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terça-feira, 13 de julho de 2021

"In Fabric" (2018)

Uma besta estranha.

Filmes sobre objectos assombrados são sempre uma provocação. Além da iminente e fulcral suspensão da crença, há ainda toda uma abordagem que é uma incógnita. Será que os argumentistas optaram por prosseguir com o absurdo puro ou, espera-nos um registo mais poético, quiçá onírico? A oferta é variada e podemos encontrá-la em muitos períodos do cinema: “Christine” (1983), “Trucks” (1997), “The Red Shoes” (2005), “Fridge” (2012), filmes de bonecas assombradas, então, encontram-se a rodos no cinema do sudeste asiático, tal como os slashers nos anos 80.

“In Fabric” enquadra-se nesse subgénero, mas as particularidades não se quedam por aí. É um pseudo-giallo produzido em plano século XXI, por Peter Strickland, que é mais conhecido pelo seu “Duke of Burgundy”, de 2014. Este é um bom ponto de partida para compreender os temas de “In Fabric” e, por que é que este, não é apenas um filme sobre um objeto assombrado. Strickland renova o interesse em contar histórias sobre as relações humanas, com ênfase na sensualidade, mesmo estas tomem um caminho mais negro ou, de como o desejo pode fazer os amantes tomar atitudes inesperadas ou mais bizarras. Assim, não é surpreendente desenhar-se uma teia de morte e erotismo em torno de um vestido vermelho. 

Marianne Jean-Baptiste interpreta Sheila, uma senhora de meia-idade respeitável mas solitária, que tenta ultrapassar o divórcio e um filho adulto cada vez mais desafiante. O ex-marido já mostrou ter ultrapassado o casamento, arranjando um nova namorada e o filho, nem sequer tenta ser discreto nas manifestações de afecto, na sua relação ardente com uma mulher mais velha, Gwen (Gwendoline Christie). A solidão arrasta, por fim, Sheila para os saldos e os anúncios românticos dos classificados.  É no retalho, que uma estranha e enigmática Miss Luckmoore, a convence de que o vestido vermelho trará a admiração e afecto por que Sheila tanto anseia. Seguem-se episódios, de encontros falhados e de sucesso, de tensão no outro e acidentes estranhos. Tudo isto, conectado ao estranho vestido vermelho.
Não posso garantir, com total segurança, que não existam outros giallos sobre objetos assombrados mas, na mão de Strickland, a proposta é, sem dúvida única. As analogias a “Suspiria” suscitadas por essa internet fora não são descabidas.
A selecção musical do colectivo Cavern of Anti-Matter, dá-lhe a singularidade que uns Goblin trouxeram ao anteriormente mencionado filme de bruxas. "Suspiria" estará sempre indelévelmente ligado ao tema principal. A bizarra Miss Luckmoore podia ter sido retirada do filme de Argento. Sem qualquer alteração, encaixava que nem uma luva no imaginário desse realizador. O comportamento e aparência desta personagem, em conjunto com o das outras colegas de loja, parecem sugerir a existência de um convénio de bruxas. Existe um momento, o qual não vou desvendar para manter o interesse, entre Luckmoore, o dono da loja e um manequim, que é tão peculiar, que não posso deixar de me perguntar, dado que não acrescenta nada à história, se não foi uma ideia posterior que o realizador/argumentista, certamente insistiu para colocar no filme, somente pela imagética. E, em simultâneo, não consigo imaginá-la num outro filme.
Mas a mensagem porventura mais ainteressante é a crítica ao consumo que nos destrói, mais do que um vestido assassino. Strickland não se coíbe de inserir alguns anúncios televisivos da loja, estridentes e hipnóticos em igual medida, que funcionam como mensagens subliminares para a compra. Uma homenagem a “They Live” (1988), não é descabida.
O realizador demonstra ainda ser amigável ao universo LGBTQI, devotando-lhe, se não, as estórias mais desenvolvidas, pelo menos, uns dos momentos mais interessantes de todo o filme, em particular, os chefes de Sheila, Stash e Clive, demasiado, entusiásticos acerca de narrativas da vida pessoal dos funcionários e de clientes.
“In Fabric” não é isento de críticas. Por vezes, transmite uma sensação de falta de auto-controle de quem está atrás da câmara. O realizador não sabe quando parar. Deixa a câmara rolar, muito depois de já ter demonstrado o seu objetivo. Isso, alonga uma estória que não precisava de duas horas para ser contada e anda em círculos.
O filme assenta, por fim, em três linhas principais: o slasher (que não o é), o erotismo ligado a pulsões de morte e a crítica social, resultando, como comecei por referir, numa estranha besta. Três estrelas e meia.


