Quem me conhece saberá que não gosto de dramalhões nem de romances dignos de fazer chorar as pedrinhas da calçada. Sou da opinião que quem quer verdadeiro entretenimento vai ao cinema e quem quer chorar tem a vida real. Ora, como não sou fã de ir pagar 5 euros para chorar no cinema, evito as demonstrações melodramáticas ao máximo. Atenção, que concedo (quando o vejo), o mérito nos desempenhos dramáticos, ou não fossem a esses que 99,9999999999999% das vezes, aquela grande instituição que é a Academia das Artes e Ciências Cinematográficas atribui os Óscares. Acontece que “The Matrimony” é um casamento feliz entre drama e o horror, sem se inclinar em demasia para um dos lados da balança. Segue o manual dos filmes de terror com “jovens de longo cabelo negro vingativas e/ou injustiçadas em vida” à risca. Mas tem qualquer coisa de original. Para começar, o suspense não é o prato forte da película. Hua-Tao Teng poupa-nos a um crescendo de tensão até à grande revelação do fantasma e ao invés, tira essa sugestão do caminho o mais cedo possível. Também, admitamos que a Fan Bing Bing tem uma carinha laroca, não faz lá muito sentido estar a escondê-la.
Adiante, a primeira cena em que se nota a magia do computador, durante a morte de Manli, é das coisinhas mais amadoras que andam por aí, o que 1) reforça a necessidade de se afastarem da utilização dos efeitos especiais apenas porque sim e 2) estabelece um triste contraste com a qualidade geral da película. De resto, o filme é tão envolvente e com uma atmosfera muito bem conseguida. Nomeadamente, a cinematografia, (uma grande vénia a Mark Lee), a recriação dos anos 30 e a palete de cores está bem apelativa. Visualmente está catita.
Adiante, a primeira cena em que se nota a magia do computador, durante a morte de Manli, é das coisinhas mais amadoras que andam por aí, o que 1) reforça a necessidade de se afastarem da utilização dos efeitos especiais apenas porque sim e 2) estabelece um triste contraste com a qualidade geral da película. De resto, o filme é tão envolvente e com uma atmosfera muito bem conseguida. Nomeadamente, a cinematografia, (uma grande vénia a Mark Lee), a recriação dos anos 30 e a palete de cores está bem apelativa. Visualmente está catita.
Quanto à narrativa, tem momentos de originalidade entre os habituais lugares-comuns do filme de fantasmas. Dá um pouco mais que fazer aos actores e permite um desenvolvimento das personagens. Não há uma procura do susto fácil, este apenas surge como desenvolvimento natural da narrativa. Quanto às actuações, Liu está excelente tendo direito a um background decente conquanto, de início, não seja mais do que uma peça de imobiliário que se intromete na história de amor de Shen e Manli. Quanto a esta última, encarna um espírito com motivações que vão além da superfície, afastando-se do habitual espírito unidimensional. Talvez a grande diferença entre este e outros filmes de fantasmas é que aqui o espectro não é uma mera coisa inserida para provocar o próximo susto, antes tem sentimentos e emoções com as quais sentimos empatia. Já Shen, é uma florzinha de estufa muito magoada, muito sofrida e deprimida, cujos encantos, tirando breves flashbacks, dificilmente se encontram para explicar o amor das duas mulheres. O que poderá ser considerada a maior fraqueza do filme é mesmo o final. Pode ser encarado de dois modos: se gostam de finais que fujam a clichés e que exijam reflexão deverão gostar se, pelo contrário, procuram uma solução satisfatória, o habitual final feliz que não dê que pensar é melhor apostarem noutro registo. “The Matrimony” não assusta muito, mas assusta bonito. Três estrelas e meia.
Realização: Hua-Tao Teng
Argumento: Qianling Yang e Jialu Zhang
Elenco:
Leon Lai como Shen Junchu
Fan Bing Bing como Xu Man li
Rene Liu como Sansan
Songzi Xu como Rong Ma
Próximo Filme: "5bia" aka "Phobia 2" (ห้าแพร่ง ou Ha Phrang, 2009)
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