domingo, 25 de maio de 2014

"Just another pandora's box" (Yuet gwong bo hup, 2010)


São fãs de “Red Cliff” (2008-2009), “A Chinese Odissey” (1995), “Titanic” (1997) ou mesmo salpicos de “The Matrix” (1999)? Não se preocupem que “Just Another Pandora’s Box” apresenta todas estas estórias, ao mesmo tempo. Batidas, não mexidas.

“Just Another Pandora’s Box” é um produto que podia ter sido manufacturado e cospido pela máquina de Hollywood. A única diferença é que o humor, regional, dificilmente poderá apelar a quem desconhece algum dos filmes reinterpretados nesta produção cantonesa.

Qing Yise (Ronald Cheng) é um bandido com um péssimo timing. Ele consegue enganar uma deusa para lhe roubar uma espada mística que decerto lhe irá valer um bom preço no mercado negro, mas comete o erro de a desembainhar mediante o embuste de outro Deus. Rose (Betty Sun) acorda para um Qing a empunhar a espada e jura persegui-lo para todo o sempre quer este queira ou não. É que ela jurou unir-se àquele que fosse capaz de a desembainhar. E aqui teríamos um bom título alternativo para o filme ("Perseguição sem Tréguas"?) já que Qing foge de Rose como o diabo da cruz, agindo até como se ela fosse hedionda (ela é das actrizes chinesas mais bonitas da actualidade). E aí reside parte da piada. A piada remanescente encontra-se nos inúmeros gags que atravessam eras e eventos históricos como a célebre batalha de Red Cliff, sempre com Qing a tentar escapar-se da Deusa carente, por entre aparições de personagens locais míticos como o feroz guerreiro Guan Yu. Após salvar o filho de Liu Bei (Yuen Biao) e inadvertidamente entregar a caixa mágica que lhe permite viajar no tempo ao vilão Cao Cao (Guo De-Gang) Qing vê-se forçado a colaborar com a longa lista de personalidades históricas para conseguir regressar ao seu próprio tempo. Dizem até os créditos iniciais que Jackie Chan, Stephen Chow, Jet Li, Chow Yun-Fat, Maggie Cheung, Zhang Ziyi e a Angelina Jolie, recusaram todos participar no filme. Se depois disto ainda estiverem à espera de um filme com algum grau de seriedade preparem-se para uma grande desilusão.

O elenco não chega para as inúmeras oportunidades de comédia que quase se atropelam umas após as outras. Quase que para evitar que a audiência perca o sorriso, são apresentados gags sucessivos, a ver se algum cola. Por outro lado, ninguém pode levar a sério grandes actores se estes surgirem em pouco mais que uma cena. Quando estivermos refeitos do choque já terá sido apresentado novo actor famoso / starlet / ídolo do cantopop actual. Melhor conselho que o de (re)ver os clássicos em que se baseia não existirá. Se bem que o facto de “Kung Fu Panda’s”, “Matrix” e “Titanic” (a personagem feminina até se chama Rose, duh!) e outros que tais surgirem em catadupa ajudam a uma melhor compreensão de que coisa estranha se encontra a passar no ecrã, mas estaria a mentir se considerasse que estes chegam para o efeito. Se tanto, no conjunto da película, estas cenas constituem os momentos mais fracos de “Just Another Pandora’s Box” pois fogem do nicho popular e mitologia locais em que a película se encontrava para tentar agradar a uma audiência mais vasta que por essa altura já desistiu do filme.
“Just Another Pandora’s Box” é aquele tipo de comédia auto-referencial que conhece as audiências que está a tentar atingir e nem sequer se preocupa em ser um pouco original. Para quê mexer em fórmula vencedora? Vale pelos cenários e pelas caras conhecidas que de estória tem muito pouco. Duas estrelas.