Realização: Peter Strickland
Argumento: Peter Strickland
Elenco:
Marianne Jean-Baptiste como Sheila
Fatma Mohamed como Miss Luckmoore
Jaygann Ayeh como Vince
Gwendoline Christie como Gwen
Leo Bill como Reg Speaks
Hayley Squires como Babs
Julian Barratt como Stash
Steve Oram como Clive

quinta-feira, 18 de junho de 2020

“Ramen Shop” (Lamen teh, 2018)


Cidade de Takasaki. Um restaurante familiar de ramen. Masato (Takumi Saito) lamenta-se por o pai distante Kazuo (Tsuyoshi Ihara), dedicar-se mais à comida que a ele. Quem lhe dera ser uma taça de ramen. Antes de termos compreendido a complexidade da relação entre pai e filho, Kazuo é encontrado morto. Masato aproveita para abrir uma velha mala de viagem que desbrava caminho ao redescobrir do passado: fotografias da infância e um velho diário da sua mãe singapurense escrito em Mandarim. A correspondência com Miki (Seiko Matsuda), uma blogger de comida japonesa sediada na cidade-estado, precipita o resto. Em menos de nada, Masato está no país que o viu nascer, mas que ficou no passado, com a morte da sua mãe. Lá, descobre um tio com um amor pela comida tão profundo quanto ele e a dor de uma desavença antiga com uma avó que não conhecia.

“Ramen Shop” é uma carta de amor à família e à multiculturalidade. Acompanhamos Masato, numa senda de descoberta de si próprio e dos seus ascendentes, que trilha os caminhos que eles percorreram e experimenta as receitas que ele, como chef, desconhece, apesar da sua dupla etnicidade. Nuns breves 90 minutos aprendemos receitas da comida japonesa e de Singapura, e ainda um pouco da história da cidade-estado, incluindo o doloroso passado de ocupação japonesa. É um mix de “Who do you think who you are?” com um qualquer programa genérico de comida local, em que pessoas e locais se confundem com as receitas que nos apresentam, de modo inofensivo. Mais depressa um programa de comida de um food channel que um programa de conversa desgarrada de um Anthony Bourdain (RIP) e, admita-se, muito menos interessante. As iguarias deliciosas preparadas por Masato e companhia são merecedoras da hashtag #foodporn num qualquer instagram e a passagem pelas paisagens naturais, cidades e monumentos – por vezes senti-me dentro de um documentário –, no Japão e em Singapura são interessantes e mais cativantes que o drama familiar no coração de “Ramen Shop”, mas ilustram bem o fervilhão de ideias, cores e sabores que constituem a identidade do jovem chef.

O título original “Lamen Teh”, que se perde na tradução, é precisamente a fusão do ramen, um prato japonês de origem chinesa, com o prato de Singapura “Bak kut teh” com o qual Masato fica obcecado. De alguma forma, o recriar perfeito deste prato transporta Masato para momentos mais felizes, tempos em que cozinhava com a mãe e o seu pai tinha ainda a capacidade de se conectar com outros seres humanos.
Quis o destino que num destes dias, em que o movimento “Black Lives Matter” faz soar um grito que é ouvido em quase todo o mundo com efeitos que só veremos daqui a uns meses, quiçá anos, – não tenho a ilusão de pensar que 500 anos de opressão possam ser resolvidos num momento de claridade –, visse um filme que celebra as diferenças. “Ramen Shop” é triste mas ótimista, um feel good movie, se quiserem. Pretende deixar aquele sentimento quentinho e felpudo nos corações de quem o vê, designadamente, de apreciar o que temos e a nossa família como se os problemas familiares pudessem ser resolvidos no tempo de preparação de uma receita tradicional. Os diálogos e os flashbacks, que nem sempre são óbvios, inclinam-se de modo vertiginoso para o território da novela mas salvam-se pela característica de quase-documentário que a película tem. A cada momento que vamos apontar uma crítica… “olha aquela paisagem bonita!”, “Aquele ramen está-me a abrir o apetite!”. Truques de prestigidação preparados pela mão hábil do realizador Eric Khoo, natural de Singapura e que sabe, portanto, onde e quando desviar o olhar dos aspectos menos bem conseguidos de “Ramen Shop”. Até ia dizer que não é memorável mas, raios, se não me apetece agora comer um ramen! Duas estrelas e meia.

A Films4You anunciou a estreia de “Ramen Shop” nos cinemas nacionais a 25 de junho. Aproveitem para desconfinar a vista e, se der, por que não, o palato.

Realização: Eric Khoo
Argumento: Fong Cheng Tan e Kim Hoh Wong
Takumi Saito como Masato
Jeanette Aw como Avó
Mark Lee como Wee
Beatrice Chien como Mei Lian
Tsuyoshi Ihara como Kazuo
Tetsuya Bessho como Akio
Seiko Matsuda como Miki

domingo, 20 de janeiro de 2019

Notas de um Festival de Terror, Edição de 2018 – parte cinco (Final)

