A blogger que mais amam completou X primaveras em Novembro (não estavam mesmo à espera que dissesse quantos aninhos fiz, pois não?) e decidiu que a melhor forma de comemorar esse grande evento seria procurar um filme retro, de preferência sobre um aniversário – que esta pessoa não tem jeito para metáforas –, e chorar para o ecrã enquanto assiste a algumas mortes originais (à época). Como tal e bem poderão inferir, a semi-ausência desta excelsa pessoa deveu-se a estar a fazer “coisas”, aka há vida além do computador e filmes para ver sobre os quais nunca irão ler uma linha escrita por mim.
De facto, de há uns tempos a esta parte, esta pessoa tem-se entretido a recuperar alguns clássicos americanos (incluindo Canadá), nomeadamente ente o final dos anos 70 e inícios dos anos 80 (“Halloweeen”, Tourist Trap”, “Black Christmas”, The Funhouse”, por aí fora). Enfim, os anos que verdadeiramente importam, no que toca ao subgénero slasher americano e redescobri duas questões: que os filmes eram tão mais divertidos na altura e as mulheres eram ainda olhadas com uma visão ingénua. Talvez uma bomba sexual, talvez uma frágil donzela mas, raramente uma assassina. Insólito para um blog que faz vida da desmontagem do mito da descabelada que sai de aparelhos eléctricos e mata as suas vítimas de susto.
“Happy Birthday to me” segue a fórmula quando esta ainda nem sequer era identificada como tal. Uma heroína frágil, um grupo mais ou menos extenso de jovens que irão sofrer uma morte horrenda e um assassino com requintes de malvadez. Para quem aprecia o género pouco mais se exige, não é? Ginny Wainwright, interpretada por Melissa Sue Anderson que tenta descolar-se da sua personagem em “Little House on the Prairie” (1974-1983) pertence à elite de jovens ricos da Academia Crawford que se auto-denominam “Top Dez”. Ela esteve uns anos afastada devido a um evento traumático no passado. Quando os amigos começam a ser assassinos por um desconhecido, as memórias dolorosas que tinham recalcado são despoletadas. Segue-se um jogo de interrogações: é Ginny a culpada ou não? Se não, quem será? Porque se não, a realização está a fazer um esforço tremendo para que todos os caminhos vão dar a Ginny…
Sendo um clássico “Happy Birthday to me” acerta em todas notas habituais excepto na da nudez. Quase um dado adquirido, nos filmes anteriores e nos que lhe seguirem em “Happy Birthday to me” o expoente máximo de marotice é quando Etienne (Michel-René Labelle) rouba umas cuecas do quarto de Ginny. O cinema americano alimentando o sonho de stalkers desde sempre. O elenco é deliciosamente terrível. Ver adultos a interpretar adolescentes hormonais com as falas mais pirosas de sempre é aquilo de que são feitos os sonhos tecnicolores dos anos 80. É isso e os penteados e roupas datados. E tentar imaginar o que terá acontecido com as carreiras daqueles actores após o filme. Tirando um Matt Craven reconhecível, a obscuridade e a idade ocupou-se de todos eles. Apesar de datado “Happy Birthday to Me” é tudo quanto se poderia esperar de um slasher. O assassino é elusivo e algumas mortes são interessantes. Ter pena de "miúdos" que pertencem a um clube de elite que personifica tudo o que está mal com a sociedade contemporânea é para fracos. De destacar uma morte que faz recordar o incidente mortal infeliz de Isadora Duncan, o pior pesadelo de um halterofilista e ainda a cena icónica que teve direito ao poster clássico do filme, “morte por uma espetada”. A ideia é bastante superior à concretização mas que é inventivo, isso, ninguém pode negar. De referir que, com um bom número de personagens para matar, o filme é sempre abrir. Para os habituados ao género “Happy Birthday to Me” não assustará mais do que as criancinhas que espreitam pela primeira vez por entre a fresta de uma porta para descobrir o que é o “terror” e porque é que os mauzões dos pais não a deixam assistir àquilo. Vale mais pelo jantar diabólico final, onde um plano maléfico é revelado, com o velho crime passional com laivos de complexo de Electra e muito mimo à mistura a constituírem o motivo, enquanto se entoa a solitária canção: “Parabéns a mim”...
O melhor:
- Mortes inventivas
- Segue fórmula slasher à risca (se gostarem disso claro)
- Faz-nos suar para tentar perceber quem é o assassino.
O pior:
- Reviravolta final
- Datado
Realização: J. Lee Thompson
Argumento: John C. W. Saxton, Peter Jobin e Timothy Bond
Melissa Sue Anderson como Virginia “Ginny” Wainwright
Glenn Ford como Dr. David Faraday
Lawrence Dane como Hal Wainwright
Sharon Acker como Estelle Wainwright
Frances Hyland como Mrs. Patterson
Tracey E. Bregmam como Ann Thomerson
Jack Blum como Alfred Morris
Matt Craven como Steve Maxwell
Lenore Zann como Maggie
David Eisner como Rudi
Lisa Langlois como Amelia
Michel-René Labelle como Etienne Vercures
Richard Rebiere como Greg Hellman
Lesleh Donaldson como Bernadette O'Hara
Próximo Filme: "Rigor Mortis" (Geung si, 2013)
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