kiss me, Kill me”, a despeito do enfoque num cenário negro tem alma de comédia romântica. E na verdade, não vejo como podia não apostar naquele ao fim de apenas um quarto de hora de filme. Não queria que a dor levasse a melhor sobre eles. Porque se até aqueles personagens têm hipótese de salvação, significa que há esperança para todos. Três estrelas.
Realização: Jong-hyeon Yang
Argumento: Jong-hyeon Yang
Hyeon-jun Shin como Hyeon-jun
Hie-jong Kang como Jin-yeong Seo
Hye-ok Kim como Yeo-kyeong Yun
Cheol-min Park como Man-su Lee
Seong-mo Jeong como Geum-su Na
Woo-chang Shim como Sang-bok Ahn
Próximo Filme: "King's Game" (Osama gemu, 2011)
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