domingo, 21 de julho de 2013

"Apartment 1303" (1303-gôshitsu, 2007)


As pessoas têm o direito de saber no que se estão a meter e como já devem ter percebido não sou de intrigas. “Apartment 1303” não é um drama existencialista sobre uma jovem que não consegue lidar com a pressão de sair de casa pela primeira vez. Não. “Apartment 1303” é o típico j-horror mal disfarçado de drama que tenta cavalgar uma tendência que já devia estar morta e enterrada há 10 anos. Podem as meninas japonesas fazer à humanidade o favor de cortar o cabelo e de não o deixar cobrir os olhos?
“Apartment 1303” inicia-se em ambiente de festa: Sayaka festeja com o namorado e os amigos o achado de um apartamento com uma renda muito baixa para passar o período de férias. Em Portugal, a gente avisada costuma utilizar uma expressão que assenta na perfeição no caso: “Quando a esmola é muita, o pobre desconfia”. E de facto, o apartamento era barato demais. Sayaka fica só por momentos e algo tolda-lhe a mente viva e feliz. Num momento fugaz atira-se da varanda do prédio perante o desespero dos que a rodeiam. Segue-se o pranto da família e a descrença. Sayaka era uma rapariga feliz, ela nunca se iria suicidar. Convencida disso mesmo, Mariko (Noriko Nakagoshi) decide investigar as causas da morte da irmã e põe a descoberto uma estória mais antiga ligada ao apartamento e aos seus antigos inquilinos.
A narrativa consiste numa sucessão de improbabilidades. Começa logo pela questão óbvia: como é possível que um apartamento com uma forte atracção pela morte, nunca tenha chamado a atenção das forças policiais ou de outros inquilinos do prédio? Segundo, face ao conjunto de tragédias, talvez fosse melhor fechar o apartamento durante uns tempos não? Parece-me altamente improvável (se calhar é a uma ingenuidade que fala), que os senhorios e companhias imobiliárias, por mais gananciosos que fossem, se quisessem ver associados a um ciclo de morte e destruição.

Eu, amante de terror, aqui me confesso: abominei o pouco que vi da série de filmes “Tomie” (acho que já vai na sequela número 3448563475634), de tal modo, que nunca consegui verter uma linha de texto no Not a Film Critic sobre as películas mas, dentro do género, eram inventivos. E conseguia perceber o apelo, histerismo até, em torno da série. As miúdas eram giras, as estórias absurdas e as mortes sanguinariamente fascinantes. Ataru Oikawa esteve por detrás do filme original e de “Tomie: Beginning” e “Tomie Revenge” por isso, surpreende o facto de ele ter simplesmente “desistido” do cinema. As obras sobre a assassina que não morre e persegue implacavelmente as suas vítimas está bastante longe de ser boa mas tem uma boa dose de inventividade que podia ter sido reaproveitada em “Apartment 1303”.
Uhhhh, “o apartamento tem o número 13, que medo” ou “miúdas giras a ser atacadas por uma força invisível, nunca se viu antes”. Há uma apatia neste filme que me assusta francamente mais que qualquer outro enésimo remake de clássicos do j-horror, o olhar perdido dos actores que se tentam perder nuns personagens em que nem eles acreditam. É mais do mesmo, remastigado e cuspido com outro verniz. “Apartment 1303” não faz carreiras, não para os actores e o mesmo se aplica à equipa técnica. É uma estória confusa, de avanços e retrocessos que não acrescentam nada à estória, a tornam aborrecida e fazem aumentar a confusão sobre o que se está a passar no ecrã. Mais, não se admirem se derem por vós a bocejar e a olhar para o relógio. E pior, o terror, se alguma vez o tiveram, vai desaparecer tão rápido que “Apartment 1303” não é mais do que apenas mais um filme… Apesar do pontual profissionalismo de algum deles, são apenas pinceladas ocasionais num quadro feio, que há muito devia ter sido esquecido numa galeria mixuruca qualquer. Uma estrela e meia.

Realização: Ataru Oikawa
Argumento: Ataru Oikawa, Takamasa Sato e Kei Oshi
Noriko Nakagoshi como Mariko
Arata Furuta como Detective Sakurai
Eriko Hatsune como Sayaka

Próximo Filme: "3 A.M. 3D", 2012

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