Realização: Jeffrey Lau
Argumento: Jeffrey Lau
Ronald Cheng como Zhao Yun
Betty Sun como Rose
Gigi Leung como Emaixadora do Turquestão
Athena Chu como Nuvem Roxa
Eric Tsang como Zhuge
Bo Huang como Zhou Yu
Yuen Biao como Liu Bei
Guo De-Gang como Cao Cao
Yi Huang como Xiao Qiao
Lik-Sun Fong como Guan Yu

Próximo Filme: "Dark Skies" (2013)

domingo, 18 de maio de 2014

"Bad Milo", 2013


O Milo não é um cão fiel (por favor não confundir com Milu). E mais depressa nos arranca a mão do que a lambe. O conceito de “Bad Milo!” encontra-se mais próximo de um filme pornográfico com triplo X do que a comédia de terror mediana. Apenas não esperem ver uma estrela porno com o rabo destruído. Não, isso é o Ken Marino…

Duncan (Ken Marino) é um tipo simpático, com o qual todos, em certa medida se podem identificar já que trabalha mais horas do que as que devia e em condições cada vez piores, o chefe é um parvalhão sem escrúpulos (que levante a mão quem nunca teve um chefe assim) e em casa, não está muito melhor, já que a mãe aproveita cada oportunidade para lhe perguntar porque é que ainda não lhe deu um neto e a esposa sente-se ansiosa com a possibilidade de não conseguir engravidar. Com tantos problemas a avolumar-se, não é de admirar que Duncan sinta dores abdominais crescentes. O desconforto é aliás, tão grande que apenas depois de visitas especialmente dolorosas e amnésicas à casa de banho, Duncan se sente aliviado. É aí que ele descobre dois factos peculiares sobre si próprio: 1) tem um demónio aka hemorroida assassino no intestino e 2) ele persegue com fervor homicida as causas de stress do seu “pai”. Com a ajuda de Highsmith (Peter Stormare), um terapeuta pouco convencional, Duncan vai tentar impedir que o demónio ataque novamente.

Tem uma premissa incrivelmente parva? Com certeza. “Bad Milo!” é como que um filme dos anos 80, que foi enfiado numa capsula no tempo e só agora foi (re)descoberto, ganhando o estatuto de culto. Tem um orçamento minúsculo, diálogo à altura daquela década, desempenhos descontraídos mas uma genica e uma vontade de abraçar o absurdo como há muito não se via. Tem uma imaginação como se tem observado apenas ultimamente no cinema independente [vide “Proxy” (2013) e “Contracted” (2013)] e o monstro é de borracha e não uma imagem gerada pelo computador de um geek qualquer! Coisa que a malta nascida nos anos 90 não deve conhecer. Exemplos como “The Thing” (2011) vêm à mente. Por trás da máscara do humor/terror de casa de banho, a ideia base de “Bad Milo!” é brilhante. É um facto científico que o stress tem sérios efeitos no corpo humano. Tem-se acidentes vasculares cerebrais, ataques cardíacos, tromboses, esgotamentos nervosos, uma lista infindável de efeitos nefastos no corpo humano... E são todas manifestações do nosso interior.

Os criadores de Milo foram apenas um pouco mais perversos ao insinuar que Duncan conseguiu aglomerar todo o stress que sentia num monstro vingativo. E se quisermos ser ainda mais provocadores, a ideia de alguém que não nós próprios punir quem nos causa angústia é deliciosa. O nosso apetite pela destruição é retratado numa situação implausível, podendo, para os mais atentos, passar despercebido. É aí que “Bad Milo!” é um pouco mais cerebral que o slasher médio saído dos anos 80. Refira-se no entanto, que Duncan é um homem de família e o seu “assassino” apenas escolhe como vítimas quem cometeu o erro de interacções infelizes para com ele. Apesar de Milo consistir numa manifestação é a Duncan que cabe a decisão final sobre o seu futuro: se vai continuar a internalizar o que sente ou se vai aceitar e procurar resolver os problemas que o afligem para uma existência futura mais saudável. Além disso “Milo” é assim apelidado pelo seu hospedeiro e tem um ar adorável (para uma hemorroida). Milo é fofinho e mesmo enquanto assassino é difícil não simpatizar com os seus grandes olhos à la “Puss in boots” do "Shrek 2" (2004). Desta vez ganha o vilão! Três estrelas.

