Com apenas uma arma e escoltando uma mulher indefesa, Guan Yu deixa um rasto de morte e destruição por onde passa, à medida que os seus inimigos conjuram a sua morte e se recusam a dar-lhe passagem segura. Infelizmente, o enredo não é tão interessante como à partida se apresenta. A história é bastante intrincada e só os conhecedores do romance e de filmes anteriores baseados no manuscrito como Red Cliff (2008-2009) é que se sentirão minimente à vontade com o vasto número de personagens e de intrigas. A somar ao desconhecimento da trama os novatos na história têm de lidar com cenas de diálogo fastidioso, filosófico e (por vezes) bonito, mas que nem por isso leva a lado algum. Depois existe um problema fundamental: o personagem de Guan Yu. A começar pelo visual do personagem. Donnie Yen, não tem a estatura nem a presença imponente e real de Guan Yu assinalada no manuscrito original do romance. Nesse aspecto, Donnie Yen não corresponde às expectativas. O próprio guarda-roupa e caracterização ficam aquém do imaginário do herói lendário. A peruca que Yen utiliza durante todo o filme é simplesmente horrível. Não conseguiam mesmo fazer melhor? Adiante, Yen é um excelente lutador de artes marciais e foi ele que esteve a cargo da direcção das cenas de luta. Nesse campo, irrepreensível. Mas ele não é, nem nunca foi, lamento, um grande actor. A sua contenção é frustrante. O seu rol de expressões é equivalente à de um Keanu Reeves e nos poucos momentos em que se lhe era exigido um sorriso, Yen esboçava um sorriso amarelo como quem diz: "ora deixa cá mostrar um pouco os dentes, porque é isso que eles querem". Yen, parece constrangido a todo o momento e o seu desempenho parece forçado. Só corresponde nas cenas de luta. E mesmo aí, verifica-se contenção. Ninguém vê um filme de Donnie Yen, para não o ver arrancar uma demonstração explosiva das suas capacidades atléticas.
Por fim, temos o romance com Qi Lan (Betty Sun), que é o elo mais fraco de filme. Sun está ali apenas para sorrir e parecer bonita como o desejo de afeição proibido de um Guan Yu dividido entre o amor e a lealdade ao seu companheiro de armas Liu Bei. Mas lá está, não existe um verdadeiro dilema por parte do nosso herói pois ele é sempre correcto e leal, acima de tudo. Guan Yu, nunca comete nenhum deslize pelo que temos desde cedo a certeza que ele não irá ceder a impulsos de ordem romântica. Guan Yu é apenas uma pequena peça num grande tabuleiro que os generais manobram a seu belo prazer. Resta-nos pois um herói aborrecido e magníficas cenas de luta que infelizmente são tão breves que não compensam o ritmo lento da história. O actor com mais material com que trabalhar acabou por ser o Cao Cao de Wen Jiang, cujas maquinações fazem mover toda a trama. Esta é uma opção infeliz visto que o actor secundário se superioriza ao principal.
Veredicto: os cenários e paisagens deslumbrantes, o guarda-roupa faustoso e as cenas de luta espectaculares contribuem para tornar “The Lost Bladesman”, uma visão agradável. Mas e daí também os outros épicos pontuam nestes aspectos. Há muito que o cinema de Hong Kong aprendeu essa lição. Então o que traz “The Lost Bladesman” de diferente? Com toda a sinceridade, nada. Vê-se. Duas estrelas.
Realização: Felix Chong e Alan Mak
Argumento: Felix Chong e Alan Mak
Donnie Yen como Guan Yu
Wen Jiang como Cao Cao
Betti Sun como Qi Lan
Próximo Filme: "Into the Mirror" (Geoul sokeuro, 2003)
Don't understand your review but the two stars sounds like you don't really like the movie.
ResponderEliminar