quinta-feira, 18 de agosto de 2011

"Good Will Evil" (Xiong Mei, 2009)

Sabem aqueles filmes que quando acabam de ver não têm reacção? É do género: "ah, já acabou?" "Good Will Evil" é assim. Começou bem mas lá para o final quase que tive de me beliscar para ver se sentia algo. Aliás, comecei esta apreciação sem saber o que vos dizer. É que é assim indiferente estão a ver? Não amo este filme mas também não me provoca emoções negativas por aí além. "Good Will Evil" é uma película de 2009 com Terri Kwan que temos oportunidade de (re)ver desde "The Heirloom". Terri interpreta Yi-hsi, mulher de Wen Cheng (Leon Dai), um político local que para bem da sua carreira política decide adoptar uma criança. Dá-lhe aquele ar de homem do povo estão a ver? Ah e também para fazer companhia à sua mulher que passa tanto tempo sozinha enquanto ele "trabalha" que corre o risco de criar macaquinhos no sotão. A criança escolhida é Tien (Cindy Chi Hsin-Ling), a primeira criança que se lhes esbarra no caminho. Literalmente. Como isto de escolher logo à primeira nunca dá bom resultado, Yi-hsi põe em causa a sua decisão logo que começam a aparecer bonecas desmembradas e a menina resiste aos seus mimos. Até aqui nada de muito diferente, até bem parecido com o filme "Acácia", embora o novelo se desenrole de maneira muito diferente. Agora a sério, o que é que se passa com os asiáticos e os novelos de lã vermelhos?
Durante bastante tempo interrogamo-nos sobre a mensagem que nos estão a transmitir: será que Tien é a semente do demónio, será que ela tem uma boneca assassina ou é um espírito que a acompanha. A resposta, seja ela qual for, será sempre insatisfatória. "Good Will Evil" caminha a passos lentos mas precisos na construção de um grande clímax e quando este chega é tudo menos climático. Os personagens também não são likeable. Terri interpreta uma personagem vulnerável e até um pouco parvinha num intenso conflito em torno da maternidade e do seu próprio passado. Se consegue transmitir o conflito interno de Yi-hsi, também é verdade que a sua subserviência e ausência de reacção às tiradas do marido são irritantes. Já Wen Chen é egoísta, vicioso e todos os aqueles adjectivos que uma mulher nunca gostaria de atribuir ao seu marido. Será que foi o primeiro homem que lhe apareceu à frente? De qualquer modo, se a ideia do argumento era que a audiência criasse uma imagem tão má de Wen Chen os meus parabéns, conseguiram. Não tenho grande coisa a dizer de Tien a não ser que ela é adorável. (Aparte: ai como lhe apertava as bochechinhas mimosas!) Já a quantidade de falas que ela tem não é gigante para que pudesse fazer um estudo do desenvolvimento da personagem. Mas admito que ela puxa as lágrimas com facilidade.
A ínicio adorei o pormenor da música "Twinkle Twinkle Little Star" em versão desconcertante. Com o tempo a repetição perde o efeito. Também o contexto do seu surgimento podia ter sido melhor explorado. A dupla de realização Yu-fen Lin e Ming-chan Wang podia ter dado lugar a algo de único ou de extraordinário em "Good Will Evil" só que foi apenas uma oportunidade perdida. Na película nada existe de memorável. E acredito que daqui a umas semanas não me irei recordar deste filme. Forgettable to say the least. Uma estrela e meia.