“Anna & the Apocalypse” (2017) - Alguma vez partilhei aqui um ligeiro desgosto recente com musicais? Musicais como “The Sound of Music” (1965), um “Mary Poppins” ou qualquer filme do Fred Astaire, com aqui a je é à vontadinha. Agora falem-me em “Glees” (2009-2015) ou Chicagos (2002) e mandar-vos-ei lavar os olhos com filmes de terror. Anna & the Apocalypse centra-se na jovem Anna (Ella Hunt) que tem o desejo de iniciar um ano sabático e partir para a Austrália à aventura para se descobrir, ao invés de iniciar de imediato a universidade o que não conjuga bem com as expectativas do pai ultra protector e de John (Malcolm Cumming), o melhor amigo que mantém por ela uma paixão secreta que só a própria não vê. Inicia-se uma luta pela sua afirmação enquanto jovem adulta e as expectativas dos que a rodeiam e o apocalipse zombie que ameaça acabar com os seus sonhos e a vida de todos durante a época da “paz no mundo”, o Natal. “Anna & The Apocalypse” é uma lufada de ar fresco. Faz o género avançar numa fusão inesperada e surpreendentemente coesa com terror e não lhe faltam quilómetros de charme. Enverga a ingenuidade fofinha de um elenco sobretudo desconhecido e não cai no erro das grandes encenações coreográficas que podem tornar o género por vezes plástico. A pouca encenação que existe é naturalmente ancorada num elenco jovem excitável e um excelente timing cómico. “Anna & The Apocalypse” faz também uma homenagem competente ao melhor filme de zombies do milénio “Shaun of the Dead” (2004). A comédia musical natalícia de terror zombie que não sabia que queria. Quatro estrelas.

Realização: John McPhail
Argumento: Alan McDonald e Ryan McHenry
Ella Hunt como Anna
Malcolm Cumming como John
Sarah Swire como Steph
Christopher Leveaux como Chris
Ben Wiggins como Nick
Marli Siu como Lisa
Mark Benton como Tony
Paul Kaye como Savage

“Brothers’ nest” (2018) – Tendo passado despercebido em favor de filmes como “One Cut of the Dead” ou “Anna & the Apocalypse”, “Brothers’ nest” entra no complicado mundo das relações familiares. Os irmãos Jeff (Clayton Jacobson) e Terry (Shane Jacobson) têm tudo planeado: disseram às famílias que vão passar uns tempos a Sidney para mas na verdade estão à espera do padrasto na quinta da família para o matar. A mãe deles tem cancro e Jeff está convencido que quando morrer o marido irá ficar com a quinta que para ele lhes pertence. A melhor forma de solucionar este problema parece a mais extrema de todas e arrastar o irmão para “o que tem de ser feito” não lhe pesa na consciência. Terry é manipulado pelo irmão mais velho e o plano traçado testa a sua fé no irmão e nas crenças que teve toda a vida sobre a sua infância. “Brothers’ Nest” tem sido equipado a uma obra dos irmãos Cohen e é de facto uma obra fraterna. Clayton e Shane são de facto irmãos e muitas vezes as suas interações são tão naturais que o discurso quase inventado na hora, sobretudo nos momentos em que apontam defeitos no outro ou as falhas óbvias no plano maquiavélico. Quase aqueceria o coração não fosse o caso de se terem juntado para matar o padrasto e ferir o coração de uma mãe doente. À boa forma de uns Cohen, o plano não corre exactamente como planeado e o desvelar da situação não é bonito. Os acontecimentos revelam uma série de verdades desconfortáveis e desemboca numa questão fundamental. Quem queremos ser? “Brothers’ Nest” é menos um filme de terror que um thriller mas ainda assim uma boa aposta Motelx para quem prefere dinâmicas mais assentes na realidade. Três estrelas.
Realização: Clayton Jacobson
Argumento: Jaime Browne e  Chris Pahlow
Shane Jacobson como Terry
Clayton Jacobson como Jeff
Kim Gyngell como Rodger
Lynette Curran como Mãe
Sarah Snook como Sandy


Errementari (2017) – Vinha de Espanha com boas expectativas e já alguns prémios, incluindo o prémio da audiência no Festival de San Sebastian. Num título mais pessoal tinha ouvido falar grandes coisas do filme e, bem, o visionamento acabou por redundar numa desilusão. Errementari passa-se num tempo de perseguição de bruxas e de superstição. A antevisão de aldeões com tochas e forquilhas é acertada. Há um ferreiro chamado Patxi que é um proscrito numa aldeia. Muitas estórias se contam sobre os seus tempos na guerra e os aldeões preferem não se cruzar com ele. Quando Usue uma órfã com um comportamento rebelde se cruza com o ferreiro o seu segredo bem ao cimo. Ele fez um pacto com o diabo para se manter vivo mas não quer cumprir a sua parte do negócio e mantém um demónio seu servo como prisioneiro. A pequena Usue deixa-se enganar pelo demónio e Patxi terá de se despachar antes que o diabo e uma população acicatada pelo desaparecimento da menina lhe venham reclamar a sua vida. Errementari é um conto de fadas basco que faz recordar Del Toro mas com um sentido de humor inesperado. É também daí que advém um dos seus maiores problemas. O demónio que Patxi mantém prisioneiro Sartael é um mimo de se ver: a caracterização do personagem é espectacular. Infelizmente e apesar de Eneko Sagardoy fazer um papelão, o humor do seu personagem mata a atmosfera pesada que antecede o seu aparecimento, seguindo-se mais tarde uma descida aos infernos em imagem gerada por computador onde se denota mais as limitações do orçamento. Sartael é a personagem certa no filme errado. O marketing do filme parece concordar, dado que o trailer de Errementari também fazia adivinhar um filme com muito mais teor de terror que de comédia e, para um dos últimos filmes a ser exibidos na edição de 2018 do motelx, não posso se não concordar. Duas estrelas e meia.