Realização: Jacob Vaughan
Argumento: Benjamin Hayes e Jacob Vaughan
Ken Marino como Duncan
Gilian Jacobs como Sarah
Mary Kay Place como Beatrice
Toby Huss como Dr. Yeager
Peter Stormare como Highsmith

Próximo Filme: "Just another pandora's box" (Yuet gwong bo hup, 2010)

domingo, 4 de maio de 2014

"Tales from the Dark - Part I", 2013


Lillian Lee diz-vos algo? Se não, tenham vergonha! Ela é apenas a escritora por trás de filmes como “Farewell My Concubine” (1993) e “Dumplings” (2004) um dos segmentos de antologias de terror (“Three… Extremes”) mais perturbadores de sempre. Desta feita, a obra de Lee teve honras de total destaque em 6 segmentos divididos em duas antologias, com alguns personagens já repetentes na adaptação dos seus trabalhos. Visionado na 5ª Mostra de Cinema de Hong Kong, cuja sala estava, infelizmente, pouco composta, “Tales from the Dark – Part 1” representa Lee na sua vertente mais sombria.

 As curtas:
“Stolen Goods” – Kwan é um biscateiro que acaba de perder o mais recente trabalho. Todo ele, insolência e pavio curto, não é de admirar que seja despedido numa base regular. Os seus valores incidem no enriquecimento rápido ao menor custo pessoal possível. Como se encontra perto de ser expulso do pequeno quarto alugado por ausência de pagamento, não é demasiado penoso a Kwan recorrer ao roubo de urnas para depois chantagear os familiares dos falecidos.


“A Word in The Palm” – O mestre espírita Ho decide abandonar a vida ligada ao oculto para reparar a relação com a mulher céptica e o filho menor. Ele tenta reencaminhar os últimos clientes para a entusiasta colega Lam. No entanto, quando por engano lhes entrega um CD do filho num recital, terá de envolver-se mais do que gostaria. Será muito difícil recuar perante o caso mais complicado da sua carreira e a insistência da colega.

“Jing Zhe” – A velhinha Chu dedica-se à tradição milenar de “bater nos vilões”. Armada de cânticos e a sola dos sapatos bate com força em fotografias e papéis que representam os inimigos daqueles que a ela recolhem. Depois de anos a amaldiçoar pessoas inocentes, pode ter chegado a vez de Chu sofrer na pele a força do seu próprio remédio.

As trevas não tardam a surgir poucos adentro de “Stolen Goods”. Um início intrigante, onde é evidente e até ansiada com fervor alguma forma de retribuição a Kwan, o personagem obnóxio interpretado por Simon Yam dá lugar à perplexidade de uma narrativa ininteligível. Yam provou há muito que é actor para isto e muito mais mas na estreia como realizador revela a fraqueza da inexperiência e pior, ambição superior aos recursos. Pejada de momentos “tcha-ran” acompanhados por música alta e desconcertante. Não, Yam, nunca tínhamos ouvido isso antes… A cinematografia é fantástica só que não cola com a estória. E não se consegue perceber se são as ineficácias do argumento que levaram ao segmento mais insatisfatório de todos se foi a incapacidade de Yam em traduzir o material que lhe foi dado. O percurso de “Stolen Goods” é labiríntico onde podia ser simples: um bandido tem a paga pelos seus crimes. Há demasiados caminhos tanto quanto é dado a perceber, as pontas soltas não vão dar a nenhum lado satisfatório.
“A Word in the Palm” é uma surpresa. Depois de uma introdução sofrível mas sombria no tom, segue-se uma narrativa de aparência mais light, pelo menos pela aposta na comédia. Ho (Tony Leung Ka-fai) é um homem talhado para ler outro plano da realidade que rejeita o seu destino e se alia, relutante, a uma mulher (Kelly Chen) que tudo faria para ter um pouco do talento deste e o persegue feroz. Juntos fazem uma dupla improvável e atractiva. Leia-se, o único duo de personagens que iremos recordar com simpatia depois de “Tales from the Dark – part I” terminar. O desenlace é óbvio, tantas vezes que a mesma estória, com variações foi interpretada no cinema. Há poucos momentos de terror em “A Word in the Palm”, mas quando surgem são bem-vindos. Resulta pois um segmento desigual, original na abordagem, vulgar no conteúdo, ainda assim, superior ao antecessor.
Costuma-se dizer que o melhor fica para o fim e, se não formos excessivamente zelosos com as imagens criadas digitalmente “Jing Zhe” recupera os elementos mais desconcertantes da escrita de Lilian Lee. Realizado por Fruit Chan, o mesmo de “Dumplings”, ele encontra uma ligação com o material como nenhum outro. A sua Chu (Susan Chu) é a personagem mais ambígua e mais interessante destes 112 minutos. É ainda uma estória inerentemente chinesa. Não se podia encontrar estória mais enraizada na cultura que “Jing Zhe”. Se o conceito dos batedores de vilões é intrigante, a sua concretização também parece funcionar. Ou não nos sentíssemos cansados depois de ver o espancamento a que Chu sujeita os bens das vítimas. Não constituirá ainda um momento cinematográfico superior a “Dumplings” mas é um bom prelúdio para o segundo capítulo. Três estrelas.