Realização: Yu-fen Lin e Ming-chan Wang
Argumento: Jin Han
Elenco:
Terri Kwan como Yi-Hsi
Cindy Chi Hsin-Ling como Tien
Tammy Chen como Chung Li-hsin
Leon Dai como Tseng Wen-cheng
Lu Yi Ching como mãe de Chung Li-hsin 

Próximo Filme: "The Host" (Gwoemul, 2006)

domingo, 14 de agosto de 2011

"Nightmare Detective 2" (Akumu tantei 2, 2008)

Podia fazer uma piadola vulgar com a sugestão deste "Nightmare Detective" poder entrar nos meus sonhos sempre que lhe apetecer mas vou seguir a via do politicamente correcto. O detective é Kyoichi Kagenuma, interpretado por Ryûhei Matsuda, vulgo pretty boy japonês. "Nightmare Detective 2", como decerto já terão compreendido, é uma sequela do título com o mesmo nome de 2006 e igualmente dirigido por Shinya Tsukamoto. É lá que conhecemos Kyoichi Kagenuma, um vagabundo com a habilidade espantosa de ler pensamentos e penetrar em sonhos alheios. O que pode ser muito engraçado visto de fora é uma maldição para Kyoichi. Porque esta capacidade digna de um super-herói acaba por ser uma sentença para a vida. Temos pois, um herói relutante. Esta sequela centra-se menos no que ele pode fazer pelos outros e mais nos seus próprios demónios internos. Um Kyoichi atormentado por fantasmas do passado é incomodado com os pesadelos de Yukie (Yui Miura), que de colegial inocente tem muito pouco. Uma partida cruel praticada em conluio com outras duas colegas assusta a frágil Yuko Kikugawa (Hanae Kan). Esta exerce a sua vingança começando por surgir nos sonhos das suas atormentadoras. Quando os sonhos começam a atravessar a fronteira para a realidade, Yukie recusa-se a adormecer...
A resposta natural de Kyoichi numa primeira abordagem é recusar ajuda a Yukie. Também, quem é que o ajuda a ele? Quem o salva dos seus próprios demónios? Mas, logo depois este "detective relutante", aceita a missão onde encontra um paralelismo com a sua própria vida. Shinya Tsukamoto opta por uma abordagem mais introspectiva que o habitual mistério de terror com resultados igualmente eficazes. As sequências de sonho são perturbadoras e uma, em particular, é uma longa sequência de um suspense tremendo. Se bem que Kyoichi é um herói hesitante, não consigo deixar de pensar que a sua inacção inicial é negligente. O conceito deste filme, tirando a busca pessoal do detective, acaba por ser muito barulho por nada. Se Yukie e as suas amigas têm tomado a atitude correcta o quanto antes, muita desgraça seria evitada.
A cinematografia não é nada que não se tenha visto antes. A câmara, propriamente dita, oferece-nos muita vez, uma perspectiva na primeira pessoa, inconstante como um ser humano pode ser. Às vezes, chega mesmo a ser estonteante o rodar 180º para a esquerda, para a direita, para cima e para baixo, como se estivessemos todos dentro de um navio, prontos para vomitar as tripas. Contudo, serve os propósitos da narrativa. "Nightmare Detective 2" é talvez um quarto de hora mais longo do que deveria mas não deixa de ter umas ideias interessantes, uma história, na generalidade, bem conseguida e actuações competentes. "Nightmare", tem muito por onde explorar e daria, à vontade, para uma série detectivesca. Duas estrelas e meia.

Realização: Shinya Tsukamoto
Argumento: Shinya Tsukamoto e Hisakatsu Kuroki
Elenco:
Ryûhei Matsuda como Kyoichi Kagenuma
Yui Miura como Yukie Mashiro
Hanae Kan como Yuko Kikugawa
Wako Andô como Mutsumi
Miwako Ichikawa como Itsuko Kagenuma

Próximo Filme: "Good Will Evil" (Xiong Mei, 2009)

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

"World of Silence" (Joyong-han saesang, 2006)