Realização: Paul Urkijo Alijo
Argumento: Paul Urkijo Alijo e Asier Guerricaechevarría
Kandido Uranga como Patxi
Uma Bracaglia como Usue
Eneko Sagardoy como Sartael
Ramón Aguirre como Alfredo
José Ramón Argoitia como Mateo
Josean Bengoetxea como Santi
Gotzon Sanchez como Faustino
Aitor Urcelai como Benito
Maite Bastos como Blanca


sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Notas de um Festival de Terror, Edição de 2018 – parte quatro

The Ranger (2018) – É um retorno ao glorioso slasher dos anos 80, com um pé em finais de anos 70. Um grupo de punks que foge para uma cabana onde Chelsea (Chloe Levigne) passava temporadas em criança após um encontro com as autoridades envolvendo drogas duras que corre muito mal. O namorado dela, Garth (Granit Lahu), um casal amigo e uma rapariga que acaba por se envolver com o grupo de forma acidental não parecem interessados em minimizar o comportamento que os pôs em sarilhos e procedem em espalhar lixo e grafitar tudo quanto podem. Chelsea parece encarnar o espírito “fight the power” dos punks mas o seu exterior duro esconde um trauma e vulnerabilidade intimamente ligado aos verões no Parque Natural. O encontro com um Ranger obcecado com o cumprimento das regras despoleta uma sucessão de eventos trágicos e faz despoletar o instinto de sobrevivência – animal se preferirem –, de Chelsea. Os jovens adolescentes que só pensam em drogas, pinar e serem horríveis entre eles e para todos os que os rodeiam são o arquétipo dos slashers já mencionados e é questionável que alguém sinta algo parecido com um lamento pelos seus destinos à excepção da protagonista, mas Jenn Wexler a realizadora e co-argumentista é inteligente e introduz temas tão em voga e pertinentes quanto uma consciência ambiental ou o “girl power” coroados por um vilão memorável – algo escasso nos últimos anos –, na condução dos trabalhos sangrentos. Quanto às possibilidades de “The Ranger”? Todos são monstros mas uns mais que outros. É escolher. Três estrelas e meia.

Realização: Jenn Wexler
Argumento: Giaco Furino e Jenn Wexler
Chloe Levine como Chelsea
Jeremy Holm como The Ranger
Granit Lahu como Garth
Jeremy Pope como Jerk
Bubba Weiler como Abe
Amanda Grace Benitez como Amber


Gonjiam: Haunted Asylum (Gonjiam, 2018) – Já muito se escreveu sobre o found footage. Por esta altura, acho que toda a gente e a sua mãe tomou uma decisão sobre se o género está morto e enterrado, é um zombie ou as notícias sobre a sua morte foram exageradas. Posto isto, Gonjiam: Haunted Asylum é um found footage que sucede num antigo Hospital Psiquiátrico em ruínas. Sim, é muito possível que tenham tido flashbacks com o “Grave Encounters” mas a justificação para o seu visionamento é similar: por esta altura já sabem se o querem ver ou não, mesmo que não leiam as próximas linhas. Adiante. O dono de um canal de youtube especializado em investigar casas assombradas reúne um grupo de exploradores e a sua equipa de filmagens para fazer um direto da expedição a Gonjiam. O grupo é diversificado: malta gira, impressionável, corajosa, supersticiosa… o habitual. Algum tempo é dedicado à preparação da equipa de filmagens e à história da casa. No entanto, transmite uma aura de modernismo, pós 2015 diria, com o advento e sucesso dos canais de youtube e a sua consequente profissionalização. O dono do canal e promotor do evento não se cansa de repetir a importância dos números e a insistência na exploração de tudo quanto a tecnologia tem para oferecer como por exemplo, as go-pros e a utilização do splitscreen para apresentação de perspetivas diferentes em simultâneo. Quanto ao argumento este não é muito diferente do que se viu no género desde a separação da equipa em momentos-chave a momentos de gritos e correria descontrolada, mas é competente e estaria a mentir se não tivesse sentido a sala gelar ou sobressaltar-se com alguns jumpscares. Duas estrelas e meia.