Curta #1: “Stolen Goods
Realização: Simon Yam
Argumento: Lillian Lee
Simon Yam como Kwan
Maggie Shiu como wok Wing-nei
Feliz Lok como Chu Wing-kit

Curta #2: “A Word in the Palm”
Realização: Chi-Ngai Lee
Argumento: Chi-Ngai Lee
Tony Leung Ka-fai como Mestre Ho
Kelly Chen como Lan
Eileen Tung como Mulher de Ho
Cherry Ngan como Chan Siu-ting
Eddie Li como Cheung Ka-chun
Jeannie chan como Senhor Cheung

Curta #3: “Jing Zhe”
Realização: Fruit Chan
Argumento: Fruit Chan
Susan Shaw como Chu
Josephine Koo como Koo
Dada Chan como cliente


Próximo Filme: "Bad Milo", 2013

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Top 12: Final Girls


Desde os primórdios do terror, que homens pujantes de virilidade e força física ultrapassam os obstáculos mais difíceis que se lhes atravessam no caminho. Mais impressionante só a heroína de aparência frágil mas de força anímica superior que consegue sobreviver ao Homem. Vários realizadores fizeram vida (milhões) de retratar essas mulheres. Chegou pois a vez de o Not a Film Critic homenagear as heroínas dos filmes de terror, leia-se terror terrífico e não terror como em pedaço de trampa que se vê uma vez ao engano e depois se apaga o filme do computador. Disse apagar filme do computador? Desculpem, quis dizer guardar o DVD/bluray numa estante escondida para nunca mais o encontrar, exceptuando talvez, uma limpeza profunda de Verão, daqui a dez anos. Adiante, segue a minha selecção por ordem cronológica e não de preferência (juro que as Neve Campbell e Jennifer Love-Hewitt, estão em minoria).

1) Sally Hardesty (Marilyn Burns): “Texas Chainsaw Massacre” (1974) – Já não terá o impacto de outros tempos, visto que a cada nova década, os cineastas arranjam novas maneiras de aumentar o sangue e o número de mortos! Sobrevive o estereótipo da rapariga de olhos esbugalhados, cujos gritos histéricos fazem gelar qualquer espinha. Ela é Sally, uma rapariga que aprendeu à custa da morte do próprio irmão e dos amigos que não se deve dar boleia a estranhos e encetar viagens pela América rural abandonada. Ela é atacada, capturada, espezinhada, atada e submetida a pressão psicológica brutal e mesmo assim concentra todas as forças em escapar. Sabem quantas raparigas nos slashers, depois de capturadas conseguem escapar? Foi o que pensei.

2) Laurie Strode (Jamie Lee Curtis): “Halloween” (1978) – Falar de Scream Queens e não mencionar a Jamie Lee Curtis é como fazer uma lista de maiores desastres marítimos e esquecer o “Titanic”. Laurie foi apenas a primeira numa série de personagens femininas que conseguem, quase misticamente, escapar impunes aos assassinos mais sádicos e perversos que adoram frequentar os subúrbios e matar adolescentes insuspeitos. Ao contrário das amigas que a seu tempo serão confrontadas com o Fado, a desengonçada Laurie tem o instinto um pouco mais aguçado que lhe diz que algo está muito errado. Corre Laurie! Corre!