Se gostam de thrillers detectivescos com twists, então tomem atenção que tenho aqui algo especial para vós. Dirigido por Eui-seok Jo, "World of Silence" é um mistério à volta de meninas que começam a aparecer assassinadas, em circunstâncias muito estranhas. Elas são todas encontradas a envergar roupas estranhas e  a ostentar um ar pacífico como se tivessem tido o melhor tempo do mundo antes da morte... Agora, se o foco é a investigação policial? É e não é. Por muito interessantes que sejam os filmes em torno da investigação de um homicídio, às vezes falta-lhes um pouco de humanidade. É aí que "World of Silence" ganha pontos. Chamem-lhe thriller com alma se quiserem.
Temos um Detective Kim (Yong-woo Park), homem que já viu de tudo e cuja visão da lei é tudo menos a preto e branco. Até se dá ao "trabalho" de deixar fugir pequenos criminosos pelo gozo de os perseguir mais tarde. Não o entendam mal, Kim está bem resolvido. Apesar de o trabalho na força policial lhe consumir praticamente a vida toda, ele destrinça os pequenos delitos do grande crime. Mais resoluto e profissional do que Kim na caça de assassinos de crianças não haverá. Em paralelo temos um Jung-ho Ryu (Sang-kyung Kim), fotógrafo introvertido que adquire a custódia de Su Yeon (Bo-bae Han), uma menina do mesmo orfanato de onde as vítimas eram oriundas. Jung-ho é retratado como um homem misterioso e protector de uma vida, intencionalmente solitária para quem Su Yeon será somente um fardo. Além disso, Jung-ho possui umas capacidades brilhantes de dedução quase mediónicas até que apenas Su-Yeon começa a compreender. Assim se explica a paciência da criança perante a frieza e distanciamento de Jung-ho. Ou talvez seja apenas a forte carência afectiva de quem se encontra só no mundo. Jung-ho tam ainda o dom de se encontrar com o detective Kim nas circunstâncias mais suspeitas. Será ele o assassino? Será que ele alberga a sua própria vítima?
Kim encontra-se numa corrida contra o tempo para impedir que mais crianças sejam assassinadas e Jung-ho torna-se um suspeito natural. Ora, quando poderíamos pensar na criação de um duelo o argumento troca-nos as voltas. Valha-nos a imprevisíbilidade do enredo e o investimento nas personagens que a longo prazo se torna recompensador. Outro pormenor interessante é o assassino. Sem desvendar a sua identidade, a câmara foca as luvas de veludo a manusear bonecas e outros objectos. Mesmo sem o vermos ele está presente em cada passo da história como uma ameaça intangível ao longo de toda a narrativa. Mas a maior surpresa nem é a identidade do assassino, revelada no final da história, é mesmo o que dá o título ao filme. É digno de darmos uma palmada na cabeça e dizermos "Como é que eu não percebi isto?"
"World of Silence" é uma obra bem escrita, realizada e desempenhada que peca pelo rítmo lento e por uma cinematografia sem sabor. Diria mesmo que "não aquece nem arrefece". Podia ser pior. Claro. E melhor? Também. Mas satisfaz? Sim. A minha curiosidade mórbida foi plenamente satisfeita. Três estrelas e meia.

Realização: Eui-seok Jo
Argumento: Jin Han
Elenco:
Sang-kyung Kim como Jung-ho Ryu
Yong-woo Park como Detective Kim
Bo-bae Han como Su-Yeon

Próximo Filme: "Nightmare Detective 2" (Akumu tantei 2, 2008)

domingo, 7 de agosto de 2011

"14 Blades" (Jin yi wei, 2010)


Enquanto via "14 Blades" só me ocorria o seguinte pensamento: "ai senhores quanta destruição! Havia lá necessidade de partirem o mobiliário todo?" "14 Blades" é um filme de artes marciais disfarçado de épico que se passa na China durante a Dinastia Ming. Jin yi wei é um grupo de assassinos a quem foram desde crianças ensinadas técnicas mortais para defender o imperador! Qinglong (Donnie Yen) é o líder deste grupo de elite e o mais forte dos lutadores o que lhe vale a posse da caixa das catorze lâminas, especializadas na morte, tortura e quando a missão falha o suícidio.