Director: Beom-sik Jeong
Writers: Beom-sik Jeong e Sang-min Park
Seung-Wook Lee como Seung-wook
Ye-Won Mun como Charlotte
Ah-yeon Oh como Ah-yeon
Ji-Hyun Park como Ji-hyun
Sung-Hoon Park como Sung-hoon
Ha-Joon Wi como Ha-joon

Próximo Filme: Notas de um Filme de Terror - parte cinco

domingo, 11 de novembro de 2018

Notas de um Festival de Terror, Edição de 2018 - parte três

Inuyashiki (2018) - A primeira e única incursão pelos caminhos do cinema japonês no Motelx e é um filme sobre super-heróis. Mas temo informar que neste caso, “Inuyashiki” pouco segue da fórmula Marvel. Sim, neste filme, isso é mau. Ichiro Inuyashiki (Noritake Kinashi) é um pai de família rejeitado por todos os que o rodeiam. Porque não comprou uma moradia suficientemente grande para a família; porque falha habitualmente os objetivos mensais na empresa onde trabalha. Ele é aquele parente enjeitado que ninguém quer ainda que seja necessário. Ainda que tenha razão nos argumentos ele perde sempre. Porque não os expõe ou tão-somente porque existe. Ninguém quer saber dele. Ele nem consegue explicar que é afligido por uma doença mortal. Sempre que inicia uma conversa ela muda fatídica para qualquer direção que não a pretendida por ele. Um dia quando ele e um colega de escola da filha Mari, interpretado pelo sempre magnético Takeru Satoh são atingidos por um objecto não identificado, ambos adquirem poderes extraordinários. Onde um aproveita para empregar todo o afecto dentro de si o outro pretende vingar-se da sociedade por uma existência infeliz. “Unbreakable” (2000) e Chronicle (2012) são as referências óbvias e ainda assim fica aquém delas. Tem bons valores de produção mas é demasiado pouco, demasiado tarde e já não há paciência para a narrativa tão japonesa de aguentar estoicamente todas as dores do mundo que corroem por dentro e nunca a extravar para o bem da sociedade. A doença mental individual é uma não questão. Inuyasiki é altruísta para quem nada quer com ele. Com ou sem poderes será sempre um pobre coitado. O sentimento de sofrimento para quem vê o filme é muito similar. Duas estrelas.

Realização: Shinsuke Sato
Argumento: Hiroshi Hashimoto e Hiroya Oku (manga)
Noritake Kinashi como Ichiro Inuyashiki
Nayuta Fukuzaki como Takeshi Inuyashiki
Mari Hamada como Marie Inuyashiki
Takeru Satoh como Hiro Shishigami
Yûsuke Iseya como Detective Hagihara
Ayaka Miyoshi como Mari Inuyashiki
Fumi Nikaidô como Shion Watanabe
Yuki Saitô como Yuko Shishigami

The Field Guide to Evil (2018) – Este filme-mosaico pretende ser “uma exploração global do folclore e mitologia”. Portanto, aqui temos contos mais ou menos conhecidos de países como a Áustria, Turquia, Alemanha, Grécia, E.U.A., Índia, Polónia e Hungria. As narrativas tonalmente mais parecidas são porventura as germânicas que se saem talvez ligeiramente melhor que as que as acompanham. A turca é do já velho conhecido do festival Can Everenol (“Baskin”, 2013 e “Housewife”, 2017). As cultas são sobretudo confusas, desagradáveis, histriónicas... Menção especial pela negativa para a curta americana que podia até confundir-se com uma curta de estudantes o que não abona nada a favor do realizador Calvin Reeder. É que a sua participação merece um prémio para pior argumento, caracterização e representação. Mais parece um “The Field Guide to Bad Movie Making”. Nem sequer estou a recorrer à ironia. É má como um “The Room” (2003) mas sem o carisma insólito de um Tommy Wiseau e podia ser mostrada numa aula de teatro como exemplo do que não fazer. A curta grega e a húngara são as mais interessantes do ponto de vista experimental mas fica essa dúvida: se não serão demasiado experimentais para o projeto. A diferença tonal nota-se em demasia e notem que não são necessariamente as piores da antologia. Um filme mosaico tem a vantagem de não necessitar de concentração excessiva dado que as curtas vêm e vão rapidamente. No entanto, nada há que explique porquê escolher este sobre uma outra antologia. Ganha o prémio de pior escolha pessoal nesta edição. Meia estrela.
Realização:
Ashim Ahluwalia segmento "Palace of Horrors"
Can Evrenol segmento "Al Karisi"
Severin Fiala e Veronika Franz segmento "Die Trud"
Katrin Gebbe segmento "A Nocturnal Breath"
Calvin Reeder segmento "The Melon Heads"
Agnieszka Smoczynska segmento "The Kindler and The Virgin"
Peter Strickland segmento "The Cobblers' Lot"
Yannis Veslemes segmento "What Ever Happened to Panagas the Pagan ?"

