Mais uma adaptação desnecessária de um jogo de playstation para a grande tela. Porquê, clamam as audiências internacionais? Não bastava já termos de sofrer com cinco filmes da série "Resident Evil"?
“Forbidden Siren” inicia-se com um mistério. Em 1976, os habitantes de uma ilha desapareceram sem deixar rasto, isto é, todos menos um, que é encontrado a falar de modo incoerente. Nos dias de hoje, Shinichi Amamoto (Leo Morimoto) é um jornalista freelancer que viaja com os filhos Yuki (Yui Ichikawa) e Hideo (Jun Nishiyama) para a ilha de modo a que recuperem de um acidente traumático. A viagem é uma má ideia, que a audiência já sabe de antemão dado os acontecimentos passados e devia ser também um sinal para Shinichi visto que os habitantes são tudo menos calorosos. Os personagens dos filmes de mistério, até pelo menos à primeira meia hora de filme, nunca são perspicazes. À frieza da população juntam-se outros indícios ainda mais alarmantes. A casa que irão habitar demonstra vestígios de sangue e a vizinha avisa Yuki de que nunca deverão deixar a casa quando ouvirem a sirene. Esta encontra-se numa torre de metal abandonada numa zona remota da ilha. Depois deixem os factos a torturar o subconsciente de uma adolescente impressionável e eventos graves serão uma inevitabilidade. Yuki tenta ultrapassar a muralha de silêncio tácita entre os habitantes, tornando-se, desde cedo claro que ela é uma estranha e portanto, indigna da sua confiança. Por outro lado, para um pai preocupado, Shinichi encontra-se a leste dos efeitos da curiosidade prodigiosa da filha. Não era suposto irem para a ilha “curar velhas feridas”?
O maior elemento a favor de “Forbidden Siren” (se não jogaram primeiro o jogo) é não se saber exatamente para onde nos querem levar. Por isso, não é como se o elemento mistério não estivesse presente e, em 5 minutos de filme se soubesse antecipadamente o final. A problemática reside no facto de as perguntas persistirem sem resolução. Até onde é que uma pessoa aguenta? Mistério apenas pelo mistério, de nada vale se os argumentistas não começarem a apresentar propostas de solução. O enredo sai cada vez mais embrulhado e onde antes existia ansiedade agora reside frustração. Até pormenores que prometiam, não oferecem a menor hipótese de redenção. “Siren” significa sirene mas também sereia. É o canto da sereia que arrasta as pessoas para a morte?! Potencial desperdiçado. O mesmo também pode ser dito dos actores. Yui Ichikawa é quem tem mais tempo de antena mas entre as suas orelhas proeminentes e os gritos histéricos, agudos, não posso afirmar que me recorde grandemente das capacidades de representação da jovem. Quanto ao pequeno Hideo, ele faz tudo o que lhe é dito para não fazer mas o castigo queda-se por uma leve reprimenda. Deve ser aquele estilo parental modernaço que deixa as crianças ser livres. Isto é, fazer tudo e mais alguma coisa e a culpa nunca é dos pais, porque a criança é um pequeno-adulto capaz de tomar decisões livremente. Pois…
“Forbidden Siren” tem pouco de memorável. A banda-sonora é decente e a representação ainda que não extraordinária também não é horrenda. Os cenários e a caracterização dos personagens a par do argumento constituem as maiores fraquezas do filme. Por comparação, o design do jogo é extremamente profissional, o que leva a pensar que “Forbidden Siren” é desnecessário e um mau cartão-de-visita. Tendo sido desenvolvido para coincidir com o lançamento do segundo jogo da série não consigo imaginar muitas pessoas a ir comprar o jogo depois de ver este filme. Já o contrário parece mais provável. Uma estrela e meia.
Realização: Yukihiko Tsutsumi
Argumento: Naoya Takayama
Yui Ichikawa como Yuki Amamoto
Leo Morimoto como Shinichi Amamoto
Jun Nishiyama como Hideo Amamoto
Próximo Filme: Série “Whispering Corridors, 1998-2009