Qinglong é chamado a cumprir uma missão e acaba por ser traído e acusado de alta traição. Qinglong não se deterá a nada para trazer a lume a conspiração e destruir os seus autores. E temos filme wu xia (herói que segue um código de honra muito próprio, protege os fracos e os oprimidos e combate a corrupção!). Só lhes digo que se meteram com o tipo errado, quanto a vós não sei mas traír o melhor assassino que existe não me parece uma ideia muito inteligente. Mas e daí não teríamos as belíssimas cenas de luta que um estóico Donnie Yen nos proporciona e que constituem o melhor do filme. Além da coreografia foram utilizados efeitos gerados por computador e, por vezes, em exagero, cenas à lá "Crouching Tiger, Hidden Dragon" (Wo hu cang long, 2000). Não se vêm os actores a voar por cima das árvores nem a caminhar sobre a água mas quase. Não fiquei muito impressionada com a utilização dos efeitos especiais, sobretudo em torno da malévola Tuo Tuo (Kate Tsui) a filha adoptiva do Príncipe Qing (Sammo Hung Kam-Bo) que é um dos conspiradores. Se as ideias são boas não posso dizer que a concretização esteja óptima. Os efeitos são brevemente engraçados mas depois torna-se demasiado óbvia a utilização do computador. Um efeito mais orgânico seria, digo eu, mais agradável à vista. Ainda outra nota sobre Tuo Tuo: não é que a vilã tem rastas? E a sua arma de eleição tem o sibilar de uma cobra. Estes pormenores, a somar ao guarda-roupa e à maquilhagem tornam Tuo Tuo que nem aparece assim tanto no filme tirando os instantes finais a personagem mais inesquecível. As armas utilizadas também são interessantes com a caixa das catorze lâminas a ser uma verdadeira caixinha de surpresas. Não percebo grande coisa de história bélica mas as lâminas XPTO e ainda o uso de bestas duplas e triplas e de espadas boomerang estão algo de incrível.

Da actuações não se pode dizer grande coisa pois que não existe grande argumento. Qinglong é o tipo de herói trágico calado que como viremos a saber tem um passado que o afecta bastante mas, tirando isso, há pouco ou nenhum desenvolvimento dos personagens. Apenas Qiao Hua (Zhao Wei) uma jovem que Qinglong encontra no caminho tem direito a uma backstory decente. É que Qiao Hua tem um noivo que a traí mas é suposto ela casar-se então, vive o dilema entre aceitar as convenções da sociedade da época ou permanecer livre para encontrar o amor verdadeiro. E quando Qinglong surge... Bem, estão a ver o filme. "14 Blades" é um thriller sem grande originalidade mas é também uma grande história de amor, épica estão a ver? No meio ainda se metem bandidos, príncipes, conselheiros traidores e uma vilã que apesar de não dizer mais do cinco frases seguidas é fascinante. "14 Blades" é um épico imperfeito, não na dimensão mas numa história simplória, nos efeitos especiais pouco concretizados, ritmo lento e música esquecível. Não consigo ultrapassar os anacronismos num filme de época e muito menos a péssima edição que penaliza bastante a continuidade. Apesar destes defeitos o valor de entretenimento compensa largamente a sua visualização. Duas estrelas e meia.

Realização: Daniel Lee
Argumento: Daniel Lee, Kwong Man Wai, Tin Shu Mak e Ho Leung Lau
Elenco:
Donnie Yen como Qinglong
Zhao Wei como Qiao Hua
Chun Wu como Judge
Kate Tsui como Tuo Tuo
Yuwu Qi como Xuan wu
Sammo Hung Kam-Bo como Príncipe Qing

Próximo Filme: "World of Silence" (Joyong-han saesang, 2006)

terça-feira, 2 de agosto de 2011

"4bia" aka "Phobia" (สี่แพร่ง ou See Phrang, 2008)



Seis anos depois de "Three" (2002) um esforço colectivo internacional que nos apresentou três das melhores curtas-metragens que o cinema de terror já viu, chega-nos a resposta tailandesa. "4bia" é uma antologia de quatro filmes de terror realizada pelos autores de "Shutter" (2004), "Alone" (2007) e de Body #19 (2007). Não podia ter ficado mais satisfeita com a vossa escolha na votação do ínicio do mês de Julho. Não conhecia quaisquer dos filmes sugeridos pelo que a descoberta de "4bia" foi uma novidade para mim tal como será para vocês.