Argumento:
Robert Bolesto segmento "The Kindler and The Virgin"
Elif Domanic e Can Evrenol segmento "Al Karisi"
Severin Fiala e Veronika Franz segmento "Die Trud"
Katrin Gebbe segmento "A Nocturnal Breath"
Calvin Reeder segmento "The Melon Heads"
Peter Strickland segmento "The Cobblers' Lot"
Yannis Veslemes segmento "What Ever Happened to Panagas the Pagan?"
Silvia Wolkan segmento "A Nocturnal Breath"

Elenco

Ghost Stories (2017) – Goodman, um homem obcecado por desmascarar estórias de assombração como as encenações elaboradas que acredita que são é contactado pelo homem que o fez seguir aquele percurso profissional para um desafio. Esse ex-inspector do paranormal cruzou-se com o trabalho do Professor Goodman e da arrogância com que trata os casos. Ele apresenta-lhe um desafio: provar que as três estórias que ele próprio não conseguiu em toda a sua vasta experiência desmistificar e que levaram ao abandono da profissão são falsas. Sob as mãos competentes da dupla Andy Nyman e Jeremy Dyson é contado sob a forma de antologia tendo um cruzamento de personagens, lugares e estórias onde a tragédia pessoal acaba por se sobrepôr à assombração ainda que o trailer convide sobretudo a um filme de terror. O segmento sobre o guarda-nocturno e a sua experiência num asilo abandonado é o mais aterrador. O segmento sobre o viúvo pragmático é o mais tocante. “Ghost Stories” dá enfase aos monstros reais que incluem desde problemas mentais a vícios e traumas passados mas nem sempre lhes dá tempo para serem explorados em toda a sua plenitude o que é, no mínimo curioso, dado que “Ghost Stories” se baseia numa peça de teatro de apenas (!) 80 minutos. Momento de terror britânico sólido. Três estrelas e meia.
Realização: Jeremy Dyson e Andy Nyman
Argumento: Jeremy Dyson e Andy Nyman
Andy Nyman como Professor Goodman
Martin Freeman como Mike Priddle
Paul Whitehouse como Tony Matthews
Alex Lawther como Simon Rifkind

Próximo Filme: Notas de um Festival de Terror, Edição de 2018 - parte quatro

domingo, 23 de setembro de 2018

Notas de um Festival de Terror, Edição de 2018 - parte dois

“The Promise” (Puen… Tee Raluek, 2017) - Do argumentista do clássico “Shutter” (2004) e realizador repetente em diversas edições do Motelx (“Laddaland”, 2011 e “The Swimmers”, 2014), chega este filme sobre uma promessa que se mantém além da morte. Boum e Ib são duas adolescentes que vêem os seus sonhos destruídos após o grande crash financeiro de 1997. Para elas a bancarrota significa o fim da vida como a conhecem e decidem suicidar-se no edifício onde tinham acordado viver juntas durante a universidade. Enquanto Ib prossegue com o plano, Boum acobarda-se e torna-se anos depois uma empresária de sucesso com uma filha adolescente, a doce Bell de 14 anos. Entretanto, Ib mantém o intuito de que a promessa seja cumprida nem que isso signifique levar Bell no lugar da amiga para o outro mundo. Não sendo necessariamente original “The Promise” retoma a premissa de alguns filmes coreanos como “A Blood Pledge”, 2009 da série de filmes “Whispering Corridors”. Tem um dos jump scares mais desavergonhados mas eficazes do festivel. Nunca, garanto, nunca mais, vão olhar para as chamadas das vossas mães da mesma forma. “The Promise” utiliza de forma eficaz a crença buddista do Karma sem recorrer ao expediente habitual de exorcismos mas esquece o contexto económico-social para se convencionalizar numa estória de fantasmas. O elenco é competente e é palpável o seu desaproveitamento decorrente do abandono dessa linha narrativa. Demasiado longo torna-se por fim, quase tão penoso quanto a torrente permanente de lágrimas da actriz principal. Duas estrelas e meia.
Realização: Sophon Sakdaphisit
Argumento: Sopana Chaowiwatkul, Supalerk Ningsanond e Sophon Sakdaphisit
Bee Namthip como Boum
Apichaya Thongkham como Bell
Thunyaphat Pattarateerachaicharoen como jovem Boum
Panisara Rikulsurakan como Ib
Deuntem Salitul como mãe de Ib
Benjamin Joseph Varney como Aof