3) Ripley (Sigourney Weaver): “Alien” (1979) – O filme é de final dos anos 70 e esta continua a constituir a personagem por excelência no que à resiliência e capacidade de lidar com o desconhecido dizem respeito. Ela é esperta como uma raposa e não aceita tretas de ninguém. Ripley deve ser uma das mulheres menos curiosas da lista, o que não deixa de ser de estranhar uma vez que se encontra a um gazilião de anos de distância da terra, numa nave de transporte de carga espacial rodeada quase só de homens e cyborgs lunáticos. Quando o desastre se abate ela é dos poucos que não perdem a cabeça. Não se costuma dizer que uma pessoa se revela nas alturas mais complicadas?

4) Kirsty Cotton (Ashley Lawrence): “Hellraiser” (1987) – Perante a abertura dos portões do inferno muitos se renderão ao terror mas não Kirsty. Sem mãe e com uma madrasta odiosa ela conhece, de certo modo, o inferno na terra e quando se apercebe de atividades estranhas e extra-humanas na casa do seu pai, será capaz até de fazer um pacto com os cenobitas (anjos demoníacos) para assegurar a sobrevivência. Com maior ênfase no intelecto do que na aparência, Kirsty é calculista e uma mulher de acção que não se apoia em ninguém para resolver os seus problemas. Capaz dos planos mais audazes e pensamento rápido é a pior pessoa que o inferno podia escolher para enfrentar!

5) Sidney Prescott (Neve Campbell): Scream (1996) – A Neve Campbell irrita-me profundamente. O olhar semicerrado que grita que ela é míope ao invés de sexy não funciona para os meus lados. Não, aqui o génio está todo do lado de Wes Craven. A sua Sidney é frágil mas não uma flor delicada e encarna o mais próximo da realidade uma jovem adulta. Não é uma grande beldade ou glamorosa, não é sequer a pessoa mais inteligente do grupo de amigos e apenas tenta sobreviver como qualquer jovem que perdeu recentemente um dos pais. Ela não procura sarilhos, só quer passar despercebida no seu microcosmos, o que no género de terror é sempre de louvar. No entanto, quando a vida real se começa a assemelhar à ficção ela conhece as regras que deve seguir para se safar. Quando acha que o assassino está morto, ela certifica-se que ele está mesmo morto!

6) Julie James (Jennifer Love-Hewitt): “I know what you did last Summer” (1997) – Outra actriz enervante, outra personagem que merecia uma morte, lenta, dolorosa e com requintes de malvadez. Julie James é aquela miúda que todos adoram odiar: gira, com alguns neurónios e que segue as regras à risca. Sim, ela nunca poderia ser apelidada de espontânea mas também não esperem vê-la numa fotografia através das grades. Aqueles que a odeiam ficariam felizes por saber que ela afinal tem esqueletos no armário mas não é como se ser cúmplice de um homicídio fosse algo de que ter inveja. Também tem uma das linhas de diálogo mais estúpidas de sempre: “De que é que estás à espera, hã?” dirigidas a um assassino em série… Além de que esta personagem sobrevive à Buffy (Sarah Michelle Gellar)! Nada fixe Jennifer.

7) Trish Jenner (Gina Phillips): “Jeepers Creepers” (2001) – Num dos poucos filmes onde podemos encontrar Justin Long num papel não irritante é Gina Phillips que sobressai como “Final Girl”. Em “Jeepers Creepers” Trish e o irmão atravessam a América dos milheirais a perder de vista quando se encontram com um ser misterioso. Ela faz aquilo que uma boa irmã faz: acompanha o irmão e tenta zelar pela sua segurança ao invés de ser a típica irmã detestável. Isto não significa que os seus esforços tenham êxito. Mas se há algo que a define como uma das melhores raparigas finais é a autoconsciência pouco comum nos filmes de terror: “Sabes aquela parte nos filmes de terror em que alguém faz algo incrivelmente estúpido? Esta é essa parte!”