As curtas:
"Happiness" [título tailandês - "Loneliness" (Ngao)]
Uma jovem está condenada a pasar os dias em casa a recuperar da perna partida num acidente de táxi. Com amigos e família fora, o seu único modo de comunicar com o mundo é o telemóvel. Na sua solidão Pin começa a receber mensagens de um estranho que a deseja conhecer. A sua hesitação inicial é ultrapassada à medida que o aborrecimento toma conta dela. Com o passar dos dias, o estranho simpático começa a mandar mensagens cada vez mais perturbadoras e Pin assusta-se quando ele lhe diz que vai passar lá por casa...

"Tit for Tat" [título tailandês - "Deadly Charm" (Yan Sang Tai)]
Apanhados com erva pelo director da escola e face à possibilidade de expulsão, um grupo de jovens descarrega a toda a sua raiva no jovem delator Ngit. Depois de um último espancamento brutal, Ngit implora que o deixem ir em paz mas a barbárie não pára. Um dia, um Ngit alterado encontra os autores do seu sofrimento e decide lançar-lhes uma maldição...

"In The Middle" (Kon Klang)
Quatro jovens numa tenda contam histórias para se assustarem. No meio da brincadeira, Aye diz aos amigos que se ele morresse, o primeiro a quem iria assombrar seria a pessoa do meio. Eles riem-se e não o levam a sério. No dia seguinte, o barco onde faziam rafting vira-se e Aye desaparece no meio dos rápidos. Desesperados, os seus amigos procuram-no por toda a parte mas não o encontram. Nessa mesma noite um gelado Aye aparece na sua tenda mas aparenta estar diferente. Cedo os seus amigos percebem que algo não está bem e viram-se para Ter, era ele que na última noite tinha dormido no meio...


"The Last Flight" [título tailandês - Flight 244 (Teaw Bin 244)]
Uma hospedeira é obrigada a fazer parte da tripulação no voo 244, no qual segue a princesa Sophia do Kurquistão. Esta assedia-a e maltrata-a durante todo o voo até que finalmente se sente indisposta. A princesa acaba por morrer e a hospedeira Pim é obrigada a seguir no próximo voo e assegurar que nada acontece ao corpo...