The Tokoloshe, 2018 – Busi (Petronella Tshuma), oriunda de um meio rural vem sozinha para a cidade de Johanesburgo. Ela está marcada por traumas do passado e a necessidade de ganhar dinheiro para remover a irmã daquele meio. Ela consegue emprego como auxiliar de limpezas no turno da noite num hospital quase deserto onde é observada pelo olhar depravado do diretor e possivelmente do Tokoloshe, um demónio originário do folclore zulu que persegue crianças. No hospital conhece Gracie (Kwande Nkosi) uma menina que é perseguida por uma força invisível decide salvá-la. Apesar de assentar numa mitologia desconhecida por grande parte do público Tokoloshe é mais interessante quando é dada ênfase aos monstros pessoais de Busi. O monstro acaba por ser o calcanhar de Aquiles num filme onde o sofrimento da mulher, em particular o da mulher africana é tão visivel. Em todos os personagens masculinos apenas um não tem um olhar invasivo sobre Busi, mas não há qualquer dúvida: ela é tudo menos fraca, ela persiste. Sabemos que houve um acontecimento traumático na juventude de Busi que a marcou e à irmã para sempre. O abuso não lhe é desconhecido pelo que quando o reconhece em Gracie não hesita em tentar salvá-la, no entanto a ligação entre o seu estado mental e a criatura podia ter sido melhor trabalhada. O acosso do monstro é uma alegoria (frágil) para o trauma e é possível traçar um paralelo entre a situação individual de Busi, uma jovem mulher sul-africana e a mulher africana em geral. Sempre uma lutadora e sempre vista como inferior pelo imaginário masculino. Um esforço ainda incipiente mas muito potencial neste novo realizador. Duas estrelas.
Realizador: Jerome Pikwane
Argumento: Richard Kunzmann e Jerome Pikwane
Petronella Tshuma como Busi
Kwande Nkosi como Gracie
Dawid Minnaar como Ruatomin
Harriet Manamela como Ma Zondi
Mandla Shongwe como Baba Zondi
Yule Masiteng como Abel
Coco Merckel como Jakes
Leiden Colbet como Rosie


Pledge, 2018 – Justin, David e Ethan são três estudantes universitários desesperados por se integrarem numa fraternidade. Com competências sociais reduzidas a nulas, integrar uma fraternidade é a única forma de conseguir miúdas e consumir níveis lendários de álcool nas melhores festas dos anos de universidade. Depois de serem recusados por diversas fraternidades são convidados para uma misteriosa casa com ideais espartanos que os aceita como candidatos. Para passarem à fase seguinte terão de passar por uma série de provas questionáveis.  Até onde estão dispostos a ir para ter os melhores anos das suas vidas? “Pledge” é um híbrido de “American Pie” com fraternidades malévolas que vai beber ao subgénero torture porn na sua vertente mais light. Este filme tenta demonstrar a submissão e até dormência da maioria a uns tantos que têm tudo menos os seus principais interesses em mente. A tortura física e psicológica é aceitável e até dada como adquirida por todos pelo desejo de uma recompensa distante. “Pledge” tenta ser um retrato patético do mundo das praxes e da sociedade em geral. Há grupos de pessoas dispostas a sofrer humilhações gritantes para serem acolhidas por uma minoria dominante que nunca os vai respeitar. E quem decide o que são falhados e casos de sucesso? É ser um falhado ter boas notas mesmo que as competências sociais não sejam as melhores? Invertidos os papéis também não podemos ter a certeza de que os subjugados iam ter pudor em tornar-se agressores. A reflexão é demasiado rápida e termina exactamente onde se inicia: no deboche da carnificina. Fica-se pelas boas intenções e destas está o inferno cheio. Estrela e meia.

Realização: Daniel Robbins
Argumento: Zack Weiner
Zachery Byrd como Justin
Phillip Andre Botello como Ethan
Aaron Dalla Villa como Max
Zack Weiner como David
Erica Boozer como Rachel
Cameron Cowperthwaite como Ricky
Jesse Pimentel como Bret
Jean-Louis Droulers como Sam
Joe Gallagher como Ben

Próximo: Notas de um Festival de Terror, Edição de 2018 - parte três

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Notas de um Festival de Terror, Edição de 2018 - parte um

“Cutterhead”, 2018

Rie foi contratada para documentar escavações do metro de Copenhaga. Este é um projecto de cariz internacional e Rie acompanha os trabalhadores para captar esse lado: a grandiosidade do sonho europeu. As primeiras abordagens encontram-se um pouco aquém d desejado dado que o que encontra são trabalhadores que fazem um trabalho muito duro e perigoso para ganhar dinheiro para alimentar as suas famílias. Durante o decorrer dos trabalhos há um acidente e Rie acaba por ficar presa dentro de uma câmara hiperbárica com os trabalhadores Ivo e Bharan da Croácia e da Eritreia. Juntos terão de ultrapassar o pânico, o espaço confinado, o calor, o desconhecido e tomar as decisões mais importantes das suas vidas.“Cutterhead” é muito possivelmente um dos filmes mais claustrofóbicos desde “The Descent” (2005). Os personagens deste filme dinamarquês conhecem-se mal ou mal foram apresentados não existindo uma camaradagem e o espirito de entreajuda existente naquele clássico. “Cutterhead” não perde demasiado tempo com máscaras. As personagens são imperfeitas e até desagradáveis. A pressão da situação faz sobressair o melhor e o pior dentro de si para que conseguiam sobreviver. Se uma equipa de resgate não chegar a tempo quem merece mais viver? Como aguentar tantas horas com desconhecidos, mantendo a visão optimista de que poderão sobreviver quando nem sequer sabem se a equipa de resgate tem conhecimento de que estão vivos? Exercício muito interessante sobre a natureza humana e o seu espírito de auto-preservação. É uma visão negativa do humano e dos seus pontos de pressão. Em última análise mesmo o mais justo poderá tornar-se um pecador, apenas depende da situação. Traz também algumas implicações como o facto de caso os personagens conseguiam sobreviver terão de lidar com as suas acções naquele período difícil. Duas estrelas e meia.
Realizador: Rasmus Kloster Bro
Argumento: Rasmus Kloster Bro e Mikkel Bak Sørensen
Kresimir Mikic como Ivo
Samson Semere como Bharan
Christine Sønderris como Rie


