domingo, 2 de agosto de 2015

“Sharknado 3: Oh Hell No!”


O canal SyFy fez dos filmes maus uma forma de arte. Onde outros com parcos recursos tentam fazer o melhor possível, o SyFy contínua convicto e orgulhoso na senda do pior possível para o maior número de gargalhadas. Algures ao longo do ainda curto percurso do canal, alguém decidiu apostar na fórmula fascinante dos “filmes tão maus que se tornam bons”. Por mais películas e séries, live-action ou animadas, que veja, recuso-me a acreditar que apenas com uma conta bancária recheada se conseguem concretizar bons projetos. Se existir uma boa estória, o céu é o limite. Mas também não posso afirmar que o inverso não seja verdade. Com uma narrativa ridícula talvez não se realize o filme do ano, se calhar nem no top 100 dos melhores filmes, mas uma experiência cinematográfica agradável está ao alcance de todos.

Adorava ser mosquinha na sala onde os criadores do primeiro “Sharknado” começaram a dar corpo à ideia. O que é que aterroriza mais as pessoas quando se encontram dentro do grande azul? Tubarões. Que fenómenos meteorológicos mais assustam os americanos? Tornados. Que actores reconhecíveis mas desesperados o suficiente para aceitar qualquer papel é que estão disponíveis? Um tipo do “Beverly Hills: 90210”, a loira gira do “American Pie” que destruiu a carreira à conta do álcool e actores de série C ou icónicos que já ninguém contrata.
Um incidente meteorológico que desafia a lógica da ciência gera um tornado com tubarões de diversas espécies no meio de centros populacionais. Encurralados pela intempérie, Fin (Ian Ziering) e amigos tentam salvar a família deste, incluindo a ex-mulher April (Tara Reid). Todos, incluindo aqueles actores por quem tiveram em algum momento uma certa estima, podem ser atacados e mortos do modo mais inventivo e idiota que possam imaginar: cortados ao meio por um tubarão, engolidos por inteiro ou até esmagados por um tubarão baleia. Melhor só mesmo as armas que os actores encontram para derrotar o peixe, como serras eléctricos, machados, bombas… Tudo é possível. A miscelânea de maus efeitos especiais, com uma estória em que nem uma criança de cinco anos acreditaria e actores que representam como se estivessem a ler um teleponto deviam ser ingredientes para o fracasso. Mas o resultado, absurdo e incrível em partes iguais é um sucesso tão estrondoso que hoje em dia, estrelas de cinema e televisão imploram para fazer um cameo na série. O ridículo vende e “Sharknado” nunca se assumiu como nada mais do que isso. Parte da piada advém do facto de todos os envolvidos no projecto saberem que a acção é absurda. Os actores disparam one-liners como quem respira e as referências à cultura popular são quase inquantificáveis. No universo de “Sharknado 3: Oh Hell No!” os tornados com tubarões surgem a qualquer momento para assassinar a vossa personalidade favorita ou mais detestada (Chris Jericho, Matt Lauer, David Hasselhoff, Kendra Wilkinson…) A trequela não é mais do que a repetição dos gags que funcionaram nos filmes que o antecederam, o primeiro focado nas “origens” do fenómeno e estabelecimento da dinâmica familiar, o segundo a aproveitar tudo o que resultou no anterior, em doses ainda mais elevadas. O terceiro amplifica as situações. Num momento temos Fin em Washington D.C. a ser condecorado pelos serviços prestados ao Estado (assassino de tubarões), no outro está, mais uma vez, a caminho da Flórida, onde está a criar mais um “sharknado” para salvar a família. Os filmes com tubarões do SyFy ficam tão bem numa sala de estar com a família, como as pipocas para as salas de cinema. Por isso para quê mexer no que funciona? Duas estrelas.

O melhor:
- O Ridículo

O pior:
- O Ridículo

Realização: Anthony C. Ferrante
Argumento: Thunder Levin
Ian Ziering como Fin Shepard
Tara Reid como April Shepard
Cassie Scerbo como Nova Clarke
Frankie Muniz como Lucas Stevens
Ryan Newman como Claudia Shepard
David Hasselhoff como Gilbert Grayson Shepard
Mark Cuban como President Marcus Robbins
Bo Derek como May Wexler
Blair Fowler como Jess
Michael Winslow como Brian 'Jonesy' Jones
Jack Griffo como Billy
Michelle Beadle como Agent Argyle
Ne-Yo como Agent Devoreaux
Chris Jericho como Bruce the Ride Attendant
Mark McGrath como Martin Brody
Ann Coulter como Vice President Sonia Buck
Melvin Gregg como Chad
Christopher Judge como Lead Agent Vodel

Próximo Filme: "Cult" (Karuto, 2013)

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