domingo, 22 de março de 2015

MONSTRA a todo o vapor! - Parte 2


Gosto de pensar que a minha versão da “MONSTRA” foi parca em quantidade mas rica em termos de qualidade. De uma sexta-feira 13 de documentário, saltei para uma segunda-feira de “Pos-eso”, longa-metragem em stop-motion diretamente inspirada de um “The exorcist” e outros inúmeros filmes indissociáveis da evolução da história de cinema de terror (e não só) sem perder um travo caliente. Desde “Evil Dead” a “A trip to the Moon” de Méliès, passando por “The Omen”, nada escapa a Sam, e realizador e escritor com um sentido de humor caustico e, para mal dos pecados católicos, herege. A melhor bailarina de Flamenco do mundo, Trini (Anabel Alonso) tão fogosa na paixão quanto na dança, tem um casamento relâmpago com o melhor toureiro à face da terra. Uma relação que faz correr tinta pelas revistas cor-de-rosa espanholas que auguram o melhor para Damian (Santiago Segura), o filho de ambos. Após a morte do marido num acidente terrível, qual cruel partida do destino Trini entra numa espiral de depressão que a impede de reconhecer que há algo muito errado com o filho. Cabe pois ao padre Lenin (Josema Yuste) que enfrenta uma grave crise de fé salvar Damian do demo. Podia pôr-me a palrar sobre a falta de originalidade e apego demasiado aos filmes que o inspiraram. No entanto, a animação estava fantástica e nenhuma piada caiu no vazio. Não se ouviram grilos. Quando muito, houve espectadores mais atentos que solicitaram a outros que se calassem. As piadas auto-referênciais tendem a ter esse efeito. Sala cheia, ambiente excelente mas não foi filme para Grande Prémio.



De regresso ao Cinema Ideal e, em dia de “The Tale of The Princess Kaguya” no São Jorge, eis que a Sessão “Terror Anim – Amaldiçoados” esteve quase deserta. Com menos de metade da sala preenchida aparentava estarem presentes apenas os fãs do cinema de terror, ainda que em doses residuais. Sessenta e um minutos de sessão não se assemelha a muito, pois não? “Amaldiçoados” é um festival de curtas-metragens de terror que se realiza anualmente no Brasil. A MONSTRA teve a feliz sorte de apresentar 12 curtas entre prémios do júri e do público do festival da edição de 2014. Os resultados foram… mistos. Entre as melhores propostas as curtíssimas “Super Venus”, “The Zombie Survival Guide” que mais parecem uma crítica aos cânones de beleza do séc. XXI e um panfleto animado sobre como sobreviver ao impensável, respectivamente e “The Taxidermist” em que o homem que dava vida àquilo que morreu encontra ele próprio o Fado. “Unhudo” é um caso estranho, baseado numa lenda que terá merecido o voto mais pela proximidade do que pela estória ou animação e quanto menos se disser sobre ele melhor. Uma curta visualmente impressionante mas que me deixou ambivalente foi “The Obvious Child”. É uma curta espantosa, perturbadora, aquilo de que são feitos os pesadelos e difícil de digerir. Então que sentimento é este que me impede de avançar com algo mais do que um “não sei se gostei”? De entre as diversas sessões foi a que me deixou mais insatisfeita, pela diferença óbvia na qualidade entre as propostas, pela baixa qualidade de algumas, porque queria mais… Uma sessão que não ficará para a história. Já nas longas-metragens seguintes, conseguiria encontrar mais motivos para ficar contente. Mas para isso, terão de esperar.

PS: Entretanto fiquem com os vencedores.


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