“One cut of the dead” (Kamera o tomeru na!, 2017)

Produtores de um novo canal de televisão contratam um realizador desconhecido para a dirigir o programa de estreia da grande première do canal. O objectivo é exibir em directo um filme de zombies realizado num único corte. “One cut of the dead” é um filme com diversas camadas. É uma sequência de 37 minutos que consiste na comédia zombie “One Cut of Dead” que é feita num único corte, isto é, um filme dentro do filme e é ainda uma abordagem meta ao mundo do cinema com todas as suas idiossincracias ao acompanhar os bastidores da realização daquela sequência. É muito interessante acompanhar o argumento da estória bem como todos os respetivos acidentes de percurso. Aquela parte invisível que é capaz de ditar o sucesso ou o desastre do filme. Entre estas encontram-se o actor que pensa que é a estrela à volta da qual o filme se desenvolve, actores incapazes de separar a vida pessoal da profissional, o realizador que pretende mostrar ser um profissional sério e criativo mas acaba por ser um capacho tarefeiro dos produtores ou o convencional actor-método. “One cut of the dead” menos sobre zombies do que sobre cinema. Os amantes de cinema vão adorá-lo, mas argumento é inteligente e divertido o suficiente para não só não alienar o resto do público como o atrair. Muito provavelmente - perdoem-me a aposta - o filme mais divertido da edição de 2018 do #motelx e sim, estou a excluir o musical de comédia zombie em pleno Natal que dá pelo nome de “Anna & the Apocalypse” e ainda um dos melhores do certame de 2018. O público concordou tendo-lhe atribuído o seu Prémio para a presente edição. Quatro estrelas e meia.
Realização: Shinichiro Ueda
Argumento: Shinichiro Ueda
Takayuki Hamatsu como Director Higurashi
Yuzuki Akiyama como Chinatsu
Harumi Shuhama como Nao
Kazuaki Nagaya como Ko
Hiroshi Ichihara como Kasahara
Mao como Mao


“Satan’s Slaves” (Pengabdi Setan, 2017)

De Joko Anwar, realizador já conhecido nas lides do Motelx com o seu “Forbidden Door” (2009) é uma incursão nas estórias de fantasmas. Decorre nos anos 80, na pior altura da vida uma família: a morte de uma mãe. Após alguns anos de paralisia e alheamento do mundo Mawarni (Mayu Laksmi) morre deixando o marido, 4 filhos e a sogra. Desde o seu falecimento que os filhos, os mais novos sobretudo têm sentido uma presença estranha, como se a alma inquieta da sua mãe não tivesse chegado a abandonar a casa. O pai toma a decisão de partir durante algum tempo para os sustentar e impedir que percam a casa deixando os filhos entregues a si próprios, sob a liderança da filha mais velha Rini (Tara Basro). É nessa altura de fragilidade extrema que se faz acentuar a suspeita de assombração bem como surgem os fantasmas do passado. Se não totalmente original é pelo menos competente fazendo lembrar em certa medida as sagas “Insidious” e “Annabelle”, nos fortes laços familiares; no lar que seria o local mais seguro como ponto focal da assombração e nos jump scares. Onde os anteriores se apoiam no catolicismo, “Satan’s Slaves” tem um foco claro no islão, uma abordagem refrescante num género saturado pela já por demais conhecida iconografia católica ocidental. Se a dupla de irmãos mais velhos serve o papel de condução de investigação pelos meandros do oculto e do passado negro da família é a dupla menor, Bondi (Nasar Annuz) e Ian (M. Adhiyat) que impressiona na interpretação credível de irmãos, nas sequências mais aterradores, como também no alívio cómico. Precisava porventura de limar algumas arestas, como o corte de cenas desnecessárias como a final e que conta até com uma breve aparição de Fachry Albar, estrela de “Forbidden Door”. Três estrelas.
Realização: Joko Anwar
Argumento: Joko Anwar, Sisworo Gautama Putra, Naryono Prayitno, Subagio S. e Imam Tantowi
Bront Palarae como Pai
Tara Basro como Rini
Endy Arfian como Tony
Dimas Aditya como Hendra
Nasar Annuz como Bondi
M. Adhiyat como Ian
Ayu Laksmi como Mãe
Egy Fedly como Budiman
Arswendi Nasution como Ustadz
Elly D. Luthan como Avó

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