Sobre os filmes:
"4bia" começa logo bem com o genérico. Marca posição e ali ficamos a saber que o que vamos ver é terror. A primeira curta é de Youngyooth Thongkonthun, mais conhecido pelas comédias e o underdog do colectivo, quanto ao género de terror. Mas abre as hostilidades e de que maneira, com uma actuação solitária, brilhante de Maneerat Kham-uan (Pin) e um crescendo de terror que culmina num grande susto digno de sujar a roupa interior. Pin surge na maioria das cenas bored to death, a lutar contra a solidão com a ajuda do telemóvel e a ceder às suas reacções. Na verdade, age como qualquer rapariga na vida real. Sentimos a sua ansiedade pela próxima mensagem, o gosto pelo flirt e a perturbação com o sentimento de invasão de privacidade que admitamos, numa altura ou outra já sentimos. Acresce o facto de nos sentirmos tão presos como Pin no seu apartamento e temos filme. "Happiness" é subtil, gradual e não cansa. Perfeito para uma curta. "Tit for Tat" é o oposto da primeira. É sempre a abrir, frenético no género de terror in your face. Não será a curta mais original das quatro pelas semelhanças com "Final Destination" (2000) mas cumpre em 25 minutos. É também o segmento com mais gore e mais distintivo. A edição, as cores gritantes, o constante jogar de ângulos contrastam com a "monotonia" da antologia. Só os efeitos especiais me parecem um pouco exagerados e enfiados à pressa o que, em última análise, não afecta por aí além o produto final. Para quem prefere um ritmo mais acelerado, verão em "Tit for Tat", um doce. "In The Middle", está lá no meio, literalmente, mas é tudo menos mediano. Com um mix de comédia e de horror que funcionam muito bem, Banjong Pisanthanakun apresenta-nos quatro rapazes que ao fim de cinco minutos conseguimos distinguir claramente. Temos aqui personagens com mais personalidade do que muitas longas-metragens conseguem alcançar. De todas as curtas, "In The Middle" é o que melhor imagino como filme de longa duração. O timing cómico está óptimo, a representação está boa, a interacção entre os personagens muito bem conseguida e as referências a diversos filmes, como Shutter demonstram uma boa dose de humor e a capacidade de Banjong de brincar com o seu próprio trabalho. É refrescante e, na minha humilde opinião, a curta mais bem conseguida das três. Quanto a "The Last Flight", digamos que a história não será a coisa mais imprevisível que já se viu mas agarra-nos de tal forma que queremos, de qualquer modo, chegar ao fim. A hospedeira Pim (sem desmerecer as suas capacidades de representação), é um show de beleza e as suas interacções com a princesa Sophia são as melhores do filme. A troca de olhares gélidos e violência de sentimentos latente, por breves que sejam, é sublime. "The Last Flight" é um final digno desta antologia de terror. "4bia" é refrescante e não comparável a "Three" (2002) e a sua sequela. Semelhanças só no conceito, em termos de terror não podiam estar mais distantes. "4bia" nada tem da terrível sugestão perturbadora de "Dumplings" ou do surrealismo de "Box". E há uma subtil ligação entre as curtas-metragens, que dão a sensação de não estarmos a ver quatro filmes totalmente diferentes. Pontos para quem conseguir juntar o puzzle ou, se preferirem e não conseguirem encontrar as pistas no filme, a seguir à ficha técnica podem encontrar um spoiler*. Não há nenhuma dúvida por estes lados. "4bia" é uma obra boa e coesa e por isso merece quatro estrelas e meia.
Curta #1: "Happiness"
Realização: Youngyooth Thongkonthun
Argumento: Youngyooth Thongkonthun
Elenco:
Maneerat Kham-uan como Pin
Wirot Ngaoumphanphaitoon como Ton

Curta #2: "Tit for Tat"
Realização: Paween Purikitpanya
Argumento: Paween Purikitpanya,Vanridee Pongsittisak, Amornthep Sukumanont e Eakasit Thairaat
Elenco:
Apinya Sakuljaroensuk como Pink
Nattapol Pohphay como Ngit
Witawat Singlampong como Diaw
Chon Wachananon como Yo
Shindanai Kanoksrithaworn como Ball
Nottapon Boonprakob como Toot
Teerapon Panyayuttakarn como Ace

Curta #3: "In The Middle"
Realização: Banjong Pisanthanakun
Argumento: Banjong Pisanthanakun
Elenco:
Nattapong Chartpong como Ter
Kantapat Permpoonpatcharasuk como Aey
Pongsatorn Jongwilat como Phueak
Wiwat Kongrasri como Shin

Curta #4: "The Last Flight"
Realização: Parkpoom Wongpoon
Argumento: Parkpoom Wongpoon e Sopon Sukdapisit
Elenco:
Laila Boonyasak como Pim
Nada Lesongan como Princesa Sophia
Plai Paramej como Capitão

Próximo Filme: "14 Blades" (Jin yi wei, 2010)

PS: Se gostaram deste filme, terão uma agradável surpresa no final do mês.

Spoiler*

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