8) Sarah Carter (Shauna McDonald) “The Descent” (2005): Ela perdeu num acidente rodoviário provocado por ela, os maiores amores da sua vida, filho e marido. Tem amigas com as melhores intenções do mundo e um espírito de aventura elevado ao extremo. Ainda assim quem não perderia o tino? Como as amigas lhe fazem ver, ela é a maior inimiga dela própria e… se calhar delas também. Os monstros nas profundezas não são superiores aos demónios que lhe crescem na cabeça e durante algum tempo é literalmente carregada às costas pelas amigas. Lapsos momentâneos de lucidez a iluminam para descobrir que aos poucos o grupo vai diminuindo e ela continua, agora e sempre, uma sobrevivente.

9) Yasmine (Karina Testa) “Frontiers” (2007): Haverá pior do que cortar as longas melenas de uma mulher? Ok, pronto, se forem fãs do género de terror encontram 450397570284 formas de tortura muito mais humilhantes e dolorosas mas façam-me a vontade. Grávida e em fuga de uma Paris tumultuosa e de um assalto (ninguém disse que era uma santa), ela, o irmão e os amigos são capturados por uma família de psicopatas. Enquanto eles viram alimentação para minhocas (será?) a pobre Yasmine deverá tornar-se uma máquina reprodutora de bebés para os chanfrados que a capturaram. Ela até faz a sua melhor interpretação de Sally Hardesty num jantar dos diabos mas eles não se compadecem. Se quiser escapar Yasmine terá de matar ou morrer. E matar é o que ela faz…

10) Erin (Sharni Vinson): “You’re next” (2011) – Imaginem que alguém ataca a vossa casa durante um serão familiar e, um por um, os vossos familiares começam a cair mortos. O ataque faz parte de um plano sinistro e não sabem se estarão seguros em qualquer lugar. Erin é a namorada de um dos convivas e, onde outros entram em pânico, ela é expedita e tenta antecipar as movimentações da parte agressora. Ela utiliza todos os instrumentos ao seu alcance para sobreviver ou incapacitar o atacante e acima de tudo não hesita. Ela faz o que tiver de ser feito, quando tem de ser feito. A desenvoltura de Erin não nasce de um qualquer evento traumático, ela não é nenhuma inocente e está tão preparada quanto se deve estar para tais situações. Quando as coisas acontecem ela não fica parada à espera da morte: ela ataca-a com unhas e dentes. Epítome de beleza mortal.

11) Soo-ah Kim (Kim Ha-neul): “Blind” (2011) – Reminiscente de um “Eyes of a stranger” (1981), em que um maníaco que anda por aí a violar e matar jovens mulheres acaba por focar a atenção numa mulher cega mas com um pouco mais de orçamento e de gosto. Soo-ah tinha o sonho de tornar-se polícia em Seul até ao momento em que cometeu um erro de julgamento que lhe custou a visão e a vida de um irmão adoptivo. Apesar de frustrada com a perda do sentido da visão não perdeu a mente inquisitiva e quando se depara com um assassino não se deixa enganar. Ela questiona a todo o momento e em momento de confrontação toma decisões rápidas e eficazes para se colocar em segurança rapidamente. Longe da jovem virginal que toma as rédeas por sorte, ela é capaz de tomar iniciativas que põem o assassino em pé de igualdade com ela e, em última análise anular a vantagem de que este dispõe à partida.

12) I-na (Gyu-ri Nam) “Death bell” (2008) – Um grupo de alunos de elite começa a ser assassinado, um a um, por um assassino altamente inteligente durante um período de clausura para realização de exames. Sem apoio do exterior cabe aos alunos que representam (supostamente) os mais inteligentes da escola e aos professores descobrir quem está por trás das mortes e salvar as suas próprias vidas. Não há motivação como termos um grande alvo nas costas para colocarmos a massa cinzenta a funcionar. No meio de miúdos e graúdos a entrar em pânico e numa onda de acusações que despertam o que há de pior no Homem, é a jovem I-na que mantém a frieza e procura retirar sentido de tudo quanto se está a passar. Minúscula, I-na não tem hipótese contra atacantes com algum vigor físico, pelo que a sua maior arma é a inteligência. Se não fosse ela, o mistério poderia nunca vir a ser desvendado.

Agora a sério, a minha "final girl" favorita se sempre é:
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...