Boa sorte para conseguir encontrar um trailer decente com legendas, pelo menos, em inglês. |
Julia Mannerla (Krista Kosonen) é uma advogada que foi contratada para deter a destruição de um lago que deverá dar lugar a uma central de energia. Há muitos anos Julia morou naquele local com os pais antes de se mudar para Helsínquia. As memórias de infância não são agradáveis pois coincidem com o período em que a mãe adoeceu, dando lugar a uma mulher instável que nem reconhece os familiares a melhor parte do tempo. Julia tem ainda uma relação difícil com o pai mas ela é obrigada a apoiar-se neste pois está a divorciar-se e o filho Niko (Viljami Nojonen) ainda não tomou real consciência das consequências da separação dos pais. Como é de imaginar, o timing para a defesa de uma causa ambiental, num sítio que lhe traz memórias de eventos tristes, em pleno Verão e a braços com um filho menor não poderia ser pior. Ademais, a recepção dos habitantes do lago Hallow é hostil. Eles recordam-se de uma antiga família Mannerla que morou ali antes e da qual não guardam nem saudades nem simpatia mas se calhar, a chegada de uma advogada da capital que vem de repente dizer-lhes como viver, quando o lago nunca constituiu uma fonte de riqueza é demasiado atrevimento. Quanto a eles o lago pode desaparecer para todo o sempre, a protecção do ambiente é totalmente secundária perante a possibilidade de uma indemnização e um emprego estável. Para aumentar o stress de Julia, o local onde está alojada de modo temporário com o filho é a antiga escola primária, agora degradada e cuja canalização tem vontade própria. Entre o risco de uma inundação e infiltrações que colocam em causa a própria qualidade do ar que respiram, o lago não faz muito pela sua defesa. Niko encontra-se no seu estado mais desobediente e desafiante e insiste em aproximar-se dele, a despeito das ordens da mãe.
As semelhanças de “Body of Water” com o mais recente “The Babadook” (2014) quedam-se pelo desespero de um mãe cujo mundo ruiu à sua volta, com ela a assistir e sem nada poder fazer para o deter. A maior riqueza, a única que lhe resta é o filho. E a sua perda fará desabar o que resta das suas forças e sanidade. “Body of Water” tem um desenlace cuja explicação só é possível se considerarmos o receio dos argumentistas de que a audiência pudesse ficar de algum modo angustiada e, por outro lado, a manutenção do status quo da “existência de uma reviravolta” somente porque hoje em dia, já não é cinematograficamente aceitável que a narrativa seja linear. Como se a existência de uma reviravolta garantisse o efeito choque. Além disso, “Body of Water” sofre com uma personagem principal que tem uma história de fundo muito bem desenvolvida mas depois toma as decisões mais idiotas que se possam imaginar. Quando se realiza o teste da empatia, na pele de Julia poucos tomariam as decisões desta personagem. Restam os aplausos para a cinematografia que apoia a hipótese fantástica que é colocada em cima da mesa sem nunca esquecer as agruras da vida real. Duas estrelas e meia.
Realização: Joona Tena
Argumento: Pekka Lehtosaari, Joona Tena e Mikko Tenhunen
Krista Kosonen como Julia
Kai Lehtinen como Leo
Viljami Nojonen como Niko
Peter Franzén como Elias
Risto Aaltonen como Lantto
Kari Hietalahti como Koskela
Terhi Panula como Saara
O melhor:
- A personagem de Júlia
- Inspiração no folclore local
- A banda-sonora
O pior:
- Previsibilidade da estória mata o potencial e a possível excitação da audiência
Próximo Filme: "Macabre" (Rumah Darah, 2009)
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